Religião é Veneno

Nosso hábito de moralizar os problemas, misturando-os com intuições de pureza e contaminação, e descansar satisfeitos quando temos os sentimentos certos, pode nos impedir de agir acertadamente.
Longe de desmistificar a moral, portanto, a ciência do senso moral pode fazê-la avançar, permitindo-nos enxergar através das ilusões que a evolução e a cultura nos impuseram e nos concentrar em objetivos que podemos compartilhar e defender. Como escreveu Anton Tchékhov: "O homem se tornará melhor quando você lhe mostrar como ele é".

Analisar a moral científicamente pode acabar com explicações do tipo "porque sim".
Não vai facilitar nossa vida no caso de dilemas como o de ter que escolher entre não fazer nada e deixar que cinco pessoas morram ou salvá-las matando uma pessoa inocente, mas talvez ajude a remover um monte de teias de aranha de nossos conceitos de certo e errado.

Lembrei-me de uma história: puseram um bando de macacos numa jaula com um cacho de bananas no alto de um poste. A cada vez que um deles tentava pegar as bananas, todo o grupo levava um banho de água gelada. Com o tempo, se alguém chegasse perto do poste levava porrada dos outros.

Um dos macacos foi substituído por outro que não sabia da água gelada e ele tentou pegar as bananas. Levou porrada e aprendeu a ficar longe delas. Aos poucos, todos foram substituídos até que não sobrou nenhum que soubesse da água. Ainda assim, continuaram a bater em quem se aproximava do poste.