WASHINGTON (AFP) — Uma sucessão de indicadores positivos, como a resistência do consumo anunciada nesta terça-feira, fizeram com que analistas afirmassem que a economia americana poderá se sair melhor do que se previa, apesar de as perspectivas serem incertas a médio prazo.
As vendas varejistas caíram 0,2% em abril em relação a março, mas excluindo automóveis, o consumo aumentou de fato 0,5%, como conseqüência de uma recuperação geral, principalmente nos setores afetados pela crise imobiliária, mas também nos de entretenimento e gastronomia.
Trata-se de um sinal positivo, porque o consumo representa mais de dois terços do crescimento americano.
Além disso, "se pode esperar que as devoluções de impostos melhorem a situação no futuro", assinala Aneta Markowska da Société Générale.
O Departamento do Tesouro já distribuiu mais de 27 bilhões de dólares de devolução de impostos no âmbito do plano de reativação para evitar uma recessão, que restitui aos contribuintes cerca de 152 bilhões de dólares em 2008.
"Apesar de grande parte desses cheques serem destinados para a poupança ou pagamento de dívidas, eles irão ajudar a manter a demanda nos próximos quatro ou seis próximos meses. Isso poderá evitar um trimestre de crescimento negativo", estimou o economista Joel Naroff.
Vários indicadores reafirmaram o otimismo dos analistas nas últimas semanas. O crescimento não caiu para o vermelho no primeiro trimestre como muitos temiam (mantendo-se em 0,6%), o setor de serviços se recuperou em abril e o mercado trabalhista se degradou menos que o previsto (20.000 empregos perdidos).
O secretário do Tesouro, Henry Paulson, alimentou esse otimismo na semana passada, afirmando que o pior da crise havia ficado para trás.
Contudo, as advertências para um otimismo excessivo se multiplicaram.
"Os mercados financeiros estão longe de seu estado normal", considerou nesta terça-feira o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, reconhecendo contudo que existem "sinais bem-vindos" de melhoria.
"Existem sinais bem-vindos, obviamente, mas neste momento, a situação dos mercados financeiros está longe do normal", declarou Bernanke.
No início de maio foi o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, quem expressou seu temor de que os bons índices representassem apenas "fogo de palha".
A confiança das famílias continua restrita, os preços do petróleo estão quebrando recordes seguidamente e o setor imobiliário, que originou a crise, ainda não deu sinais de ter superado a crise. Segundo dados de agentes imobiliários desta terça-feira, o preço médio de residências individuais baixou 7,7% no primeiro trimestre (em ritmo atual).
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