Descoberta genética aproxima ficção científica e realidade
Enviado: 12 Dez 2007, 10:54
Qui, 22 Nov, 04h02
CHICAGO, EUA (AFP) - Cultivar órgãos em laboratório para transplante e regenerar membros amputados ainda pertencem ao campo da ficção científica, mas uma importante descoberta sobre as células-tronco divulgada nesta semana deixou a fantasia um pouco mais perto da realidade.
Duas equipes, uma japonesa e uma americana conseguiram converter células da pele humana em células-tronco, capazes de se transformar em qualquer tipo de tecido presente no corpo humano.
A novidade abre caminho para novos tratamentos contra o câncer, o diabetes e o mal de Alzheimer, afirmam os cientistas.
"Isso realmente é o Santo Graal: usar algumas células de um paciente - como uma amostra da face ou umas poucas células da pele - e transformá-las em células-tronco no laboratório", disse à AFP Robert Lanza, diretor da empresa de biotecnologia Advanced Cell Technology.
"É um pouco como aprender a transformar chumbo em ouro", comparou.
A pesquisa ainda está na fase inicial, mas os potenciais benefícios são "enormes", explicou Lanza, que já imagina maneiras de reduzir para a metade a taxa de mortalidade após um ataque cardíaco, reestabelecer o fluxo sangüíneo a membros do corpo que deveriam ser amputados ou "fabricar" um rim saudável usando céulas-tronco.
A utilização de células da pele permitiria aos médicos criar células-tronco com um código genético específico do paciente, eliminando o risco de que o corpo rejeite órgãos ou tecidos transplantados.
Agora, a maior vantagem é a expansão das células-tronco disponíveis para pesquisa, utilizadas para testar novos medicamentos e tentar compreender doenças, já que o acesso a elas é ainda muito restrito devido às complicações técnicas e éticas de trabalhar com embriões humanos.
Na quarta-feira, o Vaticano - que se opõe à clonagem e à pesquisa com células-tronco embrionárias - comemorou o anúncio da nova descoberta, considerando que esta possibilidade elimina os problemas étnicos associado ao uso de embriões.
A nova técnica, que ainda precisa ser aperfeiçoada, é tão promissora que o cientista Ian Wilmut, pesquisador escocês que criou o primeiro clone de um mamífero obtido a partir da célula de um animal adulto, anunciou que deixará de lado suas pesquisas de clonagem de embriões para estudar as células-tronco produzidas a partir de células da pele.
"O fato de que a introdução de uma pequena quantidade de proteínas em células humanas adultas pode produzir células equivalentes às células-tronco embrionárias nos leva a uma era inteiramente nova da biologia de células-tronco", afirmou Wilmut, criador da ovelha Dolly.
Uma das maiores vantagens da nova técnica é sua simplicidade: são necessários apenas quatro genes para que a célula da pele se transforme em célula-tronco.
Além disso, ao contrário do caro e complexo processo desenvolvido por Wilmut, o novo método pode ser realizado em um laboratório de biologia comum, e as células da pele são muito mais fáceis de se conseguir do que os embriões.
O principal obstáculo a ser superado é encontrar uma maneira segura de transformar as células da pele. O método atual utiliza um retrovírus para introduzir os quatro genes na célula, o que expõe o tecido ao risco de uma mutação celular.
Isso deve atrasar o uso destas células-tronco em tratamentos, mas permitirá que pesquisadores as usem para estudar doenças e testar novos medicamentos.
"É uma explosão de recursos", disse Konrad Hochedlinger, do Stem Cell Institute da Universidade de Harvard. "Podemos usar células da pele de um diabético, transformá-las em células pancreáticas (que produzem a insulina que regula o nível de glicose no sangue) e descubrir o que acontece".
Apesar de muito promissora, a técnica foi anunciada com ressalvas pelos próprios pesquisadores, que fizeram um apelo à comunidade científica para que não abandone a pesquisa com células-tronco embrionárias.
James Thomson, da Universidade de Wisconsin em Madison, que coordenou a equipe americana, alertou: "Esta nova pesquisa é só o início: apenas entendemos como funcionam estas células".
http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/0711 ... o_ci__ncia
CHICAGO, EUA (AFP) - Cultivar órgãos em laboratório para transplante e regenerar membros amputados ainda pertencem ao campo da ficção científica, mas uma importante descoberta sobre as células-tronco divulgada nesta semana deixou a fantasia um pouco mais perto da realidade.
Duas equipes, uma japonesa e uma americana conseguiram converter células da pele humana em células-tronco, capazes de se transformar em qualquer tipo de tecido presente no corpo humano.
A novidade abre caminho para novos tratamentos contra o câncer, o diabetes e o mal de Alzheimer, afirmam os cientistas.
"Isso realmente é o Santo Graal: usar algumas células de um paciente - como uma amostra da face ou umas poucas células da pele - e transformá-las em células-tronco no laboratório", disse à AFP Robert Lanza, diretor da empresa de biotecnologia Advanced Cell Technology.
"É um pouco como aprender a transformar chumbo em ouro", comparou.
A pesquisa ainda está na fase inicial, mas os potenciais benefícios são "enormes", explicou Lanza, que já imagina maneiras de reduzir para a metade a taxa de mortalidade após um ataque cardíaco, reestabelecer o fluxo sangüíneo a membros do corpo que deveriam ser amputados ou "fabricar" um rim saudável usando céulas-tronco.
A utilização de células da pele permitiria aos médicos criar células-tronco com um código genético específico do paciente, eliminando o risco de que o corpo rejeite órgãos ou tecidos transplantados.
Agora, a maior vantagem é a expansão das células-tronco disponíveis para pesquisa, utilizadas para testar novos medicamentos e tentar compreender doenças, já que o acesso a elas é ainda muito restrito devido às complicações técnicas e éticas de trabalhar com embriões humanos.
Na quarta-feira, o Vaticano - que se opõe à clonagem e à pesquisa com células-tronco embrionárias - comemorou o anúncio da nova descoberta, considerando que esta possibilidade elimina os problemas étnicos associado ao uso de embriões.
A nova técnica, que ainda precisa ser aperfeiçoada, é tão promissora que o cientista Ian Wilmut, pesquisador escocês que criou o primeiro clone de um mamífero obtido a partir da célula de um animal adulto, anunciou que deixará de lado suas pesquisas de clonagem de embriões para estudar as células-tronco produzidas a partir de células da pele.
"O fato de que a introdução de uma pequena quantidade de proteínas em células humanas adultas pode produzir células equivalentes às células-tronco embrionárias nos leva a uma era inteiramente nova da biologia de células-tronco", afirmou Wilmut, criador da ovelha Dolly.
Uma das maiores vantagens da nova técnica é sua simplicidade: são necessários apenas quatro genes para que a célula da pele se transforme em célula-tronco.
Além disso, ao contrário do caro e complexo processo desenvolvido por Wilmut, o novo método pode ser realizado em um laboratório de biologia comum, e as células da pele são muito mais fáceis de se conseguir do que os embriões.
O principal obstáculo a ser superado é encontrar uma maneira segura de transformar as células da pele. O método atual utiliza um retrovírus para introduzir os quatro genes na célula, o que expõe o tecido ao risco de uma mutação celular.
Isso deve atrasar o uso destas células-tronco em tratamentos, mas permitirá que pesquisadores as usem para estudar doenças e testar novos medicamentos.
"É uma explosão de recursos", disse Konrad Hochedlinger, do Stem Cell Institute da Universidade de Harvard. "Podemos usar células da pele de um diabético, transformá-las em células pancreáticas (que produzem a insulina que regula o nível de glicose no sangue) e descubrir o que acontece".
Apesar de muito promissora, a técnica foi anunciada com ressalvas pelos próprios pesquisadores, que fizeram um apelo à comunidade científica para que não abandone a pesquisa com células-tronco embrionárias.
James Thomson, da Universidade de Wisconsin em Madison, que coordenou a equipe americana, alertou: "Esta nova pesquisa é só o início: apenas entendemos como funcionam estas células".
http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/0711 ... o_ci__ncia