Ateu exige cotas e indenização por desrespeito à sua crença
Enviado: 29 Jan 2008, 13:23
OPINIÃO DE LEITOR
Sou ateu, sou minoria, quero cotas
Publicada em 10/01/2008 às l5hOSm
Por Carlos Mauro Brasil Cherubini
Aquele menino fez um gol e levantou sua camisa mesmo sabendo que iria tomar um cartão amarelo. Era a final do mundial interclubes. O menino bonzinho, que segundo consta não sucumbiu às tentações da Humanidade, não sucumbiu às drogas, à bebida, às mulheres, foi escolhido o melhor do mundo em sua profissão, tem tido uma vida de príncipe e, quando largar o futebol, pretende ser pastor. E uma bela vida. “Una bela persona”. Diria que é um anjo entre nós. Na sua camisa estava escrito em inglês: “I belong to Jesus”.
Eu me ofendi. E agora? Depois disso o que fazer? Eu sou ateu. Sem meias palavras, não creio nem minimamente na existência de algo divino que nos criou ou nos guia. Queria eu poder andar na rua com uma camisa escrita: “Eu não creio em Deus”.
Queria eu poder andar Não posso. Para falar a verdade, segundo uma pesquisa recentemente publicada neste jornal a partir deste texto, eu perdi na rua com urna camisa
a chance de ser presidente do meu país. Um ateu é mais discriminado do que um adorador do demônio, vocês fiüi: ‘Eu não creio em acreditam?
O FHC, desde seu primeiro mandato, acreditava não em Deus, mas que ser ateu é ser um paria.
Segundo a pesquisa, somente 13% pensariam em votar em um ateu para a Presidência. Sou branco, homem, heterossexual, classe média, católico meramente por batismo obrigatório, portanto, graças a Deus (literalmente), agora que me declarei ateu sou minoria. Decididamente minoria e decididamente discriminada.
Assim, quero cotas. Cotas nos cargos disponíveis no meu trabalho, cotas nas câmaras de vereadores, nas assembléias
legislativas, nos concursos públicos. Aa mulheres as têm politicamente e estão à minha frente na preferência de voto
para presidente por ser eu um ateu. Então, quero cotas, cotas e mais cotas.
Além disso, quero ter o direito de por na cadeia todos aqueles que me agredirem verbalmente por ser um ateu, que não
me aceitarem. Pois que me discriminando estarão praticando um crime inafiançável como é inafiançável e horrendo o
anti-semitismo ou qualquer outra forma de discriminação religiosa.
Ah, quero indenizaçoes milionarias pela perseguiçao que tenho sofrido ha anos pela sociedade, que me impos meu
batizado, o curso de noivo, o batizado de minha filha, os casamentos, as missas em que fui obrigado a ir, os chatos dos bancadas religiosas que religiosos que me perseguem com suas ignorâncias científicas e suas certezas mitológicas, me tratando como se eu fosse um imbecil ou pior, um portador de uma doença contagiosa e mortífera.
O Estado que se diz laico tem que me pagar pelas bancadas religiosas que procura para fazer acordos demoníacos nas assembléias legislativas, pelos bispos e pastores do mensalão.
Tem que me pagar pelas oportunidades de emprego que
perdi por me dizer ateu. Neste caso, deveria me pagar em dobro porque produziu gerações e gerações ignorantes, assembleias legislativas quando não analfabetas, que não têm o menor apego ao conhecer, ao ler, negligenciando a educação do povo que, ignorante, precisa cada vez mais de heróis e deuses.
Deveria pedir um aposentadoria vitalícia do governo, isso sim, como receberam aqueles que durante o governo militar
foram meramente perseguidos, não mortos ou torturados ou exilados, porque estes, diferente daqueles, merecem mais
que indenização. Talvez com cotas ou indenização eu me sinta melhor e o governo também, afinal se adiantou para os
outros casos, conosco - ateus - não deve ser diferente.
Este texto foi escrito por um leitor do Globo Online. Quer participar também e enviar o seu? Clique aqui
Sou ateu, sou minoria, quero cotas
Publicada em 10/01/2008 às l5hOSm
Por Carlos Mauro Brasil Cherubini
Aquele menino fez um gol e levantou sua camisa mesmo sabendo que iria tomar um cartão amarelo. Era a final do mundial interclubes. O menino bonzinho, que segundo consta não sucumbiu às tentações da Humanidade, não sucumbiu às drogas, à bebida, às mulheres, foi escolhido o melhor do mundo em sua profissão, tem tido uma vida de príncipe e, quando largar o futebol, pretende ser pastor. E uma bela vida. “Una bela persona”. Diria que é um anjo entre nós. Na sua camisa estava escrito em inglês: “I belong to Jesus”.
Eu me ofendi. E agora? Depois disso o que fazer? Eu sou ateu. Sem meias palavras, não creio nem minimamente na existência de algo divino que nos criou ou nos guia. Queria eu poder andar na rua com uma camisa escrita: “Eu não creio em Deus”.
Queria eu poder andar Não posso. Para falar a verdade, segundo uma pesquisa recentemente publicada neste jornal a partir deste texto, eu perdi na rua com urna camisa
a chance de ser presidente do meu país. Um ateu é mais discriminado do que um adorador do demônio, vocês fiüi: ‘Eu não creio em acreditam?
O FHC, desde seu primeiro mandato, acreditava não em Deus, mas que ser ateu é ser um paria.
Segundo a pesquisa, somente 13% pensariam em votar em um ateu para a Presidência. Sou branco, homem, heterossexual, classe média, católico meramente por batismo obrigatório, portanto, graças a Deus (literalmente), agora que me declarei ateu sou minoria. Decididamente minoria e decididamente discriminada.
Assim, quero cotas. Cotas nos cargos disponíveis no meu trabalho, cotas nas câmaras de vereadores, nas assembléias
legislativas, nos concursos públicos. Aa mulheres as têm politicamente e estão à minha frente na preferência de voto
para presidente por ser eu um ateu. Então, quero cotas, cotas e mais cotas.
Além disso, quero ter o direito de por na cadeia todos aqueles que me agredirem verbalmente por ser um ateu, que não
me aceitarem. Pois que me discriminando estarão praticando um crime inafiançável como é inafiançável e horrendo o
anti-semitismo ou qualquer outra forma de discriminação religiosa.
Ah, quero indenizaçoes milionarias pela perseguiçao que tenho sofrido ha anos pela sociedade, que me impos meu
batizado, o curso de noivo, o batizado de minha filha, os casamentos, as missas em que fui obrigado a ir, os chatos dos bancadas religiosas que religiosos que me perseguem com suas ignorâncias científicas e suas certezas mitológicas, me tratando como se eu fosse um imbecil ou pior, um portador de uma doença contagiosa e mortífera.
O Estado que se diz laico tem que me pagar pelas bancadas religiosas que procura para fazer acordos demoníacos nas assembléias legislativas, pelos bispos e pastores do mensalão.
Tem que me pagar pelas oportunidades de emprego que
perdi por me dizer ateu. Neste caso, deveria me pagar em dobro porque produziu gerações e gerações ignorantes, assembleias legislativas quando não analfabetas, que não têm o menor apego ao conhecer, ao ler, negligenciando a educação do povo que, ignorante, precisa cada vez mais de heróis e deuses.
Deveria pedir um aposentadoria vitalícia do governo, isso sim, como receberam aqueles que durante o governo militar
foram meramente perseguidos, não mortos ou torturados ou exilados, porque estes, diferente daqueles, merecem mais
que indenização. Talvez com cotas ou indenização eu me sinta melhor e o governo também, afinal se adiantou para os
outros casos, conosco - ateus - não deve ser diferente.
Este texto foi escrito por um leitor do Globo Online. Quer participar também e enviar o seu? Clique aqui