Por que o rei da Arábia Saudita... petróleo

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Por que o rei da Arábia Saudita... petróleo

Mensagem por spink »

Por que o rei da Arábia Saudita quer esfriar o preço do petróleo

De Bernhard Zand

Os consumidores não são os únicos atingidos pela alta dos preços de petróleo. Agora que o choque do petróleo chegou aos países produtores, a Arábia Saudita convocou uma reunião de cúpula para este final de semana, em um esforço para encontrar soluções concentradas que possam empurrar os preços para baixo.

Outros estariam felizes em ganhar US$ 1 bilhão por dia e por ter boas razões para imaginar que esse número chegará a US$ 2 bilhões por dia no ano seguinte.

Entretanto, Abdullah bin Abdulaziz Al Saud parece pouco animado atualmente. E o ambiente tenso atual no Ministério de Recursos Naturais e de Petróleo em Riad é um reflexo de seu humor. No início da semana passada, o rei saudita decidiu que o suficiente havia sido falado sobre os preços de petróleo e que era hora de agir. Ele convidou a elite de petróleo do mundo a participar de uma reunião em sua residência de verão no mar Vermelho, e desta vez ele quer que todos compareçam: os chefes de Estado e os ministros de gabinete relevantes dos países produtores de petróleo e os maiores consumidores de petróleo, os presidentes da ExxonMobil, Shell e Gazprom e banqueiros do Merrill Lynch, Citigroup e Lehman Brothers. A reunião, no palácio real de Corniche, em Jidda, Arábia Saudita, está marcada para o dia 22 de junho.

"São exatamente onze dias de antecedência", reclamou Badr Al Saadun na manhã de quarta-feira (11/6) em seu escritório no sexto andar do Ministério do Petróleo, gritando comandos alternados em seu telefone celular e em duas linhas fixas. "Eu preciso de cinco pessoas com computadores e preciso de mesas e computadores para a central de chamadas e preciso que as embaixadas me enviem números".

Meia hora depois, ele começa a receber a ligações de diplomatas estrangeiros e se dá conta que ao menos parte de seu trabalho já está feito. Os franceses até fazem uma visita. "Por que isso está sendo feito no último minuto?" Alguém da embaixada de Cingapura quer saber. "O que mais podemos fazer?", responde Saadun. "Esse número não pode mais ser ignorado."

"Precisamos de uma saída"
O número a que ele estava se referindo -US$ 139- foi um preço recorde para o barril de petróleo cru. Depois de meses tentando acalmar os mercados, o número atingiu um nervo na Arábia Saudita, maior produtora de petróleo do mundo. "Um aumento de mais de US$10 em um único dia", disse Ibrahim Al Muhanna, principal assessor do ministro de Petróleo Ali Al Naimi.

"Esse tipo de coisa não acontece há muito tempo, nem mesmo após a invasão do Kuwait, quando 5 milhões de barris de produção diária foram eliminados do dia para noite." Muhanna argumenta que o atual preço petróleo é "inaceitável" e desafia toda razão. "Precisamos de uma saída", disse ele, "e é por isso que estamos convocando a conferência".

Até agora, o mantra dos sauditas e da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), dominada pelos sauditas, é que o problema é dos outros -que não é problema deles. Agora, porém, os sauditas começaram a falar, apesar de relutantemente, sobre seus próprios erros. Muhanna admite que, quando os preços de petróleo estavam baixos, os sauditas investiram muito pouco na exploração de novos campos e construíram poucas refinarias -erros que estão acarretando os funis de hoje. Esses erros, junto com os acusados de sempre -o dólar fraco, a sede por petróleo da China e da Índia, o dinheiro abundante vindo de fundos hedge, as guerras que estão sendo travadas e as que poderemos enfrentar em breve- estão forçando o preço do petróleo.

Para os príncipes do petróleo em Riad, não ajuda o fato do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad estar constantemente pedindo a destruição de Israel ou do vice-primeiro-ministro israelense Shaul Mofaz usar a palavra "inevitável" em conexão com a noção de um ataque ao Irã. Contudo, eles ficam igualmente alarmados pelos pronunciamentos dos bancos centrais Ocidentais de movimentos nas taxas de juros e com a menção constante à teoria do pico do petróleo -imprecisa, em sua opinião- que sustenta que o ápice da produção de petróleo no mundo foi atingido e que as coisas daqui para frente só descerão a ladeira. "Isso é apenas fomentar o medo", disse Muhanna, "o que prejudica a economia e as pessoas, especialmente nos países em desenvolvimento".

O reino saudita atualmente bombeia 9,45 milhões de barris de petróleo cru das areias de seus desertos todos os dias. Há três palavras mágicas às quais o mercado está reagindo: Khursaniyah, Shaybah e Khurais -campos de petróleo ainda não explorados que, uma vez em funcionamento, permitirão aos sauditas aumentarem sua capacidade de produção para 12,5 milhões de barris por dia até o final de 2008.

Mas só isso não resolveria o problema, diz Muhanna. "Se jogássemos esse petróleo cru no mercado hoje, não encontraríamos nem as refinarias nem os clientes para ele."

Do ponto de vista dos sauditas, uma ação conjunta é necessária para estabilizar o mercado. O anúncio da conferência de Jidda por si só, já fez descer temporariamente o preço do petróleo em US$ 3, disseram os organizadores. E, na segunda-feira, um porta-voz das Nações Unidas informou que o rei Abdullah dissera ao secretário-geral Ban Ki-moon que a produção de petróleo da Arábia Saudita seria aumentada em 200.000 barris para 9,7 milhões de barris por dia em julho, a segunda vez que o reinado aumenta sua produção neste ano.

"Quando a conferência começar, o preço vai cair de novo", diz Muhanna. Quem, se não o reino do petróleo, está assumindo responsabilidade atualmente, pergunta?

Muhanna é leitor ávido, e sua mesa tem pilhas de livros. No alto da pilha está o sucesso de Fareed Zakaria "The Post-American World (O Mundo Pós-americano)".

"É um ótimo livro", diz o estrategista de petróleo da Arábia Saudita. "É sobre a liderança em época de crise."

Tradução: Deborah Weinberg

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/ ... 2u837.jhtm
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

Trancado