Triste

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Dick
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Triste

Mensagem por Dick »

Isto é, antes de tudo, um desabafo pessoal sem nenhuma relevância particular à maioria de vocês, mas que pode ilustrar algo mais sobre a questão família x religião para quem possa interessar. Alguns minutos atrás tive uma conversa com minha mãe e meu pai, inicialmente, e apenas com meu pai em seguida. Tudo começou de forma agradável, sobre minha carreira como professor, sobre a ciência e, como era mais do que esperado, sobre a maldita palavra "deus". Após percorrermos todas as argumentações clássicas sobre deus (minha mãe é crente e, meu pai, esotérico crente em deus), a coisa começou a descambar para o lado de minha felicidade - como pai, como marido, como filho. Acho que não é surpresa para muitos aqui que, pela primeira vez enquanto ateu, a mágoa subiu pela minha garganta de uma forma violenta. São, agora, dez para as cinco da manhã, e não sei como será meu amanhecer. Até agora sabia que o ateísmo convicto que deixo transparecer era algo visto como uma deficiência, algo não resolvido, não terminado em meu caminho até aqui. Mas meu pai, para minha extrema infelicidade, deixou claro como, mesmo para ele, que lê umas maluquices esotéricas, acaba de colocar deus acima de nossa família. Fiquei muito magoado quando ele me disse que minha introspecção (que ele insistiu em chamar de infelicidade) era resultado direto do ateísmo, e do quanto esta "crença" (pode?) estava deixando meu comportamento infeliz perante eles, e perante a família como um todo. Claro, dei margens para isto, uma vez que nunca agradeci minha vó tão estimada (mãe dele) pelas promessas "cumpridas" em relação a um problema de bronquite (que ainda tenho, apesar das promessas), principalmente quando tive realmente uma parada respiratória e fui às pressas conduzido, por meu pai enquanto dirigia na madrugada, até o hospital mais próximo (que era particular, e custou uma pequena fortuna que só minha vó pôde pagar na época). É claro, para ela, minha avó, só estou aqui hoje escrevendo isto devido à sua promessa (que era levar uma cestinha de flores até uma pequena igreja de Antonina-PR, o que, na época, fiz de bom grado junto com ela). Pôxa... na minha cabeça, ter ido lá com ela já tinha sido um grande sinal de agradecimento. E agora isto. Evidentemente, meu pai lembrou daqueles momentos outros, passados, onde por um motivo ou outro eu foi desrespeitoso para com eles, para me dizer o que a falta de deus está fazendo comigo. Disse que não estou sozinho, mostrei os argumentos clássicos (entre os simples) para dizer que isto não faz de mim uma pessoa triste ou má, e que por mais triste que eu pudesse ser, ou aparentar ser, isto não tinha relação com o fato de que eu não creio em deus. Disseram-me que todos os grandes nomes na humanidade eram fiéis a deus, e que minha comunidade (leia-se, de cientistas mundo afora) era sempre superficial quando falava de deus. Disse-me o quão direcionado eu estava por pessoas que se dizem ateus mas são, isto sim, pessoas não centradas, com desvios familiares, infelizes e tendenciosas em seus escritos. Quando eu disse que este "povinho" (filósofos e cientistas ateus) era realmente mais influente, em mim, do que eles mesmos, meus pais, comecei a perceber que não iria acabar bem. Foram poucos minutos daí até eu euvir de meu pai, uma pessoa (aparentemente) sóbria e centrada, que estava triste por eu definitivamente ser merecedor, a partir de agora, de um comportamento "diferenciado" por parte deles. E ele diz que está triste? E eu? Pela primeira vez em todos os meus últimos três ou quatro anos em que me convenci da impropriedade em se crer em um deus, fui atingido em cheio no coração. Claro, e não poderia deixar de ser diferente, fui atingido não por argumentos. Mas por algo relacionado à nossa relação familiar. Estou, agora, escrevendo isto em meu note, com o resultado que não pára de me martelar a cabeça: minha família acaba de colocar deus acima de nosso relacionamento, o que jamais eu faria em relação à minha descrença. Sinceramente, sei que não deixarei de ser ateu por isso. Mas sei como seria bom anular toda esta conversa para voltar a ser como sempre foi: uma famíla, como todos os seus problemas, mas uma família. Como também sei que não vou aceitar deus apenas para ser mais bem quisto, sei também que a partir de agora estou ainda mais só. Tenho os meus livros, tenho Sagan, Harris, Dawkins, Dennet, mas estou um pouco mais triste hoje. E não há como negar, em poucos minutos de reflexão, que isto se deveu ao meu ateísmo. E, por estar mais triste, reforço, em certa medida, o que meu pai disse. Triste.
docdeoz escreveu:
"Você vai apertando a "coisa" e encontra um livro- "Variedades da Experiência Científica" que que CARL SAGAN afirma que há evidências de uma entidade chamada DEUS...
PASMEM!"

CADÊ O TRECHO? EM QUÊ PÁGINA? DE QUAL EDIÇÃO? EM QUAL CONTEXTO? SUA HONESTIDADE INTELECTUAL É IGUAL A UMA TEMPERATURA DE - 274 GRAUS CENTÍGRADOS, NÃO É MESMO?

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zencem
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Re: Triste

Mensagem por zencem »

Let me think for a while escreveu:Isto é, antes de tudo, um desabafo pessoal sem nenhuma relevância particular à maioria de vocês, mas que pode ilustrar algo mais sobre a questão família x religião para quem possa interessar.

Alguns minutos atrás tive uma conversa com minha mãe e meu pai, inicialmente, e apenas com meu pai em seguida.
Tudo começou de forma agradável, sobre minha carreira como professor, sobre a ciência e, como era mais do que esperado, sobre a maldita palavra "deus".

Após percorrermos todas as argumentações clássicas sobre deus (minha mãe é crente e, meu pai, esotérico crente em deus), a coisa começou a descambar para o lado de minha felicidade - como pai, como marido, como filho.
Acho que não é surpresa para muitos aqui que, pela primeira vez enquanto ateu, a mágoa subiu pela minha garganta de uma forma violenta.

São, agora, dez para as cinco da manhã, e não sei como será meu amanhecer.

Até agora sabia que o ateísmo convicto que deixo transparecer era algo visto como uma deficiência, algo não resolvido, não terminado em meu caminho até aqui.
Mas meu pai, para minha extrema infelicidade, deixou claro como, mesmo para ele, que lê umas maluquices esotéricas, acaba de colocar deus acima de nossa família.

Fiquei muito magoado quando ele me disse que minha introspecção (que ele insistiu em chamar de infelicidade) era resultado direto do ateísmo, e do quanto esta "crença" (pode?) estava deixando meu comportamento infeliz perante eles, e perante a família como um todo.

Claro, dei margens para isto, uma vez que nunca agradeci minha vó tão estimada (mãe dele) pelas promessas "cumpridas" em relação a um problema de bronquite (que ainda tenho, apesar das promessas), principalmente quando tive realmente uma parada respiratória e fui às pressas conduzido, por meu pai enquanto dirigia na madrugada, até o hospital mais próximo (que era particular, e custou uma pequena fortuna que só minha vó pôde pagar na época).

É claro, para ela, minha avó, só estou aqui hoje escrevendo isto devido à sua promessa (que era levar uma cestinha de flores até uma pequena igreja de Antonina-PR, o que, na época, fiz de bom grado junto com ela). Pôxa... na minha cabeça, ter ido lá com ela já tinha sido um grande sinal de agradecimento.
E agora isto.

Evidentemente, meu pai lembrou daqueles momentos outros, passados, onde por um motivo ou outro eu foi desrespeitoso para com eles, para me dizer o que a falta de deus está fazendo comigo.
Disse que não estou sozinho, mostrei os argumentos clássicos (entre os simples) para dizer que isto não faz de mim uma pessoa triste ou má, e que por mais triste que eu pudesse ser, ou aparentar ser, isto não tinha relação com o fato de que eu não creio em deus.

Disseram-me que todos os grandes nomes na humanidade eram fiéis a deus, e que minha comunidade (leia-se, de cientistas mundo afora) era sempre superficial quando falava de deus. Disse-me o quão direcionado eu estava por pessoas que se dizem ateus mas são, isto sim, pessoas não centradas, com desvios familiares, infelizes e tendenciosas em seus escritos. Quando eu disse que este "povinho" (filósofos e cientistas ateus) era realmente mais influente, em mim, do que eles mesmos, meus pais, comecei a perceber que não iria acabar bem. Foram poucos minutos daí até eu euvir de meu pai, uma pessoa (aparentemente) sóbria e centrada, que estava triste por eu definitivamente ser merecedor, a partir de agora, de um comportamento "diferenciado" por parte deles.

E ele diz que está triste? E eu? Pela primeira vez em todos os meus últimos três ou quatro anos em que me convenci da impropriedade em se crer em um deus, fui atingido em cheio no coração.
Claro, e não poderia deixar de ser diferente, fui atingido não por argumentos. Mas por algo relacionado à nossa relação familiar.

Estou, agora, escrevendo isto em meu note, com o resultado que não pára de me martelar a cabeça: minha família acaba de colocar deus acima de nosso relacionamento, o que jamais eu faria em relação à minha descrença.
Sinceramente, sei que não deixarei de ser ateu por isso.
Mas sei como seria bom anular toda esta conversa para voltar a ser como sempre foi: uma famíla, como todos os seus problemas, mas uma família.

Como também sei que não vou aceitar deus apenas para ser mais bem quisto, sei também que a partir de agora estou ainda mais só.
Tenho os meus livros, tenho Sagan, Harris, Dawkins, Dennet, mas estou um pouco mais triste hoje. E não há como negar, em poucos minutos de reflexão, que isto se deveu ao meu ateísmo.
E, por estar mais triste, reforço, em certa medida, o que meu pai disse.

Triste.

Let, me perdoe de ter alterado o formato do teu texto, abrindo um pouco o espaço entre períodos, com o objetivo de facilitar a leitura.

Compartilho com a tua tristeza e te cumprimento pela coragem de teu desabafo, que serve para desenhar o quão monstruosa é esta alienação imposta para a humanidade, onde tudo está previsto, inclusive, se utilizar de nossos entes queridos, como instrumentos dessa saga dominadora.
Você é um grande menino, um dos mais inteligentes debatedores aquí do RV.

Quero ser teu companheiro na análise desta questão, trocando idéias sobre qual seria o melhor enfoque, para trazer a paz na tua família, sem que seja necessário vender a alma, mantendo assim o livre arbítrio, como o fundamento de uma consciência que deseja ter a verdade como a fonte de seu caráter.

Bom dia Let!
Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

- "Conhece-te a ti mesmo;
O 'Eu' é o caminho (da sabedoria)".


500 anos depois, um cara estragou tudo, tascando essa, num gesto de egolatria e auto-contemplação patológica:

- "EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA".

Deu no que deu !!! ... :emoticon147:


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Fernando Silva
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Re: Triste

Mensagem por Fernando Silva »

Let me think for a while escreveu:Sinceramente, sei que não deixarei de ser ateu por isso. Mas sei como seria bom anular toda esta conversa para voltar a ser como sempre foi: uma famíla, como todos os seus problemas, mas uma família.

Se você tentasse se iludir e "aceitasse a Jesus", estaria prostituindo a própria mente.
Iludir os outros, nestes casos, é aceitável para evitar problemas como os seus. Pena que isto não seja mais possível, do jeito que a coisa ficou.

Seus pais vão ter que escolher entre a sua sinceridade ou a sua hipocrisia.
Infelizmente, na cabeça deles, a escolha será entre Deus e o Diabo, sem meio termo.

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Luis Dantas
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Mensagem por Luis Dantas »

Minhas condolências, Let.
"Faça da tua vida um reflexo da sociedade que desejas." - Mahatma Ghandi
"First they ignore you, then they laugh at you, then they fight you, then you win." - describing the stages of establishment resistance to a winning strategy of nonviolent activism


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Apo
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Mensagem por Apo »

Let querido....

Diz a psicanálise que para crescermos precisamos, em dado momento da vida ( geralmente durante a adolescência) "matar" pai e mãe dentro de nós ( por isto temos conflitos tão dolorosos naqueles anos ) para podermos nos dar um pontapé rumo à independência e ao arbítrio da própria vida.

Esta "morte" é o enfrentamento de que, embora tenhamos sido gerados e criados com uma provável dose de amor e entrega ( pelo menos na maioria dos casos, mas um amor dentro dos valores e dos limites deles ), eles são indivíduos com suas bagagens de vida antes de nós e passíveis de erros, conflitos e acertos ( coloque aí que tudo isto é relativizável ). E mesmo assim, foram nossos pais.
Por mais que os amemos, ou nos estranhemos com eles, precisamos aceitar de alguma forma que eles podem não ser exatamente aquilo que idealizamos um dia, ou que foram em outras situações ( e eles devem nos ver também como seres estranhos ao que eles idealizaram - eles até mais do que nós).

Realmente, dói muito mesmo a descoberta deste tipo de visão de pessoas que pensamos poder compartilhar cada segundo de nossa vida. A gente sonha que a família é o centro sempre e nela tudo acontece de forma incondicional. Mas não é assim sempre.

É a velha história da ovelha negra da família. Basta sairmos diferentes do script ( para melhor ou para pior - e isto também é um julgamento de valor ), para sofrermos as chibatadas.

Sei o quanto é difícil e parece que levamos uma punhalada da vida. Mas não se deixe abater assim. Culpar filhos e pais pelas diferenças é praxe na humanidade. Fazemos isto com cada frustração pequena ou grande que sofremos como filhos e como pais.
Deixe-os com os pensamentos deles e mantenha sua auto-estima e suas idéias com o coração em paz. Em nome dos seus filhos. Esqueça a filosofia nestas horas. Não se deixe perturbar por coisas que não lhe competem mais, como alterar a cabeça dos seus pais ( sabemos que sempre temos esta ilusão e a esperança de modificá-los, mas não vale o estrago).
Se houver condições, dê um tempo, que o mundo não vai acabar. E se for possível, tenha uma conversa curta e pontual: convivência não é para se pisotear em cima de escolhas assim pessoais. Exija respeito. Você é adulto.
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Acauan
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Re: Triste

Mensagem por Acauan »

Let me think for a while escreveu:Tenho os meus livros, tenho Sagan, Harris, Dawkins, Dennet, mas estou um pouco mais triste hoje.


Nenhum destes caras se preocupam com sua felicidade.
Seus pais sim, independente do modo como a entendem.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
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Apo
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Re: Triste

Mensagem por Apo »

Acauan escreveu:
Let me think for a while escreveu:Tenho os meus livros, tenho Sagan, Harris, Dawkins, Dennet, mas estou um pouco mais triste hoje.


Nenhum destes caras se preocupam com sua felicidade.
Seus pais sim, independente do modo como a entendem.


Só um adendo: nem sempre a idéia de felicidade dos pais serve para nós. Às vezes a roupa não nos serve. Eles pensam que ainda precisamos comer espinafre para ficarmos fortes como o Popeye. Eles também precisam amadurecer a idéia de que já crescemos o suficiente e respeitar nossas escolhas. Sem contar que pais erram, pois são humanos.
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Acauan
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Re: Triste

Mensagem por Acauan »

Apo escreveu:
Acauan escreveu:
Let me think for a while escreveu:Tenho os meus livros, tenho Sagan, Harris, Dawkins, Dennet, mas estou um pouco mais triste hoje.


Nenhum destes caras se preocupam com sua felicidade.
Seus pais sim, independente do modo como a entendem.


Só um adendo: nem sempre a idéia de felicidade dos pais serve para nós. Às vezes a roupa não nos serve. Eles pensam que ainda precisamos comer espinafre para ficarmos fortes como o Popeye. Eles também precisam amadurecer a idéia de que já crescemos o suficiente e respeitar nossas escolhas. Sem contar que pais erram, pois são humanos.


Claro.
Como disse, os pais entendem a felicidade dos filhos da condição de pais, protetora.

O ponto é que eles se preocupam individualmente com esta felicidade e estranhos escritores de livros de divulgação não.
Nós, Índios.

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Re.: Triste

Mensagem por Apo »

Ah, sim. Mas acho que o Let apenas quis dizer que se sentia sozinho neste momento, questionando entre a filosofia e a vida familiar como ela é.
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Apo
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Re.: Triste

Mensagem por Apo »

Aliás, o problemaé que a filosofia ( que se auto-imuniza na observação e no pensamento crítico ), nem sempre se adequa à dinâmicas coletivas com conflitos pessoais ( que estão mais para a antropologia e para a sociologia ).
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Amenemés
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Re.: Triste

Mensagem por Amenemés »

Leva a vida assim. Quanto mais bem sucedido você for, mais feliz e realizado, mais será um exemplo para eles de que o ateismo nada tem a ver com isso. Acho que a cada conquista sua você deve lembrá-los disso. Quem sabe com o passar dos anos, com base da experiência e nos fatos da sua vida, eles se convençam que ser teísta não é o único caminho para a felicidade.

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First Knight
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Re.: Triste

Mensagem por First Knight »

Let,
Bem-vindo ao meu mundo. Isso já acontece comigo a aprox. 10 anos.
Na boa, parei de me importar.
Aaaaaah, o niilismo! :emoticon7:
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emmmcri
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Re: Triste

Mensagem por emmmcri »

Acauan escreveu:
Let me think for a while escreveu:Tenho os meus livros, tenho Sagan, Harris, Dawkins, Dennet, mas estou um pouco mais triste hoje.


Nenhum destes caras se preocupam com sua felicidade.
Seus pais sim, independente do modo como a entendem.


Sábias palavras do Índio véio.
Cara se não se importa de um Crente querer te "auxíliar" neste momento, pelo que tenho de experiência, pois já fui ateu também, creio que procurar não tocar no assunto, sair pela tangente nestas horas é o melhor a se fazer.Pessoas em sua maioriam vêem o ateísmo como uma afronta a um Deus que para eles exige/merece ser amado àcima da família,ácima de tudo, as pessoas podem até não amarem de fato assim, mas diram que amam por medo deste Deus.A questão de teu pai dizer amar a Deus mais do que a você e a família pode ter certeza foi de boca pra fora.
Evite tocar no assunto, se desvie desta polêmica,você não vai fazer seu pai aceitar normalmente você como ateu, sem duras críticas, infelizmente.
"Assombra-me o universo e eu crer procuro em vão, que haja um tal relógio e um relojoeiro não.
VOLTAIRE

Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
A Guerra faz de heróis corajosos assassinos covardes e de assassinos covardes heróis corajosos .
No fim ela mostra o que somos , apenas medíocres humanos.



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Jeanioz
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Mensagem por Jeanioz »

E no final, a religião se resume em apenas uma relação política, mesmo dentro na nossa própria casa.

Triste. Muito triste.
"Uma sociedade sem religião é como um navio sem bússola."
Napoleão Bonaparte


"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."
Napoleão Bonaparte

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lepiso74
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Re.: Triste

Mensagem por lepiso74 »

Meus parentes tb torceram o nariz quando disse que era ateu. Atualmente nem tocam no assunto e não ficam me enchendo p ir à igreja.

No trabalho só digo que sou ateu depois de algum tempo, após os colegas me conhecerem.

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First Knight
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Re: Triste

Mensagem por First Knight »

emmmcri escreveu:A questão de teu pai dizer amar a Deus mais do que a você e a família pode ter certeza foi de boca pra fora.


Infelizmente, com o passar da idade e a consequente proximidade da morte, as pessoas tornam-se mais(?) fanáticas. Mesmo após toda uma vida de extravagâncias, acabam por adotar a máscara de 'crente padrão', ficam moralistas, mais honestos usam o nome e a vontade de deus no atacado. Alguns tornam-se extremistas ao ponto de cometerem absurdos e atrocidades.

Não é preciso ir muito longe p/ constatar histórias de ateus declarados que foram esfaqueados, baleados e espancados até a morte, mesmo por suas próprias famílias.

Em alguns países quando alguém fala da 'boca pra fora' que vai explodir o outro, geralmente acontece.

"Toda brincadeira (por pior ou melhor que seja) tem um fundo de verdade"

Ou seja, Let, prepare-se pra ser deserdado, no mínimo! (just kidding)
Aceito críticas destrutivas: http://odiandotudo.blogspot.com/

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Benetton
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Mensagem por Benetton »



Em um outro tópico que lancei aqui, levantei a questão acerca do preconceito contra os ateus, veiculado pela Revista Veja.

Cheguei a dizer lá, que já vi vários casos de pais que rompem relações com filhos ( não é o caso aqui, em questão ) em função de drogas, gravidez, violência de parte a parte, etc, mas que não tinha notícias de pais que assim procedem em função da opção religiosa ou não religiosa dos filhos.

Foi com surpresa que li a mensagem do Fernando Silva a respeito da esposa do Res e da Suyndara, esposa do APODman.

Fiquei surpreso com os fatos. A cada novo tópico sobre esse assunto, uma nova cortina se abre e me mostra uma outra face da religião. E minha decepção aumenta.

Quando larguei a igreja, aos 27 anos, minha mãe me chamou de "vira casaca", um renegado.

Ponderei que nada tinha contra a religião dela. Afinal, fui criado na igreja católica por tantos anos. Disse que essa religião tinha seu lado bom, seus encantos e valores. Disse que sempre respeitaria a religião dela porque meu caráter foi moldado pela igreja. E hoje sou o que sou graças ao que pude filtrar dos ensinamentos que recebi.

Aos poucos, minha mãe foi me observando e absorvendo minhas palavras. Já não me acusava. Era reticente, mas não me apontava mais o dedo.

Hoje brinco com ela sobre sua religião. Critico o que vejo e até cutuco em algumas mazelas da Igreja, as quais ela sabe que são reais. Assim, faço-a ver que nem tudo o que ela aprendeu no passado corresponde à verdade. Hoje ela me compreende melhor e até conversamos muito sobre nossas diferenças.

Enfrentar a família, na questão religiosa, é muito delicado, Eu sei. A indiferença pode crescer, e isso magoa muito, de parte a parte. Acho que temos que lutar para quebrar as barreiras e nos mostrar como pessoas de valor. O diálogo amigo e algum tipo de inspiração ajudaram muito.

No começo é difícil, e como é difícil. Talvez, num primeiro momento, o melhor é deixar a poeira assentar.

Depois de um certo período, senti a necessidade de conversar com meus pais, mas bem devagar, com muito tato, sem ressentimentos e de forma amigável.

Felizmente, com o passar do tempo, consegui manter um razoável nível de diálogo com meus pais sobre o assunto.

E é isso o que Eu espero que o Let consiga, leve o tempo que levar.


Abraços.


Editado pela última vez por Benetton em 18 Jan 2008, 12:57, em um total de 4 vezes.

" Duvidar de tudo ou acreditar em tudo são duas soluções igualmente cômodas : Ambas nos dispensam do trabalho de pensar. "

Jules Henri Poincare - Físico e Matemático Francês.

_________________

"Sempre que possivel, converse com um saco de cimento. Nessa vida só devemos acreditar no que é concreto."

Autor Desconhecido.


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Tally
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Mensagem por Tally »

Let:
Eu sinto muito pelo que sucedeu. Sinto mesmo.
Mas procure ver o lado deles também.Eles tem medo, Let.
Não veem Deus como um ser bondoso e amoroso, mas sim, como um deus vingativo.
Na crença deles, eles tem medo por você.
Eu sou mãe, acredite quando lhe digo, que há certas coisas que não se diz aos pais.Há certas particularidades que são melhores se forem omitidas.
Não tente explicar, eles não vão entender, nem discutir porque eles se sentirão ultrajados.
Infelizmente em ocasiões como essas, necessário se faz que
você minta ou omita.Não é agradável, mas é necessário por você e principalmente por eles, que um dia descansarão em paz, sabendo que você não é um ateu.
Entendo sua posição, perfeitamente.Infelizmente,não há outra saída se você quiser que a família continue unida.
Talvez um dia eles entendam, mas até lá, você vai ter que omitir muita coisa.Um abraço e se precisar de algo, estou à disposição. Nem que seja para um desabafo.
Escolho meus inimigos a dedo,
porque não dou a qualquer um a honra de me enfrentar..
Aos que me invejam, desejo vida longa,
para que assistam DE PÉ como se vence na vida...

mi9
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Mensagem por mi9 »

"what do you care what other people think" Feynman

dificil de aplicar quando as outras pessoas são os nossos pais.

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Jeanioz
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Mensagem por Jeanioz »

mi9 escreveu:"what do you care what other people think" Feynman

dificil de aplicar quando as outras pessoas são os nossos pais.


2
"Uma sociedade sem religião é como um navio sem bússola."
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Apo
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Re: Re.: Triste

Mensagem por Apo »

Amenemés escreveu:Leva a vida assim. Quanto mais bem sucedido você for, mais feliz e realizado, mais será um exemplo para eles de que o ateismo nada tem a ver com isso. Acho que a cada conquista sua você deve lembrá-los disso. Quem sabe com o passar dos anos, com base da experiência e nos fatos da sua vida, eles se convençam que ser teísta não é o único caminho para a felicidade.


Não se convencem...melhor não alimentar esperanças vãs no rapaz. :emoticon1:
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Apo
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Tally escreveu:Let:
Eu sinto muito pelo que sucedeu. Sinto mesmo.
Mas procure ver o lado deles também.Eles tem medo, Let.
Não veem Deus como um ser bondoso e amoroso, mas sim, como um deus vingativo.
Na crença deles, eles tem medo por você.
Eu sou mãe, acredite quando lhe digo, que há certas coisas que não se diz aos pais.Há certas particularidades que são melhores se forem omitidas.
Não tente explicar, eles não vão entender, nem discutir porque eles se sentirão ultrajados.
Infelizmente em ocasiões como essas, necessário se faz que
você minta ou omita.Não é agradável, mas é necessário por você e principalmente por eles, que um dia descansarão em paz, sabendo que você não é um ateu.
Entendo sua posição, perfeitamente.Infelizmente,não há outra saída se você quiser que a família continue unida.
Talvez um dia eles entendam, mas até lá, você vai ter que omitir muita coisa.Um abraço e se precisar de algo, estou à disposição. Nem que seja para um desabafo.


Infelizmente para mim este tipo de omissão ou mentira é mais ultrajante do que tudo. É a constatação de a relação pais e filhos pode ser um muro instransponível e que é melhor fingir, fingir e fingir.
É o mesmo que aceitar de crianças sem limites que ela podem puxar o rabo do gato e bater no amiguinho porque "são crianças, depois passa". O mesmo que aceitar um adolescente trancado demais no quarto e batendo as portas, que ele está fazendo isto porque é adolescente e deixá-lo assim "sem eira e nem beira". O mesmo que aceitar dos velhos que nos pisoteiem em cima e furem a fila apenas porque são velhos. É fingir, fingir, fingir.
As pessoas precisam entender que o diálogo e o respeito são condições sine qua non para a genuína troca. Pelo menos isto. Senão, estamos mesmo sozinhos nesta porcaria.

Também sou mãe. E com minha filha as coisas seguem por outro caminho beeeemmmm diferente.
Não é pessoal. Apenas estou dizendo que é o caminho da colheita mais saudável que já experimentei na vida.

Com meus pais não funcionou e eu cansei. Mas aí o problema é deles. Sou mais o meu jeito.
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DaviDeMogi
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Mensagem por DaviDeMogi »

Apo escreveu:
Tally escreveu:Let:
Eu sinto muito pelo que sucedeu. Sinto mesmo.
Mas procure ver o lado deles também.Eles tem medo, Let.
Não veem Deus como um ser bondoso e amoroso, mas sim, como um deus vingativo.
Na crença deles, eles tem medo por você.
Eu sou mãe, acredite quando lhe digo, que há certas coisas que não se diz aos pais.Há certas particularidades que são melhores se forem omitidas.
Não tente explicar, eles não vão entender, nem discutir porque eles se sentirão ultrajados.
Infelizmente em ocasiões como essas, necessário se faz que
você minta ou omita.Não é agradável, mas é necessário por você e principalmente por eles, que um dia descansarão em paz, sabendo que você não é um ateu.
Entendo sua posição, perfeitamente.Infelizmente,não há outra saída se você quiser que a família continue unida.
Talvez um dia eles entendam, mas até lá, você vai ter que omitir muita coisa.Um abraço e se precisar de algo, estou à disposição. Nem que seja para um desabafo.


Infelizmente para mim este tipo de omissão ou mentira é mais ultrajante do que tudo. É a constatação de a relação pais e filhos pode ser um muro instransponível e que é melhor fingir, fingir e fingir.
É o mesmo que aceitar de crianças sem limites que ela podem puxar o rabo do gato e bater no amiguinho porque "são crianças, depois passa". O mesmo que aceitar um adolescente trancado demais no quarto e batendo as portas, que ele está fazendo isto porque é adolescente e deixá-lo assim "sem eira e nem beira". O mesmo que aceitar dos velhos que nos pisoteiem em cima e furem a fila apenas porque são velhos. É fingir, fingir, fingir.
As pessoas precisam entender que o diálogo e o respeito são condições sine qua non para a genuína troca. Pelo menos isto. Senão, estamos mesmo sozinhos nesta porcaria.

Também sou mãe. E com minha filha as coisas seguem por outro caminho beeeemmmm diferente.
Não é pessoal. Apenas estou dizendo que é o caminho da colheita mais saudável que já experimentei na vida.

Com meus pais não funcionou e eu cansei. Mas aí o problema é deles. Sou mais o meu jeito.


Muito bem Apo. Sou da mesma opinião.
Bjs
Creio na morte, única amante absolutamente fiel,
Creio na estupidez humana, única força com que se pode contar sempre,
E creio no humor, única forma de encarar a primeira e suportar a segunda.

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Lúcifer
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Re.: Triste

Mensagem por Lúcifer »

Davi, o que a Apo disse tem validade, mas o que a Tally disse também.
Cada caso e família é um caso e família. A certos procedimentos que dão certos pra um, mas não dá certo para outra pessoa.
NESTE caso, eu acho que o conselho da Tally é melhor pelo motivo NO MOMENTO.
Editado pela última vez por Lúcifer em 18 Jan 2008, 14:57, em um total de 2 vezes.
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Re.: Triste

Mensagem por Lúcifer »

O emmcri-cri e o Acauan estão certos, cara. Eles não vão deixar de te amar por causa disso, mas como disse o first, evite discussões a respeito pois isso não vai adiantar nada. Só vai criar mais conflitos de ambos os lados e é capaz de alguém falar algo que não deve no calor da discussão.

Comigo é a mesma coisa. Antes eu batia de frente, agora nem ligo mais. Eu respeito o lado deles, eles respeitam o meu e ficamos na paz. O que importa é ambos os lados terem respeito um pelo outro e, isso, só com o tempo. Demora, mas vale a pena depois. E olha que eu nem falo que sou luciferiano. Imagine se soubessem? Eles apenas pensam que sou ateus e já se acostumaram com essa idéia. Sem mais intrigas.

Bem vindo ao clube dos incompreendidos. :emoticon16: :emoticon16:
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Trancado