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Vários textos de Luis Nassif sobre a revista Veja

Enviado: 29 Fev 2008, 15:21
por zumbi filosófico
Índice de textos:



Momentos de catarse e a mídia

A mudança de comando

A guerra das cervejas

O caso André Esteves

O caso COC

Primeiros ataques a Dantas

Assassinatos de reputação

O quarteto de Veja

Os primeiros serviços

O caso Edson Vidigal

O dossiê falso

O bookmark de Mainardi

Lula, meu álibi

Os Mais Vendidos




http://luis.nassif.googlepages.com/



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revista veja?

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Re: Vários textos de Luis Nassif sobre a revista Veja

Enviado: 29 Fev 2008, 16:45
por waldon
A VERDADE SOBRE O CRIME DE VEJA *
MAIO DE 2000


Talvez o fato de trabalhar para a empresa que se acusa me faça cúmplice. No entanto, algum lampejo de honestidade me ilumina a razão e, por isso, vos narro o que sei. Há anos vivo os melindres da profissão e da filiação ao império Abril. É pena que o colega Mário Sérgio (1) tenha contado tão pouco do que lá se passa. É pena que tenha omitido detalhes importantes das trapaças arquitetadas pelos arrogantes senhores do resumo semanal. A revelação de tais fatos certamente macularia sua já arranhada reputação. Mas se a disputa se dá no campo da falta de ética, é certo que será superado pelos senhores Tales Alvarenga e Eurípedes Alcântara. (2)

De Mário Sérgio Conti tudo se pode dizer. Que é bruto com as mulheres, que fuma demais e que obriga seus subordinados a coletar argumentos para justificar falsidades. Dos outros dois, pode-se esperar ainda empáfia e ignorância. O primeiro é capaz de recorrer ao Dedoc (3) para descobrir se Vinícius de Moraes está vivo ou morto. O segundo, dublê de cientista e Don Juan da casa, é capaz de fundir boi e tomate numa fantástica e exclusiva descoberta. (4) Diagnóstico: a arrogância é tanta que não lhes cabe mais perder tempo com a aquisição de conhecimento.

O garoto de recados da Camorra editorial é o sr. Eduardo Oinegue. (5) Veja bem: Oinegue ao contrário quer dizer Eugênio. O que significaria a eugenia para o império dos Civita? Oinegue foi criado no laboratório da casa. Nunca trabalhou em qualquer outro órgão de imprensa. Saiu diretamente dos bancos escolares para Veja. Mantinha os contatos sujos com Cláudio Humberto (6), no ínicio da década. Hoje, chafurda na lama das matérias plantadas, dos panfletos encomendados pelo governo.

No dia 2 de maio, Alvarenga recebe um telefonema do "chefe supremo". O "filho do pato", alguém diz. Não, a secretária é quem lhe passa a senha. É do "mata-ratos", diz. (7). O diretor de redação está distante da sede naquele momento. O contato, no entanto, é feito rapidamente. Um homem de confiança do presidente Fernando Henrique Cardoso pede uma contrapartida. Afinal, a revista teria "batido" indiretamente no governo ao espicaçar a festa dos 500 anos. Alvarenga defende-se. Segundo ele, a revista "livrou a barra do governo" ao insistir na teoria "Dinamarca". Trata-se da informação de que o governo deu tantas Dinamarcas aos índios e beneficiou um mar de famílias com novas doações de terra. O diretor afirma que o governo saiu "limpinho" da história e que sobrou mesmo só para o "paranaense", numa referência ao ex-ministro Greca. (8)

Do outro lado da linha, o senhor Matarazzo pede novamente uma contrapartida. Alvarenga lembra que já se produz uma matéria sobre o MST, mas que não sabe quando será publicada. "Agora", diz o emissário governista, afirmando que "tudo já está acertado com o dono". Alvarenga ri e pergunta se há qualquer encomenda. "Bota aí esse negócio da Dinamarca. É um país titica, mas dá impressão boa". (9) Alvarenga dialoga com Alcântara e decidem convocar "Oinegue-boy" para executar o serviço sujo.

Começa rapidamente a operação. Durante a semana, Oinegue repreende duramente um repórter que não estaria "cooperando" para rechear o trabalho contra o MST. Discute-se a capa. Dois ou três editores executivos oferecem sugestões. Oinegue fala em "baderna", palavra sempre utilizada para desqualificar adversários de Veja. Os iluminados do semanário não sabem, mas "baderna" era termo freqüentemente utilizado pelo sociólogo Oliveira Viana e pelo pensador católico Jackson Figueiredo, ideólogos do Integralismo, movimento de inspiração nazi-fascista da década de 30. Usavam-no para caracterizar a "anarquia liberal". Decidem que "tática" é palavra importante na chamada "porque lembra futebol e fala fundo ao espírito brasileiro".

Alguém cita uma matéria sobre a Coréia do Norte. Oinegue manda utilizar os termos "Coréia Comunista" e "morta de fome". A revista precisa reforçar subliminarmente a mensagem contra o MST. Escolhe-se uma foto de agricultores para ilustrar a matéria. A legenda é "agricultura fracassada e crianças subnutridas: o país mais isolado". Num telefonema à redação, Alcântara sugere o uso da palavra "fracasso e fracassado". "Dá sempre certo. A Globo não cansa de usar o termo para avacalhar com greves gerais. Desmobiliza os caras e fode tudo".

A baixaria continua. Nova reunião é marcada entre os chefes. Uma repórter participa. A idéia é pintar o "vilão" da história. Não existe fantasma sem cara. Stedile é o preferido. Alguém sugere colocá-lo no "corpo de Guevara", outro sugere o corpo do cangaceiro Corisco. Resolvem, por fim, realizar uma montagem em que o líder do MST aparece com uma pistola na mão. É um suposto James Bond do mal. Alguém alega que "pode dar processo". "O dr. Civita (10) diz que pode mandar bala", afirma Alvarenga. O chefe da arte morre de rir ao ver o resultado. "Ficou bem bandido mesmo". Na página anterior, o compenetrado Fernando Henrique Cardoso aparece em foto de gabinete. Sério, parece zelar pela segurança dos brasileiros.

Pede-se a um repórter que ouça vozes da condenação. "Ouve lá o Celso Bastos. (11) Pra tacar pau na esquerda ele é ótimo, e sempre atende". O clima na redação não é dos melhores. Arranja-se uma foto da Folha Imagem, com um suposto sem-terra chutando uma porta. A matéria vai sendo escrita e reescrita. Há uma frase encomendada, introduzida de última hora: "(Cria-se) assim um mundo em que o MST desempenha o papel do Bem, num cenário maniqueísta em que o governo FHC é o Mal".

Dois repórteres são muito elogiados pelo editor executivo pelo empenho. Um deles afirma que o termo "baderna" caiu muito bem na história. É uma pena que não tenha se divertido antes. Baderna é o nome de uma dançarina que despertou paixões em sua passagem pelo Rio, em 1851. Os rapazes da época faziam ruído durante suas apresentações. Baderna, doce baderna. Dizem que era linda.




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Fonte: Oficina de Informações

Notas:

* Esta carta, redigida por um funcionário da Editora Abril que prefere se manter anônimo, por razões óbvias, circulou na Internet no mês de maio de 2000.

1 - Mario Sergio Conti foi diretor de redação da revista Veja entre 1991 e 1997 e é autor de Notícias do Planalto - A imprensa e Fernando Collor, Companhia das Letras, São Paulo, 1999
2 - Tales Alvarenga é o atual diretor de redação de Veja e Eurípedes Alcântara é o seu redator chefe
3 - Departamento de Documentação da Editora Abril
4 - Barriga histórica de Veja, baseada em falsa matéria científica que "demonstrava" a possibilidade de fusão genética de animais com vegetais. A matéria, copiada de uma revista estrangeira, havia sido publicada como brincadeira de 1º de abril.
5 - Eduardo Oinegue é um dos cinco editores executivos de I
6 - Cláudio Humberto Rosa Silva foi o porta-voz do presidente Fernando Collor
7 - Ministro Angelo Andrea Matarazzo, chefe da Secretaria-Geral de Comunicação de Governo da Presidência da República
8 - Ex-ministro do Esporte e Turismo Rafael Valdomiro Greca de Macedo, coordenador dos festejos oficiais dos 500 anos
9 - O trecho publicado, na página 47, ficou assim: "Depois de receber 22 milhões de hectares de terra, área equivalente a cinco Dinamarcas, o MST acrescentou um item novo ao seu tradicional discurso. Agora, a tônica das reivindicações dos sem-terra deixou de ser a distribuição de terras e passou a ser distribuição do dinheiro público - daí a invasão dos prédios do Ministério da Fazenda e da sede do BNDES, no Rio de Janeiro"
10 - Roberto Civita, presidente e editor de Veja
11 - Celso Bastos é professor de Direito Constitucional em São Paulo




http://pampalivre.110mb.com/o_crime_da_veja.htm

Re: Vários textos de Luis Nassif sobre a revista Veja

Enviado: 31 Mar 2008, 22:16
por waldon
Entrevista explosiva - Luis Nassif


Tudo pelo jornalismo, inclusive pôr a cara para bater. É isso que ele diz movê-lo a desafiar a revista Veja por meio de uma série de matérias contundentes que publica na Internet: Dossiê Veja. Seu blog tornou-se um dos campeões de audiência. Porque não é todo dia que alguém decide enfrentar os supostamente mais poderosos meios de comunicação.



entrevistadores: José Arbex Jr., Renato Pompeu, Thiago Domenici, Marcos Zibordi, Mylton Severiano, Sérgio de Souza. fotos: Eduardo Zappia.



trecho 01

SÉRGIO DE SOUZA Como é que você chega nessa imprensa grande?
Me formei em 69, em São João da Boa Vista. Depois prestei vestibular pra ECA, pra USP e passei. Tenho uma tia que foi casada com o jornalista Luis Fernando Mercadante, que foi da Abril e da Globo, e quando vim pra cá ele me apresentou para o jornalista Talvani Guedes da Fonseca, que me arrumou um estágio na Veja. Fiquei três meses estagiário, daí fui contratado como repórter. Fiz carreira na Veja até 79, quando fui pro Jornal da Tarde. Na Veja a gente pegou aquela fase complicada de ditadura e à medida que comecei a entrar mais na área econômica as informações que a gente levantava passava para o movimento (jornal oposicionista), do Raimundo Pereira. No Jornal da Tarde, quando começou a era da informática eu já passei a me preparar, achava que o computador – não pensava em Internet ainda, mas havia o chamado Cirandão (uma espécie de rede) – seria a liberação do jornalista. Daí fui pra Folha em 83, saí em 87, 88, e fi quei com o Dinheiro Vivo, continuo até hoje. Em 91 voltei pra Folha de novo e agora estou um blogueiro.



trecho 02

JOSÉ ARBEX JR. Qual foi o elemento detonador desse movimento dentro da Veja?
Foi uma pesquisa feita pelos jornalistas Pompeu de Souza e o D´Alembert Jaccoud mostrando que o Euler Bentes tinha uma votação boa no Congresso contra o João Baptista Figueiredo. Quando chegou na redação, eles inverteram os dados, e aquilo foi um problema, juntou todo mundo e “ó, gente, vocês podem ir na linha da revista, mas não podem inverter dados assim”. Ali começou o processo de “passaralho” (demissão em massa), começou uma perseguição terrível em cima das pessoas. Eles não conseguiram me demitir, eu saí quando tive a proposta do Jornal da Tarde. Agora, aquilo foi muito importante, porque quando eles te jogam no meio da guerra você perde o medo e manda bala. Pra mim foi uma maneira de sair da concha e saber que os ambientes de redação são complicados; se você não cria uma imagem, uma marca própria, você fi ca refém. Lembro um ótimo colega que falava: “Não adianta, você não vai fazer carreira porque você é bom jornalista mas não sabe conviver com a estrutura”. E eu nunca consegui. O período que fi quei secretário de redação da Folha foi o pior período da minha vida, porque se eu tiver que trabalhar catorze horas por dia eu trabalho com gosto; se eu tiver que dedicar trinta minutos pra entender essas guerrinhas de puxar o tapete daqui e dali, pra mim é um desespero. No Jornal da Tarde tive o período mais criativo. Montei o Seu Dinheiro, o Jornal do Carro, mas quando surgiu o computador eu falei: “Preciso criar uma marca própria, se depender de redação eu não dou certo”.

MARCOS ZIBORDI E a Internet hoje, você faria esse trabalho sem ela?
Ah não, não tinha Internet, a minha aposta foi quando entrou a era do computador pessoal e do cirandão. Dinheiro Vivo foi o primeiro a trabalhar com informação eletrônica. Meu sonho lá atrás demorou um pouco pra chegar, mas agora chegou. A Internet é fundamental.



"Estou falando do tanto de ataques cometidos contra a honra de terceiros na revista, é uma coisa inacreditável"



trecho 03

JOSÉ ARBEX JR. Eu acho que a Veja merece uma caracterização um pouco melhor, mais precisa. Porque, na minha opinião, ela é diferente da Folha e do Estadão. Tem um lugar que a Veja ocupa, que você citou de passagem. Na minha opinião, ela é o veículo propagador do neoconservadorismo no Brasil. Fiquei pensando: com quem a Veja dialoga? A única resposta que eu achei foi George Bush.
A Abril não é uma editora ideológica. Quando você pega a Abril, a Folha, o Globo, eles cavalgam movimentos da opinião pública. Se a opinião pública quer um pouco mais à esquerda, eles vão, faz parte do conceito da grande mídia em relação ao ambiente de mercado. Depois das Diretas-Já tinha uma onda mais à esquerda, eles foram. Depois tem uma onda um pouco mais à direita. Tem um conjunto de fenômenos aí que ajuda a explicar essa questão de mais pra direita. Tem de um lado uma classe média que foi massacrada quinze anos; aí tem uma insegurança, porque fi nanceiramente ela começa a cair. É uma classe média ameaçada. De repente você tem uma ascensão da classe D. Isso cria uma dupla insegurança pra classe média, que é a insegurança fi nanceira e insegurança de status. Daí o Lula é eleito. Você tem o deslumbramento inicial do pessoal que chega ao governo, o que vai acentuando a resistência da classe média. Tudo isso dentro de um ambiente em que mundialmente há essa tendência à direitização. E a grande imprensa sempre refletiu esses movimentos lá de fora, sempre foi cópia malfeita desses movimentos. Então já havia uma tendência de ocupar esse espaço mais à direita. Os jornais fazem isso. Daí surge o escândalo do mensalão, eles têm a chance de refletir o que eles acham que era o sentimento de seus leitores contra o governo e derrubar o governo. Nada de conspiração, estamos falando de mercado. Então todos partem pra isso. Doeu meu coração ver a Folha a reboque da Veja, mas ela tinha lá a visão de mercado dela. O Estadão, com mais discrição, como sempre. O Globo, com exceção das intervenções de Ali Kamel, faz um jornalismo um pouco mais sólido. A IstoÉ é aquilo que a gente já conhece. Mas a Veja envereda por um caminho onde entra um profundo amadorismo desse pessoal. Quando eles começam a subir o tom, com aquela agressividade, colocar o presidente da República...



dê a sua opinião

A edição CA132 impressa com a íntegra desta entrevista JÁ ESTÁ NAS BANCAS!



http://carosamigos.terra.com.br/nova/ed ... nassif.asp

Re: Vários textos de Luis Nassif sobre a revista Veja

Enviado: 31 Mar 2008, 23:23
por Herf
zumbi filosófico escreveu:textos de Luis Nassif

Parei aqui.

:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

Re: Vários textos de Luis Nassif sobre a revista Veja

Enviado: 31 Mar 2008, 23:50
por SickBoy
acho que o Zumbi postou isso para que deixassem de criar um tópico pra cada texto :emoticon13:




bem que podiam fazer o mesmo com o Olavo :emoticon2: