Papa critica casamento gay e acusado de interferir na políca
Enviado: 13 Jan 2006, 03:25
Papa critica casamento gay e é acusado de interferir na política
Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Bento 16 condenou na quinta-feira o casamento gay e o uso da chamada "pílula do aborto", manifestando-se sobre assuntos que devem ter destaque nas eleições gerais italianas deste ano.
A reação de ativistas gays e de políticos de esquerda foi imediata. Eles acusaram o pontífice de interferir em questões internas da Itália.
O papa, que falava a líderes políticos da região de Roma, disse que o casamento não é uma "entidade sociológica e casual", mas sim "uma questão do relacionamento correto entre um homem e uma mulher".
A Itália vai às urnas no dia 9 de abril e a posição da Igreja em assuntos importantes pode ter uma influência significativa no resultado.
Nas eleições, vão se confrontar o grupo de centro-esquerda do ex-presidente da Comissão Européia Romano Prodi e a aliança de centro-direita governista, do premiê Silvio Berlusconi.
A Igreja Católica já avisou à centro-esquerda que vai lutar para evitar qualquer medida que reconheça a parceria civil de casais heterossexuais não casados e de casais gays.
Prodi prometeu reconhecer de alguma forma as uniões estáveis heterossexuais, mas não chegou a apoiar o casamento gay.
Em seu discurso, o papa disse que a defesa do casamento tradicional "não é uma peculiaridade dos ensinamentos morais católicos, mas sim parte de uma verdade elementar referente à humanidade".
"O papa está interferindo pesado na política italiana e agindo como o líder de um partido político", disse Franco Grillini, um parlamentar de esquerda que é homossexual.
As uniões homossexuais já foram legalizadas em vários países europeus, inclusive na Espanha, que é tradicionalmente católica. No mês passado, a Grã-Bretanha adotou uma lei que permite aos gays formalizarem seus relacionamentos.
A centro-esquerda italiana apóia o reconhecimento de casais gays e de casais heterossexuais não casados de uma forma semelhante à da França, onde todos os casais têm, desde 1999, o direito a criar uniões civis. Os casais de união estável da França têm o direito a benefícios do serviço social, direitos limitados de herança e outros benefícios.
"ERRO GRAVE"
Mas em seu discurso aos líderes regionais de Roma -- a maioria de centro-esquerda -- o papa advertiu que a Igreja é contrária a essas medidas. Ele disse que seria um "grave erro" reconhecer legalmente "outras formas de união."
Luana Zanelli, parlamentar do Partido Verde, afirmou que, como país democrático, a Itália tem o dever de reconhecer os direitos dos casais não casados, sejam heterossexuais ou gays.
As palavras do papa receberam o apoio dos políticos de centro-direita. "O que o papa disse é a coisa mais sacrossanta do mundo", afirmou Roberto Calderoli, ministro do governo Berlusconi.
O papa também se manifestou contra a chamada "pílula do aborto", a RU-486, cujo uso tem sido tema de um debate em toda a Itália nos últimos meses.
A pílula, também conhecida como mifepristona, bloqueia a ação da progesterona, hormônio necessário para sustentar a gravidez.
Embora não tenha mencionado a pílula pelo nome, o papa disse aos políticos que eles não devem "adotar medicamentos que de uma forma ou de outra ocultam o caráter grave do aborto".
Os líderes católicos italianos temem que o uso mais disseminado da pílula do aborto, que hoje é utilizada em cerca de 30 países, torne o aborto mais atraente para as mulheres.
No ano passado, o ministro da Saúde, Francesco Storace, do partido direitista Aliança Nacional, impediu seu uso experimental por hospitais que adquiriram a droga de fornecedores no exterior.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/reute ... 53267.jhtm
Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Bento 16 condenou na quinta-feira o casamento gay e o uso da chamada "pílula do aborto", manifestando-se sobre assuntos que devem ter destaque nas eleições gerais italianas deste ano.
A reação de ativistas gays e de políticos de esquerda foi imediata. Eles acusaram o pontífice de interferir em questões internas da Itália.
O papa, que falava a líderes políticos da região de Roma, disse que o casamento não é uma "entidade sociológica e casual", mas sim "uma questão do relacionamento correto entre um homem e uma mulher".
A Itália vai às urnas no dia 9 de abril e a posição da Igreja em assuntos importantes pode ter uma influência significativa no resultado.
Nas eleições, vão se confrontar o grupo de centro-esquerda do ex-presidente da Comissão Européia Romano Prodi e a aliança de centro-direita governista, do premiê Silvio Berlusconi.
A Igreja Católica já avisou à centro-esquerda que vai lutar para evitar qualquer medida que reconheça a parceria civil de casais heterossexuais não casados e de casais gays.
Prodi prometeu reconhecer de alguma forma as uniões estáveis heterossexuais, mas não chegou a apoiar o casamento gay.
Em seu discurso, o papa disse que a defesa do casamento tradicional "não é uma peculiaridade dos ensinamentos morais católicos, mas sim parte de uma verdade elementar referente à humanidade".
"O papa está interferindo pesado na política italiana e agindo como o líder de um partido político", disse Franco Grillini, um parlamentar de esquerda que é homossexual.
As uniões homossexuais já foram legalizadas em vários países europeus, inclusive na Espanha, que é tradicionalmente católica. No mês passado, a Grã-Bretanha adotou uma lei que permite aos gays formalizarem seus relacionamentos.
A centro-esquerda italiana apóia o reconhecimento de casais gays e de casais heterossexuais não casados de uma forma semelhante à da França, onde todos os casais têm, desde 1999, o direito a criar uniões civis. Os casais de união estável da França têm o direito a benefícios do serviço social, direitos limitados de herança e outros benefícios.
"ERRO GRAVE"
Mas em seu discurso aos líderes regionais de Roma -- a maioria de centro-esquerda -- o papa advertiu que a Igreja é contrária a essas medidas. Ele disse que seria um "grave erro" reconhecer legalmente "outras formas de união."
Luana Zanelli, parlamentar do Partido Verde, afirmou que, como país democrático, a Itália tem o dever de reconhecer os direitos dos casais não casados, sejam heterossexuais ou gays.
As palavras do papa receberam o apoio dos políticos de centro-direita. "O que o papa disse é a coisa mais sacrossanta do mundo", afirmou Roberto Calderoli, ministro do governo Berlusconi.
O papa também se manifestou contra a chamada "pílula do aborto", a RU-486, cujo uso tem sido tema de um debate em toda a Itália nos últimos meses.
A pílula, também conhecida como mifepristona, bloqueia a ação da progesterona, hormônio necessário para sustentar a gravidez.
Embora não tenha mencionado a pílula pelo nome, o papa disse aos políticos que eles não devem "adotar medicamentos que de uma forma ou de outra ocultam o caráter grave do aborto".
Os líderes católicos italianos temem que o uso mais disseminado da pílula do aborto, que hoje é utilizada em cerca de 30 países, torne o aborto mais atraente para as mulheres.
No ano passado, o ministro da Saúde, Francesco Storace, do partido direitista Aliança Nacional, impediu seu uso experimental por hospitais que adquiriram a droga de fornecedores no exterior.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/reute ... 53267.jhtm