Como prosperar apesar do Estado esbanjador

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Como prosperar apesar do Estado esbanjador

por Arlindo Montenegro
Domingo, Maio 04, 2008

A receita vem da Itália, onde os escândalos de corrupção e a máfia têm um histórico de escândalos sucessivos; onde o terrorismo das Brigadas Vermelhas em sangrento atentado tirou a vida do Ministro Aldo Moro; onde o lixo se acumulou tornando intransitáveis as ruas de Nápoles, um dos mais belos cartões postais do mar Mediterrâneo.

Vem da Itália, onde está encravada a sede do cristianismo, o Vaticano. A mesma Itália que gerou o fascismo e gerou Antonio Gramsci, o editor Feltrinelli que morreu tentando colocar uma bomba numa torre de transmissão de energia e o Partido Comunista mais ativo da Europa.

No dia 9 de Maio de 1978, o corpo do Primeiro Ministro e Presidente da Democracia Cristã italiana Aldo Moro foi encontrado dentro do porta-malas de um carro, depois de um seqüestro que durou 55 dias. Lá como aqui, os extremistas de esquerda promoveram o terrorismo – na Itália, Alemanha e França - “contra o Estado, contra a exploração dos trabalhadores e por uma reforma revolucionária da sociedade conforme o modelo marxista-leninista”.

Exatamente há 30 anos, Treviso era uma região de camponeses devastada durante a II Guerra Mundial, conhecida por seus vinhos, queijos, doces e um patrimônio arquitetônico encantador formado por castelos, palácios e igrejas. Encravada na região do Veneto, perto de Veneza, no nordeste da Itália, a democracia cristã se mantinha no poder. Mas o poder maior era a religiosidade e a unidade das famílias que trabalhavam a terra, transformando-a em 30 anos na região mais próspera da Itália.

Hoje, em Treviso há pleno emprego. Os 830 mil habitantes, do que aqui se denominaria município, trabalham duro em 84.000 empresas. Cada empresa tem pouco mais de 20 empregados e muitas são líderes em excelência e produtividade. A província (município) de Treviso exporta sapatos, móveis, roupas, vinho, metais e outros produtos para o mundo, tendo alcançado em 2006 uma fatura de R$ 28 bilhões e uma renda per capita de 25.250 euros (uns 71.000 Reais por habitante).

A receita do milagre de Treviso é um exemplo de dinamismo e criatividade empresarial. Os prefeitos eleitos são homens eficazes, apegados ao território onde não existe luta de classes nem sindicatos porque todas as empresas são familiares.

A maioria das fábricas funciona como anexo das velhas casas familiares. Os patrões não usam terno e gravata. Trabalham de macacão ao lado de alguns parentes e mais meia dúzia de imigrantes. A norma é ralar, produzir, inovar, faturar, reinvestir e vender mais. A qualidade é produto do amor ao trabalho e da partição dos resultados.

No tempo das eleições os patrões e empregados votam no mesmo partido, nos homens que conhecem e respeitam. Naqueles que brigam contra o Estado, ali conhecido como “Roma ladrona”, que leva os impostos e não dá o retorno. Mas os venetos, que há 30 anos eram alvos de piadas foram levados pelo Partido Democrata Cristão (aquele mesmo do Aldo Moro) a abrir seus próprios negócios.

A vontade de controlar os próprios destinos, uma tradicional cultura solidária e fraterna e o gosto por acumular riquezas mobilizou a sociedade de proprietários de pequenas unidades agrícolas que se serviam de meeiros, hoje transformados em operários associados numa sociedade avançada e exemplar, desenvolvendo tecnologias de ponta.

Do governo central da “Roma ladrona” reivindicam apenas a redução de impostos, o relaxamento e ordem nas leis de imigração e a melhoria das estradas que muitas vezes ficam congestionadas com prejuízo da circulação das mercadorias destinadas à exportação.

Finalmente uma historinha para exemplificar o sucesso empresarial da região onde está a sede da Geox, fundada há 14 anos. Mario Polegato cultivava uvas e foi passear nos Estados Unidos para vender seus vinhos no Reno. O calor era feroz e ele resolveu fazer uns furos nas botas. Utilizou uma faca e sentiu-se aliviado. De volta à Itália, patenteou o “invento” e hoje a Geox “vende 21 milhões de pares de sapatos esburacados com alta tecnologia para 60 países”.

Os comunistas e seus sindicatos tentaram desmoralizar a região com um único argumento: “é um ninho de carolas”. Não têm voz nem vez porque em apenas 30 anos, o capitalismo em sua versão mais simplificada e genuína, conseguiu transformar as hortas feudais em campos de alta tecnologia onde reina a democracia, o bem estar, o lucro e o tiramisú, uma sobremesa feita com biscoitos embebidos em vinho, especiarias e creme de leite, que nem um pavê.
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Arlindo Montenegro é Apicultor.

http://alertatotal.blogspot.com/2008/05 ... stado.html
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