Ideologia em prova de matemática

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Soviete Supremo
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Re: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Soviete Supremo »

Jack Torrance escreveu:http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u349883.shtml

"Os grandes latifúndios do PT (Partido dos Trabalhadores) roubaram das terras indígenas importantes quantidades de hectares em Mato Grosso (região em torno do Parque do Xingu). As matas nativas foram destruídas pelas queimadas para o plantio de soja e, além disso, os grandes latifúndios ainda contaminam as nascentes dos rios que vão alimentar as diversas etnias indígenas abrigadas no parque Indígena do Xingu. Suponha que essas fazendas produziram este ano 10.000 (dez mil) caixas de soja. Quantas caixas chegarão ao consumidor (matematicamente falando)?".

a) 170 caixas
b) 390 caixas
c) 3.900 caixas
d) 39 caixas
e) 3,9 caixas.

_____________________

Será que foi só eu que não entendeu a pergunta? :emoticon5:


Para que medir o pão? Cada um pega um pedaço para satisfazer o estômago, poxa...
“A classe capitalista fornece continuamente à classe operária letras de câmbio por uma parte do produto fornecida pela segunda, mas encampada pela primeira. Mas o operário continua a devolvê-la à classe capitalista, retirando a parte que lhe toca por seu próprio produto. A forma mercadoria do produto e a forma dinheiro da mercadoria dissimulam essas relações.”

O Capital – edição resumida - Karl Marx e Julian Borchardt - 7ª edição – pág.139

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Soviete Supremo
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Re: Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Soviete Supremo »

Usuário deletado escreveu:Mostrar-lhes-ei o que é ideologia em livros de uma instituição privada na qual completei o Ensino Médio.


Ideologia é o liberalismo. Os trabalhadores só querem o pão nosso de cada dia.
“A classe capitalista fornece continuamente à classe operária letras de câmbio por uma parte do produto fornecida pela segunda, mas encampada pela primeira. Mas o operário continua a devolvê-la à classe capitalista, retirando a parte que lhe toca por seu próprio produto. A forma mercadoria do produto e a forma dinheiro da mercadoria dissimulam essas relações.”

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Re: Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Soviete Supremo »

zumbi filosófico escreveu:
Tulio escreveu:
Vito Álvaro escreveu:
O ENCOSTO escreveu:Vitão, você não disse que ia parar de postar neste forum?

Eu disse, mas fui sem querer. Estou em volta.


Estou de volta.

Porra, cara! Aprende a escrever direito, tu és surdo, mas não és burro! :emoticon2:



A surdez atrapalha algumas coisas na aquisição de linguagem normal. Pense que, por exemplo, é como aprender um segundo ou terceiro idioma.

O primeiro acho que seria a lingua de sinais, a segunda seria aprender a falar sem ouvir o que fala, e entender a linguagem falada com o aparelho de surdez*, que é algo totalmente diferente de ouvir como nós ouvimos (é meio como ouvir apenas consoantes ou só vogais, intermediado por um zunido constante... é quase como um "código morse" em matéria de similaridade, e também deve guardar pouca semelhança com o mesmo idioma escrito).

Não é só uma segunda linguagem, mas é muito diferente, não tem todas as coisas correspondentes à linguagem falada/ouvida, que é muito mais parecida com a escrita. Há surdos que nem sabem falar. Pelo que sei, o Vito é bem avançado até, e vem melhorando bastante desde que vi pelas primeiras vezes por esses fóruns.



* Para se ter uma idéia de como a coisa é complexa, há quem argumente que o melhor é que as pessoas surdas não usem aparelho de surdez, porque depois que eles se adaptam ao modo de vida surdo, se readaptar a audição é muito difícil. O nome de um livro sobre isso inclusive é "The Mask of Benevolence: Disabling the Deaf Community" ("a máscara de benevolência: desabilitando a comunidade dos surdos"). Coisa similar ocorre com os cegos que retornam a ver. Esses sentidos e o seu aproveitamento nos parecem tão naturais, mas a realidade é que precisam ser aprendidos desde o nascimento. As pessoas cegas às quais se devolve a visão, não se acostumam, não "sabem ver". Menciono o exemplo da cegueira, porque, talvez até mais do que a audição e linguagem, parece algo totalmente natural e automático... você vê, e entende o que vê... profundidade, espaço, movimento, objetos, etc. Mas mesmo isso que parece tão básico, não é bem assim. Acho que linguagem pode ser até mais complicado, e mesmo que não seja, também não é exatamente algo muito simples.

Recomendo o livro "um antropólogo em Marte", de Oliver Sacks, por falar nisso, é sobre esse tipo de coisas, em parte.


O Lamarckismo, por incrível que pareça, é mais verossímel (E popular) que a evolução. Assim como é mais verossímel que sol gire em torno da Terra. Até acadêmicos caem na tentação, produzindo tratamentos baseados na tentativa e erro.

(Sem contar os babacas que vão a academia em vez de trepar... esses são Lamarckistas mesmo. :emoticon12: )
“A classe capitalista fornece continuamente à classe operária letras de câmbio por uma parte do produto fornecida pela segunda, mas encampada pela primeira. Mas o operário continua a devolvê-la à classe capitalista, retirando a parte que lhe toca por seu próprio produto. A forma mercadoria do produto e a forma dinheiro da mercadoria dissimulam essas relações.”

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Soviete Supremo
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Re: Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Soviete Supremo »

zumbi filosófico escreveu:Dar o nome de uma parte das ciências de "exatas" é simplesmente uma estratégia desonesta de elitizar e blindar ainda mais a ciência burguesa, afastando seus benefícios e seu entendimento do povo.

Com esse rótulo, ela está sob um escudo protegendo-a de qualquer tipo de críticas, como se fosse algo certo em si mesmo, uma verdade absoluta divina, e os matemáticos fossem aqueles escolhidos por Deus para receber as revelações, e não apenas uma ideologia como outra qualquer. Pode assim ser usada pelas elites para alienarem o povo, para assim manterem o seu status quo, em vez de cumprirem uma função social.

A própria Scientific American (ora, vejam só) teve um artigo comentando que as leis da ótica Ianomami são tão boas e válidas quanto as leis da ótica européia. Está aí no fórum o companheiro docdeoz, fã de Feyerabend, que não me deixa mentir.


A maior crítica às ciências "exatas" foi Einstein. Ele desvendou o universo sem fazer nenhuma conta.

A "exatidão" é somente o cálculo do "paradigma" (aposta) do cientista.

Eu sei... ainda não traduziram Lakatos...
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Jeanioz
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Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Jeanioz »

AFASTEM SUAS IDEOLOGIAS NOJENTAS DAS CIÊNCIAS EXATAS!!!!!!!!!!!! :emoticon12:
"Uma sociedade sem religião é como um navio sem bússola."
Napoleão Bonaparte


"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."
Napoleão Bonaparte

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Soviete Supremo
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Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Soviete Supremo »

Einstein coloca engenheiro para correr... :emoticon12:
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zumbi filosófico
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Re: Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por zumbi filosófico »

Soviete Supremo escreveu:
zumbi filosófico escreveu:Dar o nome de uma parte das ciências de "exatas" é simplesmente uma estratégia desonesta de elitizar e blindar ainda mais a ciência burguesa, afastando seus benefícios e seu entendimento do povo.

Com esse rótulo, ela está sob um escudo protegendo-a de qualquer tipo de críticas, como se fosse algo certo em si mesmo, uma verdade absoluta divina, e os matemáticos fossem aqueles escolhidos por Deus para receber as revelações, e não apenas uma ideologia como outra qualquer. Pode assim ser usada pelas elites para alienarem o povo, para assim manterem o seu status quo, em vez de cumprirem uma função social.

A própria Scientific American (ora, vejam só) teve um artigo comentando que as leis da ótica Ianomami são tão boas e válidas quanto as leis da ótica européia. Está aí no fórum o companheiro docdeoz, fã de Feyerabend, que não me deixa mentir.


A maior crítica às ciências "exatas" foi Einstein. Ele desvendou o universo sem fazer nenhuma conta.


Poderia dar mais detalhes, companheiro? Acreditava até então que Einstein se utilizava de matemática, tal como a icônica equação E=mc², mas pelo visto fui enganado pelo poder da propaganda capitalista em distorcer a verdade para os seus fins nefastos.
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Vito Álvaro
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Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Vito Álvaro »

Danniel, não sei que dizer você postou, obrigado por isto.
O livro primeiro chamou atenção e parece vou ser obrigado a ler.
Fórum Realidade === EvoWiki -- Primeiro Wiki === O Espiritismo do Cético -- Segundo Wiki

Status: Ocupadíssimo (Se caso queria me falar, mande MP ou Gmail)

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Jeanioz
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Re: Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Jeanioz »

Soviete Supremo escreveu:Einstein coloca engenheiro para correr... :emoticon12:


Engenheiro coloca filósofo para correr. :emoticon12:

Informática bota todo mundo para correr!!!!!!!! :emoticon12:
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Apáte
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Re: Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Apáte »

Jeanioz escreveu:
Soviete Supremo escreveu:Einstein coloca engenheiro para correr... :emoticon12:


Engenheiro coloca filósofo para correr. :emoticon12:

Informática bota todo mundo para correr!!!!!!!! :emoticon12:

Somente direito bota todo mundo pra correr, literal e metaforicamente.
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi

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zumbi filosófico
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Re: Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por zumbi filosófico »

Vito Álvaro escreveu:Danniel, não sei que dizer você postou, obrigado por isto.
O livro primeiro chamou atenção e parece vou ser obrigado a ler.


:emoticon45:

O livro é bem legal Vito, espero que goste.

http://www.comciencia.br/resenhas/epilepsia/sacks.htm

Devem ter mais resenhas por aí na net.
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Tulio
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Re: Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Tulio »

zumbi filosófico escreveu:
Tulio escreveu:
Vito Álvaro escreveu:
O ENCOSTO escreveu:Vitão, você não disse que ia parar de postar neste forum?

Eu disse, mas fui sem querer. Estou em volta.


Estou de volta.

Porra, cara! Aprende a escrever direito, tu és surdo, mas não és burro! :emoticon2:



A surdez atrapalha algumas coisas na aquisição de linguagem normal. Pense que, por exemplo, é como aprender um segundo ou terceiro idioma.

O primeiro acho que seria a lingua de sinais, a segunda seria aprender a falar sem ouvir o que fala, e entender a linguagem falada com o aparelho de surdez*, que é algo totalmente diferente de ouvir como nós ouvimos (é meio como ouvir apenas consoantes ou só vogais, intermediado por um zunido constante... é quase como um "código morse" em matéria de similaridade, e também deve guardar pouca semelhança com o mesmo idioma escrito).

Não é só uma segunda linguagem, mas é muito diferente, não tem todas as coisas correspondentes à linguagem falada/ouvida, que é muito mais parecida com a escrita. Há surdos que nem sabem falar. Pelo que sei, o Vito é bem avançado até, e vem melhorando bastante desde que vi pelas primeiras vezes por esses fóruns.



* Para se ter uma idéia de como a coisa é complexa, há quem argumente que o melhor é que as pessoas surdas não usem aparelho de surdez, porque depois que eles se adaptam ao modo de vida surdo, se readaptar a audição é muito difícil. O nome de um livro sobre isso inclusive é "The Mask of Benevolence: Disabling the Deaf Community" ("a máscara de benevolência: desabilitando a comunidade dos surdos"). Coisa similar ocorre com os cegos que retornam a ver. Esses sentidos e o seu aproveitamento nos parecem tão naturais, mas a realidade é que precisam ser aprendidos desde o nascimento. As pessoas cegas às quais se devolve a visão, não se acostumam, não "sabem ver". Menciono o exemplo da cegueira, porque, talvez até mais do que a audição e linguagem, parece algo totalmente natural e automático... você vê, e entende o que vê... profundidade, espaço, movimento, objetos, etc. Mas mesmo isso que parece tão básico, não é bem assim. Acho que linguagem pode ser até mais complicado, e mesmo que não seja, também não é exatamente algo muito simples.

Recomendo o livro "um antropólogo em Marte", de Oliver Sacks, por falar nisso, é sobre esse tipo de coisas, em parte.


Foi mal
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zumbi filosófico
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Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por zumbi filosófico »

Acho que é normal não entender numa primeira análise... parece não fazer sentido mesmo, só depois que levamos em conta esse tipo de coisa...

O interessante é que algo similar ocorre "do outro lado" também..... lembro de ter visto numa entrevista no Jô Soares uma mulher (surda) que disse que, quando era pequena, e foi conversar com as crianças que ouviam, não entendeu nada... elas não gesticulavam... aí foi lá para a mãe e comentou que viu umas crianças que não sabiam falar.
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Kesler
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Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Kesler »

O Professor denunciava a doutrinação marxista nas escolas desde o início dos anos 90. Ninguém acreditou, agora que encarem as consequências "direita brasileira".
"A revolution only lasts fifteen years, a period which coincides with the effectiveness of a generation." ~ Ortega y Gasset

"Quanto menos um sujeito entende a religião, mais se prontifica a modificá-la, isto é, a reduzi-la às dimensões da sua própria falta de consciência. Uma concepção evolutiva da religião mostra apenas incapacidade de conceber alguma coisa acima da esfera temporal. O "senso da eternidade" é apenas o primeiro grau da consciência religiosa."

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Acauan
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Mensagem por Acauan »

Me pareceu um momento oportuno para republicar isto:
Acauan, no tópico: Educação Pública no Brasil, escreveu:Comentários sobre a educação pública no Brasil

Por Acauan

Parte 1
Publicado originalmente em 07/07/2007 às 18:58

Para se entender a decadência do ensino público no Brasil convém fazer uma retrospectiva do histórico desta decadência.

Até a década de 1960 o ensino público brasileiro era de qualidade, mas só era acessível aos que moravam nas cidades, enquanto a maioria da população vivia nas zonas rurais onde as escolas eram poucas, o acesso difícil tanto para professores quanto para alunos, o que resultava em altos índices de analfabetismo no campo.

Mesmo na cidade, a grande maioria dos alunos do então nível secundário pertencia às classes média e alta, uma vez que era regra que os pobres abandonassem os estudos após o curso primário ou ginasial, para começar a trabalhar.

O modelo escolar e pedagógico era fortemente inspirado na tradição das escolas católicas, com disciplina rígida e currículo dividido entre humanidades e ciências, sendo que a profissionalização especialista era papel da Universidade, inacessível aos pobres que só obtinham profissionalização no aprendizado prático de atividades técnicas.

Com a industrialização e urbanização acelerada que o país sofreu a partir desta época, ficou óbvio aos governantes que o analfabetismo seria um limitador do desenvolvimento econômico, uma vez que a Indústria requeria grandes quantidades de mão-de-obra e as massas analfabetas migrantes do campo não preenchiam os requisitos mínimos das funções operárias como ler instruções escritas, fazer registros simples ou operações matemáticas básicas, o que exigia a manutenção de uma dispendiosa burocracia industrial auxiliar, para compensar esta deficiência.

Isto veio de encontro aos planos ambiciosos dos militares que tomaram o poder em 1964 e que acreditavam em um projeto ambicioso de transformar o país em uma potência industrial ao longo de uma geração.

O objetivo urgente era universalizar a educação, erradicar o analfabetismo urbano e diminuir o rural e adequar os currículos escolares às necessidades da nascente civilização urbana industrial.

O resultado foi uma aliança insólita.
Enquanto o regime militar reprimia ferozmente as organizações de esquerda, culminando com o extermínio dos grupos guerrilheiros armados, o projeto de reforma do ensino foi construído sobre idéias e filosofias de pedagogos marxistas, que por um destes azares da vida convergiam com os objetivos dos militares.

Como os generais queriam um ensino de massa, que formasse rapidamente grandes populações cujas famílias não freqüentaram a escola, mas entendiam que nos novos tempos o estudo abria as portas de melhores empregos e possibilidade de ascensão social, encontraram um modelo pronto nas propostas educacionais marxistas, focadas em classes sociais, doutrinação de massas e pragmatismo, tudo que acreditavam precisar no momento.

A ironia está em que os mesmos militares que foram notoriamente eficazes em erradicar a influência comunista do aparato do Estado, sonhando a partir daí construir uma grande nação, trouxe esta mesma ameaça para dentro das salas de aula, iniciando o processo de destruição do ensino público brasileiro que quatro décadas depois se tornou o maior empecilho ao desenvolvimento nacional que tanto almejavam.

Comentários – parte 2
Publicado originalmente em 07/07/2007 às 20:10

Os ideólogos marxistas encarregados de reformar o ensino público brasileiro, sob a benção dos militares governantes, iniciaram uma estratégia de desmonte dos valores tradicionais herdados da educação católica:

- A função da escola é preservar e transmitir o saber humano acumulado;
- O saber promove a ascese espiritual do indivíduo;
- A educação conscientiza o homem de seus deveres e responsabilidades individuais.

O que tornava o modelo tradicional de educação vulnerável à crítica é que este não tinha pretensões de ser aplicável em massa, preferindo à qualidade à quantidade e admitindo uma hierarquia social que situava as pessoas cultas e educadas no topo.

Para os marxistas o modelo de ensino tradicional era elitista, socialmente discriminatório e orientado para a preservação do status quo.
Era claro para eles que não era um modelo a ser reformado, mas desmontado completamente e substituído por outro erigido sobre valores marxistas:

- A função da escola é conscientizar as massas;
- A escola deve promover a mudança social;
- A educação deve preparar as classes exploradas para seu papel histórico.

Parece estranho que os militares tenham aceito tal modelo, que além do esquerdismo óbvio ainda contrariava a educação tradicional clássica dada na Academia Militar das Agulhas Negras, Escola Naval e Academia da Força Aérea, centros de ensino de excelência nas quais todos os oficiais se formaram.
Houve que os ideólogos de esquerda acenaram com o que os generais mais queriam na época, que era transformar as escolas públicas em centros profissionalizantes de massa, capazes de alfabetizar e preparar toda uma geração para o exercício das profissões técnicas na indústria.

Os que atentaram para as diferenças entre os princípios da escola tradicional e os de seu substitutivo marxista notaram uma guinada de um foco no encontro entre o indivíduo e o conhecimento, visando formar um indivíduo melhor, para uma proposta de conscientizar as massas visando construir uma sociedade melhor.

Ou seja, a instalação de uma visão coletivista no ensino.

O grande mal do ensino de orientação marxista é que nele pouco importa se cada aluno individualmente aprendeu alguma coisa e cresceu como ser humano.
Neste modelo o sucesso é medido coletivamente, a partir de o quanto a sociedade, classes ou as massas se tornaram mais conscientes, uma abstração sem significado lógico, mas que é a base desta percepção ideológica da realidade.

Vem daí a origem dos efeitos hoje percebidos por todos, escolas que não reprovam os alunos inaptos e não se importam com o fato de eles chegarem ao ensino médio na condição de analfabetos funcionais.

Enquanto o ensino tradicional se importa em saber o quanto determinado aluno aprendeu, o quanto determinado indivíduo sabe, o modelo marxista se importa com o total de saber passado ao coletivo, à massa indefinida e abstrata que é o centro e objetivo do modelo e o quanto este saber os preparou para seu papel histórico, a construção da sociedade plenamente igualitária.

Comentários – parte 3
Publicado originalmente em 07/07/2007 às 20:58

Definido o plano ideológico de desmonte do sistema tradicional de ensino e sua substituição por um modelo coletivista de inspiração marxista, sua colocação em prática dependia da capacidade de seus ideólogos em driblar a vigilância dos militares governantes, seduzidos pela promessa de instalação de um ensino de massas voltado para a formação técnica de mão-de-obra para a indústria, mas ainda muito pouco tolerantes com qualquer tipo de doutrinação política esquerdista explícita.

Além disto, as escolas ainda estavam cheias de professores e diretores formados na antiga tradição de saber individual como objetivo, disciplina e dedicação como meios, que resistiriam à nova filosofia oficial de ensino.

O desmonte começou pelos currículos escolares, a partir do de humanidades.
- Latim? Se é uma língua morta pra que ensinar?
- Filosofia? Coisa de quem não tem o que fazer.
- Literatura Portuguesa? O que Camões sabia sobre a realidade brasileira?

Seguido do ensino da matemática.
- Demonstrar teoremas? Pra que se já sabemos que estão certos?
- Conceitos fundamentais de geometria plana? Só interessam as equações.
- Polinômios? Vão usar isto onde?

E das ciências naturais:
- Experimentação? Laboratórios são caros...

Em compensação as ciências sociais ganhavam um novo destaque, com as aulas de História, Geografia e Educação Moral e Cívica sendo continuamente assumidas por professores marxistas, que expunham suas disciplinas segundo suas convicções ideológicas.

Detonados os currículos, seguiu-se a pulverização dos valores tradicionais da escola.
Excelência passava a ser considerada elitismo, os padrões de exigência deviam se adaptar aos menos capazes e não exigir deles que se esforçassem mais para apresentar melhor desempenho.
Disciplina passava a ser considerado repressão, o professor não devia se colocar acima do aluno como um ser superior e distante e sim tratá-lo como igual, os rituais de demonstração de respeito deviam se abolidos, punição devia ser substituída pelo diálogo.
Civismo passava a ser considerado propaganda da ditadura, o hasteamento da bandeira e o Hino Nacional deviam ser suprimidos.

Com o fim do regime militar o processo de desmonte do ensino tradicional se completou.
Não apenas desaparecia de cena a repressão ao esquerdismo, como se estabelecia sua dominância ideológica, já que tudo que podia ser associado à ditadura moribunda devia ser considerado mau e repudiado.

O tempo fizera seu papel conduzindo à aposentadoria os professores e diretores da velha guarda, apegados aos valores do ensino tradicional.

Os ideólogos de esquerda eram agora senhores absolutos das escolas públicas brasileiras.

Comentários – parte 4
publicado originalmente em 09/07/2007 às 22:23

O erro mais comum nas muitas análises sobre causas e soluções do problema do ensino público brasileiro é que a maioria se atém a elementos operacionais do sistema – volume de verbas, remuneração dos professores, métodos pedagógicos e pouco se fala do fundamental, as filosofias que orientam a formulação das diretrizes.

Estas filosofias estão em parte explícitas na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, um pastiche ideológico que oficializou com quarenta anos de atraso as propostas de Paulo Freire e outros ideólogos de esquerda da educação, mas sua identificação completa deve ser tirada da práxis da implantação do projeto marxista de educação ao longo deste tempo.

Relembrando dos comentários anteriores, a esquerda desviou o foco educacional da tradição católica do indivíduo que melhora a si mesmo e a partir de si pode melhorar a sociedade, para a ideologia coletivista da sociedade que progride historicamente e, no processo, melhora o indivíduo.

Assim, podemos encontrar nas diferenças entre estas diretrizes a origem da maioria dos problemas da educação pública brasileira.

Diretrizes tradicionais de inspiração católica:

- A função da escola é preservar e transmitir o saber humano acumulado;
- O saber promove a ascese espiritual do indivíduo;
- A educação conscientiza o homem de seus deveres e responsabilidades individuais.


Diretrizes coletivistas de inspiração marxista:

- A função da escola é conscientizar as massas;
- A escola deve promover a mudança social;
- A educação deve preparar as classes exploradas para seu papel histórico.


As primeiras coisas que os brasileiros devem se perguntar quando analisam o fracasso do sistema público de ensino são porque não mudam o sistema?
Por que os teóricos que o desenharam não são repudiados e suas propostas abandonadas e substituídas por alguns dos muitos outros modelos internacionais bem sucedidos, inclusive em países pobres?
Por que vemos estes mesmos teóricos preservando altos cargos na hierarquia burocrática estatal do ensino, dando entrevistas defendendo seus modelos, ao mesmo tempo que apontam soluções para os problemas da educação como se eles próprios não tivessem nada a ver com eles?

A resposta é que para os teóricos de esquerda o modelo é um sucesso, dado que seu objetivo não é ensinar alunos, trazê-los da ignorância e pô-los em contato com o legado do gênio humano a partir de onde poderão encontrar modelos em que se inspirar para realizar seu pleno potencial como seres humanos.

Estes são valores da educação tradicional, que os pais desejam para seus filhos, mas não que os ideólogos desejam para a "massa estudantil" que para eles é massa de manobra para a "mudança social", o verdadeiro e único objetivo de seu modelo, que pouco se importa se o filho da D. Maria sabe ou não sabe interpretar textos simples quando chega ao nível médio.

Quando expulsaram da escola pública a excelência, disciplina e civismo, rechaçados como elitismo, repressão e ditatorialismo prepararam o terreno passo a passo para a ignorância generalizada, a falta de respeito dos alunos para com professores e a instituição escolar e o desprezo pela própria Pátria, a qual não encontrava mais nas salas de aula quem a enaltecesse ou defendesse.

Na origem de todo o mal está o abandono da tradição de que o homem educado tem mais deveres e responsabilidades do que o homem ignorante.
Em outros tempos, um homem instruído que apresentasse comportamentos socialmente reprováveis era repreendido com a frase "você estudou e se comporta como um ignorante?".
Estudar significava assumir MAIS deveres sociais.

Nos ideário esquerdista, estudar significa ser conscientizado dos direitos sociais que deve reivindicar e apenas dos direitos.

Deve ser óbvio a todos qual das duas diretrizes produz uma sociedade melhor.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

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Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Apáte »

Um dos melhores textos que já li no RV.

Acauan escreveu:O desmonte começou pelos currículos escolares, a partir do de humanidades.
- Latim? Se é uma língua morta pra que ensinar?
- Filosofia? Coisa de quem não tem o que fazer.
- Literatura Portuguesa? O que Camões sabia sobre a realidade brasileira?

Seguido do ensino da matemática.
- Demonstrar teoremas? Pra que se já sabemos que estão certos?
- Conceitos fundamentais de geometria plana? Só interessam as equações.
- Polinômios? Vão usar isto onde?

E das ciências naturais:
- Experimentação? Laboratórios são caros...

Não acha que seria mais interessante começar dirigir o aluno a sua área já antes da faculdade?
Só pra citar um exemplo, a partir do ano que vem, artes terá peso no vestibular. Para um médico, que entra na faculdade de medicina sabendo quase nada de sua profissão, a não ser algumas coisas das aulas de biologia e química, o que lhe seria útil aprender artes? E se é, por que não também cobrar fotografia, dança, teatro, cinema e escultura separadamente?

Acauan escreveu:o hasteamento da bandeira e o Hino Nacional deviam ser suprimidos.

Não creio que deveria ser suprimido ou obrigatório, dependeria de cada instituição, já que não é vejo como algo necessário.
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Mensagem por Jack Torrance »

Faltou você incluir o comentário 5, Acauan. E você pretende dar continuidades a eles? Aqui você disse que iria dar uma pausa.

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Sorrelfa
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Mensagem por Sorrelfa »

Isso sim é ideologia em questão de matematica !


Você é empregado em regime de semi-escravidão numa indústria de sapatos. Produz diariamente sob condições desumanas 150 pares de sapatos, os quais são comercializados pelo preço de 50 reais a unidade. A porcentagem sobre o preço do par de sapatos produzidos que servem para pagar o seu mísero salário é de 0,28 %.
Logo, a quantidade de reais que você diante dessa infame exploração ganha por unidade produzida e o quanto o filho da puta do patrão burguês lucra em cima de você usando a mais-valia é respectivamente:

A ) Sua esmola é de R$ 0,14 por unidade, o patrão rouba de você R$ 49,86 por unidade produzida.
B ) A esmola é de R$ 0,27 por unidade, o patrão lesa você em R$ 45,52 por unidade produzida.
C ) Seu salário de fome é de R$ 1,21 por unidade, o patrão lucra nas suas costas R$ 30.00 por unidade produzida.
D ) Nenhuma das alternativas anteriores.
Vendo a justificável insistência de todos, humildemente sou forçado à admitir que sou um cara incrível !

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Mr. Crowley
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Re: Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Mr. Crowley »

Jeanioz escreveu:
Apáte escreveu:É, chegou nas exatas. :emoticon11:


Filhos da p*ta!!!

Querem contaminar as Sagradas Ciências Exatas com a podridão das "ciências" humanas. :emoticon2:

:emoticon26:


Pau no cu dos exatóides.
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Jeanioz
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Re: Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Jeanioz »

Mr. Crowley escreveu:
Jeanioz escreveu:
Apáte escreveu:É, chegou nas exatas. :emoticon11:


Filhos da p*ta!!!

Querem contaminar as Sagradas Ciências Exatas com a podridão das "ciências" humanas. :emoticon2:

:emoticon26:


Pau no cu dos exatóides.


Não, ciências humanas que é coisa de viado. :emoticon26:
"Uma sociedade sem religião é como um navio sem bússola."
Napoleão Bonaparte


"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."
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Mr. Crowley
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Re: Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por Mr. Crowley »

Jeanioz escreveu:Não, ciências humanas que é coisa de viado. :emoticon26:


Ah claro... é nas salas de humanas que só vemos japoneses nerds que não fazem sexo desde que nasceram? :emoticon12:
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vega!
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Re.: Ideologia em prova de matemática

Mensagem por vega! »

Pt é ladrão mesmo, mas acho que deveriam ensinar isso nas aulas, não em perguntas subliminares nas provas
VEGA SCORPIUS

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