Putin promete "uma renovação total" do poder na Rússia
da Folha Online
O presidente russo Vladimir Putin declarou nesta quarta-feira que haverá uma "renovação total do poder" na Rússia.
"Nos próximos meses teremos uma renovação total do poder supremo do Estado", declarou o presidente russo ante milhares de partidários, enquanto se preparam diversos cenários para que Vladimir Putin continue no poder além de março de 2008.
Alexander Natruskin/Reuters
Simpatizante do presidente Vladimir Putin com a bandeira do movimento jovem leal ao presidente, Jovem Rússia
Simpatizante de Putin com a bandeira do movimento leal ao presidente, Jovem Rússia
Putin também lançou um violento atraque contra os movimentos de oposição, especialmente contra a Outra Rússia, do ex-campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov, acusando-os de serem "chacais" em busca de financiamento estrangeiros e de preparar provocações para desestabilizar a Rússia.
"Nos próximos meses teremos uma renovação total do poder supremo do Estado", declarou o presidente falando a milhares de partidários.
"Para que esta renovação ocorra de maneira correta e eficaz, e para que os futuros parlamento e presidente possam cooperar pelo bem de todos os cidadãos, é necessário que obtenhamos a vitória", afirmou Putin, que lidera a lista do partido Rússia Unida às legislativas.
Putin enfatizou a importância das legislativas de 2 de dezembro, três meses antes da presidencial. "Se houver uma vitória em dezembro, haverá uma em março de 2008", acrescentou, lançando um apelo aos russos para que votem na continuação de sua política.
A Constituição proíbe a ele que se apresente para um terceiro mandato presidencial consecutivo em 2008. Mas os apelos se multiplicam para que ele continue no poder de uma maneira ou outra.
Putin afirma que é contra uma mudança da Carta Magna, mas também disse que, quando sair do Kremlin, continuará tendo influência na política.
Shows e artistas
O comício de Putin foi marcado pela presença de artistas famosos, shows de cantores e a presença de cinegrafistas que deram um ar cinematográfico ao evento.
Uma das canções entoadas no comício, por um jovem grupo feminino, dizia: "Quero um homem como Putin, exatamente como Putin, que não beba e que não fuja, como Putin".
Na época em que essa canção foi lançada, há alguns anos, Putin concorria à presidência. Atualmente, trata-se da manutenção do poder do presidente como "líder nacional".
"Se o crescimento continuar nesse nível durante os próximos dez anos, a Rússia fará parte das cinco maiores economias mundiais!", exclama Putin.
Os jovens partidários levam o slogan do presidente nas suas camisas e carregam bandeirolas que afirmam que a sua região é a favor de Putin. Um grande aparato de câmeras filma o evento, que parece ser bem mais impressionante em sua versão televisiva, com tomadas cinematográficas sobre a multidão.
Os ataques de Putin contra os "chacais" da oposição são respondidos com gritos de aprovação dos jovens partidários. Os gritos são repetidos quando o presidente promete integrá-los nas novas gerações de funcionários do Parlamento ou dos tribunais.
Famosos artistas russos foram mobilizados para o evento, em um complexo desportivo.
"Todos os sucessos do cinema russo estão ligados a Vladimir Putin", assegura da tribuna o diretor Fedor Bondartchouk, autor de "A nona companhia", superprodução com teor patriótico, sobre a guerra do Afeganistão, que bateu todos os recordes de bilheteria em 2005 na Rússia.
"Não queremos perder esta estabilidade, no dia 2 de dezembro vou votar por Putin, no dia 2 de dezembro, vamos todos votar Putin!", afirma com fervor o famoso diretor Sergueï Bondartchouk.
O evento contou ainda com o grupo folclórico Anel de Ouro, cantando "a neve que voa" e "glória da Rússia", que mistura refrões nacionalistas com cantigas regionais.
Além dos artistas, que participam destes eventos desde a época da União Soviética, Putin conta com o apoio de personalidades diversas, como Mikhaïl Kalachnikov, criador do famoso fuzil de assalto que leva seu sobrenome, ou de sua antiga professora.
"O nosso país perdeu a força e o respeito no cenário internacional" afirma Kalachnikov, de uniforme, em um filme exibido em dois grandes telões.
"Putin é alguém que fez muito, e vai fazer muito, para restabelecer a autoridade do nosso país no mundo", assegura.
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