Religião é Veneno

Segundo os Espíritos, Marte é um planeta inferior à Terra. Seus habitantes têm forma humana primitiva. A terra é árida com pouca vegetação. Os animais são mais selvagens. O vento curva as árvores até o solo. Em 1997 a sonda Mars Pathfinder, da NASA, pousou no planeta vermelho e dela desceu um robozinho. A fotografia que ele enviou revelou uma paisagem desolada e sem vida. Afinal, onde estariam os marcianos?

Por Paulo Henrique de Figueiredo

Antes da corrida espacial, cientistas criavam teorias e discutiam indícios sobre a vida em outros planetas. O melhor candidato sempre foi Marte.
Por séculos a Igreja impôs a crença na exclusividade de vida na Terra, considerada o centro do Universo. Giordano Bruno (1548-1600) pagou caro por alegar a existência de vida em outros planetas – o filósofo chegou, inclusive, a afirmar a necessidade de um Cristo em cada um deles! Foi demais para a intolerância da Inquisição; a fogueira consumiu o jovem filósofo. Mas no século 19 a suposição de planetas habitados estava aceita e difundida. Com potentes telescópios, os astrônomos, ao detectarem linhas retas cruzando a superfície de Marte, imaginaram rodovias ou canais de irrigação. Além disso, os cientistas conheciam alterações de cores na superfície marciana, para eles, altos e baixos na extensão da vegetação em função do clima quente ou frio. A imprensa e a literatura aproveitaram ao máximo a polêmica. Livros, revistas e rádio especulavam a existência de marcianos e histórias de invasão alienígena começaram a alarmar o público, como A Guerra dos Mundos de H. G. Wells.
Toda essa expectativa, porém, levou um balde de água fria quando, em julho de 1965, a sonda espacial Mariner IV enviou cerca de 20 fotografias de Marte tiradas do alto. Na superfície desolada do planeta viam-se crateras, montanhas e vulcões vermelhos e nada mais. Os canais poderiam ser vestígios de rios existentes no passado, mas ainda hoje é especulação. Quanto à vida, nem uma mísera bactéria para contar história. O sonho de encontrar marcianos – ou pesadelo, no caso de um possível ataque – estava acabado.

Um frio insuportável
Onze anos depois, em julho e setembro de 1976, as sondas Viking 1 e 2 finalmente pousaram na superfície de Marte. De acordo com biólogos da missão, o ambiente do planeta é impróprio para a vida e afirmam ainda mais: é hostil a ela. A combinação de uma alta radiação ultravioleta vinda do Sol – sem uma atmosfera que a filtre, como ocorre na Terra –, um solo completamente seco e uma química oxidante tornam impossível a formação de microorganismos equivalentes aos que se desenvolveram por aqui. Em 1997 a sonda Mars Pathfinder, da NASA, pousou em Marte e dela desceu um robozinho para estudar as rochas. A fotografia que abre esta matéria foi tirada por ele. Atualmente, a nave Mars Global Surveyor está na órbita do planeta e outras três – uma japonesa, Nazomi – estão a caminho.
Veja só: para quem desejar passar umas férias por lá é aconselhado levar grossos agasalhos. A temperatura média é de 63 graus negativos! O serviço meteorológico marciano ainda informa que a máxima fica em 20 graus e a mínima pode atingir 140 graus abaixo de zero. E não se espere grandes atrativos turísticos. Enormes planícies e vales vermelhos formam uma monótona e solitária paisagem registrada pelas sondas. Podem-se ver algumas nuvens muito altas e esparsas cobrindo os mais elevados vulcões, leve neblina ocasional nos vales e uma fina camada congelada sobre o solo durante o inverno. E é só.
Até 1965, os cientistas discutiam teorias sobre vida semelhante à humana em outros planetas, agora esse debate restringe-se à possibilidade de vida microscópica. Por volta de 2020, pesquisadores europeus da ESA (agência espacial européia) pretendem enviar equipamentos espaciais a Júpiter e à Europa, uma de suas 14 luas, em busca de vida. Essa lua tem a superfície coberta por uma camada perpétua de gelo. Pode haver vida microscópica debaixo dela, afirma o diretor do Instituto de Investigações Cósmicas da Academia de Ciências Russa, Lev Zelioniy. “Debaixo de uma grossa crosta de gelo foi descoberto um oceano de água em estado líquido. Onde há água, pode haver germinado a vida. Deste ponto de vista, o satélite Europa é, talvez, o lugar mais curioso do nosso sistema solar, depois de Marte”, explicou ele...

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Quando a sonda espacial Viking alcançou o solo de Marte, seus meios de observação não alcançaram os estados de vibração da matéria de seus habitantes. Nenhum instrumento da Terra poderá fazê-lo. Se algum dia um astronauta em Marte ele vai conhecer a paisagem desse orbe na dimensão de seu corpo, e vai encontrar apenas minério vermelho. Toda a flora, fauna e humanos marcianos estão vivendo numa outra dimensão física