Câmara aprova, por placar apertado, a CSS, a nova CPMF
Enviado: 11 Jun 2008, 23:03
Câmara aprova, por placar apertado, a CSS, a nova CPMF
Publicada em 11/06/2008 às 21h44m
Isabel Braga - O Globo; O Globo Online
Reuters
BRASÍLIA - Com apenas dois votos além do necessário, a base do governo conseguiu aprovar nesta quarta-feira, na Câmara, a Contribuição Social para a Saúde (CSS), na prática, a recriação da CPMF. O novo imposto se destina a garantir à União recursos para cumprir a Emenda 29, que fixa os percentuais mínimos de investimento anual no setor. (PP e PDT foram os partidos aliados que deram menos apoio ao governo)
O governo teve 259 votos, dois a mais que os 257 que precisava para aprovar a contribuição. Foram 159 votos contrários e duas abstenções. O projeto segue agora para o Senado, onde o governo tem maioria frágil. (A CSS vai passar no Senado? Opine)
Com alíquota de 0,1 % sobre as movimentações financeiras a ser cobrada a partir de janeiro de 2009, a CSS, com destinação exclusiva à saúde, substitui a extinta CPMF, que tinha alíquota de 0,38 % e se destinava a diversos fins.
Aprovada em destaque à regulamentação da Emenda 29, a CSS, segundo estimativas do Ministério da Saúde, deve arrecadar mais de R$ 10 bilhões por ano para o setor.
A Câmara mudou completamente a chamada Emenda 29, o projeto de lei complementar aprovado no Senado, que previa aumento gradual da parcela destinada pela União à saúde, passando dos 7 % atuais da receita bruta até chegar a 10 % em 2011. Pelo novo texto, o orçamento da Saúde continuará sendo reajustado pelo crescimento do PIB mais a inflação do ano anterior.
O Senado não apontou de onde sairiam os recursos para cobrir as novas despesas, e o governo pressionou por mudanças na Câmara, o que gerou a criação da nova contribuição.
O resultado apertado para o governo foi considerado uma vitória pela oposição.
- Sabíamos que o governo não teria muito mais do que precisava, mas teve muito menos. Para nós foi uma vitória, sinal de que não será aprovada no Senado - disse ACM Neto.
A oposição teria que derrubar o destaque que mantinha no texto principal a sua criação. E precisava, portanto, de 257 votos, pelo menos. Os governistas deram 259 votos, dois a mais do que o necessário, evidenciando que foi grande a dissidência na base governista, que tem, em tese, 350 votos.
* Isenção para quem ganha até R$ 3.038
Haverá limite de isenção na CSS para quem ganha até R$ 3.038 - o mesmo valor do teto das aposentadorias pagas pelo INSS. Os contribuintes terão o valor compensado por meio de uma redução na alíquota que paga ao INSS.
* Debate acalorados
Enquanto os deputados votavam em plenário, os líderes continuavam se enfrentando em debates na tribuna da Casa. Os governistas defendendo a votação da proposta, a oposição criticando a criação de um novo imposto. O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), ocupou a tribuna para reagir ao discurso feito pelo líder do PSDB, José Anibal, no final da manhã de hoje. Fontana classificou como desrespeito o fato de Anibal dizer que ele, Fontana, subira à tribuna para mentir e para contar conversa fiada.
- O Brasil que defendemos é o que precisa de mais saúde, não o Brasil Suíça, que tem planos de saúde para poucos e muitos caros. O Brasil dos que querem mais UTIs, centros especializados, o Brasil que amplie o fornecimento de medicamentos. Mas o líder do PSDB disse que isso é "conversa fiada de um líder que não tem o que dizer". Respeito o direito de divergir, mas jamais subiria à tribuna para chamar de conversa fiada o que outro líder falou. E dizer que o discurso é mentiroso, é a frase típica da arrogância - disse Fontana, acrescentando:
- A oposição, do alto de sua incoerência, vem fazer discurso fácil. Mas não colocou recursos a mais para a saúde quando foi governo. É demagógica porque sabe que sem fonte adicional não se financia saúde.
Anibal voltou à tribuna, dando continuidade à disputa política:
- Não fizemos antes, porque fizemos muita coisa antes: acabamos com a inflação, aprovamos a Lei de Responsabilidade Fiscal, fizemos a CPMF porque o Brasil vivia uma situação de instabilidade. E o partido que hoje está no governo foi contra o Plano Real, o fim da inflação, a LRF, contra a CPMF. E, depois, o atual presidente da República, astucioso como, é adotou como política o câmbio flutuante, as metas de inflação.
Anibal afirmou que o governo Lula adotou para si toda a política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso, mas não sabe que preciso maior rigor nos gastos públicos.
- Se planta para depois colher. São atos próprios de governos responsáveis. Mas este governo colhe o que plantamos e o que se vê é o espetáculo da gastança, feita sem vinculação com políticas públicas. E agora, com a mão de gato, usa a saúde para recriar a CPMF.
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/0 ... asp#coment
Publicada em 11/06/2008 às 21h44m
Isabel Braga - O Globo; O Globo Online
Reuters
BRASÍLIA - Com apenas dois votos além do necessário, a base do governo conseguiu aprovar nesta quarta-feira, na Câmara, a Contribuição Social para a Saúde (CSS), na prática, a recriação da CPMF. O novo imposto se destina a garantir à União recursos para cumprir a Emenda 29, que fixa os percentuais mínimos de investimento anual no setor. (PP e PDT foram os partidos aliados que deram menos apoio ao governo)
O governo teve 259 votos, dois a mais que os 257 que precisava para aprovar a contribuição. Foram 159 votos contrários e duas abstenções. O projeto segue agora para o Senado, onde o governo tem maioria frágil. (A CSS vai passar no Senado? Opine)
Com alíquota de 0,1 % sobre as movimentações financeiras a ser cobrada a partir de janeiro de 2009, a CSS, com destinação exclusiva à saúde, substitui a extinta CPMF, que tinha alíquota de 0,38 % e se destinava a diversos fins.
Aprovada em destaque à regulamentação da Emenda 29, a CSS, segundo estimativas do Ministério da Saúde, deve arrecadar mais de R$ 10 bilhões por ano para o setor.
A Câmara mudou completamente a chamada Emenda 29, o projeto de lei complementar aprovado no Senado, que previa aumento gradual da parcela destinada pela União à saúde, passando dos 7 % atuais da receita bruta até chegar a 10 % em 2011. Pelo novo texto, o orçamento da Saúde continuará sendo reajustado pelo crescimento do PIB mais a inflação do ano anterior.
O Senado não apontou de onde sairiam os recursos para cobrir as novas despesas, e o governo pressionou por mudanças na Câmara, o que gerou a criação da nova contribuição.
O resultado apertado para o governo foi considerado uma vitória pela oposição.
- Sabíamos que o governo não teria muito mais do que precisava, mas teve muito menos. Para nós foi uma vitória, sinal de que não será aprovada no Senado - disse ACM Neto.
A oposição teria que derrubar o destaque que mantinha no texto principal a sua criação. E precisava, portanto, de 257 votos, pelo menos. Os governistas deram 259 votos, dois a mais do que o necessário, evidenciando que foi grande a dissidência na base governista, que tem, em tese, 350 votos.
* Isenção para quem ganha até R$ 3.038
Haverá limite de isenção na CSS para quem ganha até R$ 3.038 - o mesmo valor do teto das aposentadorias pagas pelo INSS. Os contribuintes terão o valor compensado por meio de uma redução na alíquota que paga ao INSS.
* Debate acalorados
Enquanto os deputados votavam em plenário, os líderes continuavam se enfrentando em debates na tribuna da Casa. Os governistas defendendo a votação da proposta, a oposição criticando a criação de um novo imposto. O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), ocupou a tribuna para reagir ao discurso feito pelo líder do PSDB, José Anibal, no final da manhã de hoje. Fontana classificou como desrespeito o fato de Anibal dizer que ele, Fontana, subira à tribuna para mentir e para contar conversa fiada.
- O Brasil que defendemos é o que precisa de mais saúde, não o Brasil Suíça, que tem planos de saúde para poucos e muitos caros. O Brasil dos que querem mais UTIs, centros especializados, o Brasil que amplie o fornecimento de medicamentos. Mas o líder do PSDB disse que isso é "conversa fiada de um líder que não tem o que dizer". Respeito o direito de divergir, mas jamais subiria à tribuna para chamar de conversa fiada o que outro líder falou. E dizer que o discurso é mentiroso, é a frase típica da arrogância - disse Fontana, acrescentando:
- A oposição, do alto de sua incoerência, vem fazer discurso fácil. Mas não colocou recursos a mais para a saúde quando foi governo. É demagógica porque sabe que sem fonte adicional não se financia saúde.
Anibal voltou à tribuna, dando continuidade à disputa política:
- Não fizemos antes, porque fizemos muita coisa antes: acabamos com a inflação, aprovamos a Lei de Responsabilidade Fiscal, fizemos a CPMF porque o Brasil vivia uma situação de instabilidade. E o partido que hoje está no governo foi contra o Plano Real, o fim da inflação, a LRF, contra a CPMF. E, depois, o atual presidente da República, astucioso como, é adotou como política o câmbio flutuante, as metas de inflação.
Anibal afirmou que o governo Lula adotou para si toda a política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso, mas não sabe que preciso maior rigor nos gastos públicos.
- Se planta para depois colher. São atos próprios de governos responsáveis. Mas este governo colhe o que plantamos e o que se vê é o espetáculo da gastança, feita sem vinculação com políticas públicas. E agora, com a mão de gato, usa a saúde para recriar a CPMF.
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/0 ... asp#coment