Pq vc não é um professor de merda?

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Res Cogitans
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Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por Res Cogitans »

Pergunta aos professores e futuros professores do fórum:

Pq vc não é um professor de merda?
Pq vc não será um professor de merda?


Obs: Isso inclui aqueles que dão aula em universidades e os que pretendem dar aulas em universidade.
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.

/\/\ig
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Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por /\/\ig »

quééé?

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Jack Torrance
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Mensagem por Jack Torrance »

Fugindo nem tanto do tópico...

No meu cursinho há uns dos melhores professores da minha cidade (não sei se é exagero, mas os caras são bons). A grande maioria não é formada em suas áreas e nem tem curso superior a ver com a disciplina que ministra. Vou citar os exemplos:

Gramática e Inglês - formado em Letras com habilitação em tradução e intérprete: tem a ver com a área;

Literatura e Redação - formada em Letras: tem a ver com a área;

História Geral - formado em Letras com habilitação em tradução e intérprete: nada a ver com a área;

História do Brasil - formado em Biologia: nada a ver com a área e ainda dá aulas em escolas particulares, tanto de História quanto de Biologia;

Geografia Geral - formado em Biologia: nada a ver com a área e ainda dá aulas em escolas particulares;

Geografia do Brasil - formado em Geografia: tem a ver com a área;

Matemática - dois formados em Matemática e uma em Ciências do Computação: tem a ver com a área (no caso de Ciências da Computação, acredito, que na universidade não teve nada relacionado com pedagogia e/ou metodologia do ensino);

Física - os três formados em Engenharia de Alilmentos: acaba tendo a ver com a área por causa da grade curricular do curso que tem uma forte formação de Matemática, de Quimíca e Física;

Química - dois formados em Engenharia de Alimentos (vide caso acima) e uma em Ciências Biológicas (esta ainda cursa Química Ambiental e faz Farmácia Bioquímica);

Biologia - os três são formados na área e um deles cursa Pedagogia com o intuito de melhorar a didática.
___________________________________________

O interessante é que eles parecem que têm um dom de ensinar. Tipo, a esmagadora maioria não tem formação pedagógica, mas manja pra cacete na hora de explicar a matéria, cada um do seu jeito...

Tenho um amigo que cursa Letras na Unesp e diz que tem um professor que chega a dar sono na aula dele (literalmente). Na universidade pública é meio que cada um por si na hora de aprender.

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King In Crimson
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Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por King In Crimson »

cada um por si na hora de aprender.
É o melhor método.

Aulas são desestimulantes e tomam muito tempo. Pra mim, elas deveriam apenas ensinar a separar o joio do trigo.

E os professores deveriam gastar mais tempo elaborando, corrigindo e aplicando provas.

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Botanico
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Re: Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por Botanico »

O Regime Revolucionário de 1964 conspirou, conscientemente ou não, para tornar os professores, no geral, professores de merda. Não é pra menos. Nos meus tempos de primeiro grau, dizia lá o meu livro de história de que UM GRANDE IMPULSO ESTAVA SENDO DADO NA ÁREA DA EDUCAÇÃO GRAÇAS AO MINISTRO JARBAS PASSARINHO, que considerava os gastos com a educação como "investimentos" e não "despesas". Claro, naqueles tempos de ufanista governo Médici não se podia dizer que foi com esse cara que amplos cortes nas verbas educacionais tiveram início...

Então foi se sedimentando essa política: vamos gastar mais com obras faraônicas, caras e desnecessárias e tirar o dinheiro que as escolas precisam.

A qualidade do professor também ia indo pra cucuia. Nos tempos pré revolucionários, ser professor era PROFISSIÃO sim. O camarada era professor porque queria ser. Quando a deterioração do ensino foi avançando, professor virou quebra-galho: quem era o professor de física? Um engenheiro frustrado, que dava aulas enquanto não conseguia um emprego melhor. O meu último professor de matemática era um MÉDICO que ia concluir seu curso.

Quando os professores de São Paulo fizeram sua primeira greve no fim do regime militar, e Maluf era o governador, eles ganhavam Cr$ 1.500,00 e os lixeiros Cr$ 1.800,00. E o Maluf dizendo: professora não ganha mal; é apenas mal casada.

E quando o Monsieur Henri Fernando inventou a tal aprovação por decreto, foi a alegria dos professores picaretas: agora não precisa ensinar mais nada _ vai todo mundo passar mesmo. Em vez de ficar um fim de semana corrigindo provas, vamos lá ver o Corinthians ir para a segundona...

E assim vai indo a nossa educação.

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Res Cogitans
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Re: Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por Res Cogitans »

Botanico escreveu:O Regime Revolucionário de 1964 conspirou, conscientemente ou não, para tornar os professores, no geral, professores de merda. Não é pra menos. Nos meus tempos de primeiro grau, dizia lá o meu livro de história de que UM GRANDE IMPULSO ESTAVA SENDO DADO NA ÁREA DA EDUCAÇÃO GRAÇAS AO MINISTRO JARBAS PASSARINHO, que considerava os gastos com a educação como "investimentos" e não "despesas". Claro, naqueles tempos de ufanista governo Médici não se podia dizer que foi com esse cara que amplos cortes nas verbas educacionais tiveram início...

Então foi se sedimentando essa política: vamos gastar mais com obras faraônicas, caras e desnecessárias e tirar o dinheiro que as escolas precisam.

A qualidade do professor também ia indo pra cucuia. Nos tempos pré revolucionários, ser professor era PROFISSIÃO sim. O camarada era professor porque queria ser. Quando a deterioração do ensino foi avançando, professor virou quebra-galho: quem era o professor de física? Um engenheiro frustrado, que dava aulas enquanto não conseguia um emprego melhor. O meu último professor de matemática era um MÉDICO que ia concluir seu curso.

Quando os professores de São Paulo fizeram sua primeira greve no fim do regime militar, e Maluf era o governador, eles ganhavam Cr$ 1.500,00 e os lixeiros Cr$ 1.800,00. E o Maluf dizendo: professora não ganha mal; é apenas mal casada.

E quando o Monsieur Henri Fernando inventou a tal aprovação por decreto, foi a alegria dos professores picaretas: agora não precisa ensinar mais nada _ vai todo mundo passar mesmo. Em vez de ficar um fim de semana corrigindo provas, vamos lá ver o Corinthians ir para a segundona...

E assim vai indo a nossa educação.


Ok. Mas então...vc é ou não é um professor de merda?
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.

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Re: Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por Res Cogitans »

King In Crimson escreveu:
cada um por si na hora de aprender.
É o melhor método.

Aulas são desestimulantes e tomam muito tempo. Pra mim, elas deveriam apenas ensinar a separar o joio do trigo.

E os professores deveriam gastar mais tempo elaborando, corrigindo e aplicando provas.


Não é o melhor método, só é mais prático que gastar tempo com aulas inúteis.
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.

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Res Cogitans
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Mensagem por Res Cogitans »

Jack Torrance escreveu:Fugindo nem tanto do tópico...

No meu cursinho há uns dos melhores professores da minha cidade (não sei se é exagero, mas os caras são bons). A grande maioria não é formada em suas áreas e nem tem curso superior a ver com a disciplina que ministra. Vou citar os exemplos:


Cursinhos não são os melhores exemplos para avaliar um professor em todas as suas competências, em geral só dá pra avaliar a aula expositiva.
Tem uma historinha bem bobinha mas que serve de introdução para o meu propósito:
Joazinho chega todo contente e diz que ensinou seu cachorro a falar.
Seus colegas vão a casa de Joazinho para verificar o feito extraordinário mas o cão não fala nenhuma palavra. Indgnados seus colegas questionam Joazinho: - "você não disse que ensinou seu cachorro a falar?"
Joazinho responde "Ensinar eu ensinei, ele que não aprendeu".

Só há ensino se alguém aprende. O professor pode explicar bem mas ele só terá ensinado se o aluno tiver aprendido.

Se o professor é aquele que ensina, é razoável que o melhor professor seja aquele que faz com os alunos aprendam mais, quantitativa e qualitativamente. Esse deveria ser o foco para avaliar a produtividade e eficácia de um professor.

Após um estudo comparativo sobre o ensino da matemática no Japão, Alemanha e Estados Unidos, Stiegler e Hiebert (1997) concluíram que
"Muda-se o professor e a qualidade do ensino muda. Alguns professores são competentes e outros não, por isso a forma de melhorar o ensino é recrutar melhores professores. Mas essa perspectiva ignora uma verdade indiscutível sobre o ensino: se o método é limitado, a aprendizagem dos alunos também será limitada independentemente do talento do professor. Os professores são tão bons quanto os métodos que utilizam
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Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por Res Cogitans »

Biologia - os três são formados na área e um deles cursa Pedagogia com o intuito de melhorar a didática.


Sinceramente, não tive aula com nenhum pedagogo que entenda de educação baseada em evidência científica. Fora os que ainda acham que Piaget e Vygotsky são a última palavra em psicologia da educação.
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Samael
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Re: Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por Samael »

Botanico escreveu:O Regime Revolucionário de 1964 conspirou, conscientemente ou não, para tornar os professores, no geral, professores de merda. Não é pra menos. Nos meus tempos de primeiro grau, dizia lá o meu livro de história de que UM GRANDE IMPULSO ESTAVA SENDO DADO NA ÁREA DA EDUCAÇÃO GRAÇAS AO MINISTRO JARBAS PASSARINHO, que considerava os gastos com a educação como "investimentos" e não "despesas". Claro, naqueles tempos de ufanista governo Médici não se podia dizer que foi com esse cara que amplos cortes nas verbas educacionais tiveram início...

Então foi se sedimentando essa política: vamos gastar mais com obras faraônicas, caras e desnecessárias e tirar o dinheiro que as escolas precisam.

A qualidade do professor também ia indo pra cucuia. Nos tempos pré revolucionários, ser professor era PROFISSIÃO sim. O camarada era professor porque queria ser. Quando a deterioração do ensino foi avançando, professor virou quebra-galho: quem era o professor de física? Um engenheiro frustrado, que dava aulas enquanto não conseguia um emprego melhor. O meu último professor de matemática era um MÉDICO que ia concluir seu curso.

Quando os professores de São Paulo fizeram sua primeira greve no fim do regime militar, e Maluf era o governador, eles ganhavam Cr$ 1.500,00 e os lixeiros Cr$ 1.800,00. E o Maluf dizendo: professora não ganha mal; é apenas mal casada.

E quando o Monsieur Henri Fernando inventou a tal aprovação por decreto, foi a alegria dos professores picaretas: agora não precisa ensinar mais nada _ vai todo mundo passar mesmo. Em vez de ficar um fim de semana corrigindo provas, vamos lá ver o Corinthians ir para a segundona...

E assim vai indo a nossa educação.


Regime revolucionário, deus do céu...

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Samael
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Re: Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por Samael »

Res Cogitans escreveu:
Biologia - os três são formados na área e um deles cursa Pedagogia com o intuito de melhorar a didática.


Sinceramente, não tive aula com nenhum pedagogo que entenda de educação baseada em evidência científica. Fora os que ainda acham que Piaget e Vygotsky são a última palavra em psicologia da educação.


Só tive aula com esses.

Aliás, não serei um professor de merda porque pretende ignorar sumariamente meu diploma com licenciatura. :emoticon12:

(ao menos por enquanto)

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Apáte
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Re: Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por Apáte »

King In Crimson escreveu:
cada um por si na hora de aprender.
É o melhor método.

Aulas são desestimulantes e tomam muito tempo. Pra mim, elas deveriam apenas ensinar a separar o joio do trigo.

E os professores deveriam gastar mais tempo elaborando, corrigindo e aplicando provas.

Taí, gostei.
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi

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Botanico
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Re: Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por Botanico »

Res Cogitans escreveu:
Ok. Mas então...vc é ou não é um professor de merda?


Bem, poderia ser melhor se tivesse mais recursos de trabalho, mas quanto a ser de merda ou não, vou esperar pela avaliação que os alunos fizeram da minha disciplina.

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Res Cogitans
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Re: Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por Res Cogitans »

Botanico escreveu:
Res Cogitans escreveu:
Ok. Mas então...vc é ou não é um professor de merda?


Bem, poderia ser melhor se tivesse mais recursos de trabalho, mas quanto a ser de merda ou não, vou esperar pela avaliação que os alunos fizeram da minha disciplina.


Se você tiver uma avaliação ruim o que fará para mudar? Acha que algum colega seu daria melhor sua(s) matéria(s)?
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Mensagem por NeferNeferNefer »

Eu hoje sou uma professora de merda porque abandonei o magistério. Troquei-o por outra profissão.
Quando me perguntam se sou bancária, respondo: "sou professora, estou bancária".
Quando eu dava aula, me sentia mais realizada e melhor. Eu era, com certeza, mais feliz. Não era uma professora de merda. Eu sei que fazia alguma diferença na vida dos meus alunos. Mas.... o salário e as condições de trabalho são muitas vezes melhores agora do que antes.
Lamento ser e não estar. Lamento que haja muitas pessoas que não sejam e que estão.
Livre pensar é só pensar!

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Mensagem por NeferNeferNefer »

Respondendo à pergunta: eu não era uma professora de merda porque eu amava o que eu fazia. Me entregava ao magistério. Tinha tesão pela educação, pelo processo, pelos alunos , pela matéria que ensinava. Tesão e amor. Isso faz a diferença.
Livre pensar é só pensar!

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Res Cogitans
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Mensagem por Res Cogitans »

Respondendo à pergunta: eu não era uma professora de merda porque eu amava o que eu fazia. Me entregava ao magistério. Tinha tesão pela educação, pelo processo, pelos alunos , pela matéria que ensinava. Tesão e amor. Isso faz a diferença.


Já é um começo...mas o que eu quero saber é se a metodologia de ensino era eficaz ou não. Se um médico me disser que ama a profissão, os pacientes o processo de cura mas sua taxa de diagnósticos errados é muito acima da média, ele é um bosta de profissional.
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

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Storydor
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Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por Storydor »

Eu acho que se EU fosse professor, seria por gosto da profissão.
Provavelmente seria professor de Geografia, é a matéria que tem o meu assunto favorito [ Geopolítica/Geoeconomia ]. Gostaria de ter paciência pra ser professor de História, acho que é muito assunto pra dar conta. Apesar de ter boas noções de inglês e português, não seria professor dessas matérias, odeio gramática.
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Re: Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por King In Crimson »

Storydor escreveu:Eu acho que se EU fosse professor, seria por gosto da profissão.
Provavelmente seria professor de Geografia, é a matéria que tem o meu assunto favorito [ Geopolítica/Geoeconomia ]. Gostaria de ter paciência pra ser professor de História, acho que é muito assunto pra dar conta. Apesar de ter boas noções de inglês e português, não seria professor dessas matérias, odeio gramática.
Eu passei a gostar de gramática depois que eu saí o ensino médio.
A forma de ensinar é muito sacal. Deveria ser um negócio mais "PBL", como os laboratórios de readção (onde eu aprendi a gostar dela).

Gramática é fundamental na hora de aprender outras línguas.

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Mensagem por NeferNeferNefer »

Res Cogitans escreveu:
Respondendo à pergunta: eu não era uma professora de merda porque eu amava o que eu fazia. Me entregava ao magistério. Tinha tesão pela educação, pelo processo, pelos alunos , pela matéria que ensinava. Tesão e amor. Isso faz a diferença.


Já é um começo...mas o que eu quero saber é se a metodologia de ensino era eficaz ou não. Se um médico me disser que ama a profissão, os pacientes o processo de cura mas sua taxa de diagnósticos errados é muito acima da média, ele é um bosta de profissional.


Sim. Importar-se é extremamente eficaz. Não uma metodologia ou outra. Meus índices eram bons.
Faça uma pesquisa sobre o qto um aluno gosta do professor, ri em sua aula e se importa com ele, e o qto ele aprende da matéria. Por vezes a atitude do professor faz com que o aluno passe a gostar de uma matéria que ele odiava com outro professor.
Qdo um professor aplica um método e vê q não está sendo eficaz (usando a sua expressão), se ele se importa, ele modifica o método. Pesquisa qual a maneira adequada de se abordar o assunto para aquela turma ou aquele aluno em específico. Vai mudando até conseguir. Cada sala de aula é diferente. Por vezes, numa mesma escola e mesma série, uma abordagem funciona em uma turma, em outra não.
Importar-se. Criatividade. Vontade. Envolvimento.
Das experiências que tive, esses atributos são fundamentais.
Livre pensar é só pensar!

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Res Cogitans escreveu:Só há ensino se alguém aprende. O professor pode explicar bem mas ele só terá ensinado se o aluno tiver aprendido.

Se quase ninguém na turma aprende, o problema pode ser do professor. Se só alguns não aprendem, o problema pode ser deles.

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Fernando Silva
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Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por Fernando Silva »

"O Globo" 06/12/07

Mãe das batalhas

Se ganharmos todas as batalhas, menos a da educação, perderemos a guerra. Se tivermos os melhores fundamentos macroeconômicos, mas os jovens não entenderem o que lêem, não haverá futuro. A educação é a mãe de todas as lutas. Uma economia em recessão pode se recuperar mais adiante, pelo próprio movimento dos ciclos; perder os cérebros de uma geração inteira é fatal.

Está difícil escrever hoje.
Há dias assim: piores, dolorosos.
O Senado se abastarda nos conchavos, as prisões oferecem ao país cenas medievais, a violência colhe suas vítimas indefesas nas ruas; por insensatez e descuido destruímos a Amazônia.
Tudo aflige. Mesmo assim, é possível achar que isso é conjuntural. Sonhar que um dia escolheremos senadores que nos orgulhem, construiremos prisões onde criminosos paguem sua dívida com a sociedade de forma civilizada, que a indignação seja tamanha que nunca mais uma menina seja trancada numa cela com homens. Mas como se proteger do pessimismo diante do teste internacional Pisa? Isso derrota.

Perdemos para o Chile e para o México. Perdemos para quase todos, em quase tudo. Retrocedemos na mais fundamental das habilidades: a leitura. Há 500 anos, o sistema educacional se estruturou em torno do livro, mas o Brasil, no começo do século XXI, não consegue capturar os estudantes para o prazer da leitura. Prazer que meus pais e professores me ensinaram na infância e ao qual tributo cada um dos meus êxitos. Quem não lê não pensa bem. Quem não é ensinado a pensar jamais vai realizar seu potencial. Seguirá apequenado, subutilizado, subdesenvolvido.

Um país de apequenados jamais será grande.
Quando alguns alunos falham, a culpa pode ser dos alunos; quando tantos falham, foi a escola que fracassou.
Há tantos motivos para a nossa tragédia educacional que é difícil saber por onde começar.
O Brasil gasta mais por aluno do ensino superior que inúmeros países do mundo. O governo Lula aumentou de 70% para 75% a fatia do bolo federal da educação que vai para as universidades, quando a nossa tragédia começa no fundamental. Alguns professores gastam mais tempo se mobilizando por melhores salários e reivindicações da categoria que na dedicação aos alunos. Os livros didáticos foram contaminados por ideologia de terceira categoria.

Mestres se aposentam cedo demais, e o Brasil perde a maturidade de suas vocações, o auge do seu conhecimento.
Muitas famílias não se envolvem com a educação dos filhos, achando que isso é obrigação das escolas.
A classe média paga colégio particular, debita uma parte do gasto no Imposto de Renda, não cobra qualidade da escola que paga, depois põe os filhos num bom cursinho para não gastar com a universidade. Os muito ricos escapam da tragédia coletiva alienando os filhos em escolas estrangeiras. Governos acham, como o atual, que devem mudar as políticas anteriores apenas por idiossincrasias político-partidárias.

Empresas pensam que, se forem exigentes nos seus processos de seleção, serão competitivas, mas começam a descobrir que não têm onde fazer sua seleção. A incapacidade administrativa paralisa bons projetos, como o da informatização das escolas, cujo financiamento foi esterilizado no Fust. Ministros pedem mais dinheiro sem oferecer em troca qualquer melhoria de gestão. Alunos passam de ano sem ter aprendido, só porque reprovar não é politicamente correto. Imposto para qualificar o trabalhador financia sindicato de empresário; Fundo de Amparo ao Trabalhador financia empresas. Nosso único acerto nas últimas décadas foi universalizar o ensino, ainda que tarde.

A tragédia da educação pode ser vista pela economia.

Na era do conhecimento, a mais importante habilidade a desenvolver é a capacidade de pensar, o que só se consegue com educação de qualidade.

Na era da globalização, as empresas tendem a espalhar pelos países etapas do seu processo produtivo, escolhendo cada local pela vantagem competitiva. Um país sem cérebros treinados ficará com o que há de mais tosco, com as etapas de menores valor agregado e salários.

Os países competem por localização de investimento e mercados. Um país com uma mão-de-obra sem qualificação inevitavelmente perderá a competição.

Mas o mais relevante não é a economia. Um ser humano não é apenas a sua força de trabalho. A educação não é só o treinamento de trabalhadores, por mais importante que isso seja. A educação é a única forma permanente de redução das desigualdades.

O trabalhador que está hoje em alguma fazenda sendo escravizado ou submetido a trabalho degradante foi aprisionado na cadeia do analfabetismo.

O ribeirinho que está com uma arma na cabeça na Amazônia, tendo que abandonar sua terra para que o grileiro ocupe tudo para desmatar, não sabe nem ler o documento que lhe apresentam para assinar. É a ignorância que o torna escravo. É a ignorância que desampara.

A educação é, sobretudo, a forma de realização plena das tantas e tão versáteis capacidades humanas. Mais que treinar o trabalhador, forma o cidadão, amplia horizontes, alimenta ambições. Por isso é a mãe de todas as batalhas.

Nós a estamos perdendo no momento mais decisivo da construção do país, quando a maioria da população é jovem.

Temos em idade escolar (no ensino fundamental e médio), 37 milhões de brasileiros.

E eles estão em perigo.

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Apáte
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Mensagem por Apáte »

Fernando Silva escreveu:
Res Cogitans escreveu:Só há ensino se alguém aprende. O professor pode explicar bem mas ele só terá ensinado se o aluno tiver aprendido.

Se quase ninguém na turma aprende, o problema pode ser do professor. Se só alguns não aprendem, o problema pode ser deles.

Se a turma inteira não aprende, independente do professor, que consegue passar a mensagem em outras turmas/instituições, o problema É da turma.
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi

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Botanico
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Re: Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por Botanico »

Res Cogitans escreveu:
Botanico escreveu:
Res Cogitans escreveu:
Ok. Mas então...vc é ou não é um professor de merda?


Bem, poderia ser melhor se tivesse mais recursos de trabalho, mas quanto a ser de merda ou não, vou esperar pela avaliação que os alunos fizeram da minha disciplina.


Se você tiver uma avaliação ruim o que fará para mudar? Acha que algum colega seu daria melhor sua(s) matéria(s)?


Independente da avaliação for boa ou ruim, algumas coisas eu pretendo mudar. Quero fazer um novo material para a apresentação de aulas (transparências e apresentação em data-show- o ideal seria usar esse último e as transparências como quebra-galho, mas não tem aparelho para todos...). Também quero fazer um laminário adequado para ser usado nas aulas. Aqui é um se correr o bicho pega, se ficar o bicho come: com a lâmina pronta o aluno tem o material certo, com tudo o que deve ver, mas não tem contato com o material e não sabe como se chega lá; tendo ele de fazer cortes à mão-livre, ele tem o contato e aprende uma técnica que poderá usar na falta de recursos, mas em geral o material fica ruim pela falta de prática e às vezes não vê o que se deveria ver.

Reciclar não é fácil, nem barato (tem coisa que faço com recursos pessoais, pois nem cartucho para impressora querem nos arranjar...), mas é preciso.

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Res Cogitans
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Re: Re.: Pq vc não é um professor de merda?

Mensagem por Res Cogitans »

Botanico escreveu:
Res Cogitans escreveu:
Botanico escreveu:
Res Cogitans escreveu:
Ok. Mas então...vc é ou não é um professor de merda?


Bem, poderia ser melhor se tivesse mais recursos de trabalho, mas quanto a ser de merda ou não, vou esperar pela avaliação que os alunos fizeram da minha disciplina.


Se você tiver uma avaliação ruim o que fará para mudar? Acha que algum colega seu daria melhor sua(s) matéria(s)?


Independente da avaliação for boa ou ruim, algumas coisas eu pretendo mudar. Quero fazer um novo material para a apresentação de aulas (transparências e apresentação em data-show- o ideal seria usar esse último e as transparências como quebra-galho, mas não tem aparelho para todos...). Também quero fazer um laminário adequado para ser usado nas aulas. Aqui é um se correr o bicho pega, se ficar o bicho come: com a lâmina pronta o aluno tem o material certo, com tudo o que deve ver, mas não tem contato com o material e não sabe como se chega lá; tendo ele de fazer cortes à mão-livre, ele tem o contato e aprende uma técnica que poderá usar na falta de recursos, mas em geral o material fica ruim pela falta de prática e às vezes não vê o que se deveria ver.

Reciclar não é fácil, nem barato (tem coisa que faço com recursos pessoais, pois nem cartucho para impressora querem nos arranjar...), mas é preciso.


Meu intuito com este tópico não é exatamente irritar os outros e chamá-los de incompetentes, minhas experiências didáticas são somente com aulas particulares onde eu posso acompanhar muito de perto o desempenho do aluno. Não acho que faça nada acima da média mas não sei qual a "média" dos professores particulares, já que a grande maioria são estudantes de graduação de física ou engenharia. Eu já tive resultados animadores, ao ponto de pais encontrarem comigo para me agradecer. Eu sinceramente não acho que fiz nada demais além de ter paciência, só que este "nada demais" ajudou meus alunos a passarem de ano e em alguns processos seletivos.

Já no âmbito de turmas eu quero testar algumas metodologias de ensino com grande corroboração empírica. Num primeiro momento a avaliação formativa é o meu foco, a literatura científica sobre o assunto mostra uma amplitude de efeito de 0,4 a 0,7 entre desempenho estudantil e avaliação formativa.

Esquematizações de aulas baseadas em neuropsicologia da atençao (também com bons resultados) seria um passo mais adiante e muuuuuito mais trabalhoso, porque cada aula tem ser exaustivamente planejada para focar as janelas de atenção.

Eu li em psicologia cognitiva sobre a diferença de pensamento na resolução de problemas entre experts e amadores, onde pode-se distinguir algumas características entre os dois. Não sei se um método que prime ensinar características de resolução de experts seja mais efetivo, talvez o 'pensamento amador' seja uma etapa necessária para alcançar o 'pensamento expert', não tenho leitura para dizer qual seria mais eficaz.

Aprendemos com o cérebro e é lá que devemos procurar qual ensino é mais eficaz.
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.

Trancado