MST novamente ataca assentados que ousaram produzir
Enviado: 18 Jun 2008, 06:48
"O Globo" 17/06/08
Em Pernambuco, sem-terra contra sem-terra
Letícia Lins
RECIFE. Armados com facões e fazendo um barulho ensurdecedor ao bater com porretes nas escadarias e assoalhos de madeira, cerca de 200 trabalhadores rurais ligados ao MST ocuparam ontem o casarão onde funciona a sede do Incra em Recife.
Os invasores pediam mudanças no Projeto Harmonia, a mais ambiciosa iniciativa de reforma agrária no estado e no qual já se encontram assentadas cerca de 4.200 famílias, a maior parte ligada à Federação dos Trabalhadores de Agricultura de Pernambuco.
A manifestação de ontem põe situação inusitada os movimentos sociais que comandam ocupações de terra no estado, com trabalhador contra trabalhador. De um lado, o MST. De outro, a Fetape, que desde a década passada lutava pela desapropriação dos 45 engenhos da usina Catende.
Desapropriada e com débitos trabalhistas, a usina foi ocupada por ex-lavradores e é considerada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário como exemplo de economia solidária.
Mas o MST alega que, dos 45 engenhos, 18 pertencem ao movimento, e ontem seus militantes ocuparam o Incra para pedir crédito e mudanças no Projeto Harmonia. Eles chegaram a fechar as portas do Incra, impedindo a saída ou o ingresso dos seus 265 servidores.
— Nós não concordamos com a existência de usina em um projeto de reforma agrária.
Usina não pertence ao modelo defendido por nós.
Aquelas terras (as da usina Catende) possuem um grande potencial para a agricultura familiar, e não abrimos mão disso. Ou muda tudo ou teremos ali um segundo Eldorado dos Carajás — dizia, exaltado, Alexandre Damázio, coordenador do MST na mata sul e membro da executiva regional do movimento.
Diretor de Políticas Agrárias da Fetape rebate O diretor de Políticas Agrárias da Fetape, Paulo Roberto Rodrigues dos Santos, rebateu as declarações do dirigente do MST:
— Na verdade, eles têm alguns integrantes do MST assentados em engenhos da Usina Catende, cujo assentamento é coordenado por nós, da Fetape. Em cerca de 4.200 beneficiários, acredito que menos de 1% seja ligado ao MST.
Eles são contra a nossa proposta e trazem gente de outros assentamentos e acampamentos para fazer essa confusão no Incra, para dizer que os sem-terra são contra o projeto.
Mas não é assim que a coisa funciona.
A Fetape tem 214 acampamentos e 198 assentamentos no estado, sendo que o maior é justamente o Projeto Harmonia.
Santos disse que, ao contrário do que informa o MST, há “diversificação da agricultura no assentamento, que além do cultivo e da moagem de cana, possui pecuária, cultivo de flores e piscicultura”.
No início da tarde, integrantes do MST fecharam os portões do Incra. O clima ficou tenso. Os funcionários não entravam nem saíam. Depois de muitas discussões, eles resolveram abrir os portões, pois o Incra informou que não haveria diálogo com reféns. Voltaram e fazer bloqueio, e a desbloquear depois.
No final da tarde, os portões foram abertos, mas até as 18h de ontem os semterra permaneciam acampados no Incra e ainda não haviam iniciado o diálogo com a direção do órgão.
Em Pernambuco, sem-terra contra sem-terra
Letícia Lins
RECIFE. Armados com facões e fazendo um barulho ensurdecedor ao bater com porretes nas escadarias e assoalhos de madeira, cerca de 200 trabalhadores rurais ligados ao MST ocuparam ontem o casarão onde funciona a sede do Incra em Recife.
Os invasores pediam mudanças no Projeto Harmonia, a mais ambiciosa iniciativa de reforma agrária no estado e no qual já se encontram assentadas cerca de 4.200 famílias, a maior parte ligada à Federação dos Trabalhadores de Agricultura de Pernambuco.
A manifestação de ontem põe situação inusitada os movimentos sociais que comandam ocupações de terra no estado, com trabalhador contra trabalhador. De um lado, o MST. De outro, a Fetape, que desde a década passada lutava pela desapropriação dos 45 engenhos da usina Catende.
Desapropriada e com débitos trabalhistas, a usina foi ocupada por ex-lavradores e é considerada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário como exemplo de economia solidária.
Mas o MST alega que, dos 45 engenhos, 18 pertencem ao movimento, e ontem seus militantes ocuparam o Incra para pedir crédito e mudanças no Projeto Harmonia. Eles chegaram a fechar as portas do Incra, impedindo a saída ou o ingresso dos seus 265 servidores.
— Nós não concordamos com a existência de usina em um projeto de reforma agrária.
Usina não pertence ao modelo defendido por nós.
Aquelas terras (as da usina Catende) possuem um grande potencial para a agricultura familiar, e não abrimos mão disso. Ou muda tudo ou teremos ali um segundo Eldorado dos Carajás — dizia, exaltado, Alexandre Damázio, coordenador do MST na mata sul e membro da executiva regional do movimento.
Diretor de Políticas Agrárias da Fetape rebate O diretor de Políticas Agrárias da Fetape, Paulo Roberto Rodrigues dos Santos, rebateu as declarações do dirigente do MST:
— Na verdade, eles têm alguns integrantes do MST assentados em engenhos da Usina Catende, cujo assentamento é coordenado por nós, da Fetape. Em cerca de 4.200 beneficiários, acredito que menos de 1% seja ligado ao MST.
Eles são contra a nossa proposta e trazem gente de outros assentamentos e acampamentos para fazer essa confusão no Incra, para dizer que os sem-terra são contra o projeto.
Mas não é assim que a coisa funciona.
A Fetape tem 214 acampamentos e 198 assentamentos no estado, sendo que o maior é justamente o Projeto Harmonia.
Santos disse que, ao contrário do que informa o MST, há “diversificação da agricultura no assentamento, que além do cultivo e da moagem de cana, possui pecuária, cultivo de flores e piscicultura”.
No início da tarde, integrantes do MST fecharam os portões do Incra. O clima ficou tenso. Os funcionários não entravam nem saíam. Depois de muitas discussões, eles resolveram abrir os portões, pois o Incra informou que não haveria diálogo com reféns. Voltaram e fazer bloqueio, e a desbloquear depois.
No final da tarde, os portões foram abertos, mas até as 18h de ontem os semterra permaneciam acampados no Incra e ainda não haviam iniciado o diálogo com a direção do órgão.