Hillary e Obama discutem deus e aborto em fórum religioso

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DIG
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Hillary e Obama discutem deus e aborto em fórum religioso

Mensagem por DIG »

da Associated Press, na Pensilvânia
da Folha Online

Os pré-candidatos democratas à Casa Branca, Hillary Clinton e Barack Obama, discutiram temas relacionados a suas crenças religiosas e como elas influenciam suas propostas políticas em um fórum religioso acompanhado de perto por milhares de eleitores, neste domingo.

Tanto Hillary quanto Obama responderam a questões sobre fé e religião tanto na sua vida particular quanto no seu discurso político e em um possível mandato presidencial.

O Fórum da Fé na Vida Pública no Messiah College, perto de Harrisburg, Pensilvânia, foi transmitido pela TV norte-americana e atraiu a atenção dos eleitores do Estado a apenas oito dias das primárias democratas locais, em 22 de abril.

No evento, os pré-candidatos responderam a questões sobre a presença de Deus em suas vidas e quão freqüentemente eles lêem a Bíblia, além de temas polêmicos como aborto, abstinência e os direitos humanos dentro do contexto da religião.
Mike Theiler/Efe
A nove dias das primárias da Pensilvânia, os pré-candidatos Hillary Clinton e Barack Obama discutem Deus e aborto em fórum religioso
A nove dias das primárias da Pensilvânia, os pré-candidatos Hillary Clinton e Barack Obama discutem Deus e aborto em fórum religioso

Hillary foi questionada sobre se a vida começa na concepção --alegação muito defendida pelos críticos do aborto como prova de que qualquer interrupção na gravidez é determinar o fim de uma vida.

"Eu acredito que o potencial da vida começa na concepção. Para mim, também não é somente sobre uma vida em potencial. É sobre as outras vidas envolvidas... Eu concluí, depois de uma grande preocupação e busca em minha própria consciência e coração ao longo de muitos anos, que indivíduos precisam ser responsabilizados por tomar esta profunda decisão", afirmou Hillary.


Para a senadora, deixar a decisão sobre o aborto para o governo seria uma "intrusão" insustentável no "tipo de sociedade aberta" pregada nos Estados Unidos.

Hillary acrescentou ainda que o aborto deveria continuar sendo legalizado e seguro, mas disse que também deveria continuar "raro".

A mesma pergunta foi feita a Obama, que entrou no fórum após a saída de Hillary. Também cauteloso, o senador disse que não sabia a resposta. "Isso é algo sobre o qual eu acho que não cheguei a uma resolução firme. Eu acho que é muito difícil saber o que isso significa, quando a vida começa. É quando as células se separam? É quando a alma surge?", esquivou-se.

"O que eu sei, como disse antes, é que há algo extraordinariamente poderoso sobre a vida em potencial e isso tem um peso moral que nós temos de considerar quando debatemos o assunto", completou Obama.

Descoberta da religião

Hillary diz-se metodista. No fórum, ela afirmou que sentiu o presente de Deus em sua vida e que ela toma decisões sobre temas morais difíceis como o aborto ou o tratamento a supostos terroristas depois rezar, contemplar e estudar.

"Eu não pretendo nem acreditar que eu saiba as respostas para muitas destas questões. Eu não sei", afirmou Hillary.

Uma das questões mais difíceis enfrentadas pela senadora foi por que Deus permite que pessoas inocentes sofram. Hillary disse que isto foi tema de muito debate por gerações e acrescentou: "Eu não sei. Mal posso esperar para perguntar a ele".

Hillary também teve de responder se acreditava que Deus queria que ela fosse presidente dos Estados Unidos. Cautelosa, ela preferiu dizer que não presume nada em relação a Deus e que acredita que Abraham Lincoln (presidente dos Estados Unidos entre 1861 e 1865, defendeu a unidade do país em plena Guerra da Secessão entre o norte e sul) fez bem em não agir como se Deus estivesse do seu lado.

"Eu poderia responder de forma persuasiva, mas desonesta e dizer, bem, nós vamos descobrir. Na verdade, nossa missão deveria estar no lado de Deus", respondeu a senadora.

Obama, membro da Igreja Batista da Trindade Unida em Chicago, enfrentou mais uma vez a polêmica dos comentários controversos de seu ex-pastor Jeremiah Wright, autor de sermões nos quais criticava os Estados Unidos.

(...)

Republicano

O provável candidato republicano John McCain recusou o convite para ir ao fórum. Mais cauteloso em afirmar questões de religião em sua campanha, sua ausência foi motivo de estranhamento entre os eleitores republicanos.

Nas eleições presidenciais de 2004, os protestantes evangélicos --religião de um a cada quatro norte-americanos adultos-- representaram um grande grupo de apoio ao atual presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, também republicano.

Mesmo assim, McCain conta com apoio entre o grupo. O ativista evangélico David Gushee, professor de teologia na Universidade Mercer, em Atlanta, elogia o senador porque ele tem combinado uma firme oposição ao aborto com apreensão para as alterações climáticas e a condenação da tortura.

"Isso é o que é tão fascinante sobre a sua ausência. Ele é o único que aparentemente está menos confortável falando sobre questões de fé e de como a sua fé poderia influenciar na percepção de sua figura pública e isso [fórum] daria a chance de fazê-lo" disse Gushee.

Trancado