O que segura o PIB
Enviado: 11 Dez 2007, 14:58
Isto é Dinheiro num. 0533
10/12/2007
A economia dispara, mas isso não se reflete no número final de crescimento. O problema pode ser estatístico
LANA PINHEIRO
LOPES
“O Brasil subestima o crescimento de sua economia “
Algo intriga os economistas. De todos os países emergentes relevantes, o Brasil é hoje aquele que apresenta o melhor desempenho em vários setores empresariais. Tome-se, como exemplo, a indústria automobilística. Neste ano, as vendas devem crescer 28% no Brasil.
É mais do que os 26% da Argentina, os 21% da Rússia ou os 18% da Índia e da China. Apesar disso, o Brasil é o país com a menor taxa de expansão econômica – o que se projeta é um salto de 4,5% no PIB, enquanto os demais rodam a taxas de 6%, 8% ou até 10%. Pode-se alegar que o crescimento não é medido apenas pelo setor de automóveis. É verdade. Mas se a comparação for feita no agronegócio, na construção civil e em várias outras atividades, o Brasil também está melhor do que seus concorrentes. O que, então, explicaria uma diferença tão grande? Para alguns analistas, a resposta pode estar na estatística. “O Brasil está subestimando seu crescimento econômico”, garante o economista Francisco Lopes, que presidiu o Banco Central e é dono da consultoria Macrométrica. “Se a China adotasse um padrão de cálculo do PIB semelhante ao nosso, eles cresceriam dois ou três pontos a menos.”
Emprego formal bate recorde com criação de 1,8 milhão de postos com registro A alta do PIB do setor será o dobro do esperado para o País.
O economista defende sua tese com argumentos técnicos. Enquanto a China atribui 80% do PIB à indústria, o peso da atividade manufatureira no Brasil, segundo o IBGE, é pouco superior a 30%. E mesmo no tocante à indústria, o Brasil supervalorizaria bens de consumo não-duráveis, como calçados e alimentos, que se comportam de maneira mais homogênea e constante. Além disso, ao medir a riqueza do setor de serviços, outros países emergentes consideram apenas o comércio e a venda de combustíveis. O Brasil inclui vários outros fatores, como saúde, educação, aluguéis e até mesmo a atividade governamental. É como se a comparação fosse feita com réguas distintas. O Brasil adota um padrão muito parecido com o do francês Institut National de Statistiques et d’Economie Appliquée, enquanto outros países são mais displicentes. “Seguimos uma metodologia moderna, mas temos problemas de coleta de dados, o que distorce o resultado”, diz Lopes.
Indústria chega à inédita marca de 2,5 milhões de veículos vendidos No campo, as vendas de equipamentos refletem o momento de expansão.
O IBGE, órgão encarregado de calcular o PIB brasileiro, defende os resultados que apresenta. “Estamos falando de uma média”, diz Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do Instituto. Mas ele próprio admite que, neste ano, os diversos setosetores econômicos estão com comportamento mais equilibrado – e todos em crescimento. “Não há nenhuma queda drástica, como houve em outros anos em que o PIB também cresceu.” Em 2001, por exemplo, o país precisou equilibrar uma indústria muito mais volátil com setores registrando perdas de 41%. Neste ano, o cenário é radicalmente diferente. Até alguns setores exportadores, que sofreram nos anos anteriores para se adaptar ao dólar desvalorizado, conseguem, agora, um desempenho favorável. Caso das exportações do frango que terão aumento de 22% em exportação em volume e de 53% em valores.
Para tentar corrigir essas imperfeições, o IBGE alterou, em março, a metodologia de cálculo do PIB. “A mudança foi muito importante e hoje o conjunto de informações é bem mais amplo e complexo”, afirma o economista Edmar Bacha. Ainda assim, há espaço para melhorias. Pequenos ajustes que retratem melhor uma economia em ascensão.
FONTE:Clipping Planejamento
Abraços,
10/12/2007
A economia dispara, mas isso não se reflete no número final de crescimento. O problema pode ser estatístico
LANA PINHEIRO
LOPES
“O Brasil subestima o crescimento de sua economia “
Algo intriga os economistas. De todos os países emergentes relevantes, o Brasil é hoje aquele que apresenta o melhor desempenho em vários setores empresariais. Tome-se, como exemplo, a indústria automobilística. Neste ano, as vendas devem crescer 28% no Brasil.
É mais do que os 26% da Argentina, os 21% da Rússia ou os 18% da Índia e da China. Apesar disso, o Brasil é o país com a menor taxa de expansão econômica – o que se projeta é um salto de 4,5% no PIB, enquanto os demais rodam a taxas de 6%, 8% ou até 10%. Pode-se alegar que o crescimento não é medido apenas pelo setor de automóveis. É verdade. Mas se a comparação for feita no agronegócio, na construção civil e em várias outras atividades, o Brasil também está melhor do que seus concorrentes. O que, então, explicaria uma diferença tão grande? Para alguns analistas, a resposta pode estar na estatística. “O Brasil está subestimando seu crescimento econômico”, garante o economista Francisco Lopes, que presidiu o Banco Central e é dono da consultoria Macrométrica. “Se a China adotasse um padrão de cálculo do PIB semelhante ao nosso, eles cresceriam dois ou três pontos a menos.”
Emprego formal bate recorde com criação de 1,8 milhão de postos com registro A alta do PIB do setor será o dobro do esperado para o País.
O economista defende sua tese com argumentos técnicos. Enquanto a China atribui 80% do PIB à indústria, o peso da atividade manufatureira no Brasil, segundo o IBGE, é pouco superior a 30%. E mesmo no tocante à indústria, o Brasil supervalorizaria bens de consumo não-duráveis, como calçados e alimentos, que se comportam de maneira mais homogênea e constante. Além disso, ao medir a riqueza do setor de serviços, outros países emergentes consideram apenas o comércio e a venda de combustíveis. O Brasil inclui vários outros fatores, como saúde, educação, aluguéis e até mesmo a atividade governamental. É como se a comparação fosse feita com réguas distintas. O Brasil adota um padrão muito parecido com o do francês Institut National de Statistiques et d’Economie Appliquée, enquanto outros países são mais displicentes. “Seguimos uma metodologia moderna, mas temos problemas de coleta de dados, o que distorce o resultado”, diz Lopes.
Indústria chega à inédita marca de 2,5 milhões de veículos vendidos No campo, as vendas de equipamentos refletem o momento de expansão.
O IBGE, órgão encarregado de calcular o PIB brasileiro, defende os resultados que apresenta. “Estamos falando de uma média”, diz Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do Instituto. Mas ele próprio admite que, neste ano, os diversos setosetores econômicos estão com comportamento mais equilibrado – e todos em crescimento. “Não há nenhuma queda drástica, como houve em outros anos em que o PIB também cresceu.” Em 2001, por exemplo, o país precisou equilibrar uma indústria muito mais volátil com setores registrando perdas de 41%. Neste ano, o cenário é radicalmente diferente. Até alguns setores exportadores, que sofreram nos anos anteriores para se adaptar ao dólar desvalorizado, conseguem, agora, um desempenho favorável. Caso das exportações do frango que terão aumento de 22% em exportação em volume e de 53% em valores.
Para tentar corrigir essas imperfeições, o IBGE alterou, em março, a metodologia de cálculo do PIB. “A mudança foi muito importante e hoje o conjunto de informações é bem mais amplo e complexo”, afirma o economista Edmar Bacha. Ainda assim, há espaço para melhorias. Pequenos ajustes que retratem melhor uma economia em ascensão.
FONTE:Clipping Planejamento
Abraços,