MSM entrevista Ubiratan Iorio - Parte I

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Liquid Snake
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MSM entrevista Ubiratan Iorio - Parte I

Mensagem por Liquid Snake »

por Editoria MSM em 12 de janeiro de 2006

Resumo: Nesta primeira parte de sua entrevista ao MSM, Ubiratan Iorio fala sobre economia e eleições, e alerta: se queremos dar uma lição de democracia nas próximas eleições, então devemos anular o voto.

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MSM: Profº. Ubiratan Iorio, é um prazer recebê-lo!

Iorio: Creia que para mim também é uma alegria poder colaborar com o MSM, marco da mídia efetivamente independente nesta terra em que os meios de comunicação estão contaminados pela desinformação preconcebida.

MSM: Comecemos tentando entender um problema que todos, desde o alto executivo até o cobrador de ônibus, já ouviram falar: os juros altos. O senhor poderia nos explicar por que as taxas de juros são tão altas no Brasil?

Iorio: Bem, os juros no Brasil não são os maiores do mundo porque a diretoria do nosso Banco Central é a mais malvada do mundo. Eles são altos porque o nosso Estado está obeso, inchado, superdimensionado e, sendo assim, tem necessidades de financiamento imensas. As NFSP (necessidades de financiamento do setor público), também denominadas de déficit nominal representam a soma algébrica de nosso atual superávit primário (excesso de receitas correntes sobre gastos correntes do Estado) com os juros que o Estado paga dentro e fora do país. Atualmente, essa soma algébrica é negativa, em torno de 3% do PIB, o que significa que temos um déficit nominal de 3% do PIB, que deve ser obrigatoriamente financiado ou coberto por quatro alternativas: mais impostos, mais moeda em poder dos agentes econômicos, mais dívida interna e mais dívida externa. Repare que isto não é nenhuma "teoria" econômica, seja de Chicago, da Fundação Getulio Vargas ou de qualquer outra universidade. Isto é contabilidade, é aritmética simples, ou seja, tem que fechar.

Ora, como o Brasil resolveu acertadamente dizer um não definitivo à inflação, não pode perder o controle sobre a oferta de moeda; como a carga tributária já está entre as mais elevadas do mundo, não há como financiar as NFSP com mais impostos; e, como o recurso à dívida externa não cabe no mundo de hoje, resta a alternativa de financiar o déficit nominal com mais endividamento interno, o que significa que o Banco Central deve vender mior quantidade de títulos públicos aos bancos. Ao fazê-lo seguidamente, o risco desses papéis aumenta, o que significa que a taxa de juros que os baliza, a Selic, deve subir.

Em um modelo de "metas de inflação", o Banco Central usa a taxa Selic como variável instrumental para manter a inflação anual dentro de um certo intervalo. Bem, como, apesar de termos um superávit primário, o resultado final (NFSP) das contas públicas é deficitário e mais, como, no governo do PT, o Estado nada tem feito a não ser inchar, o que prejudica o equilíbrio intertemporal (de longo prazo) das contas públicas, a taxa Selic necessária para manter a inflação dentro da meta é muito superior à que seria necessária sob concições normais, em que as reformas do Estado tivessem sido feitas. É isto o que poucos entendem.

Fala-se muito em um "super-aperto", em um "famigerado" superávit nominal. Simplesmente, não houve super-aperto porque a inflação em 2005, embora vá ficar dentro da meta pré-estabelecida, vai ser superior ao centro da meta que é de 4,5%.

Para que a taxa de juros caia de forma consistente, só há uma saída, que é a das reformas do Estado. Precisamos de um Estado 1.0 e não deste caminhão devorador de gasolina que é o Estado brasileiro.

MSM: Nos últimos anos, o Estado vendeu diversas empresas estatais. O governo petista alega estar contendo despesas e racionalizando gastos. Por que essas medidas não refletiram no déficit nominal e, por conseguinte, nos juros?

Iorio: Na verdade, o PT só fez aumentar o número de empresas estatais. Em 36 meses de governo, criou nada menos do que 34 desses dinossauros. Além disso, ressuscitou velhos fantasmas devoradores de orçamentos e dos nossos tributos, como a Sudene, por exemplo. Todo o esforço que o governo anterior fez (apesar de mal feito), o PT vem pondo por água abaixo. Além disso, contratou legiões de "companheiros" para engrossar o exército de funcionários públicos. Isto significa gastos permanentes em expansão, necessidades de financiamento maiores no futuro e... taxas de juros altas (ou descontrole da inflação).

MSM: O senhor falou em reformar o Estado. O que significa isso, trocando em miúdos?

Iorio: Resumindo, reformar o Estado significa colocá-lo a serviço dos cidadãos, o oposto do que ocorre hoje, o Estado servindo-se de nós e quase nada nos dando em troca. Significa privatizar as estatais, começando pelo IRB, pelos Correios, pela Caixa, pelo Banco do Brasil, pela Petrossauro e por todas as demais. Significa fazer uma reforma tributária, previdenciária e trabalhista profunda, reduzindo o número de tributos e das alíquotas, acabando com a compulsoriedade dos descontos para a previdência estatal falida, embora bem paga, estimulando a competição entre os fundos de previdência, abolindo encargos sobre a mão-de-obra que remontam a Benito Mussolini e que são responsáveis por boa parte do desemprego. Significa, também, dar um golpe mortal na incrível burocracia, que faz com que sejam necessários, em média, 152 dias para se obter autorização para a abertura de uma empresa e 10 anos para fechá-la. Significa reduzir o número fantástico de 5.562 municípios, cujo somatório em termos de gastos é insustentável; significa, por fim, adotar-se um modelo de federalismo pleno.

MSM: E por que uma reforma dessas não é proposta pelos economistas consagrados pels mídia? José Paulo Kupfer, Miriam Leitão, Carlos Alberto Sardenberg, Salette Lemos e mesmo aqueles mais adeptos a idéias liberais, como Eduardo Gianetti?

Iorio: Desses citados, tenho visto apenas o Gianetti propor reformas como as que listei. Os demais seguem a tendência geral arraigada de olhar apenas para o curto prazo, efeito das idéias keynesianas que, aqui no Brasil, encontraram um ambiente propício para se fortalecerem. Em nosso país, infelizmente, mais do que 30 dias já é "longo prazo" e esta é uma das causas de nosso atraso.

MSM: Então posso concluir que o senhor está pessimista quanto ao futuro da economia brasileira? Se ninguém percebe o problema, quando a luz no fim do túnel vai surgir? Quando o Brasil voltará a desenvolver-se economicamente?

Iorio: Infelizmente, sua conclusão está correta. Não se trata, contudo, de ser pessimista, apenas de ser realista. Só ingressaremos no clube dos ricos quando eliminarmos o ranço "esquerdopata" que nos contaminou o que, penso, não ocorrerá tão cedo.

MSM: Agora, a pergunta de 1 milhão de dólares: como eliminar esse ranço?

Iorio: É mesmo uma pergunta de 1 milhão de US$... Difícil responder. É claro que tudo deve partir de um resgate dos valores morais que a sociedade foi progressivamente abandonando, acompanhado de uma ênfase na EDUCAÇÃO. Mas aí é que as coisas se complicam porque os valores morais são diariamente torpedeados pela desinformação e a educação está, em todos os níveis, nas mãos dos adoradores de Gramsci. Penso, contudo, que, se cada um de nós fizer o dever de casa, na cátedra, no escritório, na mídia, entre os amigos, etc., poderemos acelerar um pouco o fim da diátese esquerdista em que se consome o Brasil.

MSM: O senhor é presidente executivo do CIEEP. Explique-nos o que é o CIEEP, como atua e qual sua relação com esse "resgate dos valores morais".

Iorio: O CENTRO INTERDISCIPLINAR DE ÉTICA E ECONOMIA PERSONALISTA (CIEEP) é uma organização não governamental sem fins lucrativos, fundada em 1º de julho de 2002, no Rio de Janeiro, por intelectuais de diferentes áreas do conhecimento e oriundos de diversas partes do Brasil. Num mundo dominado por uma visão materialista e desumanizadora, onde as possíveis soluções para os graves problemas sociais são atribuídas apenas ao Estado ou ao Mercado, a preocupação central dos fundadores do CIEEP é romper com tal dualismo, demonstrando que a vida humana requer uma nova dinâmica relacional entre Estado, Sociedade e Mercado. Para o CIEEP, a Sociedade é bem mais complexa do que os esquemas ideológicos; é composta de comunidades e famílias, homens e mulheres de várias classes sociais e níveis culturais que interagem espontaneamente. Em última análise, é feita por cada pessoa que, com seus méritos e talentos, colabora para construção de uma sociedade livre, responsável e virtuosa. Para tornar possível a reflexão sobre a problemática humana num mundo sem fronteiras tecnológicas e geográficas, os membros do CIEEP decidiram por estabelecer um programa cultural e pedagógico capaz de permitir às pessoas descobrir quais valores modelaram, e ainda modelam, a identidade espiritual e cultural da civilização ocidental e a repensar de forma crítica qual o papel da pessoa humana nos novos tempos globalizados. O trabalho do CIEEP consiste em desenvolver um diálogo com os vários campos do conhecimento, além de introduzir a noção de Economia Personalista. Nessa perspectiva, a interdisciplinariedade é fundamental, pois permite ao ser humano encontrar possibilidades que vão além de si mesmo e das aparentes circunstâncias do meio ambiente, via o conhecimento legado pela filosofia, teologia, psicologia, literatura, música, artes plásticas, antropologia, história, sociologia, ciência política, direito e economia, dentre outros campos do saber. O CIEEP pretende participar de forma prática e concreta da construção de um país democrático, próspero e justo, constituído de cidadãos livres, responsáveis e virtuosos. Para isso pretende estabelecer parcerias de sucesso nos meios empresarial, cultural, acadêmico e religioso na realização de eventos, publicações e políticas públicas que tenham como fim último a valorização da dignidade de cada pessoa humana e a busca da verdade. O CIEEP acredita no surgimento de um mundo mais humano, economicamente mais próspero e socialmente mais justo para as novas gerações.

MSM: Ano que vem teremos eleições. Há algum presidenciável em quem o senhor recomendaria publicamente o voto?

Iorio: Vou declarar algo que poderá chocar a muitos. Creio que a maior manifestação de democracia que um liberal brasileiro pode dar, já que todos os presidenciáveis são de esquerda, é anular o seu voto, uma vez que o mesmo é obrigatório.

MSM: Mas pregar a anulação do voto não é uma pregação contra a democracia?

Iorio: A democracia brasileira é incipiente, imatura e nossas instituições precisam ser aperfeiçoadas depressa. Quando tivermos, entre outras necessidades urgentes, partidos programáticos, efetiva independência entre os três poderes, federalismo, abolição da propaganda gratuita e, claro, o fim da obrigatoriedade do voto, aí, sim, concordo com a afirmativa de que anular o voto poderia ser uma atitude anti-democrática. Mas, sob condições atuais, anular o voto é simplesmente dizer que não queremos mais votar em Fulano para que Beltrano não entre. Entre um grupo apenas com candidatos esquerdistas, nenhum merece o meu voto, por isso, penso ser democrático anulá-lo.

MSM: Ok, mas em vez de anular o voto, por que não votar no menos pior, a fim de afastar da presidência o pior de todos? Por exemplo, um candidato tucano-pefelista, embora esquerdista, não é preferível em relação a um petista ou coisa pior?

Iorio: A questão é que os liberais brasileiros já vêm adotando este procedimento há bastante tempo. E nossos partidos, verdadeiros sacos de gatos, não merecem a confiança do eleitor. É claro que o PT é bem pior do que o PSDB e o PFL, mas, mesmo assim, não creio que poderiam colocar o país nos trilhos.

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4484
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"O Brasil me parece ser o único País do mundo onde ser de esquerda ainda dá uma conotação de prestígio." (Roberto Campos, 1993)

"How do you tell a Communist? Well, it's someone who reads Marx and Lenin. And how do you tell an anti-Communist? It's someone who understands Marx and Lenin." - Ronald Reagan

No Brasil, os notáveis o são pela estupidez.

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Aurelio Moraes
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Re.: MSM entrevista Ubiratan Iorio - Parte I

Mensagem por Aurelio Moraes »

УБИТ АВТОР ПЕСНИ "КСЮША - ЮБОЧКА ИЗ ПЛЮША"
• Александр Степанов 15:11 12.01.06

В Саратове в новогодние выходные убит известный поэт-песенник Юрий Дружков, автор текстов к хитам начала 90-х - "Бухгалтер", "Ксюша - юбочка из плюша" и "Леха, мне без тебя так плохо". Зарезал Дружкова 27-летний приятель, также поэт, только начинающий, в банальной пьяной драке. Орудия убийства - кухонный нож и утюг, которым подозреваемый ударил Дружкова по голове, - изъяты с места преступления. Сам начинающий поэт, протрезвев, дал признательные показания и активно сотрудничает со следствием, ему предъявлено обвинение по статье 105 часть 1 УК (умышленное убийство).

- 5 января в нашу прокуратуру поступило сообщение об обнаружении трупа 47-летнего Юрия Дружкова, - рассказал "Известиям" старший следователь прокуратуры Октябрьского района Саратова Константин Беликов. - На место происшествия выехала следственно-оперативная группа, которая и обнаружила в квартире тело поэта с колото-резаными ранениями шеи. По горячим следам оперативники задержали подозреваемого в совершении преступления. Это 27-летний парень, который несколько лет был знаком с Дружковым. Их знакомство было достаточно случайным и общение строилось на фоне того, что Дружков был уже признанным поэтом-песенником, знакомым со многими звездами, а молодой человек тоже увлекался поэзией и, общаясь с Дружковым, считал, что тот может что-то посоветовать, а возможно, и порекомендовать его кому-либо из звезд, дать, что называется, путевку в жизнь.

4 января под вечер подозреваемый пришел к Дружкову в гости. Оба поэта решили выпить и, по всей видимости, увлеклись этим процессом. Во время алкогольных возлияний между приятелями возникла ссора, как следует из протокола, "на почве внезапно возникших личных неприязненных отношений". Начинающий поэт схватил утюг и ударил Дружкова по голове, затем кухонным ножом ударил его в шею, после чего убежал из квартиры.

- На следующий день он снова пришел к Дружкову на квартиру и обнаружил, что тот мертв, - рассказывает Константин Беликов, который возглавляет следственную группу по этому уголовному делу. - Видимо, он этого он совсем не ожидал. Подозреваемый, побоявшись звонить в милицию, сообщил в пожарную охрану о том, что в квартире Дружкова пожар. Прибывший на место происшествия пожарный расчет очагов возгорания не обнаружил, зато обнаружил тело поэта-песенника, лежащего на диване с раной на горле.

Следователи не считают, что убийство некогда востребованного нашей эстрадой поэта носит какой-то скрытый подтекст. Они убеждены, что это обыкновенное бытовое преступление на почве алкогольного опьянения, на милицейском жаргоне "бытовуха". Дружков последнее время нигде не работал, источником доходов для него являлись выплаты за использование текстов его песен, однако приходили они крайне редко и составляли не боле 10 тысяч рублей. Он был склонен к употреблению спиртных напитков и собирал у себя дома таких же любителей, однако соседи рассказывают, что никаких беспокойств эти компании им не доставляли, а Дружкова характеризовали как общительного человека.

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Poindexter
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Registrado em: 18 Nov 2005, 12:59

Re.: MSM entrevista Ubiratan Iorio - Parte I

Mensagem por Poindexter »

Texto muito interessante, Liquid Snake!

Pena que alguns prefiram responder de forma desdenhosa...
Si Pelé es rey, Maradona es D10S.

Ciertas cosas no tienen precio.

¿Dónde está el Hexa?

Retrato não romantizado sobre o Comun*smo no século XX.

A child, not a choice.

Quem Henry por último Henry melhor.

O grito liberalista em favor da prostituição já chegou à este fórum.

Lamentável...

O que vem de baixo, além de não me atingir, reforça ainda mais as minhas idéias.

The Only Difference Between Suicide And Martyrdom Is Press Coverage

Trancado