Iraniana escapa de enforcamento após estupro por irmãos
Enviado: 29 Nov 2007, 07:51
Vendida para prostituição aos nove anos, Leila foi condenada a forca aos 18
Julia Rooke - BBC
TEERÃ - Uma iraniana de 22 anos conseguiu escapar da condenação ao enforcamento após ter sido estuprada pelos próprios irmãos graças à atuação de uma ONG de defesa de direitos humanos.
O crime ocorreu há quatro anos e Leila foi condenada por incesto, crime penalizado com morte no Irã.
A jovem tinha apenas 9 anos quando a mãe começou a vendê-la para casas de prostituição. Quando se casou, o marido a oferecia a outros homens em troca de dinheiro.
A história de Leila, contada no programa Crossing Continents da BBC, não é única no Irã, segundo a advogada Shadi Sadr, que a defendeu na Justiça. "Uma menina é considerada a principal mercadoria ou propriedade que pode ser trocada ou vendida nos olhos de pais pobres no Irã", afirma.
Leila, que ainda tem dificuldades de falar sobre o passado, diz que a mãe a enganava para levar às casas de prostituição. "Ela me dizia que ia comprar algumas coisas, como chocolates. Eu era muito pequena, ela só me levava aos 'lugares'", afirma.
Quando casou, a situação de Leila não mudou. Ele a vendia para até 15 homens todas as noites. Dois meses depois do casamento, a polícia invadiu a casa e prendeu todos, inclusive a jovem.
O marido foi condenado a cinco anos de prisão por fornecer sexo ilegal. Durante a investigação, os irmãos de Leila confessaram terem estuprado a irmã. Eles foram condenados a chibatadas e Leila acusada de incesto.
Só quando estava detida em uma prisão de mulheres, foi informada da sentença de enforcamento.
Para Shadi Sadr, o sistema jurídico do Irã é conservador e injusto. "Os juízes não são treinados para penas relacionadas a sexo. Eles têm um ponto de vista chauvinista e sempre vêem as mulheres como culpadas", afirma.
Shadi fez um apelo à Justiça no caso de Leila quando os irmãos retiraram a confissão.
Segundo ela, as campanhas freqüentes feitas por ativistas de direitos humanos estão deixando os juízes iranianos mais sensíveis à opinião pública. "São tantos protestos dos ativistas que os juízes se sentem pressionados a não emitir a sentença de morte", diz a advogada.
Leila morava na cidade de Arak, ao sul de Teerã, conhecida pela incidência criminal e uso de drogas ilícitas. A maioria dos ganhos de Leila com a prostituição eram usados para a compra de narcóticos pela família.
De acordo com ONU, até 75% das apreensões de ópio no mundo são feitas no Irã e as autoridades reconhecem que o vício é um problema sério.
Segundo o diretor do centro Omid E Mehr, Eshrat Gholipur, que cuida de mulheres pobres em Teerã, a prostituição está relacionada à venda de drogas ilegais. "Eu já entrei em casas no sul de Teerã onde as meninas tinham que vender o corpo para manter o vício dos pais", afirma.
Leila está morando em Teerã, com uma assistente paga pelo centro Omid E Mehr.
A fundadora do centro, Marjaneh Halati, que vive em Londres, afirma que Leila chegou ao local analfabeta. Hoje ela está aprendendo a ler e escrever e é uma mulher livre.
"Nós moramos no Irã e temos que obedecer a algumas leis, mas isso não significa que não podemos dizer às mulheres que elas são como os homens. Elas também são indivíduos", afirma Halati.
O Irã aprovou a primeira lei de proteção à criança há cinco anos. Em 2008, um novo projeto desenvolvido por advogados de direitos humanos para facilitar os processos relacionados ao abuso de crianças deve ser analisado pelo Parlamento. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
FONTE: Estadão
Abraços,
Julia Rooke - BBC
TEERÃ - Uma iraniana de 22 anos conseguiu escapar da condenação ao enforcamento após ter sido estuprada pelos próprios irmãos graças à atuação de uma ONG de defesa de direitos humanos.
O crime ocorreu há quatro anos e Leila foi condenada por incesto, crime penalizado com morte no Irã.
A jovem tinha apenas 9 anos quando a mãe começou a vendê-la para casas de prostituição. Quando se casou, o marido a oferecia a outros homens em troca de dinheiro.
A história de Leila, contada no programa Crossing Continents da BBC, não é única no Irã, segundo a advogada Shadi Sadr, que a defendeu na Justiça. "Uma menina é considerada a principal mercadoria ou propriedade que pode ser trocada ou vendida nos olhos de pais pobres no Irã", afirma.
Leila, que ainda tem dificuldades de falar sobre o passado, diz que a mãe a enganava para levar às casas de prostituição. "Ela me dizia que ia comprar algumas coisas, como chocolates. Eu era muito pequena, ela só me levava aos 'lugares'", afirma.
Quando casou, a situação de Leila não mudou. Ele a vendia para até 15 homens todas as noites. Dois meses depois do casamento, a polícia invadiu a casa e prendeu todos, inclusive a jovem.
O marido foi condenado a cinco anos de prisão por fornecer sexo ilegal. Durante a investigação, os irmãos de Leila confessaram terem estuprado a irmã. Eles foram condenados a chibatadas e Leila acusada de incesto.
Só quando estava detida em uma prisão de mulheres, foi informada da sentença de enforcamento.
Para Shadi Sadr, o sistema jurídico do Irã é conservador e injusto. "Os juízes não são treinados para penas relacionadas a sexo. Eles têm um ponto de vista chauvinista e sempre vêem as mulheres como culpadas", afirma.
Shadi fez um apelo à Justiça no caso de Leila quando os irmãos retiraram a confissão.
Segundo ela, as campanhas freqüentes feitas por ativistas de direitos humanos estão deixando os juízes iranianos mais sensíveis à opinião pública. "São tantos protestos dos ativistas que os juízes se sentem pressionados a não emitir a sentença de morte", diz a advogada.
Leila morava na cidade de Arak, ao sul de Teerã, conhecida pela incidência criminal e uso de drogas ilícitas. A maioria dos ganhos de Leila com a prostituição eram usados para a compra de narcóticos pela família.
De acordo com ONU, até 75% das apreensões de ópio no mundo são feitas no Irã e as autoridades reconhecem que o vício é um problema sério.
Segundo o diretor do centro Omid E Mehr, Eshrat Gholipur, que cuida de mulheres pobres em Teerã, a prostituição está relacionada à venda de drogas ilegais. "Eu já entrei em casas no sul de Teerã onde as meninas tinham que vender o corpo para manter o vício dos pais", afirma.
Leila está morando em Teerã, com uma assistente paga pelo centro Omid E Mehr.
A fundadora do centro, Marjaneh Halati, que vive em Londres, afirma que Leila chegou ao local analfabeta. Hoje ela está aprendendo a ler e escrever e é uma mulher livre.
"Nós moramos no Irã e temos que obedecer a algumas leis, mas isso não significa que não podemos dizer às mulheres que elas são como os homens. Elas também são indivíduos", afirma Halati.
O Irã aprovou a primeira lei de proteção à criança há cinco anos. Em 2008, um novo projeto desenvolvido por advogados de direitos humanos para facilitar os processos relacionados ao abuso de crianças deve ser analisado pelo Parlamento. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
FONTE: Estadão
Abraços,