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Kant

Enviado: 12 Jan 2006, 13:13
por Sky
Decidi começar a ler a "Critica da razão Pura" de Kant. Vai ser duro e gostaria de pedir conselho aos mais sabidos para enfrentar melhor o calhamaço...

Enviado: 12 Jan 2006, 16:26
por First Knight
'Crítica da Razão Pura' de Immanuel Kant, foi um livro que marcou época. Publicado em 1781, quando o filósofo já tinha 75 anos, já como catedrático.

Reza a lenda que o filósofo berlinense Moses Mendelssohn, irritado com as frases difíceis de Kant, teria deixado de lado o livro, que fora publicado 6 meses depois, o que provou que foi Mendelssohn que não tinha compreendido bem a obra.

Sinceramente, Kant não é assunto para leigos, o seu 'alemão bruto' sempre assustou novos leitores, além de irritar tradutores por todo o mundo.

A obra tem implicações para a metafísica, a epistemologia e a ética e, foi chamado, por nada mais nada menos que Arthur Schopenhauer de 'o livro mais importante escrito na Europa'. Kant modernizou a Europa laicista.

Sua filosofia procura resposta para três questões: O que eu posso saber? O que eu devo fazer? E o que eu posso esperar?. A cada uma ele dedicou um livro: Crítica da Razão Pura, Crítica da Razão Prática e Crítica da Faculdade de Julgar, embora a questão da esperança também seja tratada em seus escritos sobre história e religião.

Só se chega ao conhecimento através da análise crítica, que brota da própria razão. Isso inverte a concepção de que objetos externos poderiam ser percebidos como tal. O conhecimento, para Kant, não é mero reflexo dos objetos, ele parte do sujeito, da mente humana que produz a imagem das coisas e as organiza para explicar o universo.

Com isso, Kant criou a base para o "idealismo alemão", o ápice da filosofia alemã, com seus expoentes J.G. Fichte, F.W.J. von Schelling e G.W.F. Hegel. Em sua análise, Kant chega também aos limites do conhecimento. Só conhecemos o mundo refratado através dos quadros subjetivos do espaço e do tempo. Ou seja, só conhecemos os fenômenos e não as coisas em si.
Como agir, a razão prática

Em Crítica da Razão Prática, o filósofo indica como agir corretamente: "Age de maneira tal que a máxima de tua ação sempre possa valer como princípio de uma lei universal." Assim ele definiu o seu "imperativo categórico", a norma kantiana de comportamento.

O ser humano só age com autodeterminação se é guiado pela moral e a razão, e não pelos instintos, os sentidos, as necessidades ou inclinações. A liberdade, que para ele era a base da moral, não significa a queda de todas as barreiras, mas sim a obediência à regra moral ditada pela própria consciência.

Quem ajuda os amigos, age conforme a moral. Mas aquele que ajuda exclusivamente seus amigos, ficando indiferente às dificuldades dos demais, fere a moral. Daí deriva uma responsabilidade social que não faria mal recordar na era da globalização.
Em seus textos filosóficos sobre história e política, em parte inspirados na Revolução Francesa (1789), Kant aborda a esperança em relação à liberdade exterior e ao Direito. A discussão em torno da legitimidade da guerra do Iraque demonstra a atualidade de seu livro Ensaio Filosófico sobre a Paz Perpétua, de 1795:

"Nenhum Estado deve se imiscuir por meio da violência na constituição e no governo de outro Estado", escreveu o filósofo de Königsberg. Kant prega a divisão de poderes, uma base legal de convivência entre os povos e uma liga mundial de nações em prol da paz — ideais que só se concretizaram plenamente no século 20, com a criação das Nações Unidas.

A importância de Kant, contudo, reside em haver mudado radicalmente os conceitos e as perspectivas da filosofia. Como tal, pode ser considerado o maior filósofo alemão do Iluminismo (Aufklärung) europeu. Kant seguiu fielmente sua própria máxima: "Tenha coragem de usar sua própria razão." Ao apontar os limites da razão pura, elevou o pensamento a um nível superior, de clareza e reflexão.

Kant morreu no dia 12 de fevereiro de 1804 em Königsberg, aos 79 anos.

Rodrigo

Re.: Kant

Enviado: 12 Jan 2006, 16:29
por Sky
:emoticon45:

Re: Kant

Enviado: 12 Jan 2006, 20:58
por Dante, the Wicked
Sky escreveu:Decidi começar a ler a "Critica da razão Pura" de Kant. Vai ser duro e gostaria de pedir conselho aos mais sabidos para enfrentar melhor o calhamaço...


Previamente se informe sobre a nomenclatura kantiana, ou você não conseguirá entender coisa alguma quando ele começar a falar de "juízos sintéticos a priori" ou de "imperativo categórico". Se você estiver lendo a edição de "Os Pensadores, então há estes esclarecimentos no começo do livro.

Enviado: 12 Jan 2006, 21:04
por salgueiro

É o Mighell, Dante

Bjs


Re: Kant

Enviado: 12 Jan 2006, 23:07
por Fabricio Fleck
Dante, the Wicked escreveu:Previamente se informe sobre a nomenclatura kantiana, ou você não conseguirá entender coisa alguma quando ele começar a falar de "juízos sintéticos a priori" ou de "imperativo categórico".


Ler Crítica da Razão Pura é f*!! Principalmente para leigos como eu... Existe algum "dicionárioa kantiano" a venda Dante?

Re: Kant

Enviado: 12 Jan 2006, 23:09
por Fabricio Fleck
Dante, the Wicked escreveu:Previamente se informe sobre a nomenclatura kantiana, ou você não conseguirá entender coisa alguma quando ele começar a falar de "juízos sintéticos a priori" ou de "imperativo categórico".


Ler Crítica da Razão Pura é f*!! Principalmente para leigos como eu... Existe algum "dicionárioa kantiano" a venda Dante?

Re: Kant

Enviado: 13 Jan 2006, 01:23
por Dante, the Wicked
Fabricio Fleck escreveu:
Dante, the Wicked escreveu:Previamente se informe sobre a nomenclatura kantiana, ou você não conseguirá entender coisa alguma quando ele começar a falar de "juízos sintéticos a priori" ou de "imperativo categórico".


Ler Crítica da Razão Pura é f*!! Principalmente para leigos como eu... Existe algum "dicionárioa kantiano" a venda Dante?


Afirmativo! E em Português.

Re.: Kant

Enviado: 13 Jan 2006, 08:28
por aknatom
Depois de 3 tentativas fui pedir conselho a meu tio, formado em filosofia. Ele me deu uma dica preciosa, que ainda não criei coragem para por em prática: Não comece do começo. parece bobagem, mas não é do começo que se inicia a leitura. A primeira parte é uma síntese do todo, então precisa ler o resto para depois compreender.

Enviado: 13 Jan 2006, 08:42
por Flavio Costa
salgueiro escreveu:
É o Mighell, Dante

Bjs

O Miguel também tem direito de ler Kant...

Re.: Kant

Enviado: 13 Jan 2006, 12:24
por Sky
Pois tenho.
E para começar já estou cético. Logo no inicio Kant diz que há dois tipos de Juizos a priori; os puros (sem qualquer contaminação empirica) e os não puros (porque são juizos mais que óbvios mas que dependem de experiência prévia.Ele dá o exemplo das fundações de uma casa: é óbvio que se a fundações ruirem toda a casa cai. Este juizo é a priori. Não precisamos de provar que a casa vai cair se não tiver fundações. Mas para sabermos isto, temos de aprender antes que há uma coisa chamada gravidade que puxa coisas com peso para baixo).
Depois dá a definição do Juizo puro, mas é definição. Em última análise... podemos ter mesmo a certeza absoluta que qualquer juizo a priori não precisa de uma contaminação empirica (e será esta certeza a priori ou a posteriori?)? Mesmo as verdades matemáticas? Não percebi bulhufas da demonstração dele. Ele é tão formal e picuinhas... :emoticon11:

Depois ele parece estasiado ao dizer que estudar o conhecimento puro é a melhor coisa do mundo (melhor que o estudo do mundo fenomenológico). De repente percebi porque Kant morreu virgem... :emoticon12:

Re.: Kant

Enviado: 13 Jan 2006, 12:27
por Sky
Ó desespero. acho que não aguento.

Re.: Kant

Enviado: 13 Jan 2006, 12:43
por First Knight
[tecla 'o pensador' on]
Prezado Miguel.
Espistemologicamente falando, a priori...
[tecla 'o pensador' off]

Re.: Kant

Enviado: 13 Jan 2006, 13:03
por Sky
Será que o Pensador é a reencarnação do Kant?

Enviado: 13 Jan 2006, 13:19
por salgueiro
Flavio Costa escreveu:
salgueiro escreveu:
É o Mighell, Dante

Bjs

O Miguel também tem direito de ler Kant...



Lógico que tem, só estava mostrando pro Dante, que estávamos falando, do português de Portugal :emoticon16:

Bjs


Re: Re.: Kant

Enviado: 13 Jan 2006, 22:37
por FredLC
Sky escreveu:Pois tenho.
E para começar já estou cético. Logo no inicio Kant diz que há dois tipos de Juizos a priori; os puros (sem qualquer contaminação empirica) e os não puros (porque são juizos mais que óbvios mas que dependem de experiência prévia.Ele dá o exemplo das fundações de uma casa: é óbvio que se a fundações ruirem toda a casa cai. Este juizo é a priori. Não precisamos de provar que a casa vai cair se não tiver fundações. Mas para sabermos isto, temos de aprender antes que há uma coisa chamada gravidade que puxa coisas com peso para baixo).
Depois dá a definição do Juizo puro, mas é definição. Em última análise... podemos ter mesmo a certeza absoluta que qualquer juizo a priori não precisa de uma contaminação empirica (e será esta certeza a priori ou a posteriori?)? Mesmo as verdades matemáticas? Não percebi bulhufas da demonstração dele. Ele é tão formal e picuinhas... :emoticon11:

Depois ele parece estasiado ao dizer que estudar o conhecimento puro é a melhor coisa do mundo (melhor que o estudo do mundo fenomenológico). De repente percebi porque Kant morreu virgem... :emoticon12:


Eu lembro que uma demonstração de Kant de juízos apriorísticos era o conceito de vazio; sendo um nada, não se pode sentir o "vazio", estando, portanto, além da experimentação ou do empirismo. Vazio, então, é um conceito "puro".

A "super-valorização" dos conceitos puros tampoco é, ao contrário do que pensam muitos desavisados, um convite para viajar na maionese. Ocorre que Kant compreende que a experimentação é limitada por excelência (eis que nossa capacidade experimental é insatisfatória). Portanto, Kant autoriza a utilização de conceitos puros como "nortes", que podem ser desprovados por experimentação. Basicamente, contar apenas com os sentidos é castrante, mas viajar nas idéias é enganador - cada aproximação, por si só, é uma não-utilidade (ou utilidade negativa), mas, somadas, formam utilidades positivas, pois a inspiração orienta sobre o que pesquisar, e a experimentação informa qual inspiração rende frutos.

Na metafísica kantiana, e sofrendo forte influência de Hume, a experimentação peca pelo problema da indução, ou seja, a incapacidade de demonstrar "aprioristicamente" ou "analiticamente" que as mesmas condições necessariamente gerarão o mesmo resultado, problema que restaria insolúvel até a falseabilidade de Karl Popper já no século XX.

T+ :emoticon1:.

Re: Kant

Enviado: 19 Jan 2006, 20:01
por Fabricio Fleck
Dante, the Wicked escreveu:
Fabricio Fleck escreveu:
Dante, the Wicked escreveu:Previamente se informe sobre a nomenclatura kantiana, ou você não conseguirá entender coisa alguma quando ele começar a falar de "juízos sintéticos a priori" ou de "imperativo categórico".


Ler Crítica da Razão Pura é f*!! Principalmente para leigos como eu... Existe algum "dicionárioa kantiano" a venda Dante?


Afirmativo! E em Português.


E você poderia dizer o nome e a editora :emoticon1:
Eu pesquisei e não achei :emoticon11:

Re: Kant

Enviado: 19 Jan 2006, 20:04
por Dante, the Wicked
Fabricio Fleck escreveu:
Dante, the Wicked escreveu:
Fabricio Fleck escreveu:
Dante, the Wicked escreveu:Previamente se informe sobre a nomenclatura kantiana, ou você não conseguirá entender coisa alguma quando ele começar a falar de "juízos sintéticos a priori" ou de "imperativo categórico".


Ler Crítica da Razão Pura é f*!! Principalmente para leigos como eu... Existe algum "dicionárioa kantiano" a venda Dante?


Afirmativo! E em Português.


E você poderia dizer o nome e a editora :emoticon1:
Eu pesquisei e não achei :emoticon11:


Não, cara. Só lembro que alguns colegas meus estavam sempre com este livro de baixo do braço quando fomos estudar Kant.