"O martelo das feiticeiras".

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betossantana
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"O martelo das feiticeiras".

Mensagem por betossantana »

Eu comprei O martelo das feiticeiras (Malleus maleficarum), aquele livro famoso escrito por dois inquisidores, Heinrich Kramer e James Sprenger, citado até por Dawkins em Deus, um delírio, que explica quais os poderes das bruxas, como identificá-las e como julgá-las e condená-las e estou impressionado com a péssima qualidade da introdução histórica e do prefácio!! Rosie Marie Muraro, que escreveu a introdução histórica, é um socialistóide cretina que cospe PÉROLAS como "a caça às bruxas nada teve de histeria, foi uma estratégia meticulosa das classes dominantes para centralizar o poder" e eu ODEIO socialistóides cretinos, ainda mais no caso dela, que é FREUDIANA e vê simbolismos castratórios e complexos pré-incestuosos em tudo! O dr. Carlos Byington, psiquiatra, que fez o prefácio, acho que é ainda pior, porque já começa dizendo que a Inquisição é uma "deformação psicopatológica coletiva da mensagem do Cristo", ou seja, a mensagem de Jesus é 100% maravilhosa, tudo de brutal e degradante feito com base na Bíblia é uma "distorção"!! E cita JUNG (!!!!!!) quando explica o que é o self!! VOU VOMITAR!!!

Ter que ler esses dois JEGUES antes de começar o sadismo diabólico do livro, que é a parte da "diversão", é uma PROVAÇÃO, não recomendo a ninguém que os leiam na ordem disposta no livro, é melhor deixar essas duas amebas pro final!

Alguém mais tem o livro e tem comentários sobre essas criaturas abomináveis?? Eu fiquei tão puto da vida com esse dr. Byington que sentei aqui pra escrever isso logo que passei por umas três folhas da diarréia literária dele, ainda vou terminar esse prefácio repugnante e aposto que estarei mais cheio de ódio ainda quando acabar. Espero que ler sobre como torturar uma bruxa melhore o meu humor, hehehe.
Editado pela última vez por betossantana em 29 Dez 2007, 23:31, em um total de 1 vez.
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Sorrelfa
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Re.: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Sorrelfa »

"a caça às bruxas nada teve de histeria, foi uma estratégia meticulosa das classes dominantes para centralizar o poder"


Cruzis !
Vendo a justificável insistência de todos, humildemente sou forçado à admitir que sou um cara incrível !

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Fedidovisk
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Mensagem por Fedidovisk »

Existem livros aos montes assim, os espíritas então... vixi....

é de chorar. Posição semelhante a tua, tive eu quando na época do tópico onde se começou a discutir sobre inquisição aqui no forum.

Doía no saco!

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betossantana
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Mensagem por betossantana »

Fedidovisk escreveu:Existem livros aos montes assim, os espíritas então... vixi....
é de chorar. Posição semelhante a tua, tive eu quando na época do tópico onde se começou a discutir sobre inquisição aqui no forum.
Doía no saco!


Eu terminei exatamente um cocô espírita, Nos bastidores da obsessão, de Divaldo Franco, esse CANALHA diz que homossexualidade é obsessão. Obsessão de cu é rola!!

Mas agora que cheguei na parte em que o dr. Byington entra na maluquice Junguiana dos arquétipos, estou achando mais graça no prefácio (que é grande), como não achar graça na maluquice Junguiana dos arquétipos? Você já leu sobre os arquétipos de Jung? Ele devia ser romancista, não médico, já que era tão criativo quanto o Huxley ou Stephen King, e eu acho que foi isso que ele fez durante sua carreira médica, escreveu FICÇÃO. Mas os arquétipos são legais de ler, baboseira pseudo-científica pura. O triste é que tem muita gente que segue isso, os "junguianos". Como será que um paciente de um junguiano consegue resolver seus conflitos?? A conversa junguiana parece que só faz complicar TUDO ainda mais, deve ser exatamente como tratar alguém com os livros do Huxley ou de Stephen King!
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Wallace
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Re.: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Wallace »

Ué, não deixa de ser... Os heteros não tem obsessão por mulheres, os bibas têm por homens...

:emoticon12:
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Anna
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Mensagem por Anna »

betossantana escreveu:
Fedidovisk escreveu:Existem livros aos montes assim, os espíritas então... vixi....
é de chorar. Posição semelhante a tua, tive eu quando na época do tópico onde se começou a discutir sobre inquisição aqui no forum.
Doía no saco!


Eu terminei exatamente um cocô espírita, Nos bastidores da obsessão, de Divaldo Franco, esse CANALHA diz que homossexualidade é obsessão. Obsessão de cu é rola!!

Mas agora que cheguei na parte em que o dr. Byington entra na maluquice Junguiana dos arquétipos, estou achando mais graça no prefácio (que é grande), como não achar graça na maluquice Junguiana dos arquétipos? Você já leu sobre os arquétipos de Jung? Ele devia ser romancista, não médico, já que era tão criativo quanto o Huxley ou Stephen King, e eu acho que foi isso que ele fez durante sua carreira médica, escreveu FICÇÃO. Mas os arquétipos são legais de ler, baboseira pseudo-científica pura. O triste é que tem muita gente que segue isso, os "junguianos". Como será que um paciente de um junguiano consegue resolver seus conflitos?? A conversa junguiana parece que só faz complicar TUDO ainda mais, deve ser exatamente como tratar alguém com os livros do Huxley ou de Stephen King!


Eu já li alguma coisa sobre os arquétipos junguianos mas nada profundo, citações e explicações em outras obras. Pra ser sincera não gosto. Prefiro mitologia propriamente dita.
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Anna
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Re: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Anna »

betossantana escreveu:Eu comprei O martelo das feiticeiras (Malleus maleficarum), aquele livro famoso escrito por dois inquisidores, Heinrich Kramer e James Sprenger, citado até por Dawkins em Deus, um delírio, que explica quais os poderes das bruxas, como identificá-las e como julgá-las e condená-las e estou impressionado com a péssima qualidade da introdução histórica e do prefácio!! Rosie Marie Muraro, que escreveu a introdução histórica, é um socialistóide cretina que cospe PÉROLAS como "a caça às bruxas nada teve de histeria, foi uma estratégia meticulosa das classes dominantes para centralizar o poder" e eu ODEIO socialistóides cretinos, ainda mais no caso dela, que é FREUDIANA e vê simbolismos castratórios e complexos pré-incestuosos em tudo! O dr. Carlos Byington, psiquiatra, que fez o prefácio, acho que é ainda pior, porque já começa dizendo que a Inquisição é uma "deformação psicopatológica coletiva da mensagem do Cristo", ou seja, a mensagem de Jesus é 100% maravilhosa, tudo de brutal e degradante feito com base na Bíblia é uma "distorção"!! E cita JUNG (!!!!!!) quando explica o que é o self!! VOU VOMITAR!!!

Ter que ler esses dois JEGUES antes de começar o sadismo diabólico do livro, que é a parte da "diversão", é uma PROVAÇÃO, não recomendo a ninguém que os leiam na ordem disposta no livro, é melhor deixar essas duas amebas pro final!

Alguém mais tem o livro e tem comentários sobre essas criaturas abomináveis?? Eu fiquei tão puto da vida com esse dr. Byington que sentei aqui pra escrever isso logo que passei por umas três folhas da diarréia literária dele, ainda vou terminar esse prefácio repugnante e aposto que estarei mais cheio de ódio ainda quando acabar. Espero que ler sobre como torturar uma bruxa melhore o meu humor, hehehe.


Vc já leu algo de Sade?
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Res Cogitans
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Mensagem por Res Cogitans »

betossantana escreveu:Mas agora que cheguei na parte em que o dr. Byington entra na maluquice Junguiana dos arquétipos, estou achando mais graça no prefácio (que é grande), como não achar graça na maluquice Junguiana dos arquétipos? Você já leu sobre os arquétipos de Jung? Ele devia ser romancista, não médico, já que era tão criativo quanto o Huxley ou Stephen King, e eu acho que foi isso que ele fez durante sua carreira médica, escreveu FICÇÃO. Mas os arquétipos são legais de ler, baboseira pseudo-científica pura. O triste é que tem muita gente que segue isso, os "junguianos". Como será que um paciente de um junguiano consegue resolver seus conflitos?? A conversa junguiana parece que só faz complicar TUDO ainda mais, deve ser exatamente como tratar alguém com os livros do Huxley ou de Stephen King!



:emoticon12: :emoticon12: Nunca concordei tanto com você... :emoticon12:
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.

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betossantana
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Mensagem por betossantana »

Anna escreveu:Eu já li alguma coisa sobre os arquétipos junguianos mas nada profundo, citações e explicações em outras obras. Pra ser sincera não gosto. Prefiro mitologia propriamente dita.


Pra mim o universo de Jung é TÃO ficcional quanto o dos mitos que ele analisa, é ridículo.
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Re: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por betossantana »

Anna escreveu:Vc já leu algo de Sade?


Não, mas não gosto muito das músicas dela... hehehe! :emoticon12:

Não li nem nunca vi nenhum filme sobre ele ou sobre as obras dele, sniff. :emoticon15:
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Mensagem por Anna »

betossantana escreveu:
Anna escreveu:Eu já li alguma coisa sobre os arquétipos junguianos mas nada profundo, citações e explicações em outras obras. Pra ser sincera não gosto. Prefiro mitologia propriamente dita.


Pra mim o universo de Jung é TÃO ficcional quanto o dos mitos que ele analisa, é ridículo.


Acho as análises muito ruins, e os mitos muito mais ricos do que aquilo aaos quais são reduzidos por aruétipos psicologicos. Continuo com os mitologistas propriamente ditos.
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Anna
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Re: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Anna »

betossantana escreveu:
Anna escreveu:Vc já leu algo de Sade?


Não, mas não gosto muito das músicas dela... hehehe! :emoticon12:

Não li nem nunca vi nenhum filme sobre ele ou sobre as obras dele, sniff. :emoticon15:


Acho que vc ia curtir, foi um grande pensador, mas pouca gente o considera por preconceito, o que não seria seu caso. :emoticon16:
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Re: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por betossantana »

Anna escreveu:Acho que vc ia curtir, foi um grande pensador, mas pouca gente o considera por preconceito, o que não seria seu caso. :emoticon16:


Vamos ver! A última menção que vi a Sade foi sobre ele ter tratado de coprofagia, recentemente explorada no EXUBERANTE vídeo 2 girls, 1 cup!

Eu estou ESTUPEFATO, logo no começo Kramer e Sprenger têm que se preocupar em refutar aqueles que dizem que MAGIA E FEITIÇOS NÃO EXISTEM, a não ser na imaginação de ignorantes e populares (!!!!) e que as pessoas simplesmente atribuem fenômenos naturais de causas desconhecidas a bruxas e demônios!! E que algumas pessoas simplesmente têm uma imaginação muito vívida e crêem ver vultos e fantasmas como espectros de bruxas e espíritos maléficos (quase como minha amiga umbandista!!)! Eu me lembro de ter ouvido falar de pelo menos um autor medieval que defendia a inexistência de bruxaria e feitiçaria, mas não achava que essas pessoas eram tão numerosas e em posição tão digna de atenção que os inquisidores precisassem se preocupar em refutá-las!!

Estou muito surpreso com isso! Será que no antigo Egito tinha gente que achava que Ísis e Rá eram pura invenção e que reencarnação era maluquice??
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Fernando Silva
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Re: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Fernando Silva »

betossantana escreveu:Eu estou ESTUPEFATO, logo no começo Kramer e Sprenger têm que se preocupar em refutar aqueles que dizem que MAGIA E FEITIÇOS NÃO EXISTEM, a não ser na imaginação de ignorantes e populares (!!!!)

Mas esta era a posição da ICAR até então. Quem se dizia bruxo ou bruxa só podia ser maluco.
De repente, passou a ser verdade...

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Re: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Fernando Silva »

betossantana escreveu:Alguém mais tem o livro e tem comentários sobre essas criaturas abomináveis??

Sobre esses dois, não, mas tenho alguma coisa sobre o livro e alguns trechos selecionados:

--------------------------------------------------------

Quando os hereges escassearam, por volta de 1375 (principalmente os ricos, cujos bens
eram expropriados e distribuídos entre os envolvidos), a máquina da Inquisição romana, para
não ser desmontada, e por ordem do papa João XXII, acabou voltando-se contra as bruxas
(a Inquisição espanhola era relativamente independente da Inquisição papal e nunca sofreu
por falta de hereges).

Em 1484, o papa Inocêncio VIII declarou que a bruxaria era uma heresia e encomendou a
dois misóginos radicais, Heinrich Kramer, reitor da universidade de Colônia, e Jakob
Sprenger, monge dominicano e inquisidor-geral da Alemanha, um manual de caça às bruxas,
o "Malleus maleficarum" ("Martelo das bruxas"), publicado em 1486 e usado durante 250 anos,
inclusive pelos protestantes.

Este manual repetia e ampliava antigos preconceitos contra as mulheres, como os de São Tomás
de Aquino. Penetrou profundamente no imaginário popular e sua influência nunca cessou de
todo. Ainda no início do século XX (e até recentemente na Suíça), as mulheres eram
proibidas de votar "porque poderiam cismar de votar diferente do marido".

O livro afirmava (ou afirma, já que ainda é publicado e levado a sério por muita gente) entre
outras coisas, que:

-"Quando uma mulher pensa sozinha, ela pensa maldades".
-"Elas são mais fracas de espírito e corpo...As mulheres são, intelectualmente, como
crianças...As mulheres têm memória mais fraca e é um vício natural nelas não serem
disciplinadas mas obedecerem a seus próprios impulsos sem noção do que é apropriado".
-"A mulher é uma mentirosa por natureza...Ela é uma inimiga insidiosa e secreta".
-"Se uma mulher se atreve a curar sem ter estudado, ela é uma bruxa e deve morrer".
(quando um homem curava, era pelo poder de Deus ou dos santos; quando uma mulher
curava, era obra do diabo).
-"Ninguém causa maior dano à fé católica do que as parteiras" (porque conheciam métodos
de parto sem dor, o que contrariava o mandamento de Deus de que as mulheres deveriam
dar à luz com dor; se não doesse, o diabo estava agindo).
-"E convém observar que houve uma falha na formação da primeira mulher, por ter sido
ela criada a partir de uma costela recurva, ou seja, uma costela do peito, cuja
curvatura é, por assim dizer, contrária à retidão do homem. E como, em virtude dessa
falha, a mulher é animal imperfeito, sempre decepciona e mente."

O livro trazia instruções detalhadas sobre métodos de tortura para se obterem confissões,
terminando as vítimas totalmente estraçalhadas (mas com o devido cuidado para que
sobrevivessem para serem queimadas na fogueira, com a língua cortada para que não
blasfemassem diante do povo).

Entre hereges e "bruxas", foram mortas de 6 a 9 milhões de pessoas (alguns dizem 13 milhões),
Houve casos de cidades que ficaram com apenas uma mulher). Provas cabais não eram
necessárias, bastando denúncias ou suspeitas.

Até então, as bruxas tinhas sido toleradas ou até mesmo aceitas pela Igreja. Sinais
eram vistos em todos os acontecimentos e videntes eram chamadas a interpretá-los.
São Jerônimo disse que um amuleto de safira "consegue os favores dos príncipes,
pacifica os inimigos e obtém a liberdade do cativeiro". Até hoje temos o Agnus Dei,
escapulários, a água benta, santinhos, relíquias e as medalhinhas "milagrosas",
que não passam de amuletos.
Note-se que a perseguição era basicamente às mulheres. O concílio de Trento, em 1310,
condenou diversas práticas que eram especialidade das mulheres. Outras, que podemos
perfeitamente denominar feitiçaria, continuaram em uso, inclusive com livros publicados
sob os auspícios da Igreja, com aprovação eclesiástica, porque eram praticadas por
homens, como o abade João Trithemius.

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Fernando Silva
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Re.: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Fernando Silva »

"Em 1583, em Viena, uma menina de 16 anos sofria de dores no estômago. Uma equipe de jesuítas
a exorcizou durante oito semanas e anunciou que tinham expulso 12.652 demônios, demônios que
sua avó guardava na forma de moscas em jarros de vidro. A avó foi torturada até confessar que
era uma bruxa e que tinha relações sexuais com Satã. Foi queimada na fogueira. Esta foi apenas
uma de mais de 1 milhão de execuções durante 3 séculos de caça às bruxas" (James A. Haught,
"Holy horrors", 1990)
----
"O pior da caça às bruxas é que foi dirigida, não por selvagens supersticiosos, mas por bispos,
juízes, professores e outras pessoas cultas e importantes da sociedade. Séculos de obcecação
com bruxas demonstraram o terrível poder da crença no sobrenatural" (James A. Haught, "Holy
horrors", 1990)

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Re: Re.: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Acauan »

Fernando Silva escreveu:"...Esta foi apenas uma de mais de 1 milhão de execuções durante 3 séculos de caça às bruxas" (James A. Haught, "Holy horrors", 1990)


Fernando

Este número de "mais de um milhão" de acusadas de bruxaria mortas pela Inquisição é simplesmente impossível de ser verdadeiro.
Não por qualquer mérito especial do Santo Ofício, mas por absoluta falta de recursos por parte dele para matar tanta gente seguindo minimamente os trâmites estabelecidos.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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Lutar com bravura, morrer com honra.

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Fernando Silva
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Re: Re.: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Fernando Silva »

Acauan escreveu:Fernando

Este número de "mais de um milhão" de acusadas de bruxaria mortas pela Inquisição é simplesmente impossível de ser verdadeiro.
Não por qualquer mérito especial do Santo Ofício, mas por absoluta falta de recursos por parte dele para matar tanta gente seguindo minimamente os trâmites estabelecidos.

Em 250 anos ou mais, talvez fosse possível, mas, realmente, só temos chutes ou extrapolações a partir do que aconteceu em algum lugar ou outro.

Não sei se a ICAR era tão organizada a ponto de manter um registro centralizado de tudo e se os conservou até hoje.

Capítulo 6 ("Cruzada Contra a Bruxaria¨) de "A Inquisição", por Michael Baigent & Richard Leigh:

Em meados do século XVI, protestantes e católicos estavam queimando bruxos não aos dois e três, mas às centenas, e esse frenesi incendiário continuou por mais de um século, atingindo um climax durante a carnificina da Guerra dos Trinta Anos, entre 1618 e 1648. Entre 1587 e 1593, o Arcebispo-Eleitor de Trèves queimou 368 bruxos, o equivalente a mais de um por semana. Em 1585, duas aldeias alemãs foram tão dizimadas que só restou uma mulher viva em cada. Durante um período de três meses, 500 supostos bruxos foram queimados pelo Bispo presidente de Genebra. Entre 1623 e 1633, o Príncipe-Bispo de Bamberg queimou mais de 600. No início da década de 1600, 900 foram queimados pelo Príncipe-Bispo de Würzburg, incluindo dezenove padres, um de seus próprios sobrinhos e várias crianças acusadas de ter relações sexuais com demônios. Em Savóia, no mesmo período, mais de 800 foram queimados. Na Inglaterra, durante o Protetorado, Cromwell tinha seu próprio "Caçador de Bruxas Geral”, o notório Matthew Hopkins. No fim do século XVII, a histeria espalhara-se para as colônias puritanas do outro lado do Atlântico, lá engendrando os infames julgamentos de Salem que forneceram o pano de fundo para a peça de Arthur Miller.
Mas nem mesmo as piores depredações do protestantismo puderam se igualar às de Roma. Neste aspecto, a folha da Inquisição não teve rival. Ela própria se gabava de que queimara, no mínimo dos mínimos, 30 mil bruxas durante um período de 150 anos.


Estes números não incluem hereges mortos pelas inquisições ibéricas, tanto na Europa como no Novo Mundo.

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Re: Re.: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Acauan »

Fernando Silva escreveu:
Acauan escreveu:Fernando

Este número de "mais de um milhão" de acusadas de bruxaria mortas pela Inquisição é simplesmente impossível de ser verdadeiro.
Não por qualquer mérito especial do Santo Ofício, mas por absoluta falta de recursos por parte dele para matar tanta gente seguindo minimamente os trâmites estabelecidos.

Em 250 anos ou mais, talvez fosse possível, mas, realmente, só temos chutes ou extrapolações a partir do que aconteceu em algum lugar ou outro.

Não sei se a ICAR era tão organizada a ponto de manter um registro centralizado de tudo e se os conservou até hoje.


A Igreja Católica inventou o sistema de cartórios, por meio dos quais sabia exatamente onde e quando nasceu cada pessoa sob sua jurisdição por meio das certidões de batismo.

O erro de muitos que julgam a Inquisição é tomá-la como seqüências de execuções sumárias em massa, ao estilo das cometidas pelo nazismo e comunismo, quando os processos eram individuais e, sim, documentados – até os poucos processos feitos no Brasil pelo Santo Ofício tem farta documentação disponível na Torre do Tombo em Portugal.

No mais, o simples fato de torturarem os prisioneiros utilizando salas e equipamentos sofisticados diminuía a produtividade do processo, já que torturar era demorado e não havia tantas câmaras disponíveis assim.
Nós, Índios.

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Re.: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Fernando Silva »

Ainda do capítulo 6 de "A Inquisição":
Na Bula de 1484, que reconheceu oficialmente a realidade da bruxaria, o Papa Inocêncio VIII citava especificamente, pelo nome, dois indivíduos:

"E embora Nossos queridos filhos Heinrich Kramer e Johann Sprenger... tenham sido por cartas Apostólicas delegados como Inquisidores... Nós decretamos... que os acima citados Inquisidores tenham poderes para proceder à justa correção, prisão e castigo de qualquer pessoa, sem folga ou embaraço.”

Heinrich Kramer era um dominicano que, por volta de 1474, já fora nomeado Inquisidor para Salzburgo e o Tirol. Em Salzburgo, atuou como diretor espiritual da igreja dominicana. Em 1500, seria nomeado Núncio Papal e Inquisidor para a Boêmia e Morávia. Seu colega, Johann Sprenger, também era dominicano, prior do convento da Ordem em Colônia. Em 1480, tornou-se Deão dos Professores de Teologia da Universidade de Colônia. Um ano depois, foi nomeado Inquisidor para as províncias de Colônia, Mainz e Trèves. Em 1488, tornou-se diretor de toda a província germânica da Ordem.

Por volta de 1486, uns dois anos depois de serem citados na Bula do Papa Inocêncio VIII, Heinrich Kramer e Johann Sprenger produziram um livro. Esse texto deve certamente figurar entre as mais notórias e — no mais profundo senso moral da palavra —obscenas obras em toda a história da civilização ocidental. Intitulava-se Malleus Maleficarum, “Martelo das Bruxas”, significando um martelo a ser usado contra as bruxas; e, em mais de 500 páginas nas edições modernas, constitui de fato, e bem literalmente, um martelo.

Foi tão popular que em 1520, uns meros trinta e quatro anos após sua publicação, já tivera treze edições. Permaneceu impresso desde então; e, bastante perversamente, ainda há gente que o leva a sério. Ainda em 1986, foi novamente traduzido para o inglês e louvado num rapsódico panegírico por Montague Summers, um excêntrico aspirante a esotérico e autonomeado especialista em vampiros e lobisomens. Segundo ele, o Malleus está “entre os mais importantes, sábios e densos livros do mundo”. Para o caso de o elogio se revelar demasiado temperado ou moderado, Surnmers conclui:

"É uma obra que deve irresistivelmente chamar a atenção de todos os homens que pensam, que vêem, ou tentam ver, a realidade última por trás dos acidentes de matéria, tempo e espaço."

Em detalhes legais, chocantes e muitas vezes pornográficos, o Malleus se propõe a esboçar supostas manifestações de bruxaria. Pretende ser um definitivo manual do tipo faça você mesmo não apenas para os Inquisidores, mas também para juízes, magistrados, autoridades seculares de todo tipo e, por extensão, para todo cidadão de destaque suficientemente desequilibrado que tenha razão ou sem razão suficiente para desconfiar da presença de bruxaria à sua volta. Na verdade, constitui um compêndio de psicopatologia sexual, e é uma esclarecedora ilustração de fantasia patológica em exuberante desvario.

Com uma obsessão que se trairia de imediato para qualquer psicólogo moderno, o texto concentra-se — na verdade, baba-se — em cópula diabólica, intercursos com íncubos e súcubos, e várias outras formas de experiência erótica e atividade (ou inatividade) sexual atribuíveis pela imaginação contaminada a forças demoníacas. Oferece técnicas de diagnóstico e prognóstico. Esboça procedimentos terapêuticos e supostos castigos curativos. Fornece fórmulas e receitas de exorcismo. No tratamento do tema, aspira a um âmbito e escala decididamente enciclopédicos. E tornou-se, de fato, uma espécie de Bíblia substituta para os Inquisidores, e não só para eles. Como diz Montague Summers — corretamente, neste caso — em seu deslocado encômio, o Malleus

"estava no banco de todo juiz, na mesa de todo magistrado. Era a autoridade última, irrefutável, indiscutível. Era implicitamente aceito não só pela legislatura católica, mas também pela protestante."

O Malleus começa por afirmar explicitamente

"a crença em que existem seres como as bruxas é parte tão essencial da fé católica que manter obstínadamente a opinião oposta tem sabor manifesto de heresia."

Está aí um flagrante eco da Bula Papal de 1484, que reverteu a posição anterior da Igreja, reconhecendo oficialmente a suposta realidade da bruxaria.

Depois de expor sua premissa básica, o Malleus continua explicando:

"Esta pois é a nossa proposta: os demônios, com sua arte, causam maus efeitos por meio da bruxaria, mas é verdade que, sem a ajuda de algum agente, não podem fazer nenhuma forma... e não afirmamos que podem infligir danos sem a ajuda de algum agente, mas com um tal agente doenças, e quaisquer paixões ou males humanos, podem ser causados, e estes são reais e verdadeiros."

Em outras palavras, as forças infernais são impotentes em si. Só podem causar o seu mal por meio de alguma agência humana. Em conseqüência, os seres humanos devem agora ser culpados por infortúnios antes atribuídos ao insondável comportamento de Deus, aos processos do mundo natural ou à demoníaca malevolência além do alcance da Inquisição. Se alguma coisa desse errado no ordenado funcionamento das coisas, haveria agora a quem punir por isso.

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Acauan
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Re: Re.: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Acauan »

Fernando Silva escreveu:Estes números não incluem hereges mortos pelas inquisições ibéricas, tanto na Europa como no Novo Mundo.


Outro ponto importante a ser considerado na análise de dados da Inquisição é que ela durou séculos, mas teve alguns poucos períodos de maior ferocidade, como a Inquisição Espanhola.

Mesmo nesta, os números alardeados exageram muito o que fontes mais confiáveis informam, mesmo porque, estudos recentes contestam parte da documentação até hoje tida como confiável, mas que constatou-se tratar de notas de segunda mão, provenientes da Inglaterra, que na época estava em disputa com a Espanha e tinha interesses em mostrar as coisas por lá mais negras do que eram, mesmo as coisa já sendo muito feias.

Se checar as fontes que falam em milhões de mortos pela Inquisição, verá que é comum se valerem de um artifício absolutamente inválido do ponto de vista historiográfico, que é pegar a média de execuções de um determinado local e período - por exemplo o reinado de terror de Torquemada - e aplicar esta média a séculos em que o Santo Ofício era apenas uma instituição burocrática que a maioria dos aldeões nem sabia do que cuidava.

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Fernando Silva
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Re.: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Fernando Silva »

Por outro lado, suponho que o Malleus tenha incentivado e legitimado muitas mortes por iniciativa de governantes locais e pessoas diversas, por fervor religioso ou razões pessoais.
Podem não ter sido devidamente registradas.

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Acauan
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Re: Re.: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Acauan »

Fernando Silva escreveu:Por outro lado, suponho que o Malleus tenha incentivado e legitimado muitas mortes por iniciativa de governantes locais e pessoas diversas, por fervor religioso ou razões pessoais.
Podem não ter sido devidamente registradas.


Podemos tirar uma idéia quantitativa da coisa pelos julgamentos de Salém, considerados um dos mais violentos casos, que terminou com vinte executados e causou comoção e revolta entre os contemporâneos após os absurdos virem a público.

Isto com processos oficiais e documentados.

É improvável que em outros lugares se matasse gente aos milhares, sem o respaldo de alguma tradição que as justificasse minimamente, e tudo passasse despercebido ou fosse aceito passivamente pelas comunidades envolvidas.

Lembrando que não estamos falando em tempos modernos em que as comunidades são formadas por pessoas anônimas entre si, mas de pequenas povoações onde todos eram parentes, amigos ou conhecidos próximos.
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Re: Re.: "O martelo das feiticeiras".

Mensagem por Fernando Silva »

Acauan escreveu:Lembrando que não estamos falando em tempos modernos em que as comunidades são formadas por pessoas anônimas entre si, mas de pequenas povoações onde todos eram parentes, amigos ou conhecidos próximos.

Por outro lado, pelo menos no caso dos judeus, a cada onda de histeria anti-semita (e foram muitas ao longo da história), os europeus, principalmente na Alemanha, saíam matando seus vizinhos judeus, com quem, até então, tinham vivido em paz.

Recomendo o livro "Perseguições religiosas", por James A. Haught (Ediouro). Ele apresenta cada caso sucintamente, mas é uma lista enorme. Vai das cruzadas até os massacres islâmicos na África na década de 80.

O livro reproduz uma pintura de Paolo Uccello, "A profanação da hóstia", sobre a crença, estimulada pela ICAR, de que judeus estariam furando hóstias com pregos para ver o sangue sair. Uma exposição de quadros sobre o assunto foi mantida aberta ao público durante séculos numa igreja em Deggendorf, Bavária, sendo fechada apenas nos anos 60.

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Deise Garcia
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Mensagem por Deise Garcia »

Fedidovisk escreveu:Existem livros aos montes assim, os espíritas então... vixi....

é de chorar. Posição semelhante a tua, tive eu quando na época do tópico onde se começou a discutir sobre inquisição aqui no forum.

Doía no saco!


Aquilo que for motivo de escândalo, arranque-o fora.


Trancado