Afronta à Teoria do Big Bang

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Dick
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Registrado em: 21 Nov 2006, 16:25

Afronta à Teoria do Big Bang

Mensagem por Dick »

Estas idéias serão, certamente, bastante provocantes para o Fayman. Desculpem-me o cânon acadêmico... o trecho abaixo é um pedaço de um trabalho meu.


Se as idéias referentes ao Big Bang já são pouco discutidas mesmo na graduação, que dizer de outras que chegam ao ponto de sugerir que as observações dos telescópios, na Terra ou no espaço, estão sendo sistematicamente mal interpretadas pelos cosmólogos?
O conjunto de idéias mais excêntricas e, não obstante, não refutadas adequadamente pelos teóricos do paradigma atual, têm como porta voz o astrônomo Halton Arp. Cientista do Instituto Max Planck, na Alemanha, Arp vem pesquisando galáxias há pelo menos três décadas, o que o permitiu produzir o Atlas de Galáxias Peculiares, importante fonte de consulta mesmo pelos teóricos de outras linhas de pesquisa.
Quando Edwin Hubble constatou, na década de 1920, que as galáxias estavam se afastando umas das outras, o fez devido à consideração prévia de que, quando as galáxias se afastam do observador, sua luz é deslocada para o lado vermelho do espectro eletromagnético, devido ao efeito Doppler. Como a grande maioria de galáxias observadas apresentava um desvio para o vermelho, Hubble deu à comunidade científica uma evidência empírica de um universo em expansão (que, como vimos, fez Einstein voltar atrás em sua ideologia de um universo estático). Esta evidência era inclusive quantitativa, ao sugerir que, como indicavam as observações, galáxias mais distantes tinham um maior desvio para o vermelho e, conseqüentemente pelo efeito Doppler, tinham maior velocidade de afastamento. Isto permitiu Hubble construir uma relação direta entre distância e velocidade, com uma constante de proporcionalidade que foi melhorada com as pesquisas subseqüentes, tornando-se hoje uma das principais evidências usadas a favor do Big Bang.
Mas Halton Arp discorda. Após estudar exaustivamente um grande número de galáxias, ele descobriu que muitas delas têm uma ligação física direta com objetos como quasares, objetos de observação puntuais de alto desvio para o vermelho e intensa emissão de raios-x. Ora, se um quasar tem um alto desvio para o vermelho, pelas constatações de Hubble isto significa que ele também está muito longe. E aí está o enorme disparate: as observações de Arp mostram que os quasares parecem estar muito próximos e conectados fisicamente, através de uma fraca nebulosidade, com galáxias de desvio para o vermelho muito menor, o que sugere que eles estão em um plano de observação que, segundo a lei de Hubble, é impossível! Objetos de diferentes desvios para o vermelho, segundo a cosmologia tradicional, devem estar a diferentes distâncias do observador.


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Evidentemente um contra-argumento que imediatamente surge está relacionado com a simples sobreposição de imagens, dando a impressão de estarem no mesmo plano, quando realmente estão muito distantes entre si. Joseph Silk, professor de astronomia em Berkeley, já tinha dito que “Mesmo nos exemplos aparentemente anômalos, não podemos afirmar se a fraca nebulosidade é um fenômeno generalizado em volta de um dos objetos e é simplesmente vista em projeção contra o outro objeto...” (Silk, 1988, pg. 319).

“Exames rápidos de fotografias de galáxias remotas freqüentemente revelam estrelas muito brilhantes em nossa própria Via Láctea que são vistas em projeção contra uma galáxia de fundo. Mesmo se víssemos tal estrela na ponta de um braço espiral da galáxia distante, jamais suporíamos que essa estrela tivesse sido recentemente ejetada da galáxia distante” (Silk, 1988, pg. 320).

Mas, ainda na década de 1980, Silk já colocava que “Se uma escala contínua em avermelhamento puder ser medida ao longo de um jato de gás ligando uma galáxia de pequeno avermelhamento a um quasar de alto avermelhamento, então Arp terá sido redimido” (Silk, 1988, pg. 320). Apesar da colocação comedida, Silk sabe que isto causaria a destruição das bases da teoria do Big Bang. E é justamente isto o que pretende Halton Arp. Segundo suas observações, os desvios para o vermelho detectados não podem ser explicados pela velocidade de recessão das galáxias, o que eliminaria inclusive a necessidade de postular, como faz a cosmologia do Big Bang, a existência de matéria escura. Esta matéria é exigida justamente para possibilitar, por sua gravidade, que as galáxias tenham a dinâmica observada sem serem destroçadas por sua própria rotação (Smoot, 1995). Um grande problema das pesquisas atuais é, evidentemente, captar esta forma de matéria que, justamente por não ser percebida oticamente, é chamada de escura. Arp simplesmente descarta esta idéia ao colocar que as galáxias não estão se afastando segundo o modelo do Big Bang, e seus desvios para o vermelho, que ele mesmo ajudou a catalogar, são intrínsecos, ou seja, são um efeito da própria galáxia.
Claro, Arp começou a sofrer censuras de todos os lados, inclusive de Fred Hoyle, que não aceitava o Big bang! “Fred disse que minha adoção de um resultado obviamente tão maluco minaria a credibilidade do nosso ataque ao Big Bang” (Arp, 2001, pg. 236).
Por suas observações, Halton Arp defende que as galáxias ejetam quasares que mais tarde virão a se tornar, eles mesmos, novas galáxias. Embora ousada, esta idéia não é de Arp, mas sim do astrônomo Viktor Ambarzumian que, após observar as fotografias de galáxias obtidas no Observatório do Monte Palomar, propôs em 1957 que as galáxias jovens nasciam de material ejetado das galáxias ativas mais velhas (Arp, 2001). Não por acaso, Arp fez várias fotografias neste mesmo observatório, que mostravam pares de objetos separados por uma galáxia, e galáxias inter-atuantes, o que o permitiu chegar em um número grande de evidências que mostravam galáxias companheiras na direção dos braços da galáxia dominante, o que apoiava fortemente a noção de galáxias sendo geradas por outras galáxias. Mais tarde, em 1969, comentando sobre suas observações e sobre as idéias de Ambarzumian com Erik Holmberg, respeitado astrônomo sueco que visitava o observatório, Arp começou a perceber o impacto que estas novas suposições teriam:

“Ele concordou que este alinhamento de companheiras ao longo do eixo menor era uma forte evidência para a origem das galáxias companheiras como sendo por ejeção, mas ele não pronunciaria uma palavra sobre isto nos Observatórios com medo de ser ridicularizado” (Arp, 2001, pg. 133).

Mas a iconoclastia não pararia por aí. Para explicar o grande desvio para o vermelho dos quasares em relação às próprias galáxias que (supostamente) os originaram, é necessário supor que os fótons emitidos pelos elétrons nestas estruturas têm uma menor energia que os fótons obtidos por processos de decaimento eletrônico semelhantes aos ocorridos aqui na Terra. E, para isto, é necessário supor ainda que este processo seja produzido por matéria “nova”, ou seja, criada em momentos mais recentes. Halton Arp, assim como Fred Hoyle, coloca que matéria nova está sendo constantemente criada no universo atual, o que é uma causa direta do processo de ejeção de novas galáxias. Ainda, as partículas novas são menos massivas que as mais velhas, ficando mais massivas conforme envelhecem, de acordo com soluções obtidas por Jayant Narlikar em 1977 para as equações da relatividade geral (Arp, 2001). Segundo estas idéias, matéria recente emite fótons de baixa energia, portanto com maior desvio para o vermelho, o que seria então a causa dos desvios observados.

“Fomos forçados pelas observações a considerar o que faria com que o desvio para o vermelho do material da galáxia diminuísse à medida que ela envelhecia. A única possibilidade simples parecia ser a de que as massas das partículas elementares aumentassem com o tempo. Vimos que isto satisfaz os limites fundamentais da física como atualmente entendemos o assunto, i.e., é uma solução válida das equações de campo de Einstein generalizadas” (Arp, 2001, pg. 174).

Assim, o desvio para o vermelho passa a ser considerado um indicativo da idade de uma galáxia e não de sua velocidade e distância ao observador. Ainda, Arp e Narlikar mostram que ao admitir as soluções possíveis das equações de Einstein para uma massa variável com o tempo, a necessidade de um espaço curvo é descartada, alterando completamente a interpretação corrente da relatividade geral! Sem violar o que foi conseguido por Einstein, o universo passa a ser outro. Quanto ao ruído de fundo, Arp trabalha com outras interpretações, indicando inclusive que sua grande uniformidade é uma forte evidência de um universo que não se expande, sendo simplesmente a temperatura do meio intergaláctico, como já sugeriram Max Born e Arthur Eddington, inclusive através de cálculos que chegam muito próximos dos 2,7K atualmente medidos para a radiação de fundo (Arp, 2001).
Porque estas idéias não são conhecidas mesmo por pessoas ligadas à ciência e sua divulgação? Segundo Arp, “O jornalismo investigativo no que diz respeito à ciência está claramente morto na fonte. A imprensa geralmente toma o caminho fácil de publicar e de opinar a partir das fontes autorizadas. Nenhum trabalho árduo é feito para checar fatos e conflitos de interesse” (Arp, 2001, pg. 383).
Quanto aos periódicos especializados, parece haver muito mais em jogo do que a mera publicação de resultados. Arp relata vários casos de recusa, por parte dos editores, em publicar qualquer artigo seu que se referisse à refutação do desvio para o vermelho como sendo por efeito Doppler e sobre as ejeções das galáxias. Talvez isto seja só uma conseqüência de suas teorias não terem base o suficiente para uma defesa acadêmica, mas por isso mesmo elas deveriam ser mais conhecidas, para uma melhor argumentação a respeito.



Referências Bibliográficas

ARP, Halton. O Universo Vermelho. São Paulo: Perspectiva, 2001.
SILK, Joseph. O Big Bang: a origem do universo. Brasília: Universidade de Brasília, 1988.
SMOOT, George F. Cosmic Microwave Background Radiation Anisotropies: Their Discovery and Utilization. Nobel Lecture, december 8, 2006.
SMOOT, George F. & DAVIDSON, K. Dobras no tempo. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.
docdeoz escreveu:
"Você vai apertando a "coisa" e encontra um livro- "Variedades da Experiência Científica" que que CARL SAGAN afirma que há evidências de uma entidade chamada DEUS...
PASMEM!"

CADÊ O TRECHO? EM QUÊ PÁGINA? DE QUAL EDIÇÃO? EM QUAL CONTEXTO? SUA HONESTIDADE INTELECTUAL É IGUAL A UMA TEMPERATURA DE - 274 GRAUS CENTÍGRADOS, NÃO É MESMO?

Trancado