Bolsa-família ajuda a reter alunos, diz governo
Enviado: 10 Mar 2008, 12:41
Bolsa-família ajuda a reter alunos, diz governo
Os dados que mostram um aumento do abandono escolar em municípios com alto atendimento do Bolsa-Família, como mostrou o Estado em reportagem publicada ontem , são vistos pelo governo com reserva. Tanto representantes do Ministério do Desenvolvimento Social quanto do Ministério da Educação (MEC) acreditam que o programa ainda é responsável por levar as crianças até a escola. A evasão, afirmam, acontece justamente quando o programa deixa de atendê-las, aos 15 anos.
“No programa há um claro efeito fixador na escola. Esse menino sai aos 15 anos, mas estaria saindo aos 10. O que precisamos agora é pensar uma política para atender depois dos 15 anos”, avalia a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar Almeida e Silva.
O problema, acredita o governo, ainda está na escola, na falta de estrutura do ensino, nos problemas enfrentados por professores e diretores. “O Bolsa-Família garante a entrada na escola. Mas a política de permanência não é exclusiva da escola. É aí que entram merenda escolar, uniforme, transporte”, diz a secretária.
Mais do que isso, admite a secretária, a idéia de “direito à educação” ainda é nova. “É um direito que não se discute, mas precisa ser absorvido pelas famílias”, diz, elogiando o trabalho do Ministério Público em Cupira (PE), também mostrado na reportagem do Estado.Pilarafirma que o mesmo está ocorrendo em outras cidades.
Já o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), criador do Bolsa-Escola - programa que deu origem ao Bolsa-Família - diz que o fato de transformar o Bolsa-Escola em Bolsa-Família pode ter tirado das famílias pobres a idéia da importância de os filhos estudarem. “Hoje há famílias sem filhos que recebem. Sem a idéia de escola no nome se tira do imaginário da família a importância da escola. É ´eu recebo porque sou pobre´, não mais ´eu recebo porque meu filho está na escola´”, afirma.
Ao mesmo tempo, diz o senador, a escola não melhorou, não atraiu o jovem, virou o que chama de “restaurante popular”. “A criança vai pela merenda, vai para garantir que a família receba o dinheiro. E em escola ruim, mesmo pagando, a criança não fica”, diz.
Folha de São Paulo, 10 de março de 2008
Os dados que mostram um aumento do abandono escolar em municípios com alto atendimento do Bolsa-Família, como mostrou o Estado em reportagem publicada ontem , são vistos pelo governo com reserva. Tanto representantes do Ministério do Desenvolvimento Social quanto do Ministério da Educação (MEC) acreditam que o programa ainda é responsável por levar as crianças até a escola. A evasão, afirmam, acontece justamente quando o programa deixa de atendê-las, aos 15 anos.
“No programa há um claro efeito fixador na escola. Esse menino sai aos 15 anos, mas estaria saindo aos 10. O que precisamos agora é pensar uma política para atender depois dos 15 anos”, avalia a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar Almeida e Silva.
O problema, acredita o governo, ainda está na escola, na falta de estrutura do ensino, nos problemas enfrentados por professores e diretores. “O Bolsa-Família garante a entrada na escola. Mas a política de permanência não é exclusiva da escola. É aí que entram merenda escolar, uniforme, transporte”, diz a secretária.
Mais do que isso, admite a secretária, a idéia de “direito à educação” ainda é nova. “É um direito que não se discute, mas precisa ser absorvido pelas famílias”, diz, elogiando o trabalho do Ministério Público em Cupira (PE), também mostrado na reportagem do Estado.Pilarafirma que o mesmo está ocorrendo em outras cidades.
Já o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), criador do Bolsa-Escola - programa que deu origem ao Bolsa-Família - diz que o fato de transformar o Bolsa-Escola em Bolsa-Família pode ter tirado das famílias pobres a idéia da importância de os filhos estudarem. “Hoje há famílias sem filhos que recebem. Sem a idéia de escola no nome se tira do imaginário da família a importância da escola. É ´eu recebo porque sou pobre´, não mais ´eu recebo porque meu filho está na escola´”, afirma.
Ao mesmo tempo, diz o senador, a escola não melhorou, não atraiu o jovem, virou o que chama de “restaurante popular”. “A criança vai pela merenda, vai para garantir que a família receba o dinheiro. E em escola ruim, mesmo pagando, a criança não fica”, diz.
Folha de São Paulo, 10 de março de 2008