5 razões para ser de Direita

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DIG
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5 razões para ser de Direita

Mensagem por DIG »

Fonte: http://www.duvido.com/2008/05/16/10-raz ... e-direita/


Eu, como bom Liberal de Direita, tenho muito orgulho dos meus princípios políticos. E, mais do que isso, não me satisfaço em ficar apreciando quieto minha posição: sou um direitista evangelizador.
Logo, exponho aqui minhas cinco principais razões para convencer você, nobre leitor, a se orgulhar de ser direitista, caso seja meu colega; a deixar de ficar de cima do muro e ter uma opinião política sólida; ou, caso seja um de meus adversários, a aderir de vez à bandeira azul, branca e vermelha:


Razão 1 - Porque não dá para confiar nos governos.
A idéia da Esquerda até parece boa: vamos achar um governo (Estado) bom, sábio, justo e íntegro, confiar a este governo o máximo possível de poder na tomada de decisões sobre nossa vida econômica, política, social, cultural, intelectual, enfim; e aproveitar a vida ao máximo sabendo que este governo (que, como dissemos, é bom, sábio, justo e íntegro) vai sempre cuidar dos problemas que surgirem de maneira rápida, indolor e eficiente, garantindo a todos o máximo bem-estar possível e dando a cada um o que é justo e suficiente, suprindo integralmente todas as necessidades da população e eliminando as desigualdades, injustiças, dores e desprazeres.
Só falta um detalhe nesta pintura do paraíso esquerdista: onde achamos este governo perfeito? Ele existe? O messias perfeito e íntegro que se tornará El Presidente existe de verdade? Quem fará parte da extraordinária Gran Junta que governará o país? Super-Homem? Buda? Jesus Cristo? Krishna? Papai Noel?
Não é mais provável que ocorra o que sempre ocorreu na história da humanidade, ou seja, que tais cargos de grande poder sejam ocupados, negociados e loteados por toda sorte de oligarcas e patifes, dispostos a conduzir os mais sórdidos atos de velhacaria para, utilizando a máquina estatal, egoisticamente garantir a sua parte do bolo ao custo de todo o resto?
Como eu disse, no papel, esta entrega de liberdade em favor do bem-estar parece uma maravilha. Afinal, de que adianta ter tanta liberdade individual e viver na miséria? Não seria, afinal, a própria miséria a maior privação da liberdade? Na prática, apesar disso, trata-se de uma idéia hedionda, perigosa, trágica, que sempre, sempre, sempre levou às piores bárbaries ao ser colocada em ação. Exemplos não faltam de revoluções amparadas pelo povo que trocaram tiranos por tiranos ainda piores.
Não vamos nos enganar. Somos seres humanos, primatas, descendentes de animais que até pouco tempo estavam rasgando carne com os dentes e dando pauladas na cabeça do concorrente para roubar sua comida (alguns de nós até hoje fazem isso). Por mais que seja pós-moderno, politicamente correto e bonitinho negar a existência desta natureza humana animal e instintiva e esteja na moda transformar o homem em um ser totalmente condicionado pela cultura, a verdade é que no fundo de nossos genes somos bichos bastante egoístas e cruéis. E é difícil manter este macaco sanguinário controlado quando é oferecido a ele o poder absoluto e o cheque em branco do dirigismo.
Por isto, cada parcela de poder que damos ao Estado é uma parcela de poder que será, muito provavelmente, utilizada de forma duvidosa e questionável. E o pior, é uma parcela de poder que fará muita falta se chegar o infeliz momento em que tenhamos que nos insurgir e tirar na marra quem por acaso usurpar o leme.



Razão 2 - Porque existem coisas que cada setor, privado ou público, faz inquestionavelmente melhor do que o outro, e não vale a pena misturar estas coisas.[/b]
Existem, do ponto de vista do retorno financeiro, dois tipos de atividades: aquelas que geram lucro e aquelas que trazem prejuízo.
O setor privado, em função do interesse econômico, é notadamente mais eficiente e produtivo na execução das atividades que geram lucro, mas obviamente não possui interesse naquelas que trazem prejuízos. O setor público, por sua vez, encarregado por aqueles que o constituíram para este fim específico, possui o poder, as ferramentas e o pessoal para executar aquelas tarefas que são essenciais, mas que não o recompensam com o lucro direto. Para tanto, é finciado com os recursos da tributação, os quais o desobrigam da busca do lucro para a própria sobrevivência. Nenhuma novidade até agora.
Existem fundalmentalmente três atividades ou serviços, além daqueles intrinsecamente ligados à administração, que não dão lucro direto: proporcionar educação para quem não pode pagar por ela, segurança para quem não pode pagar por ela e saúde para quem não pode pagar por ela. Por não gerarem lucro direto (o que não quer dizer que não geram bem-estar coletivo), não há interesse do privado em proporcionar estes serviços. Para isto, temos o Estado.
Até aqui, as opiniões não se dividem: Esquerda e Direita reconhecem estes fatos, que, afinal de contas, são claros, mensuráveis e observáveis. O problema começa a partir deste ponto.
Os esquerdistas sustentam que não há mal nenhum - muito pelo contrário, aliás, é até desejável - o Estado buscar também o lucro, competindo com o setor privado nas atividades do mercado. Isto traria mais dinheiro aos cofres públicos, fortaleceria o Estado e - olhem só - permitiria que ele proporcionasse aqueles serviços pouco lucrativos ainda melhor!
Nós, da Direita, achamos que isto não só é um erro como é uma grande bobagem. E temos motivos para isso.
Primeiro, como exposto na razão acima, desconfiamos muito, muito mesmo dos governos. Aliás, não exatamente deles, mas das pessoas que costumam ocupá-los. Como já observamos infindáveis vezes os governantes gastarem muito mal o dinheiro arrecadado, é natural não nos sentirmos à vontade vendo o governo colocar ainda mais dinheiro nos cofres. Dinheiro este que, na mão do setor privado, poderia estar sendo convertido em salários, melhorias nas indústrias, investimentos, etc, e estaria deixando a economia mais dinâmica, movimentada e forte. Dinheiro este que, na mão do Estado vai virar… bem, ninguém sabe. Mas se você lê jornais pode desconfiar.
Segundo, a participação do Estado em algum mercado tende a deformá-lo. É a mesma coisa que, em um jogo de futebol disputadíssimo, dar o apito do juiz ao capitão de um dos times. Começa com uma proteçãozinha aqui, um privilegiozinho ali (tudo em nome do “vamos fortalecer o que é público”) e acaba em um monopólio estatal com preços que não convém a ninguém, sem pressão da concorrência por qualidade no serviços, sem investimentos no setor e com grandes, gordas e jurássicas estatais com milhares de funcionários, três gerentes e cinco superintendentes para cada funcionário, dirigentes apontados pelo Partido X, sem qualificação nenhuma senão agitar bandeira em campanha. Ou seja, receita de ineficiência e certeza de dinheiro mal-gasto.
Apesar de toda a ladainha histriônica contra a privatização de certos dinossauros estatais, a verdade é que ainda está para aparecer um argumento de verdade (ou seja, um argumento lógico, sólido, fundamentado na ciência econômica) contra esta separação entre o público e o privado. Podem ter ocorrido fraudes nas privatizações de algumas empresas (viram? Mais um motivo para desconfiar dos governos…), mas isto não tem absoutamente nada a ver com a conclusão, em si, de que uma empresa privada é, regra geral, muito mais produtiva, eficiente, bem-gerenciada e benéfica à sociedade do que uma empresa pública.
Terceiro motivo, e este é para aqueles que gostam de princípios, como eu, é que não faz parte da razão de ser do Estado buscar o lucro. A razão de ser do Estado é, pura e simplismente, garantir o bom funcionamento da sociedade. Não é lucrar. Ele NÃO PRECISA do lucro. Ele tem a tributação. Para que quer o lucro? Só quer o lucro quem tem interesses próprios, e o Estado não deve ter interesses próprios: deve ter os interesses da sociedade que o instituiu, nem mais, nem menos. O Estado é servo, não senhor e nem igual.



Razão 3 - Porque a Economia é uma ciência legítima, respeitável, com leis observáveis e testáveis.
A Esquerda teima em acusar a Direita de “dar muito valor à economia”. Ora, não podemos fazer nada. Acusar alguém de dar muito valor a uma ciência de cunho matemático é a mesma coisa que acusar alguém por sempre obedecer à Lei da Gravidade.
A economia é a ciência social que estuda a produção, distribuição e consumo de bens, recursos e serviços. Dentre estes bens, recursos e serviços estão o dinheiro, bens materiais das mais variadas ordens, trabalho, esforço, atenção e até mesmo o uso do tempo livre. A economia estuda as leis e padrões que explicam, de maneira científica, não só o que as pessoas fazem com o próprio dinheiro, mas como gerenciam qualquer recurso - incluindo o seu tempo, o seu voto, o seu suor - e, com iestas informações, busca prever quais as decisões que tomarão no seu dia-a-dia e definir quais os melhores caminhos para a obtenção de um dado resultado pretendido.
E, é natural, para todos aqueles que se iniciam nos caminhos da economia e passam a observar o mundo com olhos mais científicos, as coisas começam a se tornar claras. Ou, por que não dizer, “começam a se deslocar da esquerda para a direita”.
Os princípios básicos da economia se estruturam em torno do conceito de mercados, que são a forma ideal de organização e conjugação de interesses diversos. Não vou dar aula de Introdução à Economia aqui, mas não é preciso ser um especialista no assunto para saber que um mercado, bem regulado e azeitado, é muito melhor para todos do que um grande e onipresente monopólio estatal. Bem, talvez não tão bom assim para o monopolista estatal…
Igualmente, não somos contra medidas assistencialistas por maldade ou desejo de ver o pobre se ferrar. Somos contra políticas assistencialistas porque elas são um poço sem fundo de recursos, e geram resultados em grande parte das vezes inócuos. Isso não é difícil de provar.
Não somos contra o dirigismo econômico por que “queremos manter os privilégios da burguesia”, “garantir os interésses do capitalismo americano” , ou qualquer besteira panfletária do gênero. Somos contra porque é possível provar que, como regra geral, dirigismo leva a resultados econômicos indesejáveis a todos, inclusive os que seriam supostamente beneficiados.
E provamos tudo isto utilizando o objetivismo da ciência econômica, e não a subjetividade de preconceitos, rótulos, suposições e as onipresentes alegações envolvendo “interesses ocultos” da “burguesia”, do “alto empresariado” e “das multinacionais” atrás de cada esquina.



Razão 4 - Porque na Direita há margem para discussão.
Há muitos matizes no pensamento de direita. Temos lugar para o maior dos liberais, e para os mais fanático dos conservadores. Para o maior dos libertários, e para o maior dos autoritários. Temos como membros, em nossas fileiras, tanto o Marquês de Sade quanto o Papa Bento XVI.
É bem verdade, não nos orgulhamos muito de alguns dos nossos afiliados (principalmente os fascistas, que, a bem do rigor doutrinário, ao chegar no poder fizeram tudo ao avesso dos ideais clássicos da direita, com fortalecimento do Estado, supressão das liberdades individuais e tudo o mais), mas, pelo menos, quando chega a hora de colocar os cálculos na planilha, a matemática e as leis da economia nos unem.
É comum ouvir coisas sobre a direita como “ser contra o aborto é coisa da Direita”, “invadir o Iraque é coisa da Direita”, “ser contra o casamento entre homossexuais é coisa da Direita”, e coisas do gênero. Em sua maioria, estes julgamentos estão errados - ou, pelo menos, erram sensivelmente o alvo.
Na Direita temos liberais e conservadores radicalmente opostos, e toda uma miríade de posições entre estes dois pólos. O conservadorismo religioso, atribuído “à Direita” pelos críticos, é típico dos conservadores e é repudiado pelos liberais (que, não raro, estão pouco se lixando para religiões). Conservadores se escandalizam com uniões homossexuais, que são encaradas com naturalidade pelos liberais. Invadir o país dos outros para impor um modo específico de vida também é uma atitude típica do conservadorismo, recebida com muito pouca simpatia pelos liberais.
E, ainda assim, somos todos de Direita.
Esta é uma liberdade que, em uma primeira análise, falta à Esquerda. Ao falhar em compartimentalizar a vida humana, transformando nossas dimensões individuais, intelectuais, de consciência, religiosa, etc, em meros reflexos de nossa dimensão político-econômica, a Esquerda norteia todos os aspectos da vida humana pelo “social”. Se a Direita é marcada pela união em torno de uma convicção de ordem econômica, com variados e imprevisíveis matizes em todas as outras áreas da experiência humana, a Esquerda parece misturar todos os aspectos da vida e orientar tudo pelo mesmo cartilhão.
Temos diversidade suficiente em nossas fileiras para fazer uma sangrenta guerra particular sobre, por exemplo, liberdade sexual. Lance este assunto lá na Esquerda, e todos vão sentar na mesma posição e abrir a mesma cartilha vermelha escrita pelo mesmo alemão barbudo, folheando incansavelmente o livro na busca do parágrafo que diga o que dizer sobre o assunto. E, se brigarem, é porque um acusa o outro de não interpretar Marx de maneira literal o suficiente.



Razão 5 - Porque, sinceramente, a Esquerda não apresenta soluções econômicas convincentes.
Não interpretem, meus caros leitores, isso como uma insinuação de que as idéias de esquerda são rasas. Pelo contrário, quem entra em contato com os clássicos do pensamento de Esquerda (o que todo o direitista honesto tem a obrigação de fazer) encontra uma grande complexidade e profundidade crítica (o que não quer dizer que sejam idéias integralmente válidas).
Mas… falta algo. Falta um quê de objetividade, de matematicidade, de testabilidade, na apresentação das soluções da Esquerda. Crítica é bom, mas nem só de adjetivos vive o homem. Podemos criar modelos matemáticos do que acontecerá se diminuirmos em 0,5% a taxa básica de juros, mas como vamos colocar no papel a execução (e o pior, as consequências) da “revolução do proletariado”? Como medimos objetivamente a “luta de classes”? Como determinamos com certeza o que é e o que não é “conspiração da burguesia” nos fenômenos à nossa volta? Que mecanismos objetivos nos asseguram que uma tomada de poder pelo Partido da Redistribuição Total da Riqueza não vai se transformar em uma repetição do desastre jacobino (ou stalinista, ou maoísta, ou pol-potista, ou castrista, ou chavista…)? É tudo muito etéreo, tudo muito vago.
Palavras de ordem, gritos de guerra, faixas, cartazes, cançõezinhas, tudo isto funciona muito bem em torcida de futebol e em gincanas de escola, mas onde está a teoria? A opção econômica concreta e viável? Quem tem algo melhor, no panorama intelectual da Esquerda, do que as mesmas repetições dos surrados “luta de classe”, “é culpa da burguesia”, “é imperialismo ianque”? Cadê a teoria? Me responda quem já foi tanto ao Fórum da Liberdade quanto ao Fórum Social Mundial, que ilustram perfeitamente meu argumento.
Onde está, depois de Keynes (que, mesmo assim, nunca corroborou comunismo nenhum), o grande economista da Esquerda? Tem uma hora que gritar “Revolución!!” cansa e você quer se aprofundar. Neste caso, onde procurar conhecimentos? Em Marx, de novo, de novo e de novo?
Por exemplo, atribuem a pobreza dos países subdesenvolvidos à riqueza dos EUA e da Europa. Ao ouvir isto, alguém pode imaginar que os recursos são sugados aqui e arremessados lá, e há uma transferência unilateral de riqueza. Gritam, gritam e não apresentam número algum. Depois, confrontados com o fato que mais de 3/4 da estupenda riqueza americana correspondem a serviços (ou seja, riqueza gerada lá, sem participação material alguma de recursos roubados de país algum), não sabem explicar onde está a conexão e trocam de assunto. De preferência, para a análise de alguma obscuridade do governo Fernando Henrique.
Outra: para perplexidade dos economistas, atribuem todas as desgraças dos países subdesenvolvidos ao famigerado “capital estrangeiro”. Depois, confrontados com a informação de que os países mais miseráveis do mundo são justamente aqueles com menor investimento estrangeiro (e vice-versa), se enrolam com o próprio argumento e não conseguem explicar a relação. Geralmente neste ponto alguém começa a tocar o tambor e puxar a canção, para evitar o silêncio constrangedor, e é o máximo que fazem.

Trancado