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Ainda sobre o embate: IURD vs. IMPRENSA

Enviado: 01 Mar 2008, 21:06
por Claudio - SP
Estratégia da Universal começa a fracassar

Por Rogério Christofoletti em 26/2/2008

No começo, era uma grande idéia. Exortar os fiéis a entrarem com ações em juizados especiais contra uma jornalista que pratica o preconceito religioso em suas matérias. E melhor: fazer isso pelo país todo, de forma a impedir que a ré possa estar em mais de uma audiência ao mesmo tempo. Com isso, alguns processos seriam julgados à revelia, e a jornalista ficaria intimidada. Deixaria de escrever besteiras e tal.

Pois essa foi a estratégia montada pela Igreja Universal do Reino de Deus em reação a reportagens que a repórter Elvira Lobato vinha publicando desde o ano passado na Folha de São Paulo.

Semana passada, alguns movimentos no tabuleiro contribuíram para a estratégia começar a fazer água. Primeiro, a suspensão de 22 dispositivos da Lei de Imprensa pelo STF; e segundo, a derrota de algumas ações judiciais impetradas por fiéis.

Por partes.

O que manda a lei

A decisão – provisória! – do STF não atinge diretamente a ofensiva da Universal contra a Folha, A Tardee o Extra. Não atinge porque o rebanho de Edir Macedo entrou com ações que têm como base não a Lei de Imprensa, mas os Códigos Civil e Penal. Logo, com o canetaço do STF, as ações não foram arquivadas. No entanto, o golpe é indireto: a liminar do STF chama a atenção da sociedade para a mídia, e mais simbolicamente para a liberdade de imprensa. Veja o que alegou o ministro do STF, Carlos Ayres Britto, que assinou o despacho:

"A imprensa e a democracia são irmãs siamesas. Por isso que, em nosso país, a liberdade de expressão é a maior expressão da liberdade porquanto o que quer que seja pode ser dito por quem quer que seja."

O que quero dizer é que o lance do STF ressalta a importância e o papel social que podem desempenhar os meios de comunicação na democracia. (O Estado de S.Paulo preparou um material bem didático sobre o que está sendo discutido com a Lei de Imprensa.)

Por outro lado, esses dias, mais duas ações de fiéis contra a Folha caíram por terra. Uma no Acre e outra no Paraná. E ambas foram rejeitadas por um argumento muito semelhante que pode ajudar a derrubar todas as demais ações: os fiéis que moveram as ações não têm legitimidade nelas. A matéria de Elvira Lobato não ofendeu os fiéis, mas se concentrou na forma como a Universal vem construindo seu imenso patrimônio e influência política.

Trocando em miúdos: os fiéis se queixam de algo que não aconteceu, logo a ação mingua... A jurisprudência está aí. Basta que outros juízes que não caem no joguinho universal sigam o que manda a lei. (Para se ter uma idéia, cerca de 60 ações foram ajuizadas pelo rebanho de Macedo em todo o país).

Ruim de trato

Na semana passada, os meios de comunicação ligados à Universal (Portal Arca Universal e Rede Record, por exemplo) alardearam declaração do presidente Lula que surtiu como uma defesa da igreja: "As pessoas escrevem o que querem, depois ouvem o que não querem". Nenhuma novidade nisso: só é preciso lembrar que o vice de Lula, José Alencar, deixou o PL para entrar no Partido Republicano Brasileiro. Adivinhe de quem é o partido? Da Universal.

O que vem a seguir?

1. A Universal vai perder mais ações nas próximas semanas.

2. Outras ações devem ser impetradas, agora com nova sustentação, tentando dar nova força à ofensiva.

3. Folha de S.Paulo e os demais réus vão dar uma tripudiada com suas vitórias parciais.

4. No Congresso Nacional, o PDT vai capitalizar forças para derrubar de vez a Lei de Imprensa.

5. Se o PRB for esperto, vai ser aliado de Miro Teixeira. (Com isso, traz o PDT na sua cruzada...)

6. O PT – paquidérmico e ruim de trato com a mídia – vai ficar olhando a coisa e coçando o queixo.


Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... =474JDB005

IMPRENSA & RELIGIÃO

Enviado: 01 Mar 2008, 21:33
por Claudio - SP
Igrejas evangélicas e a mídia no Brasil

Por Adelto Gonçalves em 26/2/2008

Com o tema Igrejas evangélicas e a mídia no Brasil: a abordagem da mídia em relação às igrejas evangélicas, a jornalista Eliana Motta discutiu em seu Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Faculdade de Comunicação Social e Artes do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), de Santos, SP, o comportamento ético das revistas semanais Veja e Época em suas reportagens sobre as igrejas evangélicas, independente de denominação. O estudo abrangeu o período de 1997 a 2007 e foi orientado por mim.

Segundo a jornalista, constatou-se, com clareza, que as revistas abordam o segmento evangélico, especialmente as igrejas Universal do Reino de Deus e Renascer em Cristo, de maneira preconceituosa devido ao seu crescimento nos campos midiático, político e no mercado fonográfico, entre outros. "O poder econômico, proporcionado por fiéis, é o grande gancho que alguns jornalistas encontram para endossar denúncias, sem que, na maioria, a parte atingida seja sequer ouvida e sua versão publicada", disse.

Munida de técnicas de captação de informação e de metodologias científicas, a jornalista relacionou e comparou reportagens que considerou "tendenciosas, preconceituosas e eivadas de agressões pessoais que tiveram como conseqüência punição jurídica".

Assassinado por ser judeu

Eliana entrevistou líderes religiosos, fiéis, não fiéis, jornalistas, advogados, sociólogos e estudiosos do fenômeno evangélico. O jornalista Carlos Brickmann, 45 anos de carreira, um dos entrevistados, acusou a elite de procurar discriminar igrejas evangélicas, afirmando que essas práticas não podem ser aceitas em momento algum. "Vejo, no caso da Igreja Renascer, um típico episódio de desvio de conduta do jornalismo", disse. "Todas as igrejas se mantêm graças às contribuições de seus fiéis, o que é ótimo, pois não se mantêm por meio do Estado", afirmou.

Brickmann lembrou que pouco adianta ao acusado recorrer à Justiça. "O resultado do direito de resposta pode sair daqui a dez anos", disse. "Não é possível reparar o estrago; o dano causado pela palavra é permanente", afirmou, lembrando que, quando sai a decisão da Justiça, a população não lembra mais do caso. "Além disso, a sentença é publicada na íntegra, com toda a sua formalidade, sem título e, dessa forma, não há quem a leia."

Ex-editor de Internacional da Folha de S.Paulo e do Jornal da Tarde, Brickmann disse que, como judeu, sabe muito bem o que é perseguição religiosa. "Sabemos como começa, mas nunca como termina", afirmou. "Tenho visto algumas vezes esse tipo de conduta terminar de forma trágica. Estou vendo, hoje em dia, cristãos serem massacrados no Sudão, vi a Etiópia ser invadida por ser cristã e no Brasil vi um jornalista (Vladimir Herzog) preso, acusado de comunista, ser assassinado por ser judeu", declarou.

Erro e preconceito

Com base nos depoimentos que colheu, a jornalista Eliana Motta defendeu a necessidade de um debate amplo na sociedade e na academia, pois entende que "a ética é um conjunto de virtudes que são arraigadas na formação do caráter do indivíduo, independente da profissão que exerce". E lembrou que "o profissional de comunicação, quando é desprovido de preceitos básicos de respeito, fere a ética e a Constituição, além de infringir leis e, em conseqüência, expor pessoas e organizações, fazendo o papel de juiz, condenando e rotulando pessoas e grupos religiosos, na ânsia de vender um produto, por meio de escândalos e denúncias, de forma desrespeitosa".

Para Eliana, no Estado de direito é fundamental a liberdade de expressão, já que o jornalista está a serviço da sociedade. "Hoje, há um desserviço por parte de alguns profissionais que insistem na prática de um jornalismo sensacionalista, que não se limita às igrejas evangélicas, mas alcança outras áreas da sociedade que são abordadas de forma errônea e preconceituosa", disse.


Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... =474JDB008

Re: Ainda sobre o embate: IURD vs. IMPRENSA

Enviado: 02 Mar 2008, 11:01
por Ilovefoxes
"Preconceito religioso" virou sinônimo de "criticar e não obedecer às nossas crenças".

Re: IMPRENSA & RELIGIÃO

Enviado: 02 Mar 2008, 15:14
por Orbe
Claudio - SP escreveu:
Para Eliana, no Estado de direito é fundamental a liberdade de expressão, já que o jornalista está a serviço da sociedade. "Hoje, há um desserviço por parte de alguns profissionais que insistem na prática de um jornalismo sensacionalista, que não se limita às igrejas evangélicas, mas alcança outras áreas da sociedade que são abordadas de forma errônea e preconceituosa", disse.


Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... =474JDB008


Para mim, esse parágrafo resume o centro do problema da imprensa com a IURD.

Re: Ainda sobre o embate: IURD vs. IMPRENSA

Enviado: 02 Mar 2008, 21:15
por BOO
Mas tem uns detalhes a serem esclarecidos nessa questão.

Vamos esquecer a denominação IURD.
Alguns fatos:

1 Quer queira quer não, ela está tendo poderes. E o poder incomoda.
2 A maior parte dos 60 processos contra a jornalista e a Folha não usam a lei da imprensa, mas simplesmente o Código civil e Penal. Então, esta ação rápida não funcionou muito. Logo, está se respeitando a liberdade de imprensa.
3 Um detalhe que passou batido foi, no meu entender, o mais grave: por que o judiciário que estava com esta revisão da lei de impressa para fazer, só a fez agora? E ainda foi citado as ações da igreja universal? Quem está usando a sua influência?
4 Querendo ou não, qualquer um pode entrar na justiça. Mas mudar a justiça são poucos.