Questão para os contra abortistas

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Apo
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por Apo »

O mais interessante é como os anti-aborto ou pró-vida adoram insistir na palavra "feto". Deve ser para surtir efeito culposo. Quase como colocar um recém nascido no colo do "réu".
Não adianta usar artifícios.
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Fedidovisk
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por Fedidovisk »

Muito simples minha cara, simplesmente porque o feto faz-se formado após 2 meses, o que é muito pouco tempo, e duvido muito que a maioria dos abortos se realizam enquanto "embrião".

Agora eu volto ao questionamento;

Os abortista insistem nesse ponto besta, digo, porque fazem tanta questão de que seja tratado como "embrião" ?!

Simples, querem se insentar da responsabilidade seja ela até moral, quando não legal, de matar um ser vivo. Como já disse, quando for unânime que Feto e embrião são a mesma coisa, isso não mudará nada o comportamento dos abortistas , ou seja, continuarão os mesmos a quererem abortar.

Se ao menos assumissem essa responsabilidade "moral".... e quem sabe se possa até mudar as regras do jogo; as mudanças se fazem apenas quando necessárias, no caso aqui, pela “conveniência”. Dizer que hoje o aborto é um crime socialmente aceito, há muita controvérsias.

Já não será "imoral" matar um ser vivo, desde que embrião, feto, ou sei lá mais o que... mas todos admitirão que é inquestionável o reconhecimento de vida tanto quanto a de um humano formado.

Os critérios já não mais será apenas a “vida”!

Mas quem disse que querem assumir a responsabilidade de “dar valor a vida”. De colocarem como argumento que o feto é indigno de viver, e serem “moralmente” taxados.

É necessário apenas uma mudança de valores, tanto dos anti-abortistas quanto dos abortistas. Dois pontos de vista de defesa cínicos, um se esconde no “irreconhecimento”, o outro, “equivalência” de importancia.

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Azathoth
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por Azathoth »

Fedidovisk escreveu:Muito simples minha cara, simplesmente porque o feto faz-se formado após 2 meses, o que é muito pouco tempo, e duvido muito que a maioria dos abortos se realizam enquanto "embrião".


Você julga um aborto de um embrião mais legítimo do que de um feto?

Fedidovisk escreveu:Simples, querem se insentar da responsabilidade seja ela até moral, quando não legal, de matar um ser vivo.


Você gostaria de ter que acatar a responsabilidade moral pela morte de todo e qualquer ser vivo? Eu devo ter a mesma responsabilidade moral que possuo com um humano com um rato, peixe ou formiga?

Fedidovisk escreveu:Como já disse, quando for unânime que Feto e embrião são a mesma coisa


Isso não vai ocorrer porque essa não é uma questão meramente semântica ou uma nomenclatura jogada de forma gratuita. Existem diferenças importantes nas etapas de desenvolvimento de vertebrados vivíparos, esses estágios são observáveis e sua dinâmica diferenciada é estudada por biólogos do desenvolvimento.

Fedidovisk escreveu:Já não será "imoral" matar um ser vivo, desde que embrião, feto, ou sei lá mais o que... mas todos admitirão que é inquestionável o reconhecimento de vida tanto quanto a de um humano formado.


Você acha imoral matar todo e qualquer ser vivo?

Fedidovisk escreveu:Os critérios já não mais será apenas a “vida”!


A vida não é um critério, a não ser na filosofia moral Jainista.
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King In Crimson
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por King In Crimson »

Afinal, quando deixa de ser aborto e passa a ser assassinato?

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Azathoth
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por Azathoth »

King In Crimson escreveu:Afinal, quando deixa de ser aborto e passa a ser assassinato?


Quando passa a ser uma pessoa, isto é, quando satisfaz as propriedades designadas por uma teoria de identidade pessoal responsável. E o critério para "personhood" não pode basear-se em "humanidade", deverá transcender a humanidade, pois acho que todos concordam que podem existir pessoas não-humanas como robôs inteligentes, alienígenas inteligentes (e aos partidários do Great Ape Project, chimpanzés e gorilas) e outros seres com as quais deveremos ter a mesma responsabilidade moral que temos com humanos.

É esperado que a barreira entre "não-pessoas" e "pessoas" seja nebulosa, mas não há problema jurídico nisso, será resolvido da mesma forma como resolvemos o problema de "não-adulto" e "adulto". A justificativa para a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos é baseada no fato de que em grande maioria, pessoas de 16 anos possuem as mesmas competências psicológicas que adultos no que se diz respeito à prática de crimes.

Fuzzy boundaries em idade existem à rodo no Direito e isso nunca foi um problema intraçável, apenas um problema mais difícil.
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zumbi filosófico
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por zumbi filosófico »

fedidovisk escreveu:Um indivíduo inconsciente é destituido do direito à vida... interessante....


Não é isso.

Antes de ter começado a "vida cerebral" considera-se meio como se "já fosse" alguém que tivesse sofrido morte cerebral, ou meio como se fosse um óvulo não-fecundado; não se acha que só por causa dos ácidos nucléicos meio diferentes, ou carne sem cérebro funcionantdo, seja muito importante, como se fossem pessoas, sob esse aspecto moral. Isso é diferente de simplesmente consciência ou inconsciência. Sem falar em estágios nos quais isto está tão longe de ocorrer que é meio como se falássemos do direito à vida dos espermatozóides ou óvulos - e, últimas notícias: óvulos e espermatozóides humanos são humanos, e estão vivos; não realizar a fecundação impede o desenrolar natural da vida humana. A maioria dos espermatozóides morre, é uma pena, menos uns poucos sortudos, mas isso, novamente, é natural. Pode ser visto como apoptose, como os tecidos entre os nossos dedos que são destruídos para que tenhamos os dedos separados e independentes em vez de um "pé de pato" nas mãos. Mas a menstruação, a morte do óvulo, implica que ao menos mais um ser humano nunca nascerá.


E por causa disso, o indivíduo inconsciente se encontra na mesma situação do feto


Na realidade são coisas diferentes morte cerebral/ausência de atividade cerebral, inconsciência, sono e coma.




Mas a revolta dos abortista é moral... não querem assumir a responsabilidade de matar um ser vivo, ou reclamar o direito em lei nesses termos de pratica-la, em vez disso, ficam nesse joguinho cínico de dizer que não é vida por causa disso ou aquilo.


"os menstruístas não querem assumir a responsablidade de matar um ser vivo, em vez disso ficam nesse joguinho cínico de dizer que não é vida por causa disso ou daquilo".



"Quando" a opinião dos cientistas for unânime de que o feto é tão comparável quanto um recém-nascido, ainda sim, não mais não menos, haverá as mesmas vozes reclamando o direito de praticarem o aborto.


Informações básicos sobre o assunto para uma discussão minimamente relevante:

- "Aborto" não ocorre necessariamente com fetos, mas o termo também se aplica desde o zigoto, até embriões, e fetos. Esses são estágios diferentes do desenvolvimento dos organismos, e não são todos idênticos ao bebê recém-nascido. O desenvolvimento não é apenas crescimento, de um mini-bebezinho microscópico até o bebê do tamanho em que nasce; ele começa em estágio unicelular (zigoto) vai se dividindo, crescendo, tecidos e órgãos vão se formando e etc.



Façam como eu, declarem abertamente, se é que há algo a declarar senão em "juizo" com o propósito de liberdade de ação, que estão dispostos a admitirem que preferem matar um ser vivo em prol do próprio bem estar físico, financeiro, emocional... porque também ninguém tem nada com isso.


A despeito da sua crença em seus poderes telepáticos, não é essa a visão das pessoas a favor da legalização do aborto, que nem querem abortar elas mesmas.




Mas quem disse que os abortistas querem assumir essa responsabilidade moral, ainda mais para o que se possa dizer extremamente fútil, onde a vida humana assume o topo da prioridade teoricamente e "moralmente", eles dizerem que o bem estar deles é mais importante.


"Mas quem disse que os menstruístas querem assumir essa responsabilidade moral, ainda mais para o que se possa dizer extremamente fútil, onde a vida humana assume o topo da prioridade teoricamente e "moralmente", eles dizerem que o bem estar deles é mais importante".
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zumbi filosófico
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por zumbi filosófico »

nadasei escreveu:Não adianta... é irracional.


(há diversos problemas na distinção racional/irracional/emocional, mas vou prosseguir com o clichê para fins práticos)

Acredito que isso pode ser argumentado muito mais sustentavelmente para o outro lado da questão, que é muito mais irracional valorizar uma célula como se fosse uma pessoa do que como se fosse uma célula como todas as demais, cuja importância individual é praticamente nula.

O mesmo racioncínio se estende para tecidos ou conjuntos de órgãos sem ainda ter atividade cerebral - analogamente a um "morto cerebral" que talvez a maioria das pessoas aceitam que se pode deixar morrer, ainda que também haja oposição (que eu também considero irracional).

Me parece bastante racional.

Agora o porque as posições pró-vida me parecem ser bem mais irracionais/emotivas (vou descartar as argumentações religiosas e ficar apenas com a casca oca secular):

    1 - Temos um monte de pequenas células com caudas locomotoras, que morrem diariamente mesmo que não façamos nada; se o pênis do homem é estimulado através de movimentos oscilatórios, essas células são ejetadas em vastas quantidades em meio a uma secreção semi-líquida; isso não deve ocorrer exceto dentro de um canal vaginal, ou é "errado". Ocorrendo dentro do canal vaginal, como é o correto, essas células não podem mais ser voluntáriamente mortas; para alguns, não podem nem mesmo ter seu caminho em direção à vagina bloqueado por uma película de látex; para outros, isso é permissível, mas não se pode usar algum tipo de química que mate essas células, impedindo-as de realizarem a fecundação. Lembrando: no restante do tempo essas mesmas células morrem o tempo todo. Suponhamos então que a ejaculação se dê sem obstrução dentro do canal vaginal, e não haja nenhum tipo de química colocada lá para matar essas células. Se no organismo da mulher uma outra célula não tiver sido mandada para o destino final dessas células do homem, todas elas vão morrer - mas tudo bem. Se a célula da mulher tiver sido mandada, todas, menos uma, irão morrer - mas tudo bem.

    2 - temos uma pequena célula com uma cauda locomotora em uma lâmina de vidro, e em outra, uma pequena célula, microscópica, mas bastante maior, sem capacidade locomotora, em meio a um fluído no qual a primeira célula pode se locomover. Eu posso, em qualquer momento, matar ambas as células separadas, e não estou fazendo nada demais. Se no entanto eu transporto a primeira célula para o meio no qual ela pode se locomover em direção à segunda, e ela o faz, adentrando-a, então destruir a segunda célula com a primeira em seu interior é um homicídio.

    3 - eu junto uma célula com uma cauda locomotora e uma outra célula um pouco maior em uma lâmina de vidro, a primeira adentra a segunda, e eu posso matá-la, sem problema algum. Se o mesmo evento tiver ocorrido no interior de uma boceta, a morte dessa mesma célula provocada intencionalmente é um homicídio.

    4 - a vida dessas células e dos seus estágios de desenvolvimento posteriores é alegadamente tão importante quanto a vida de humanos já nascidos e etc, dessa forma, a vida delas deve ser protegida pela lei, e a morte intencional, punida legalmente; mas se ocorre a morte dessas células de forma não intencional, isso não é mais uma questão legal, e sim um problema totalmente particular, não é um homicídio culposo (sem intenção). Não se pensa em averiguar de quem foi a culpa, o que poderia ter sido evitado, e assim, incontáveis mortes desse tipo ocorrem todos os anos, sem que ninguém seja punido. TODAS essas mortes são evitáveis para aqueles que não consideram que a menstruação representa a morte de um ser humano. Os que realmente querem ter um filho, se consideram a vida do zigoto como a de um ser humano qualquer, como seu próprio filho, deveriam ter muito cuidado na tentativa de serem pais, em vez de se aventurarem arriscando a vida dos filhos de maneira tão leviana - deveriam fazer, antes de qualquer tentativa, diversos exames para compatiblildade e etc; deveriam se abster de tentar a fecundação a menos que tivessem uma boa segurança de que o seu filho não viria a falacer antes de nascer, da mesma forma como não falariam para o filho "vem, atravesse a rua!" se não estivessem bem certos de que não estão vindo carros. Geralmente, em nenhum dos casos, são realizadas cerimônias fúnebres aos falecidos, a menos, acho, que isso tenha ocorrido em um grau de desenvolvimento já bastane avançado

    5 - O zigoto importa; mesmo que ainda não seja exatamente um ser humano, virá a ser se deixado correr seu curso natural. O óvulo não importa; só depois de fecundado. Mas não é a fecundação o seu destino natural? Não, são coisas totalmente, fundamentalmente diferentes, o óvulo e o óvulo fecundado. Mas o óvulo fecundado, ou seja, um óvulo, no qual adentrou um espermatozóide, é praticamente a mesma coisa que um recém-nascido. Mas totalmente diferente de um instante atrás, antes da entrada do espermatozóide. Totalmente.

    6 - Por que o óvulo é tão diferente do zigoto-pessoa? Porque, com a adentrada do espermatozóide, horas mais tarde, há 46 longas cadeias de compostos de açúcar, bases nitrogenadas e grupos de fosfatos. No óvulo, antes da fecundação, há apenas 23, ou seja exatamente a METADE. a METADE dessas cadeias molecualres, como poderia alguém ter apenas a metade dessas cadeias e ainda ser digno de ser chamado um ser humano? Como? Se tem 46 (umas a mais, ou umas a menos), aí sim, é um ser humano, uma pessoa, e merece ter sua vida protegida.

    7 - É uma infelicidade, que uma criança nasça de pais despreparados ou que seja indesejada e maltratada por eles, mas a legislação anti-aborto ao menos serve para salvar a vida delas, impedindo que seja assassinada ainda em estágio unicelular ou pluricelular sem cérebro.

Etc. A lista poderia ter diversos outros ítens. Mas de modo em geral tudo parece girar em torno de um tipo de valorização mística da fecundação, principalmente se decorrente de coito.



Funcionam na base do "eu acredito" que não tem problema matar um ser que ainda não tem o SNC completamente desenvolvido e pronto.
Eu acredito que são apenas células e por isso não passam de objetos que podem ser descartados, quem pensa diferente é burro.


É, quando eles é que são uns burros não entendem que o esperma e os óvulos é que são só uns objetos descartáveis, mas os zigotos são totalmente diferentes. Que fetos anencefálicos (ou talvez não), teratomas e pessoas com morte cerebral podem ser mortos, mas que desde zigotos e embriões sem ainda ter começado a desenvolver o cérebro, se está falando de coisas fundamentalmente diferentes. Bem, ao menos "eu acredito" nisso. :emoticon26:


nada sei escreveu:Eu já até criei um tópico para que justificassem o que da o direito a vida, coisa que normalmente dão a consciência/SN, mas são incapazes de explicar questões como a do ser inconsciente temporariamente, entre outras tantas.


São incapazes de explicar, ou vocês são incapazes de aprender que são coisas diferentes, ausência de cérebro e do início da atividade cerebral e coma, sono ou inconsciência?


Na época a maioria inclusive desvirtuou o tópico se recusando a definir o que dá ou não o direito a vida


Eu não lembro desse tópico, mas acho que o direito a vida é bem mais complicado, e que a fecundação ou implante uterino do zigoto são simplesmente ingênuos, logicamente insustentáveis, tautológicos, e, ainda que supostamente estejam por trás de uma bandeira "pró-vida", são nocivos à qualidade de vida de seres já formados, de crianças (e adultos) cujo sofrimento considero bem mais relevante do que o dessas células ou estágios pré-cerebrais.
Editado pela última vez por zumbi filosófico em 09 Mar 2008, 17:35, em um total de 3 vezes.
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Fedidovisk
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por Fedidovisk »

aahhhhhhhh.... desisto.......


Não por falta de argumentos, poderia citar a respeito dos comentário do Azathoth, que dia 6 as 18:10 saía da estação Cantagalo :emoticon16: , a "ética vegetariana" http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/ ... &Itemid=52

Mas de muito pouca relevância... me abstenho, pois estou realmente cansado...

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zumbi filosófico
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por zumbi filosófico »

Ah tudo bem. Até qualquer hora. Mas não deixe de dar uma passadinha, só para repetir de novo que um zigoto ou um embrião ainda sem cérebro e uma pessoa com morte cerebral são exatamente iguais a uma pessoa dormindo ou desmaiada, e que o óvulo não-fecundado é fundamentalmante diferente do óvulo fecundado; e que inclusive, nesse aspecto, ele não é "inconsciente" da mesma maneira que o zigoto e que uma pessoa dormindo, mas de uma maneira em que pode morrer sem que seja uma questão moral; talvez porque é uma "inconsciência haplóide".

E as questões morais também, como os contraceptivos incentivam o sexo irresponsável, e o aborto é só um tipo de infanticídio maquiado por hipócritas covardes demais para admitir que na verdade gostariam mesmo é de matar crianças.
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Samael
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por Samael »

Azathoth escreveu:
King In Crimson escreveu:Afinal, quando deixa de ser aborto e passa a ser assassinato?


Quando passa a ser uma pessoa, isto é, quando satisfaz as propriedades designadas por uma teoria de identidade pessoal responsável. E o critério para "personhood" não pode basear-se em "humanidade", deverá transcender a humanidade, pois acho que todos concordam que podem existir pessoas não-humanas como robôs inteligentes, alienígenas inteligentes (e aos partidários do Great Ape Project, chimpanzés e gorilas) e outros seres com as quais deveremos ter a mesma responsabilidade moral que temos com humanos.

É esperado que a barreira entre "não-pessoas" e "pessoas" seja nebulosa, mas não há problema jurídico nisso, será resolvido da mesma forma como resolvemos o problema de "não-adulto" e "adulto". A justificativa para a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos é baseada no fato de que em grande maioria, pessoas de 16 anos possuem as mesmas competências psicológicas que adultos no que se diz respeito à prática de crimes.

Fuzzy boundaries em idade existem à rodo no Direito e isso nunca foi um problema intraçável, apenas um problema mais difícil.


Um forista do seu nível realmente faz falta a qualquer debate, Manuel.

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NadaSei
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por NadaSei »

zumbi filosófico escreveu:
nadasei escreveu:Não adianta... é irracional.


(há diversos problemas na distinção racional/irracional/emocional, mas vou prosseguir com o clichê para fins práticos)

Então eu defino melhor o que quis dizer com "é irracional".
Significa que o posicionamento parte de crenças não justificadas, isso pode valer tanto para os contra o aborto, quanto para os a favor.
Justamente por isso já tentei discutir a questão do que dá o direito a vida, essa é a questão a ser entendida, antes de se poder justificar racionalmente um posicionamento contrario ou favorável ao aborto.
zumbi filosófico escreveu:
Funcionam na base do "eu acredito" que não tem problema matar um ser que ainda não tem o SNC completamente desenvolvido e pronto.
Eu acredito que são apenas células e por isso não passam de objetos que podem ser descartados, quem pensa diferente é burro.


É, quando eles é que são uns burros não entendem que o esperma e os óvulos é que são só uns objetos descartáveis, mas os zigotos são totalmente diferentes. Que fetos anencefálicos (ou talvez não), teratomas e pessoas com morte cerebral podem ser mortos, mas que desde zigotos e embriões sem ainda ter começado a desenvolver o cérebro, se está falando de coisas fundamentalmente diferentes. Bem, ao menos "eu acredito" nisso. :emoticon26:

Sim, são todas coisas diferentes e é por isso que a discussão do aborto nunca chega a lugar algum.
Primeiro é preciso saber no que justificar o direito a vida, então pode-se avaliar cada caso e ver suas diferenças e semelhanças, e buscar ver o que é melhor ou pior em cada caso especifico.
zumbi filosófico escreveu:
nada sei escreveu:Eu já até criei um tópico para que justificassem o que da o direito a vida, coisa que normalmente dão a consciência/SN, mas são incapazes de explicar questões como a do ser inconsciente temporariamente, entre outras tantas.

São incapazes de explicar, ou vocês são incapazes de aprender que são coisas diferentes, ausência de cérebro e do início da atividade cerebral e coma, sono ou inconsciência?

São coisas diferentes, ninguém nega isso, mas o dilema é semelhante.
A questão é justamente não conseguirem explicar de forma objetiva os motivos de dar a consciência o direito a vida, mas ao mesmo tempo justificar o direito de impedir um ser prestes a se tornar consciente, de faze-lo, nem a diferença entre isso e a eliminação de um ser temporariamente inconsciente... que nunca ira saber o que lhe aconteceu.

A quem justifica o direito a vida com base na consciência, cabe explicar essas questões e justificar os motivos de uma coisa ser errada e outra não.
zumbi filosófico escreveu:Eu não lembro desse tópico, mas acho que o direito a vida é bem mais complicado,

Se você não consegue definir o que dá ou não o direito a vida, então como pode se posicionar racionalmente em pró da afirmativa de que tal ser não tem direito a vida enquanto outro tem?
Essa é a questão e isso vale para os dois lados.
Como afirmar que tal ser tem direito a vida, sem definir o que da o direito a ela?
zumbi filosófico escreveu: e que a fecundação ou implante uterino do zigoto são simplesmente ingênuos, logicamente insustentáveis, tautológicos, e, ainda que supostamente estejam por trás de uma bandeira "pró-vida", são nocivos à qualidade de vida de seres já formados, de crianças (e adultos) cujo sofrimento considero bem mais relevante do que o dessas células ou estágios pré-cerebrais.

Superpopulação também é nocivo a qualidade de vida de seres já formados, isso não me dá o direito de matar pessoas ou esterilizar mulheres a força.
Esse comentário é ingênuo e logicamente insustentável e ainda que esteja supostamente por trás de uma bandeira "pró-escolha", fere os direitos de outro ser e, por isso, o bem estar e liberdade da sociedade.
Apesar de ter sido um pouco irônico no final (te parodiando), não deixa de ser, ao menos possivelmente, verdade, até que se possa dizer o que dá o direito a vida.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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Res Cogitans
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por Res Cogitans »

Samael escreveu:Um forista do seu nível realmente faz falta a qualquer debate, Manuel.


Uma boa literatura é crucial para alcançar este nível, ele é uma das poucas pessoas que conheço que procura estudar o que debate.
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.

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Fedidovisk
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por Fedidovisk »

zumbi filosófico escreveu:Ah tudo bem. Até qualquer hora. Mas não deixe de dar uma passadinha, só para repetir de novo que um zigoto ou um embrião ainda sem cérebro e uma pessoa com morte cerebral são exatamente iguais a uma pessoa dormindo ou desmaiada, e que o óvulo não-fecundado é fundamentalmante diferente do óvulo fecundado; e que inclusive, nesse aspecto, ele não é "inconsciente" da mesma maneira que o zigoto e que uma pessoa dormindo, mas de uma maneira em que pode morrer sem que seja uma questão moral; talvez porque é uma "inconsciência haplóide".

E as questões morais também, como os contraceptivos incentivam o sexo irresponsável, e o aborto é só um tipo de infanticídio maquiado por hipócritas covardes demais para admitir que na verdade gostariam mesmo é de matar crianças.


Só o tempo dirá... o que no nosso hoje é equivocado assumir qualquer postura rígida sobre o tema. Do contrário este seria um assunto que não necessitasse de tanta discussão mas que mesmo assim fica sem um ponto final. No dia que dermos como acabado, aí sim poderíamosfazer uso de uma ironia que não seja tão irônica quanto ela.

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Fedidovisk
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por Fedidovisk »

Aliás, andei pensando, e chego a conclusão que é uma contradição os religiosos serem contra o aborto, ao menos a forma como eles associam.

Vejamos os espíritas, são totalmente pró-vida, entretanto, se você não nascer agora, terá outra oportunidade... com os cristãos complica um pouco, mas aí, afinal, se a alma existe desde a concepção, e para os cristãos a alma se forma a partir dela, diferentemente dos espíritas que ela "sempre" existiu, a que destino fica reservado uma alma ainda em estado ignorante ?!

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NadaSei
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por NadaSei »

Fedidovisk escreveu:Aliás, andei pensando, e chego a conclusão que é uma contradição os religiosos serem contra o aborto, ao menos a forma como eles associam.

Vejamos os espíritas, são totalmente pró-vida, entretanto, se você não nascer agora, terá outra oportunidade... com os cristãos complica um pouco, mas aí, afinal, se a alma existe desde a concepção, e para os cristãos a alma se forma a partir dela, diferentemente dos espíritas que ela "sempre" existiu, a que destino fica reservado uma alma ainda em estado ignorante ?!

Acho que alguns cristãos teriam problemas com a alma não ser batizada, nem aceitar jesus como seu salvador... teriam que ir para o purgatório expiar essas "faltas".
Já os espíritas falam sobre impedir a pessoa de ter seu aprendizado, assim atrasando o progresso da mesma.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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zumbi filosófico
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por zumbi filosófico »

NadaSei escreveu:
zumbi filosófico escreveu:
nada sei escreveu:Eu já até criei um tópico para que justificassem o que da o direito a vida, coisa que normalmente dão a consciência/SN, mas são incapazes de explicar questões como a do ser inconsciente temporariamente, entre outras tantas.

São incapazes de explicar, ou vocês são incapazes de aprender que são coisas diferentes, ausência de cérebro e do início da atividade cerebral e coma, sono ou inconsciência?

São coisas diferentes, ninguém nega isso, mas o dilema é semelhante.
A questão é justamente não conseguirem explicar de forma objetiva os motivos de dar a consciência o direito a vida, mas ao mesmo tempo justificar o direito de impedir um ser prestes a se tornar consciente, de faze-lo, nem a diferença entre isso e a eliminação de um ser temporariamente inconsciente... que nunca ira saber o que lhe aconteceu.

A quem justifica o direito a vida com base na consciência, cabe explicar essas questões e justificar os motivos de uma coisa ser errada e outra não.


De modo geral, exceto quando estamas falando das células relacionadas à fecundação/coito, esse é o critério quase que universalmente aceito - com exceção de quem defenda a vida até mesmo depois de morte cerebral. Já as outras células, antes da consciência, são como se fossem "só carne" - se tanto; mesmo que se possa dizer "ah, mas é carne/tecidos/células que vai ficar consciente se dermos um tempo", o mesmo valeria para o óvulo. Essencialmente é isso, e creio que já tenha sido exposto diversas vezes.


zumbi filosófico escreveu:Eu não lembro desse tópico, mas acho que o direito a vida é bem mais complicado,

Se você não consegue definir o que dá ou não o direito a vida, então como pode se posicionar racionalmente em pró da afirmativa de que tal ser não tem direito a vida enquanto outro tem?
Essa é a questão e isso vale para os dois lados.
Como afirmar que tal ser tem direito a vida, sem definir o que da o direito a ela?


É possível se pensar no que não tem direito a vida no mesmo nível que pessoas humanas também, sem saber exatamente o que deveria dar esse direito.

Báctérias deveriam ter? Plantas? Carrapatos? Cães? Chimpanzés? Tumores? Gametas? E por que apenas "vida"? Não devemos pensar também nos direitos dos minerais? A diversas dessas coisas geralmente se nega o direito a vida, e não se julga serem necessárias maiores reflexões éticas. Eu tendo a considerar que tem direito a vida de acordo com a complexidade e estado de funcionalidade do sistema nervoso; não acho que valha muito a pena se refletir sobre os direitos dos carrapatos, mas dos chimpanzés e mesmo dos cães já é diferente. Os níveis de desenvolvimento do ser humano tem áreas em que é mais análogo a chimpanzés e cachorros, e outras em que é meio como uma larva de urodelo ou uma colônia de bactérias. O Fedidovisk mencionou ética vegetarianista como algo mais ou menos análogo, mas há estágios de desenvolvimento humano cuja defesa da vida não equivale tanto a defesa dos vegetarianistas aos animais, mas de excêntricos em defesa dos direitos das plantas e bactérias.



zumbi filosófico escreveu: e que a fecundação ou implante uterino do zigoto são simplesmente ingênuos, logicamente insustentáveis, tautológicos, e, ainda que supostamente estejam por trás de uma bandeira "pró-vida", são nocivos à qualidade de vida de seres já formados, de crianças (e adultos) cujo sofrimento considero bem mais relevante do que o dessas células ou estágios pré-cerebrais.

Superpopulação também é nocivo a qualidade de vida de seres já formados, isso não me dá o direito de matar pessoas ou esterilizar mulheres a força.


Sim, pessoas tem cérebros funcionando, por isso não consideramos que devam ser mortas, e esterilização compulsória é um ato desnecessariamente violento com pessoas com cérebros funcionando.


Esse comentário é ingênuo e logicamente insustentável e ainda que esteja supostamente por trás de uma bandeira "pró-escolha", fere os direitos de outro ser


"Superpopulação também é nocivo a qualidade de vida de seres já formados, isso não me dá o direito de matar pessoas ou esterilizar mulheres a força. Esse comentário é ingênuo e logicamente insustentável e ainda que esteja supostamente por trás de uma bandeira "pró-menstruação", fere os direitos de outro ser[...]"


Apesar de ter sido um pouco irônico no final (te parodiando), não deixa de ser, ao menos possivelmente, verdade, até que se possa dizer o que dá o direito a vida.


Se fosse para ser coerente com esse receio sobre o direito a vida, dando até a células individuais, ou corpos desprovidos de cérebro, se essa coisa toda de pró-vida não fosse um tipo de culto ao coito, deveria também defender a fecundação de todo óvulo ovulado, até que se possa dizer o que dá o direito a vida.
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zumbi filosófico
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por zumbi filosófico »

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Res Cogitans
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Re: Questão para os contra abortistas

Mensagem por Res Cogitans »

Retomando do início:
Para efeitos práticos eu vou usar os seguintes significados para os termos abortista e não-abortista:

Abortista: aquele que defende o aborto pode ser realizado em alguns casos.
Não-abortista: que defende o aborto Não pode ser realizado em a caso nenhum.

Para aqueles que consideram que tirar a vida de um feto é mesmo que assassinar um inocente seguem as perguntas abaixo:

Você trata uma pessoa que fez aborto da mesma maneira que um assassino de um inocente?
Ex1: Você conhece alguém numa festa e ela diz:
(a) já matou um inocente.
ou
(b) Já abortou.

Qual sua reação em cada caso?

Você trata apologistas do aborto da mesma maneira que apologistas de assassinato?

Qual a diferença de tratamento que você daria entre os dois casos.


A questão aqui é por qual motivo o aborto é mais socialmente aceitável que o infanticídio MESMO entre aqueles que consideram os dois crimes equivalentes.
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.

Trancado