mulheres agredidas por maridos evangélicos

[waldon]

08/03/2006
Fonte: Jornal da Tarde

Das 3 mil mulheres que procuram ONG da Zona Leste que assiste vítimas de violência, 90% são evangélicas agredidas física ou verbalmente pelos maridos - que, na igreja, são exemplos de bondade

MARINÊS CAMPOS

Quem vê Antonio na rua, Bíblia debaixo do braço, roupa social, jeito de gente boa, já imagina: 'O sujeito é crente.' Na igreja, então, o homem é um exemplo de bondade. É calmo, freqüenta o curso para se tornar obreiro (quando se formar, dará aula na escola dominical), vira anjo ao cruzar a porta do templo. 'Faz pregações maravilhosas', diz a mulher, Joana, 39 anos, casada há 15 com Antonio. 'Ele fala sobre a paz e como todos devem amar seus inimigos.'

Só que Antonio, manso como uma ovelha do rebanho do Senhor ao lado de seus 'irmãozinhos', se transforma em bicho bravo quando está sozinho com a família. Dentro de casa, diz palavrões, agride a mulher. 'Ele já me agarrou pelo cabelo e me jogou em cima da cama', conta Joana. 'Também atirou um frasco de xampu na minha cabeça. Não sei por que age assim.'

Como Joana, outras evangélicas, com saias longas, cabelos e mágoa pesando sobre os ombros, também não entendem a mudança de seus homens quando eles põem os pés fora da igreja e brandem as mãos dentro de casa. E, cansadas de não achar refúgio na paz de seus templos - elas preferem não divulgar o nome das igrejas que freqüentam -, encontraram abrigo na Casa de Isabel, uma ONG da Zona Leste que, em parceria com a Prefeitura e o Estado, oferece assistência psicológica e jurídica a mulheres, crianças e adolescentes vítimas de violência.

A romaria de evangélicas à Casa de Isabel está assustando a pesquisadora da área da violência e presidente da entidade Sônia Regina Maurelli. A ONG atende 3 mil mulheres por mês. 'Posso afirmar que 90% são freqüentadoras assíduas de igrejas evangélicas', diz a pesquisadora. 'Me surpreende é ver as mulheres submetidas à doutrina das igrejas. Ser submissa não é tolerar espancamento.'

Analisando suas estatísticas, Sônia observa que grande parte das igrejas não oferece aos fiéis um trabalho de aconselhamento. 'Se existisse, esta casa não estaria tão cheia. Acredito que essas mulheres estão nos procurando porque estão lendo e se informando mais.' Joana, a mulher de Antonio, admite que as portas da Casa de Isabel foram as únicas que se abriram para socorrê-la: 'Procurei a pastora da minha igreja e ela me falou que problema como o meu tinha de ser resolvido entre marido e mulher.'

A palavra-chave citada pelas evangélicas ouvidas pelo JT foi 'submissão' - além de Joana, Lurdes, 33 anos, e Ana, 54, concordaram em falar sobre o que acontece dentro de suas casas. Joana diz: 'Quando reclamo com o Antonio, ele fala de um versículo bíblico: "Mulheres, sujeitai-vos aos vossos maridos". Só que a Bíblia não fala para a gente ser escrava deles.'

Ana, 33 anos de casada, convive com o marido que esqueceu os ensinamentos sobre respeito e harmonia: 'Não tenho nenhum carinho. Só palavrões. A agressão verbal às vezes é pior que tapa. Um tapa você revida, mas a mágoa nada pode tirar.' Muitas vezes, Ana pensou em separação, mas desistiu: 'Ele me xinga. Depois fica mansinho e lava a louça para mim.'

Joana também fica dividida entre deixar Antonio, por causa das agressões, e a culpa que sente por não se considerar uma boa dona de casa. 'Não sei arrumar um guarda-roupa tão impecável como minha mãe', conta. 'Detesto passar roupa e ele só usa camisa social.'

Casada há 9 anos, Lurdes, até pouco tempo atrás, ia com o marido à igreja. Hoje, depois de uma decepção, ele parou de freqüentar o templo: ' Viu uns "irmãos" da igreja bebendo num bar e ficou revoltado. Não me bate, mas me humilha e diz todo tipo de palavrões.'

A vida de Lurdes se tornou mais difícil depois que, meses atrás, foi vítima de estupro. 'Começou a dizer que, se fui atacada, é porque dei bola para o estuprador. Eu não exponho meu corpo. Mas meu marido não teve compreensão. Vive dizendo: "Você não é uma mulher direita". Não posso contar com ninguém na igreja porque lá me dizem: "Ninguém precisa de psicólogo. Aqui, o psicólogo é Jesus".'

[Jeanioz]

Normal, mal mudam a igreja.

[Claudio Loredo]

Esta ai mais uma prova de que religião não torna ninguém melhor. O sujeito se converte, mas os problemas continuam, só que ele fica feliz porque aceitou Jesus.

As seitas evangélicas não estimulas as pessoas à racionalidade. Se fizessem isto, pessoas problemáticas parariam para pensar e encontrariam a solução para os seus problemas. Solução que não passa pelo emocionalismo pentecostal.

O sujeito usa uma máscara quando está em público, mas na privacidade do lar vira um bicho. A religião serve apenas como encenação.

A Bíblia, um livro machista e opressivo, não pode ser usada como código moral por ninguém. Quem a usa está sujeito a viver uma moral inferior a das pessoas que não seguem este livro.

[Fernando Silva]

A palavra-chave citada pelas evangélicas ouvidas pelo JT foi 'submissão' - além de Joana, Lurdes, 33 anos, e Ana, 54, concordaram em falar sobre o que acontece dentro de suas casas. Joana diz: 'Quando reclamo com o Antonio, ele fala de um versículo bíblico: "Mulheres, sujeitai-vos aos vossos maridos". Só que a Bíblia não fala para a gente ser escrava deles.'

Este é o ponto. Está na Bíblia, portanto é permitido. Cada marido interpreta os limites segundo critérios pessoais.
Provavelmente acham que estão fazendo a vontade de "Deus".

[Acauan]

Pessoal, vamos com calma.

Alguém percebeu que a coisa mais violenta, fisicamente falando, quer rolou nas declarações citadas foi jogar um frasco de xampu na cabeça?
E que raio de reportagem é esta que não ouviu a outra parte, como se marido acusado fosse culpado a priori?
Pior, parece que se a ONG tal falou que é assim, então é assim e pronto.

Não tô defendendo ninguém, estes maridos provavelmente são uns babacas mesmo, mas comparado com o tipo de violência doméstica que rola abertamente na periferia e discretamente fora dela, nenhuma das reclamações colocadas parece ter conteúdo suficiente sequer para se abrir um boletim de ocorrência.

[Fernando Silva]

Não tô defendendo ninguém, estes maridos provavelmente são uns babacas mesmo, mas comparado com o tipo de violência doméstica que rola abertamente na periferia e discretamente fora dela, nenhuma das reclamações colocadas parece ter conteúdo suficiente sequer para se abrir um boletim de ocorrência.

Violência física é ruim, mas tem uma "vantagem": é explícita, deixa marcas visíveis que podem ser usadas como evidência.

Os maus tratos psicológicos e as humilhações podem se estender por anos e anos sem que a vítima se decida a reagir e prefira sofrer calada, sempre na dúvida se a culpa é dela, se a família vai ficar do lado do marido etc.

[O ENCOSTO]

Pessoal, vamos com calma.

Alguém percebeu que a coisa mais violenta, fisicamente falando, quer rolou nas declarações citadas foi jogar um frasco de xampu na cabeça?
E que raio de reportagem é esta que não ouviu a outra parte, como se marido acusado fosse culpado a priori?
Pior, parece que se a ONG tal falou que é assim, então é assim e pronto.

Não tô defendendo ninguém, estes maridos provavelmente são uns babacas mesmo, mas comparado com o tipo de violência doméstica que rola abertamente na periferia e discretamente fora dela, nenhuma das reclamações colocadas parece ter conteúdo suficiente sequer para se abrir um boletim de ocorrência.

Recebo e-mails de evangelicos. São pessoas extremamente violentas. São intrataveis!

[Claudio Loredo]

O bom do texto é que ele mostra que a religião serve como fachada para muita gente. Dentro da igreja, o sujeito é um santo, mas quando está no lar, agride a mulher com palavras, com puxadas de cabelo e até jogando shampoo nela.

[Apo]

Jogar um xampu na cabeça não é muito deseducado mesmo, é só coisa de maluco. Se fosse a Bíblia ou um vidro de água do Rio Jordão, seria mais grave.

Mas falando sério...
agressões físicas ( mesmo que seja jogar um travesseiro)- para mim - denotam o descontrole do sujeito, faça isto com a mulher, com o filho ou com o vizinho. A questão não é ele, e sim o fato de que as palavras mais repetidas assumidamente pelas mulheres, e com estranho orgulho, são "compreensão" e "submissão" em relação aos companheiros.

O que estamos discutindo aqui? O machismo tão adotado e aceito na moral religiosa ( inclusive evangélica), ou se a ONG quer usar uns exemplos que podem não ser assim tão radicais para agredir os evangélicos porque ONG gosta de mostrar serviço?

[Acauan]

Violência física é ruim, mas tem uma "vantagem": é explícita, deixa marcas visíveis que podem ser usadas como evidência.

Os maus tratos psicológicos e as humilhações podem se estender por anos e anos sem que a vítima se decida a reagir e prefira sofrer calada, sempre na dúvida se a culpa é dela, se a família vai ficar do lado do marido etc.

Fernando,

Há uma diferença enorme entre um homem muito maior e mais forte que uma mulher descer-lhe o braço até deixá-la desmaiada e cheia de marcas, situação na qual uma mulher desarmada não tem a mínima chance de se defender e xingar uma mulher, que pode ser retrucado por xingamento igual ou pior, já que lingua os dois tem.

No caso da violência física, a mulher é submetida por conta de força que lhe é irresistível.
No caso da tal violência verbal, se a mulher se submete é porque é uma songa-monga.

E as mulheres hão de concordar.

[Apo]

Não tô defendendo ninguém, estes maridos provavelmente são uns babacas mesmo, mas comparado com o tipo de violência doméstica que rola abertamente na periferia e discretamente fora dela, nenhuma das reclamações colocadas parece ter conteúdo suficiente sequer para se abrir um boletim de ocorrência.

Os maus tratos psicológicos e as humilhações podem se estender por anos e anos sem que a vítima se decida a reagir e prefira sofrer calada, sempre na dúvida se a culpa é dela, se a família vai ficar do lado do marido etc.

Para mim a evidência maior vem delas, que vão à TV e ficam com aquelas caras de vaca domada a responder para o pastor que aprenderam com Jesus que o marido deve ser "compreendido".

[Apo]

Violência física é ruim, mas tem uma "vantagem": é explícita, deixa marcas visíveis que podem ser usadas como evidência.

Os maus tratos psicológicos e as humilhações podem se estender por anos e anos sem que a vítima se decida a reagir e prefira sofrer calada, sempre na dúvida se a culpa é dela, se a família vai ficar do lado do marido etc.

Fernando,

Há uma diferença enorme entre um homem muito maior e mais forte que uma mulher descer-lhe o braço até deixá-la desmaiada e cheia de marcas, situação na qual uma mulher desarmada não tem a mínima chance de se defender e xingar uma mulher, que pode ser retrucado por xingamento igual ou pior, já que lingua os dois tem.

No caso da violência física, a mulher é submetida por conta de força que lhe é irresistível.
No caso da tal violência verbal, se a mulher se submete é porque é uma songa-monga.

E as mulheres hão de concordar.

Sim, mas o mote aqui é que elas todas se transformam em songas-mongas em nome de Jesus, não importa se ele as mata ou sutilmente subestime.

[Fernando Silva]

No caso da tal violência verbal, se a mulher se submete é porque é uma songa-monga.

E as mulheres hão de concordar.

Se o marido agride e a mulher se submete, os dois são uns idiotas, com o cérebro lavado pela "Palavra de Deus".

Mas também pode ser que a mulher não tenha para onde ir se largar o marido, pode haver filhos, pode ser que ela tenha medo do que a família vai dizer etc.

As coisas ficam bem mais fáceis se a mulher tem mais instrução e é financeiramente independente.

Lembrei-me agora de que a ex-governadora do Rio, a crente Rosinha, admitiu que quem mandava, na verdade, era seu marido, o ex-governador Garotinho. Ela era pouco mais que uma testa-de-ferro.

Ela publicou um livro sobre o papel da mulher segundo a Bíblia. Em resumo: submissa.

Detalhes:
http://insearch.insite.com.br/mod_perl/ ... 88&q=busca

[Acauan]

O bom do texto é que ele mostra que a religião serve como fachada para muita gente. Dentro da igreja, o sujeito é um santo, mas quando está no lar, agride a mulher com palavras, com puxadas de cabelo e até jogando shampoo nela.

O que não é novidade para absolutamente ninguém, muito menos para os religiosos, dado a idade da expressão santo do pau oco.

[Anansi]

'Procurei a pastora da minha igreja e ela me falou que problema como o meu tinha de ser resolvido entre marido e mulher.'

Essa pastora não passa de uma falsa mensageira do Senhor! Todos sabem que isso é um caso claro de Encosto! Com uma módica quantia e uma sessão de descarrego tudo será resolvido!

[Anansi]

A vida de Lurdes se tornou mais difícil depois que, meses atrás, foi vítima de estupro. 'Começou a dizer que, se fui atacada, é porque dei bola para o estuprador. Eu não exponho meu corpo. Mas meu marido não teve compreensão. Vive dizendo: "Você não é uma mulher direita". Não posso contar com ninguém na igreja porque lá me dizem: "Ninguém precisa de psicólogo. Aqui, o psicólogo é Jesus".'

A compreensão sempre tem que vir da mulher, nunca o contrário...
E que desculpa ótima para quem não quer se envolver com os problemas alheios! Peça ajuda a Jesuis!

[mi9]

Esta ai mais uma prova de que religião não torna ninguém melhor.

Estou a ler "Quebrar o Feitiço" de Daniel Dennett, onde ele procura fundar bases sólidas para o estudo científico da religião, e uma das coisas que ele diz é que a religião torna muita gente melhor. Mas no geral ainda não sabemos se estaremos ou não melhor sem a religião. Umas das coisas surpreendentes é o tão pouco que conhecemos sobre o fenómeno religioso. Por dentro, os teólogos, gurus, Avatares, Xamas, parecem ir ás profundezas... mas não tanto assim. A visão deles é necessáriamente partidária. Não questionam normalmente as origens naturais da sua religião.

[Fenrir]

As agressões são causadas por assédios do demo. Como os pastores são pessoas santas, boas e legais, satanás e sua turma ficam na cola deles o tempo todo esperando uma brecha.

É por isso que não podemos culpar os coitados, basta que se arrependam e orem bastante.
Afinal de contas se até o Cristo foi tentado pelo diabo, o que dizer de um humilde pastor?

[NeferNeferNefer]

Sem medo de ser politicamente incorreta, acho que essas mulheres evangélicas não deviam procurar ajuda e nem ser assistidas, afinal na bíblia, de acordo com a crença delas, os maridos podem bater nelas se assim acharem certo. Não é nisso que elas acreditam? Não é isso o que seu livro sagrado diz? Então.... que aguentem.
Essa de que "a parte boa da minha religião eu gosto, mas na parte ruim eu vou pedir ajuda pra os não crentes", ora, poupe-me.
Quando casou acreditava nisso?
Fez votos e juras 'sagradas' em cima dessa crença?
Não venha reclamar agora.

[Anansi]

Sem medo de ser politicamente incorreta, acho que essas mulheres evangélicas não deviam procurar ajuda e nem ser assistidas, afinal na bíblia, de acordo com a crença delas, os maridos podem bater nelas se assim acharem certo. Não é nisso que elas acreditam? Não é isso o que seu livro sagrado diz? Então.... que aguentem.
Essa de que "a parte boa da minha religião eu gosto, mas na parte ruim eu vou pedir ajuda pra os não crentes", ora, poupe-me.
Quando casou acreditava nisso?
Fez votos e juras 'sagradas' em cima dessa crença?
Não venha reclamar agora.

Perfeito. Mas submissão inclui apanhar? Ou a bíblia também diz que o marido pode bater na esposa quando lhe der na telha?

[Apo]

Não. A Bíblia só mostrou como se apedreja uma mulher.

[Anansi]

Não. A Bíblia só mostrou como se apedreja uma mulher.

Se ela for acusada de adultério e se isso for "provado" pela ciência de nosso senhor, pelo que sei.

Eu quero saber se há na bíblia algo que permita aos maridos espancarem suas esposas se acharem que elas merecem, ou algo do tipo, excluindo a suspeita de adultério.

[Lúcifer]

Que eu saiba, o marido pode cortar a mão da esposa se, no meio da discussão entre o marido e outro homem, ela segurar no saco do outro cara.
Coisa normal.

[Lúcifer]

O que se vê muito é a submissão da mulher para o homem.
Só que o homem confunde a submissão com escravidão; como se o cara fosse dono da mulher só por que casou com ela. E as trouxas assinam embaixo o atestado de cárcere privado.
Pobres evangélicos. Até quando??

[Apo]

Não. A Bíblia só mostrou como se apedreja uma mulher.

Se ela for acusada de adultério e se isso for "provado" pela ciência de nosso senhor, pelo que sei.

Eu quero saber se há na bíblia algo que permita aos maridos espancarem suas esposas se acharem que elas merecem, ou algo do tipo, excluindo a suspeita de adultério.

Não sei. Para tanto, preciso pesquisar. Mas há coisas tão escabrosas na Bíblia, que deve haver muitos "conselhos" acerca das "boas maneiras" da mulher, para com o pai, o irmão, o marido, o filho, o estranho, qualquer coisa que lembre Deus.

O Islã também é assim. Pelo menos a interpretação dele.