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Um trecho:
1.1.4.1. – O ambiente primitivo
Sabe-se que a atmosfera da Terra e as condições ambientais que nela reinam hoje são completamente distintas daquelas que imperavam há cerca de 4,6 bilhões de anos, quando ocorreu a condensação do sistema solar a partir de uma nuvem de gases e poeiras.
As condições então reinantes, ainda que muito diferentes das atuais, satisfaziam, em princípio, os requisitos para o desenvolvimento de formas vivas. Em primeiro lugar, a Terra localizava-se próximo de uma fonte de energia, o Sol. Em segundo lugar, dos nove principais planetas em órbita solar, era a massa terrestre a que se não encontrava tão perto dele que os seus elementos constituintes lhe fossem arrebatados sob a forma de gases, ou liquefeitos em rocha fundida. Também não era tão grande a distância, que os seus gases congelassem, tal como atualmente sucede em Titã, a maior lua de Saturno. A água é líquida na Terra, mas não em Mercúrio, onde foi toda evaporada para o espaço, ou em Júpiter, onde ocorre sob a forma de gelo. Por fim, a Terra era um corpo suficientemente grande para conservar a atmosfera, possibilitando o ciclo fluido dos elementos, mas não tanto que a sua gravidade mantivesse uma atmosfera demasiado densa, impeditiva da passagem dos raios solares.
A origem da vida na Terra ou a sua inoculação por seres extraterrestres terá ocorrido no período entre 3,9 e 2,5 bilhões de anos, conhecido por período Arqueano. Com efeito, os registros fósseis mais recuados que se conhecem datam de há 3,5 bilhões de anos.
Qual seria a conformação da Terra e a composição da sua atmosfera, nesse período? Eis a primeira questão à qual importa responder, para se conhecer o cenário em que se terão desenrolado os fenômenos subjacentes ao aparecimento da vida.
A Terra estava ainda em fase de arrefecimento. A crosta terrestre era necessariamente frágil e os fenômenos de vulcanismo, freqüentes. Freqüente era também o bombardeamento por diversos corpos celestes, cometas e meteoritos. Com o arrefecimento da Terra, parte da água trazida à superfície pelas erupções vulcânicas e pela desgaseificação de minerais condensou-se e formou os mares primitivos (a hidrosfera). Outra parte, conjuntamente com os gases, foi conferindo à atmosfera uma composição diferente. A par do azoto (N3) e do vapor de água (H2O), o metano (CH4) e o dióxido de carbono (CO2) eram abundantes. Menos abundantes seriam o monóxido de carbono (CO), o amoníaco (NH3) e o sulfureto de hidrogênio (H2S). O oxigênio, tão importante na atmosfera atual, estava quase completamente ausente.
1.1.4.2. – As cinco etapas da biogênese
Foi neste contexto que se terá processado a biogênese, ou a formação da vida na Terra. É habitual considerar, neste processo, cinco etapas:
1) A formação de uma atmosfera gasosa contendo as substâncias elementares para a formação da matéria orgânica (já referida);
2) a síntese dos monômeros biológicos, como os aminoácidos, os açúcares ou as bases azotadas;
3) a polimerização destes monômeros e a formação das proteínas primitivas e das cadeias de ácidos nucléicos;
4) a individualização de micro-gotas com uma identidade física e rudimentares faculdades metabólicas;
5) o desenvolvimento de um mecanismo de reprodução que garantisse a transmissão aos descendentes das capacidades químicas e metabólicas das entidades parentais.