Em risco armação de aumento do Bolsa esmola do molusco!!!!
Enviado: 03 Mar 2008, 00:13
Por Jorge Serrão
O Chefão Lula tem tanta certeza de seu poder que ousa provocar e coagir o Judiciário. Afinal, sabe que nada lhe acontecerá. Tem as certezas da inimputabilidade e da impunidade. Seu recente jogo de pressão, reclamando dos “palpites” do ministro Marco Aurélio Mello, espertamente sem citar nomes, foi mais um recado velado ao STF, para que não lhe imponha derrotas no caso do mensalão, no eventual julgamento no escândalo do lixo de Antônio Palocci ou na farra dos programas sociais em pleno ano eleitoral.
Lula não é anta que parece, capitão Diogo. É um bicho sindicalista muito esperto. Sabe negociar com pragmatismo. Sabe ameaçar com a sutileza do peso da pata de um elefante, para conseguir o que deseja em uma negociação – política ou não. Lula hoje está na posição de franco e livre atirador. Não pode ser candidato a nada. Por isso, sempre que os aplausos da platéia amestrada lhe empolgarem, Lula vai reviver as práticas de quando foi líder sindical das massas do ABCD paulista.
O molusco fabricado pela turma do Golbery do Couto e Silva nos tempos da dita-dura está com a corda toda. Antes, a corda andou em seu pescoço. Mas a capacidade de negociação política, no corrupto espaço do poder no Brasil, salvou-o da degola. Agora, cheio de si e de poder, Lula desafia os outros poderes. E ainda debocha da inteligência dos brasileiros, alegando que seus ataques não aprofundam uma crise institucional que é evidente. Só Lula tem a cara de pau de afirmar que: "Não tem, não existe crise de Poderes neste País. Até porque cada Poder tem autonomia suficiente. E aprendemos que a estabilidade da democracia está no fato de respeitar a autonomia de cada um".
Lula, que é um especialista em dar palpites, criticou os palpiteiros em tese. Na prática, mandou chumbo verbal no primo de Fernando Collor de Mello, que é ministro do Supremo Tribunal Federal. Lula batraqueou: "Da mesma forma que como ser humano e brasileiro as pessoas dão palpite sobre as coisas, o presidente da República pode dar palpite e julgar o palpite dos outros. Afinal de contas, estamos num debate político. Quanto alguém dá uma opinião, pode ouvir uma opinião discordante".
O problema é que Lula não gosta da opinião discordante quando ela lhe é desfavorável. Ninguém, geralmente, gosta. Mas Lula gosta menos ainda. E reage com truculência verbal quando se sente ameaçado. Ele sabe que seria politicamente fatal perder os programas sociais, no momento estratégico da eleição municipal em que seu PT pretende aparelhar ainda mais as prefeituras do País que ainda não conquistou. Por isso, veio com a média: “Se a lógica prevalecer, o governo federal não poderá fazer parcerias com municípios e Estados em ano de eleição, e que, num mandato de quatro anos, vai governar dois anos".
Lula também comentou as reações de parlamentares às suas declarações na noite de anteontem. "O Congresso tem direito de não gostar, mas eu não falei do Congresso. Falei de partidos". Reclamou ainda que o PSDB e DEM estão questionando os programas sociais do governo por ser este um ano eleitoral. O poderoso Lula alega que o cartão do Bolsa-Família, programa visado pela oposição, não é entregue pelo presidente da República, mas pelos prefeitos de todos os partidos políticos. E soltou mais uma de suas pérolas aos analfabetos políticos: "Eu não sei de uma única pessoa por nome que recebe o Bolsa-Família".
A oposição pretende questionar o programa Bolsa Família em três colegiados. No STF, a estratégia será alegar que o programa foi criado por decreto e não por projeto de lei. No TSE, PSDB e DEM querem questionar se o programa não fere a lei eleitoral que proíbe distribuição de benefícios em ano eleitoral. Os dois partidos planejam ir também ao Ministério Público, questionando a utilização de equipamentos públicos na transmissão para vários pontos do país da cerimônia de anúncio do programa.
Sabendo que o ataque de Lula foi direcionado, o ministro marco Aurélio afirmou que o Poder Judiciário quer apenas apontar supostas irregularidades que possam invadir a lei eleitoral. Apesar das pesadas críticas do presidente, afirmou que sua postura não será alterada: “De forma alguma. Enquanto eu tiver a toga sobre os ombros, eu cumprirei o meu dever de juiz e cumprirei com espontaneidade e com uma coragem ainda maior para tornar prevalecente o direito posto. Não vejo qualquer extravasamento por parte do Judiciário e fiquei perplexo com o que foi veiculado pelo presidente e com a agressividade do próprio presidente”.
Marco Aurélio detestou a seguinte declaração de Lula: “De repente, alguém fala: 'Olha, se entrarem na Justiça, eu vou analisar'. Na verdade, ele deu a senha para o PFL e para o PSDB. Foi uma senha”. Marco Aurélio Mello rebateu a tal “senha” de Lula: “A oposição não precisa de senha alguma para atuar”. Marco Aurélio advertiu que apenas tentou alertar o governo de que o lançamento ou ampliação de programas sociais em ano eleitoral contraria a Lei 9.504 (Lei das Eleições, de 1997):
“Eu tentei, numa atuação pedagógica, alertar o governo quanto à existência de uma lei que veda peremptoriamente qualquer criação de plano social no ano das eleições e também aumento de plano social -frisou Marco Aurélio, defendendo a norma como salutar, pois impede o uso da máquina pública para arregimentação de votos e, assim, garante maior equilíbrio na disputa eleitoral”.
Marco Aurélio Mello garante que não ficou magoado e que atribui as declarações do presidente ao ambiente e às circunstâncias. “Eu relevo, muito embora lastime a acidez das palavras do presidente”.
Lula não dá bola para isso. Julga que está com a bola toda, e que é o dono da bola. Sua acidez deve continuar. Mas a culpa não é dele. Mas de quem o criou e de quem o sustenta hoje no poder. Quem pariu o molusco que o embale. A tarefa seria para o falecido coronel Golbery do Couto e Silva. Que a terra lhe seja leve por não estar aqui para cumprir este fardo.