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Brasil avança menos do que outros países

Enviado: 03 Jan 2008, 17:30
por Apo
Brasil avança menos do que outros países

Denize Bacoccina
De Brasília


O economista brasileiro Flávio Comin, assessor especial para Desenvolvimento Humano da ONU e um dos autores do relatório de desenvolvimento humano divulgado nesta terça-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), diz que é preciso ter cautela na hora de avaliar a importância da classificação do Brasil entre os países de alto desenvolvimento humano.
“É um fato simbólico, mas é preciso cautela na leitura dos números”, afirmou. “O Brasil vem avançando em termos absolutos e caindo em termos relativos”, disse.

O país passou de 0,798 para 0,800 entre 2004 e 2005 (num índice que vai até 1), mas caiu da 69ª para a 70ª posição no ranking de 177 países neste mesmo período. “É a questão do copo meio cheio ou meio vazio. Pra mim, o copo está meio vazio”, diz Comin.

A piora em relação a outros países, apesar da melhora dos indicadores em termos absolutos, mostra que o Brasil está avançando, mas indica que os outros países estão avançando mais, avalia o especialista. “O IDH foi feito para comparar vizinhos”, afirma.

Um cálculo da ONU mostra o peso dos indicadores sociais e do crescimento econômico no estágio de desenvolvimento de cada país, o que permite que se comparem os países listados de acordo com esses dois aspectos.

O cálculo indica que, nos outros países da América Latina classificados como de alto desenvolvimento humano – Argentina, Chile, Uruguai, Costa Rica, Cuba e México –, o aspecto social é mais desenvolvido do que o PIB per capita. Já no Brasil, o PIB per capita se mostrou mais avançado do que os indicadores sociais.

Pobreza e desigualdade

Além do IDH, ele diz que é preciso olhar outros dados, mais específicos, para avaliar melhor a situação do país em termos de desenvolvimento humano.

Os cinco principais indicadores, diz ele, são pobreza humana, desigualdade, saneamento, mortalidade infantil e mortalidade materna.

O saneamento básico no Brasil, acessível a 75% da população, é menor do que vários países que estão classificados como de desenvolvimento médio. A Síria, em 108º no IDH, tem 99% de saneamento no país.

Outro indicador importante, diz Comin, é a mortalidade infantil. A média brasileira de 31 mortes por mil crianças nascidas é maior do que na maior parte da região, mas o indicador mais preocupante, segundo ele, é a desigualdade entre as camadas mais ricas e mais pobres da população.

Enquanto entre os 20% mais ricos a mortalidade infantil é de 29 por mil, entre os 20% mais pobres salta para 83 por mil. “É uma taxa africana”, diz Comin.

Já a mortalidade materna é de 110 por 100 mil, quase o dobro da Venezuela, por exemplo, de 57 por 100 mil.

O coordenador do relatório, Kevin Watkins, elogiou os programas de distribuição de renda do governo brasileiro e os resultados "dos últimos quatro ou cinco anos" na redução da desigualdade.

"Frequentemente os economistas nos dizem que é preciso escolher entre crescimento econômico e redistribuição, e o Brasil está mostrando que se pode ter os dois", afirmou.

A expectativa dos especialistas é que o Brasil continua a melhorar o índice nos próximos anos, mas a classificação no ranking depende também das ações dos outros países, que podem melhorar sua condições num ritmo mais acelerado.


http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporte ... iadb.shtml

Re.: Brasil avança menos do que outros países

Enviado: 03 Jan 2008, 17:32
por Apo
Complementando:

Para especialista, ranking da ONU adota 'rótulos artificiais'

Daniel Gallas
De Londres


A classificação sobre desenvolvimento humano feita pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) é artificial e não leva em consideração aspectos importantes como o desenvolvimento sustentável, na opinião do especialista britânico Stephen Morse.
"O que a ONU faz nesse ranking é dividir artificialmente os países em três categorias: alto, médio e baixo desenvolvimento", afirma Morse, professor da Universidade de Reading e autor de livros sobre estatísticas em desenvolvimento humano.

Para ele, essas classificações são arbitrárias. "Elas não significam nada, são meramente rótulos usados para agrupar os países de uma forma simplificada."

A ONU divulgou nesta terça-feira em Brasília o ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que classifica os países de acordo com avanços na saúde, educação e riqueza. Pela primeira vez desde que o ranking começou a ser divulgado, em 1990, o Brasil atingiu o patamar de "alto desenvolvimento humano", com IDH de 0,800. O país ficou em último lugar na lista de 70 países com alto desenvolvimento.

’Imperfeito, mas útil’

O IDH – que varia de 0 a 1 – leva em consideração quatro variáveis: expectativa de vida, alfabetização adulta, quantidade de alunos matriculados em escolas e universidades e riqueza per capita. A Islândia lidera o ranking, com IDH de 0,968, e Serra Leoa está em último, com 0,336.

Países com nota de 0,800 ou superior são considerados de "alto desenvolvimento humano" pelo PNUD. Os países com IDH inferior aos 0,500 são "baixo desenvolvimento humano".

A ONU começou a trabalhar com indicadores de desenvolvimento humano nos anos 50. Nos anos 80, a metodologia do IDH foi aperfeiçoada, inspirado nos trabalhos do economista indiano e prêmio Nobel Amartya Sen.

Segundo Morse, o principal objetivo da ONU era achar um índice que servisse de alternativa à visão puramente economicista do Banco Mundial, que classificava o desenvolvimento dos países apenas de acordo com a riqueza per capita. Para isso, o IDH incorporou indicadores de saúde e educação, além do PIB per capita.

Apesar das críticas que faz ao trabalho, o professor diz que mesmo com suas imperfeições o IDH cumpre um papel importante de chamar a atenção de governos e da imprensa para sucessos e fracassos de políticas de desenvolvimento humano nos diferentes países avaliados.

O problema para o especialista é que o desenvolvimento humano é um conceito muito mais complexo do que apenas as quatro variáveis usadas pelo programa da ONU e, por isso, o ranking da ONU acaba sendo pouco usado por acadêmicos de desenvolvimento humano como ele.

"Nos países da África, por exemplo, existe um mercado informal, que sequer é refletido no (cálculo do) PIB. A economia africana acaba sendo subestimada no ranking do PNUD." O mesmo poderia ser dito sobre países como o Brasil, que também tem uma grande economia informal.

Outro problema para o professor é o fato de o índice do PNUD não levar em consideração o crescimento sustentável.

"Hipoteticamente, se o Brasil devastasse completamente a floresta amazônica e usasse a terra para plantar soja ou criar gado, o país subiria diversas posições e talvez até liderasse o ranking. Mas isso não pode ser chamado de alto desenvolvimento humano. O índice do PNUD só leva em consideração os benefícios de um país, mas não os seus custos."

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporte ... a_dg.shtml

Re.: Brasil avança menos do que outros países

Enviado: 03 Jan 2008, 17:39
por Orbe
Segundo Morse, o principal objetivo da ONU era achar um índice que servisse de alternativa à visão puramente economicista do Banco Mundial, que classificava o desenvolvimento dos países apenas de acordo com a riqueza per capita. Para isso, o IDH incorporou indicadores de saúde e educação, além do PIB per capita.


E tem gente que acredita... O objetivo da ONU é o mesmo de sempre: falar muito, reclamar de todo mundo e fazer porra nenhuma de significativo.


Sobre o resto do tópico, apenas as mesmas velhas novidades... Mais alguma?

Re.: Brasil avança menos do que outros países

Enviado: 03 Jan 2008, 17:47
por Apo
Nenhuma. Mas tem quem acredite piamente em números...brasileiros que babam o próprio país, por exemplo.

Re: Re.: Brasil avança menos do que outros países

Enviado: 03 Jan 2008, 18:06
por zencem
Apo escreveu:Nenhuma. Mas tem quem acredite piamente em números...brasileiros que babam o próprio país, por exemplo.


Isso é ótimo para o exercício da masturbação política na próxima eleiçao. :emoticon22: