Muhammad Yunus e as empresas sociais
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Muhammad Yunus e as empresas sociais
Ontem eu assisti a uma entrevista de Muhammad Yunus (Prêmio Nobel da Paz) sobre os negócios sociais que ele implementou, do mais famoso que é o sistema de microcrédito a outos como:
- um iogurte rico em nutrientes para combater a desnutrição em Bangladesh
- água mineral acessível para os moradores de Bangladesh, já que água de lá é contaminada por arsênico.
E outras...
Esta espécie de empresa tem o objetivo de crescer e resolver problemas sociais SEM precisar de doações de terceiros ou subsídio do governo, Yunus criou negócios que tentassem minimizar problemas sociais e, ao menos em Bangladesh, foi bem sucedido.
Segue uma outra entrevista com Yunus:
10 Perguntas para Muhammad Yunus
26.02.2008
"Empreender é parte da natureza humana"
O EMPREENDEDOR DOS POBRES
Yunus com moradores de Daca, em Bangladesh, em 2006. depois do Grameen Bank, ele criou outros negócios voltados para a população carente
Muhammad Yunus é um economista com idéias pouco convencionais. Nascido em Bangladesh e com Ph.D. pela Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, defende que o acesso ao crédito deveria ser um direito universal do ser humano. Defende, também, que toda pessoa é empreendedora por natureza. A visão de que o empreendedorismo, e não a caridade, é a solução para a pobreza emergiu depois que Yunus decidiu, em meados dos anos 70, emprestar US$ 27 tirados do próprio bolso a 42 cidadãos pobres que viviam nas redondezas da Universidade de Chittagong, onde lecionava, em sua cidade natal. Ele não só recebeu seu dinheiro de volta como percebeu que os empréstimos melhoraram a vida daquelas pessoas. Com base na experiência, tentou convencer bancos tradicionais a emprestar dinheiro à população pobre de Bangladesh. Não conseguiu. Em 1983, criou o Grameen Bank - segundo sua própria definição, um banco para os pobres.
O Grameen Bank tem hoje 7,5 milhões de clientes em mais de 70 mil vilas em Bangladesh, sendo 97% mulheres, que usam o dinheiro para tocar pequenos empreendimentos. Os empréstimos são feitos sem garantias e a taxa de inadimplência não chega a 2%. A instituição já emprestou mais de US$ 6 bilhões e, atualmente, é mantida principalmente graças aos depósitos de seus clientes. Em 2006, Yunus e o Grameen Bank receberam o Prêmio Nobel da Paz, ampliando a visibilidade dos programas de microcrédito. Segundo ele, 64% das pessoas que tomam empréstimos no banco há cinco anos ou mais ultrapassaram a linha da pobreza. (Para deixar de compor o grupo dos pobres uma família precisa ter, entre outras coisas, uma casa com telhado, água potável e roupas de inverno.)
Desde 2006, Yunus coloca em prática outra idéia pouco convencional: a de que é possível criar "empresas sociais" em parceria com o setor privado. O modelo está sendo testado pelo Grameen Bank com a Danone. As duas organizações pretendem construir 50 fábricas de iogurte enriquecido com minerais em Bangladesh, com o objetivo de combater a desnutrição infantil. A primeira está pronta. Todo o lucro será usado para expandir o negócio - tanto o Grameen quanto a Danone concordaram em não retirar nenhum dividendo além do necessário para recuperar o capital investido. "Vamos criar também uma cadeia de hospitais oftalmológicos, no modelo de empresa social", disse Yunus a Época NEGÓCIOS, semanas antes de uma viagem ao Brasil para participar do Fórum Internacional de Energias Renováveis e Sustentabilidade, em Florianópolis, em novembro. Para esta entrevista especial, convidamos personalidades da economia e dos negócios para formular perguntas ao Prêmio Nobel da Paz 2006.
1 » A iniciativa privada pode ajudar no combate à fome e à desigualdade social no mundo? Se sim, de que maneira? Gustavo Valle, presidente da Danone no Brasil
O sistema de livre mercado, ou economia capitalista, contém um erro básico. Dentro da estrutura teórica da economia capitalista existe apenas um tipo de negócio - o negócio cujo objetivo é o lucro. Não há espaço para outros tipos de empreendimento. Por isso, as pessoas envolvidas nesse universo centram seus esforços em conseguir o maior lucro possível. Trata-se de uma interpretação completamente equivocada sobre o ser humano - ele é muito mais do que uma máquina de fazer dinheiro. Tem desejo profundo de fazer o bem aos outros e à sociedade, e isso não faz parte da teoria do capitalismo. Para conter todos os desejos do homem, seria necessário criar um novo tipo de negócio, com o objetivo de ajudar os outros sem esperar tirar nenhum proveito pessoal disso. A empresa social é esse novo tipo de negócio. Nela, o lucro é reinvestido de forma a aumentar seu alcance e a melhorar a qualidade do produto ou serviço oferecido. Os investidores do setor social podem obter de volta a quantia investida, mas não devem tirar dividendos. A empresa social é uma organização sem perdas e sem dividendos.
2 » O que o motivou a criar o Grameen Bank? Época NEGÓCIOS
Eu percebia que as coisas ao meu redor não funcionavam. Nada funciona em Bangladesh. Há pobreza extrema, há fome. Sentia também que não poderia me esconder atrás da teoria econômica tradicional. Se pudesse mudar a vida de uma pessoa apenas, ainda que fosse apenas por um dia, já ficaria muito feliz. Comecei a emprestar dinheiro para os pobres que viviam na região da universidade. Descobri que, apesar da oposição dos bancos tradicionais, esse sistema funcionava. Para garantir sua continuidade, decidi que deveríamos criar um banco. Consegui a licença e criei um banco para os pobres, no qual eles são também os donos do negócio. A motivação veio daí - de ver o que acontecia com as pessoas e de perceber que aquilo dava certo.
3 » De lá para cá, muitos outros negócios - em setores como telecomunicações e energia - foram criados. Como isso aconteceu? Época NEGÓCIOS
Esses negócios surgiram do mesmo interesse. A tecnologia da informação, por exemplo, me interessava muito, porque eu imaginava que ela poderia mudar a vida dos pobres. Criei uma empresa provedora de serviços de internet como um primeiro passo na tentativa de levar a eles tecnologia da informação. É hoje uma das maiores companhias de seu setor. Mais tarde, quando o governo de Bangladesh estava distribuindo licenças para novas empresas de telefonia celular, conseguimos uma e criamos a Grameen Phone. Atualmente é a maior empresa de telefonia de Bangladesh, com mais de 16 milhões de assinantes, e é também o maior pagador de impostos do país. A Grameen Phone é uma empresa com fins lucrativos. Eu a criei, mas não sou o dono dela. Suas ações são reservadas para as mulheres pobres de Bangladesh. Como elas são as donas do Grameen Bank, estamos fazendo de maneira a que possam ser também as proprietárias da Grameen Phone. Além disso, temos uma empresa de energia solar chamada Grameen Shakti. Há dois meses, atingimos o marco de 100 mil sistemas de energia solar instalados em casas de Bangladesh. Há ainda muitas outras empresas em atividade, como a Grameen Fisheries e a Grameen Agriculture. No total, são mais de 2 mil companhias. Muitas, como a Grameen Shakti, não têm fins lucrativos. São negócios sociais. Outras, como a Grameen Phone, têm fins lucrativos, porque muitas vezes há parceiros envolvidos e eles preferem que seja dessa maneira. Mas, mesmo nesses casos, eu não sou o dono. As ações são sempre de alguma organização sem fins lucrativos do grupo Grameen. Nosso interesse principal não é ganhar dinheiro, é ajudar as pessoas.
4 » Em que medida a "bancarização" dos mais pobres modifica o comportamento dessas pessoas e acende sua esperança de sucesso numa economia controlada pelos mercados, competitiva e eficiente, mas vista como injusta? Antônio Delfim Netto, ex-ministro e economista
Acreditamos que o microcrédito dá dignidade a quem o recebe. Mulheres que nunca administraram dinheiro antes se transformam em empreendedoras confiantes. O impacto na imagem delas, dentro da própria família e da comunidade onde vivem, é positivo.
5 » Por que a preferência em emprestar dinheiro para mulheres? Época NEGÓCIOS
Eu era contra os bancos convencionais. Considerava-os injustos, porque eles não emprestam dinheiro para os pobres nem para as mulheres. Nesses bancos, elas representam menos de 1% dos tomadores de empréstimos. Quando comecei, decidi que 50% dos empréstimos seriam dados a mulheres. Levamos seis anos para atingir essa meta. Começamos a observar o que acontecia e percebemos que, quando o empréstimo era dado às mulheres, os benefícios para as famílias eram muito maiores. Por isso decidimos nos concentrar no público feminino. Hoje, dos 7,5 milhões de clientes do Grameen Bank em Bangladesh, 97% são mulheres.
6 » Recentemente, a revista inglesa The Economist publicou uma reportagem dizendo que há duas questões relevantes para ampliarmos a inclusão social: educação e crédito.Como essas duas questões podem ser conjugadas na agenda econômica e qual o equilíbrio entre elas? Fabio Barbosa, presidente do Banco Real
Educação e crédito não são conceitos excludentes. O acesso ao crédito permite que as famílias tenham acesso a outros serviços essenciais, como educação e saúde. Por isso, minha proposta era transformar o crédito em um dos direitos do homem, uma vez que isso ajudaria a garantir mais facilmente os outros direitos. Se uma pessoa consegue gerar renda, consegue também garantir a comida e a moradia. Além disso, aumentar o acesso à renda, especialmente para mulheres, aumenta o bem-estar da família como um todo. O resultado disso é que as crianças passam a freqüentar a escola. Assim, a segunda geração é içada para fora do ciclo da pobreza.
Há muitos anos o Grameen Bank vem sendo objeto de estudos. Livros foram escritos sobre esse projeto. E todos chegaram à conclusão de que o nível de renda está aumentando, criando oportunidades e capacitação. Isso tira as pessoas da pobreza. Um estudo do Banco Mundial mostrou que 5% das pessoas que tomam empréstimo do Grameen superam a linha da pobreza a cada ano. Isso significa que, a cada dia e a cada semana, mais famílias atingem essa meta. Nossas pesquisas internas dão conta que 64% dos devedores do nosso banco, dentre aqueles que estão conosco há cinco anos ou mais, deixaram de ser pobres em 2006. As estatísticas e os resultados do microcrédito mostram que o modelo funciona.
7 » Quais são as condições necessárias para que esse modelo possa ser replicado em grande escala e em diferentes culturas? Roberto Salas, presidente da Amanco
Os programas de microcrédito funcionam em toda parte. Isso ocorre porque, em qualquer lugar, a população mais pobre encontra dificuldade em ter acesso a financiamentos cujas regras sejam razoáveis. Para que os programas funcionem com eficácia, é preciso criar um ambiente que permita a existência do microcrédito. Isso significa estabelecer uma estrutura reguladora e jurídica adequada, assim como mecanismos acertados de financiamento. Da mesma forma que Bangladesh, vários países colocaram em prática essa estrutura jurídica que facilita o microcrédito. O resultado é que essa idéia está prosperando. Em alguns países, as organizações de microcrédito não conseguem garantir uma quantidade suficiente de depósitos, e isso as impede de se auto-sustentar. Os intermediários financeiros devem ter a liberdade de determinar os juros sobre empréstimos e depósitos, de forma a ter um "spread" que os permita operar de maneira sustentável.
8 » No livro Presença, Peter Senge afirma: "A idéia de visão se popularizou em anos recentes, porém, seu significado essencial muitas vezes se perdeu. Visões não são sentimentos elevados ou frases inspiradoras, são ferramentas práticas. No sentido mais singelo, uma visão é simplesmente a imagem daquilo que tencionamos criar". Qual é sua visão e que papel as empresas e as lideranças podem exercer para concretizá-la? Luiz Ernesto Gemignani, presidente da Promon
Eu gostaria de convencer os jovens e os empreendedores de todo o mundo a serem empreendedores sociais inovadores, a extrair sua motivação empreendedora mais da contribuição que podem dar para resolver os problemas da humanidade do que simplesmente do objetivo de maximizar lucros. E estou certo que empresas que fazem isso podem se sair melhor do ponto de vista financeiro, porque estimulam um tipo de motivação mais saudável entre seus funcionários.
9 » O senhor já disse que todas as pessoas são empreendedoras, mas muitas nunca descobrem esse talento. Por quê? Época NEGÓCIOS
O empreendedorismo é parte da natureza humana. Foi graças a ele que a vida humana evoluiu neste planeta. O problema é que criamos uma sociedade que não enfatiza essa qualidade. Quando vão à escola, os alunos aprendem que devem estudar para conseguir um emprego no futuro. Não aprendem que podem explorar suas potencialidades para criar novos negócios e empregos para outros. O empreendedorismo precisa de um ambiente favorável para que possa florescer. Quando começamos a emprestar dinheiro para as mulheres em Bangladesh, elas não sabiam o que fazer com ele. Hoje elas se tornaram empreendedoras.
10 » Que lições as empresas sociais podem dar às empresas tradicionais? Época NEGÓCIOS
As empresas sociais mostram que é possível fazer negócios com objetivos sociais. Essa é a lição
- um iogurte rico em nutrientes para combater a desnutrição em Bangladesh
- água mineral acessível para os moradores de Bangladesh, já que água de lá é contaminada por arsênico.
E outras...
Esta espécie de empresa tem o objetivo de crescer e resolver problemas sociais SEM precisar de doações de terceiros ou subsídio do governo, Yunus criou negócios que tentassem minimizar problemas sociais e, ao menos em Bangladesh, foi bem sucedido.
Segue uma outra entrevista com Yunus:
10 Perguntas para Muhammad Yunus
26.02.2008
"Empreender é parte da natureza humana"
O EMPREENDEDOR DOS POBRES
Yunus com moradores de Daca, em Bangladesh, em 2006. depois do Grameen Bank, ele criou outros negócios voltados para a população carente
Muhammad Yunus é um economista com idéias pouco convencionais. Nascido em Bangladesh e com Ph.D. pela Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, defende que o acesso ao crédito deveria ser um direito universal do ser humano. Defende, também, que toda pessoa é empreendedora por natureza. A visão de que o empreendedorismo, e não a caridade, é a solução para a pobreza emergiu depois que Yunus decidiu, em meados dos anos 70, emprestar US$ 27 tirados do próprio bolso a 42 cidadãos pobres que viviam nas redondezas da Universidade de Chittagong, onde lecionava, em sua cidade natal. Ele não só recebeu seu dinheiro de volta como percebeu que os empréstimos melhoraram a vida daquelas pessoas. Com base na experiência, tentou convencer bancos tradicionais a emprestar dinheiro à população pobre de Bangladesh. Não conseguiu. Em 1983, criou o Grameen Bank - segundo sua própria definição, um banco para os pobres.
O Grameen Bank tem hoje 7,5 milhões de clientes em mais de 70 mil vilas em Bangladesh, sendo 97% mulheres, que usam o dinheiro para tocar pequenos empreendimentos. Os empréstimos são feitos sem garantias e a taxa de inadimplência não chega a 2%. A instituição já emprestou mais de US$ 6 bilhões e, atualmente, é mantida principalmente graças aos depósitos de seus clientes. Em 2006, Yunus e o Grameen Bank receberam o Prêmio Nobel da Paz, ampliando a visibilidade dos programas de microcrédito. Segundo ele, 64% das pessoas que tomam empréstimos no banco há cinco anos ou mais ultrapassaram a linha da pobreza. (Para deixar de compor o grupo dos pobres uma família precisa ter, entre outras coisas, uma casa com telhado, água potável e roupas de inverno.)
Desde 2006, Yunus coloca em prática outra idéia pouco convencional: a de que é possível criar "empresas sociais" em parceria com o setor privado. O modelo está sendo testado pelo Grameen Bank com a Danone. As duas organizações pretendem construir 50 fábricas de iogurte enriquecido com minerais em Bangladesh, com o objetivo de combater a desnutrição infantil. A primeira está pronta. Todo o lucro será usado para expandir o negócio - tanto o Grameen quanto a Danone concordaram em não retirar nenhum dividendo além do necessário para recuperar o capital investido. "Vamos criar também uma cadeia de hospitais oftalmológicos, no modelo de empresa social", disse Yunus a Época NEGÓCIOS, semanas antes de uma viagem ao Brasil para participar do Fórum Internacional de Energias Renováveis e Sustentabilidade, em Florianópolis, em novembro. Para esta entrevista especial, convidamos personalidades da economia e dos negócios para formular perguntas ao Prêmio Nobel da Paz 2006.
1 » A iniciativa privada pode ajudar no combate à fome e à desigualdade social no mundo? Se sim, de que maneira? Gustavo Valle, presidente da Danone no Brasil
O sistema de livre mercado, ou economia capitalista, contém um erro básico. Dentro da estrutura teórica da economia capitalista existe apenas um tipo de negócio - o negócio cujo objetivo é o lucro. Não há espaço para outros tipos de empreendimento. Por isso, as pessoas envolvidas nesse universo centram seus esforços em conseguir o maior lucro possível. Trata-se de uma interpretação completamente equivocada sobre o ser humano - ele é muito mais do que uma máquina de fazer dinheiro. Tem desejo profundo de fazer o bem aos outros e à sociedade, e isso não faz parte da teoria do capitalismo. Para conter todos os desejos do homem, seria necessário criar um novo tipo de negócio, com o objetivo de ajudar os outros sem esperar tirar nenhum proveito pessoal disso. A empresa social é esse novo tipo de negócio. Nela, o lucro é reinvestido de forma a aumentar seu alcance e a melhorar a qualidade do produto ou serviço oferecido. Os investidores do setor social podem obter de volta a quantia investida, mas não devem tirar dividendos. A empresa social é uma organização sem perdas e sem dividendos.
2 » O que o motivou a criar o Grameen Bank? Época NEGÓCIOS
Eu percebia que as coisas ao meu redor não funcionavam. Nada funciona em Bangladesh. Há pobreza extrema, há fome. Sentia também que não poderia me esconder atrás da teoria econômica tradicional. Se pudesse mudar a vida de uma pessoa apenas, ainda que fosse apenas por um dia, já ficaria muito feliz. Comecei a emprestar dinheiro para os pobres que viviam na região da universidade. Descobri que, apesar da oposição dos bancos tradicionais, esse sistema funcionava. Para garantir sua continuidade, decidi que deveríamos criar um banco. Consegui a licença e criei um banco para os pobres, no qual eles são também os donos do negócio. A motivação veio daí - de ver o que acontecia com as pessoas e de perceber que aquilo dava certo.
3 » De lá para cá, muitos outros negócios - em setores como telecomunicações e energia - foram criados. Como isso aconteceu? Época NEGÓCIOS
Esses negócios surgiram do mesmo interesse. A tecnologia da informação, por exemplo, me interessava muito, porque eu imaginava que ela poderia mudar a vida dos pobres. Criei uma empresa provedora de serviços de internet como um primeiro passo na tentativa de levar a eles tecnologia da informação. É hoje uma das maiores companhias de seu setor. Mais tarde, quando o governo de Bangladesh estava distribuindo licenças para novas empresas de telefonia celular, conseguimos uma e criamos a Grameen Phone. Atualmente é a maior empresa de telefonia de Bangladesh, com mais de 16 milhões de assinantes, e é também o maior pagador de impostos do país. A Grameen Phone é uma empresa com fins lucrativos. Eu a criei, mas não sou o dono dela. Suas ações são reservadas para as mulheres pobres de Bangladesh. Como elas são as donas do Grameen Bank, estamos fazendo de maneira a que possam ser também as proprietárias da Grameen Phone. Além disso, temos uma empresa de energia solar chamada Grameen Shakti. Há dois meses, atingimos o marco de 100 mil sistemas de energia solar instalados em casas de Bangladesh. Há ainda muitas outras empresas em atividade, como a Grameen Fisheries e a Grameen Agriculture. No total, são mais de 2 mil companhias. Muitas, como a Grameen Shakti, não têm fins lucrativos. São negócios sociais. Outras, como a Grameen Phone, têm fins lucrativos, porque muitas vezes há parceiros envolvidos e eles preferem que seja dessa maneira. Mas, mesmo nesses casos, eu não sou o dono. As ações são sempre de alguma organização sem fins lucrativos do grupo Grameen. Nosso interesse principal não é ganhar dinheiro, é ajudar as pessoas.
4 » Em que medida a "bancarização" dos mais pobres modifica o comportamento dessas pessoas e acende sua esperança de sucesso numa economia controlada pelos mercados, competitiva e eficiente, mas vista como injusta? Antônio Delfim Netto, ex-ministro e economista
Acreditamos que o microcrédito dá dignidade a quem o recebe. Mulheres que nunca administraram dinheiro antes se transformam em empreendedoras confiantes. O impacto na imagem delas, dentro da própria família e da comunidade onde vivem, é positivo.
5 » Por que a preferência em emprestar dinheiro para mulheres? Época NEGÓCIOS
Eu era contra os bancos convencionais. Considerava-os injustos, porque eles não emprestam dinheiro para os pobres nem para as mulheres. Nesses bancos, elas representam menos de 1% dos tomadores de empréstimos. Quando comecei, decidi que 50% dos empréstimos seriam dados a mulheres. Levamos seis anos para atingir essa meta. Começamos a observar o que acontecia e percebemos que, quando o empréstimo era dado às mulheres, os benefícios para as famílias eram muito maiores. Por isso decidimos nos concentrar no público feminino. Hoje, dos 7,5 milhões de clientes do Grameen Bank em Bangladesh, 97% são mulheres.
6 » Recentemente, a revista inglesa The Economist publicou uma reportagem dizendo que há duas questões relevantes para ampliarmos a inclusão social: educação e crédito.Como essas duas questões podem ser conjugadas na agenda econômica e qual o equilíbrio entre elas? Fabio Barbosa, presidente do Banco Real
Educação e crédito não são conceitos excludentes. O acesso ao crédito permite que as famílias tenham acesso a outros serviços essenciais, como educação e saúde. Por isso, minha proposta era transformar o crédito em um dos direitos do homem, uma vez que isso ajudaria a garantir mais facilmente os outros direitos. Se uma pessoa consegue gerar renda, consegue também garantir a comida e a moradia. Além disso, aumentar o acesso à renda, especialmente para mulheres, aumenta o bem-estar da família como um todo. O resultado disso é que as crianças passam a freqüentar a escola. Assim, a segunda geração é içada para fora do ciclo da pobreza.
Há muitos anos o Grameen Bank vem sendo objeto de estudos. Livros foram escritos sobre esse projeto. E todos chegaram à conclusão de que o nível de renda está aumentando, criando oportunidades e capacitação. Isso tira as pessoas da pobreza. Um estudo do Banco Mundial mostrou que 5% das pessoas que tomam empréstimo do Grameen superam a linha da pobreza a cada ano. Isso significa que, a cada dia e a cada semana, mais famílias atingem essa meta. Nossas pesquisas internas dão conta que 64% dos devedores do nosso banco, dentre aqueles que estão conosco há cinco anos ou mais, deixaram de ser pobres em 2006. As estatísticas e os resultados do microcrédito mostram que o modelo funciona.
7 » Quais são as condições necessárias para que esse modelo possa ser replicado em grande escala e em diferentes culturas? Roberto Salas, presidente da Amanco
Os programas de microcrédito funcionam em toda parte. Isso ocorre porque, em qualquer lugar, a população mais pobre encontra dificuldade em ter acesso a financiamentos cujas regras sejam razoáveis. Para que os programas funcionem com eficácia, é preciso criar um ambiente que permita a existência do microcrédito. Isso significa estabelecer uma estrutura reguladora e jurídica adequada, assim como mecanismos acertados de financiamento. Da mesma forma que Bangladesh, vários países colocaram em prática essa estrutura jurídica que facilita o microcrédito. O resultado é que essa idéia está prosperando. Em alguns países, as organizações de microcrédito não conseguem garantir uma quantidade suficiente de depósitos, e isso as impede de se auto-sustentar. Os intermediários financeiros devem ter a liberdade de determinar os juros sobre empréstimos e depósitos, de forma a ter um "spread" que os permita operar de maneira sustentável.
8 » No livro Presença, Peter Senge afirma: "A idéia de visão se popularizou em anos recentes, porém, seu significado essencial muitas vezes se perdeu. Visões não são sentimentos elevados ou frases inspiradoras, são ferramentas práticas. No sentido mais singelo, uma visão é simplesmente a imagem daquilo que tencionamos criar". Qual é sua visão e que papel as empresas e as lideranças podem exercer para concretizá-la? Luiz Ernesto Gemignani, presidente da Promon
Eu gostaria de convencer os jovens e os empreendedores de todo o mundo a serem empreendedores sociais inovadores, a extrair sua motivação empreendedora mais da contribuição que podem dar para resolver os problemas da humanidade do que simplesmente do objetivo de maximizar lucros. E estou certo que empresas que fazem isso podem se sair melhor do ponto de vista financeiro, porque estimulam um tipo de motivação mais saudável entre seus funcionários.
9 » O senhor já disse que todas as pessoas são empreendedoras, mas muitas nunca descobrem esse talento. Por quê? Época NEGÓCIOS
O empreendedorismo é parte da natureza humana. Foi graças a ele que a vida humana evoluiu neste planeta. O problema é que criamos uma sociedade que não enfatiza essa qualidade. Quando vão à escola, os alunos aprendem que devem estudar para conseguir um emprego no futuro. Não aprendem que podem explorar suas potencialidades para criar novos negócios e empregos para outros. O empreendedorismo precisa de um ambiente favorável para que possa florescer. Quando começamos a emprestar dinheiro para as mulheres em Bangladesh, elas não sabiam o que fazer com ele. Hoje elas se tornaram empreendedoras.
10 » Que lições as empresas sociais podem dar às empresas tradicionais? Época NEGÓCIOS
As empresas sociais mostram que é possível fazer negócios com objetivos sociais. Essa é a lição
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.
*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.
*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.
Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
Notável, tomara que continue dando certo e se expandindo.
Só não entendo a bronca dele com o sistema capitalista.
Só não entendo a bronca dele com o sistema capitalista.
- user f.k.a. Cabeção
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
Eu nao conheco a historia desse sujeito, mas de uma coisa ele nao pode escapar: ele precisa de capital para emprestar dinheiro para tantos clientes.
Esse capital parace ter conseguido em maior parte pelos lucros de sua propria atividade que ele reinvestiu. Logo, o lucro existe, se nao ele estaria sendo perdulario, ou seu negocio estaria estagnado ao mesmo nivel inicial de capital, imaginando que no comeco ele nao conseguiu nenhum dinheiro de acionistas.
O que ele faz com o lucro que ele obteve nao tem nada a ver com a "teoria capitalista". O capitalismo e o sistema que baseia-se na propriedade privada dos meios de producao cuja atividade tem o lucro por objetivo. Mas se esse lucro sera repartido em dividendos para os acionistas, ou se sera reinvestido na propria atividade, isso cabe aos donos do capital inicial decidir.
Esse cara decidiu reinvestir a maior parte, ainda que provavelmente tire alguma coisa desses lucros para seu sustento pessoal (talvez nao mais depois de ganhar o premio nobel).
Isso nada tem de contrario ao capitalismo, e apenas um sujeito que obtem mais satisfacao investindo na sua atividade, e vendo o resultado dela, do que consumindo os lucros que obtem em luxos diversos. Nesse sentido, ele e um supercapitalista, mesmo que nao perceba.
Capitalismo e diferente de consumismo.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem
Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
Procedure escreveu:Notável, tomara que continue dando certo e se expandindo.
Só não entendo a bronca dele com o sistema capitalista.
A bronca dele é essa: "O sistema de livre mercado, ou economia capitalista, contém um erro básico. Dentro da estrutura teórica da economia capitalista existe apenas um tipo de negócio - o negócio cujo objetivo é o lucro. Não há espaço para outros tipos de empreendimento. Por isso, as pessoas envolvidas nesse universo centram seus esforços em conseguir o maior lucro possível. Trata-se de uma interpretação completamente equivocada sobre o ser humano - ele é muito mais do que uma máquina de fazer dinheiro. Tem desejo profundo de fazer o bem aos outros e à sociedade, e isso não faz parte da teoria do capitalismo."
Ele desenvolveu um modelo de negócios que abre espaço para o social, chamem de um passo para o capitalismo social ou capitalismo civilizado se quiserem.
É certamente um passo na direção correta da solução dos problemas do modelo capitalista atual (capitalismo selvagem), e, pasmem, isso não faz dele é um "comunista".
O comunismo como muitos entendem hoje, foi um sistema imbecil que, apontou certos problemas do capitalismo, mas sem conseguir resolve-los e ainda criando novos problemas.
Ou seja, não é preciso "defender" o capitalismo selvagem com todos os seus erros, nem é preciso ser comunista para reconhecer esses erros e buscar soluções.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".
Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
NadaSei escreveu:A bronca dele é essa: "O sistema de livre mercado, ou economia capitalista, contém um erro básico. Dentro da estrutura teórica da economia capitalista existe apenas um tipo de negócio - o negócio cujo objetivo é o lucro.
Não há erro algum, ele é que toma uma definição excêntrica para a paravra "capitalismo".
user f.k.a. Cabeção escreveu:O que ele faz com o lucro que ele obteve nao tem nada a ver com a "teoria capitalista". O capitalismo e o sistema que baseia-se na propriedade privada dos meios de producao cuja atividade tem o lucro por objetivo. Mas se esse lucro sera repartido em dividendos para os acionistas, ou se sera reinvestido na propria atividade, isso cabe aos donos do capital inicial decidir.
Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
Procedure escreveu:NadaSei escreveu:A bronca dele é essa: "O sistema de livre mercado, ou economia capitalista, contém um erro básico. Dentro da estrutura teórica da economia capitalista existe apenas um tipo de negócio - o negócio cujo objetivo é o lucro.
Não há erro algum, ele é que toma uma definição excêntrica para a paravra "capitalismo".user f.k.a. Cabeção escreveu:O que ele faz com o lucro que ele obteve nao tem nada a ver com a "teoria capitalista". O capitalismo e o sistema que baseia-se na propriedade privada dos meios de producao cuja atividade tem o lucro por objetivo. Mas se esse lucro sera repartido em dividendos para os acionistas, ou se sera reinvestido na propria atividade, isso cabe aos donos do capital inicial decidir.
O objetivo do banco não é o lucro, mas a capacidade de oferecer crédito e serviços bancários a população pobre.
A geração de lucro então passa de objetivo, a apenas o meio pelo qual ele consegue a auto-sustentabilidade do projeto, em uma sociedade capitalista.
Ele não vai mudar o esquema do banco, deixando de oferecer crédito a essa parcela da população, para conseguir um lucro maior ao trabalhar da forma como fazem outros bancos. Se o lucro fosse o objetivo, esse seria o passo lógico, ele estaria trabalhando nessa direção, mas como o objetivo é oferecer o serviço e não o lucro...
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".
- RicardoVitor
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
No primeiro sinal de prejuízo esse tal Maomé arranca seu dinheirinho dessas "empresas sociais", manda às favas os tais "objetivos sociais" e deixa os coitadinhos de Bangladesh lambendo os beiços. Quando dói no bolso, amigo, esse papinho humanista-politicamente-correto some rapidinho.
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
Não posso começar aplicando 100, tirar 2 para o meu sustento e reaplicar 98, visando o retorno destes 98 mais 12 ( lucro a ser reinvestido ), que resultariam em 110? Tiro de novo 2 para o meu sustento e reaplico 108, e assim sucessivamente? Os 2 são apenas a manutenção da minha parte, já que sou a mola propulsora do processo. Por que preciso de lucro?
Muitas coorporações filantrópicas trabalham assim.O aumento do capital se dá através de boas negociações, de administração dos ativos e passivos e, de apoios variados atrvés de ações institucionais e da otimização de oportunidades.
Onde está o equívoco deste tipo de empreendedorismo? Não é a minha área, mas enfim...
Muitas coorporações filantrópicas trabalham assim.O aumento do capital se dá através de boas negociações, de administração dos ativos e passivos e, de apoios variados atrvés de ações institucionais e da otimização de oportunidades.
Onde está o equívoco deste tipo de empreendedorismo? Não é a minha área, mas enfim...

- RicardoVitor
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
E quando os 110 são -110? Nessas horas, nem Jesus Cristo aparece para bancar o prejuízo em nome da filantropia. Tudo é muito bonitinho quando se fala em lucro...
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
RicardoVitor escreveu:E quando os 110 são -110? Nessas horas, nem Jesus Cristo aparece para bancar o prejuízo em nome da filantropia. Tudo é muito bonitinho quando se fala em lucro...
E por que preciso deixar chegar a -110?


Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
NadaSei escreveu:O objetivo do banco não é o lucro, mas a capacidade de oferecer crédito e serviços bancários a população pobre.
A geração de lucro então passa de objetivo, a apenas o meio pelo qual ele consegue a auto-sustentabilidade do projeto, em uma sociedade capitalista.
Ah ok, então eu posso dizer que, se eu tivesse um empresa, eu não seria capitalista, já que o lucro que obteria não seria o objetivo final, mas apenas um meio para comprar bens como carro, casa, computador, etc, e mesmo investir mais no meu negócio para expandi-lo.
E eu sempre pensando que era capitalista!
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
Isso me lembrou Eike Batista tomando café e comendo pão depois de ganhar 5 bi na bolsa.
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
Procedure escreveu:NadaSei escreveu:O objetivo do banco não é o lucro, mas a capacidade de oferecer crédito e serviços bancários a população pobre.
A geração de lucro então passa de objetivo, a apenas o meio pelo qual ele consegue a auto-sustentabilidade do projeto, em uma sociedade capitalista.
Ah ok, então eu posso dizer que, se eu tivesse um empresa, eu não seria capitalista, já que o lucro que obteria não seria o objetivo final, mas apenas um meio para comprar bens como carro, casa, computador, etc, e mesmo investir mais no meu negócio para expandi-lo.
E eu sempre pensando que era capitalista!
Não filho... não se trata do SEU objetivo, mas do objetivo da empresa.
O objetivo da empresa é gerar lucro para que VOCÊ possa fazer com ele o que quiser.
Veja o Tio Bill, vai torrar a grana toda em caridade, nem por isso a MS deixa de ser uma empresa capitalista.
O problema é que como o objetivo da empresa sempre foi o lucro, ele sempre o buscou a qualquer custo (o que nem sempre ocorre), incluindo o custo da tragédia que é o mercado de software hoje.
Mesmo a empresa desse carinha, está inserida dentro de uma sociedade capitalista atual, ainda assim, diferencia-se das empresas tradicionais que tem o lucro como objetivo, mas nem por isso deixa de ser capitalista. A empresa é capitalista, mas faz a critica ao capitalismo e se ordena de forma diferenciada.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
A unica coisa boa que vi nesse texto é que foi criado uma empresa que oferece credito para pobres, supostamente sem garatia de retorno.
E só.
O lucro continua existindo e é necessário para manter todo o sistema funcionando, mesmo com a opinião hipocrita do empresario declarando que isso não é o mais importante e fundamental.
Ele apenas decidiu não usar parte desse lucro para seu uso pessoal.
E só.
O lucro continua existindo e é necessário para manter todo o sistema funcionando, mesmo com a opinião hipocrita do empresario declarando que isso não é o mais importante e fundamental.
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Onde houver fé, levarei a dúvida.
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
Vamos la,...
Uma empresa e um grupo de individuos que resolve desempenhar uma atividade economica juntos.
Eles reunem um capital para iniciar a atividade, e depois de iniciada, essa a execucao dela demanda outros custos que precisam ser pagos. Esses custos sao pagos com a renda recebida pelo servico.
Se a soma dos custos mais a depreciacao do capital for menor do que a renda total obtida, temos lucro.
Se nao, a atividade tem prejuizo, e consumira o capital ate desaparecer, ou estara estagnada.
Ser contra lucros e portanto incoerente. Toda empresa visa obter lucro se nao ela e apenas uma atividade de consumo. Administrar tal empresa equivaleria a ir ao cinema, restaurante ou jogar tenis num clube, pois pagaria-se (com seu proprio dinheiro ou o dos outros) para exercer tal atividade.
Esse homem ao que parece conseguiu fazer uma empresa de servicos bancarios para pobres ter lucros enormes oferecendo credito sem garantias. Se ele pegou os lucros, retirou o quanto achava que devia retirar para sustentar-se (o que, convenhamos, e sempre arbitrario, ja que pode-se viver de pao e agua ou de puro caviar e mesmo assim chamar isso de sustento), e reinvestiu o resto para ampliar seu negocio, tendo sucesso nessa empreitada, parabens.
Ele tem todo merito ao dizer que credito e um direito universal e encarregar-se a si proprio de fornecer tal direito aos demais atraves de seu banco. Muito melhor do que outros que dizem que o Estado deveria forcar os outros bancos a prestar tal servico, ele fez por ele mesmo e mostrou que era viavel no seu caso.
Agora o papo de que nao ha lucros nem dividendos e bem questionavel. Se ele vive da sua propria empresa, ele consome uma parte dos lucros e quem decidiu o tamanho dessa parte foi ele mesmo. Ele definiu a remuneracao do seu capital e trabalho basando-se no lucro obtido e portanto isso e uma forma de dividendo. Se e bem pequeno, se ele acha que pode viver sem luxo, isso e problema dele. Ele pensa mais na sua atividade do que no lucro que pode extrair dela, o que faz DELE proprio um caso particular, nao de sua atividade, que e uma empresa como todas as outras no mundo.
Empresa social e apenas um termo fabricado ideologicamente para vender uma ideia falsa de que as outras empresas nao seriam sociais, quando todas elas sao identicas na essencia.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
Essa coisa de "lucro" é apenas um paradigma que precisa ser quebrado.
Empresas podem viver muito bem visando o aumento continuo do prejuizo.
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Vamos la,...
Uma empresa e um grupo de individuos que resolve desempenhar uma atividade economica juntos.
Eles reunem um capital para iniciar a atividade, e depois de iniciada, essa a execucao dela demanda outros custos que precisam ser pagos. Esses custos sao pagos com a renda recebida pelo servico.
Se a soma dos custos mais a depreciacao do capital for menor do que a renda total obtida, temos lucro.
Se nao, a atividade tem prejuizo, e consumira o capital ate desaparecer, ou estara estagnada.
Ser contra lucros e portanto incoerente. Toda empresa visa obter lucro se nao ela e apenas uma atividade de consumo. Administrar tal empresa equivaleria a ir ao cinema, restaurante ou jogar tenis num clube, pois pagaria-se (com seu proprio dinheiro ou o dos outros) para exercer tal atividade.
Esse homem ao que parece conseguiu fazer uma empresa de servicos bancarios para pobres ter lucros enormes oferecendo credito sem garantias. Se ele pegou os lucros, retirou o quanto achava que devia retirar para sustentar-se (o que, convenhamos, e sempre arbitrario, ja que pode-se viver de pao e agua ou de puro caviar e mesmo assim chamar isso de sustento), e reinvestiu o resto para ampliar seu negocio, tendo sucesso nessa empreitada, parabens.
Ele tem todo merito ao dizer que credito e um direito universal e encarregar-se a si proprio de fornecer tal direito aos demais atraves de seu banco. Muito melhor do que outros que dizem que o Estado deveria forcar os outros bancos a prestar tal servico, ele fez por ele mesmo e mostrou que era viavel no seu caso.
Agora o papo de que nao ha lucros nem dividendos e bem questionavel. Se ele vive da sua propria empresa, ele consome uma parte dos lucros e quem decidiu o tamanho dessa parte foi ele mesmo. Ele definiu a remuneracao do seu capital e trabalho basando-se no lucro obtido e portanto isso e uma forma de dividendo. Se e bem pequeno, se ele acha que pode viver sem luxo, isso e problema dele. Ele pensa mais na sua atividade do que no lucro que pode extrair dela, o que faz DELE proprio um caso particular, nao de sua atividade, que e uma empresa como todas as outras no mundo.
Empresa social e apenas um termo fabricado ideologicamente para vender uma ideia falsa de que as outras empresas nao seriam sociais, quando todas elas sao identicas na essencia.
Não sei se financeiras se enquadram neste modelo sempre, assim copmo outras empresas que se dizem filantrópicas ou sociais... Mas de resto, é isto mesmo. Há aqui um grupo hospitalar que atende particulares e convênios em algumas unidades. Desta "retirada", a entidade religiosa de freiras que está por trás, sobrevive e paga as despesas e investimento em tecnologia, e o resto vai para outras 2 unidades que prestam atendimento à comunidade sem cobrar nada. Há épocas de crise , principalmente em se tratando de área de saúde, mas a ampliação da rede faz mais pessoas sem condições serem atendidas.
Há médicos, técnicos e demais colaboradores sendo pagos, há aluguéis de salas sendo cobrados de médicos que não são funcionários, há áreas comerciais ( como salas ) alugadas para Farmácias, lojas, restaurantes e tudo o mais. Mas o objetivo é prestar atendimento nas 2 unidades do interior do Estado sem cobrar nada ( já que o SUS não dá conta dos custos de um hospital completo).

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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
Sociedades filantropicas atuam com o que recebem de donativos.
Nao possuem renda, ou possuem renda simbolica, que nao banca seus custos, e por isso precisam ser custeadas por pessoas interessadas na manutencao daquela atividade. A unica forma dessa atividade se expandir, ou seja, conseguir atingir a mais pessoas, e atraves do aumento das doacoes.
E como uma empresa que precisa recolher capital dos seus acionistas o tempo inteiro por estar sempre em deficit. A diferenca e que os "acionistas" dessa empresa nao querem os dividendos, mas apenas pagar para prestar os servicos.
A atividade do cara ai, pelo que eu entendi, nao e filantropica, e atividade empresarial. Se ele tivesse montado uma sociedade filantropica de transferencia de renda, ele nao teria ficado famoso.
O que ele parece ter conseguido foi um banco de micro-credito lucrativo, que nao exigia garantias nem praticava qualquer tipo de agiotagem.
Quanto aos lucros, a unica diferenca, pelo que eu entendi, e que ele nao pretende ficar rico, mas reinvestir na atividade de modo a ajudar o maximo de pessoas.
Mas isso nada tem a ver com o capitalismo em si. Isso nao o contraria nem o endossa. O capitalismo nao obriga ninguem a querer ficar rico e viver no luxo exercendo sua atividade. Mas e evidente que sua atividade deve conseguir alguma sustentacao, ela nao pode viver de prejuizos. Mas o que ele faz com o que e dele e problema dele.
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
Ademais, o sujeito nao e nenhum grande messias por estar servindo aos pobres.
Capitalistas fizeram isso o tempo todo durante duzentos anos. A producao em massa elevou o nivel de vida da maioria das pessoas nos paises capitalistas a um patamar enorme, onde operarios americanos podem ter luxos inimaginaveis para aristocratas de outros seculos.
Toda atividade empresarial capitalista beneficia ao gerar riqueza. Algumas delas podem ate ter impactos ecologicos negativos e outras podem praticar corrupcao politica, sonegacao, enganar o consumidor e todos os demais vicios que imputam ao capitalismo, mas isso nao e em nada natural do sistema capitalista; sendo alias muito mais comum e grave nos sistemas socialistas.
Acho louvavel ele ter visto essa perspectiva de negocio de micro-credito, um nicho que os grandes bancos parecem (ou pareciam) evitar, e criar uma empresa lucrativa voltada para esse setor. Mas isso nao o torna moralmente melhor do que qualquer outro capitalista que enxergue uma oportunidade nova e prospere com isso. Quanto ao seu "ascetismo" em relacao ao luxo, e seu desejo de investir mais e trabalhar mais, de novo, isso e apenas uma escolha pessoal, que podemos apreciar ou nao.
So que com relacao a esse ascetismo, essa abnegacao do luxo e do consumo, essas sao coisas que se aplicam nao so ao empresario mas tambem ao trabalhador comum. Todos podem abrir mao do seu proprio luxo para investir seu dinheiro naquilo que acreditam ser mais importante. Mas o interessante e que pessoas que apreciam tal postura nao se esforcam um pentelhesimo para segui-la: gostam da licao de moral mas nao a observam.
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Sociedades filantropicas atuam com o que recebem de donativos.
Nao possuem renda, ou possuem renda simbolica, que nao banca seus custos, e por isso precisam ser custeadas por pessoas interessadas na manutencao daquela atividade. A unica forma dessa atividade se expandir, ou seja, conseguir atingir a mais pessoas, e atraves do aumento das doacoes.
E como uma empresa que precisa recolher capital dos seus acionistas o tempo inteiro por estar sempre em deficit. A diferenca e que os "acionistas" dessa empresa nao querem os dividendos, mas apenas pagar para prestar os servicos.
A atividade do cara ai, pelo que eu entendi, nao e filantropica, e atividade empresarial. Se ele tivesse montado uma sociedade filantropica de transferencia de renda, ele nao teria ficado famoso.
O que ele parece ter conseguido foi um banco de micro-credito lucrativo, que nao exigia garantias nem praticava qualquer tipo de agiotagem.
Quanto aos lucros, a unica diferenca, pelo que eu entendi, e que ele nao pretende ficar rico, mas reinvestir na atividade de modo a ajudar o maximo de pessoas.
Mas isso nada tem a ver com o capitalismo em si. Isso nao o contraria nem o endossa. O capitalismo nao obriga ninguem a querer ficar rico e viver no luxo exercendo sua atividade. Mas e evidente que sua atividade deve conseguir alguma sustentacao, ela nao pode viver de prejuizos. Mas o que ele faz com o que e dele e problema dele.
Sim, com doações e com cobrança capitalista em algumas pontas, o que é normal.
Quem enxerga o capitalismo como algo que só visa lucro desmedido, parece nem saber como se administra o próprio capital ( e todos administram).
O que dei como exemplo filantrópico é apenas para demonstrar que o lucro nem sempre é excesso a ser desperdiçado com gasto de apenas uma minoria. Sociedades em que o capital não aumenta tendem à estagnação e é isto que acaba acontecendo em sistemas socialistas legítimos ( legitimante comunistas na verdade).

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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Ademais, o sujeito nao e nenhum grande messias por estar servindo aos pobres.
Capitalistas fizeram isso o tempo todo durante duzentos anos. A producao em massa elevou o nivel de vida da maioria das pessoas nos paises capitalistas a um patamar enorme, onde operarios americanos podem ter luxos inimaginaveis para aristocratas de outros seculos.
Toda atividade empresarial capitalista beneficia ao gerar riqueza. Algumas delas podem ate ter impactos ecologicos negativos e outras podem praticar corrupcao politica, sonegacao, enganar o consumidor e todos os demais vicios que imputam ao capitalismo, mas isso nao e em nada natural do sistema capitalista; sendo alias muito mais comum e grave nos sistemas socialistas.
Acho louvavel ele ter visto essa perspectiva de negocio de micro-credito, um nicho que os grandes bancos parecem (ou pareciam) evitar, e criar uma empresa lucrativa voltada para esse setor. Mas isso nao o torna moralmente melhor do que qualquer outro capitalista que enxergue uma oportunidade nova e prospere com isso. Quanto ao seu "ascetismo" em relacao ao luxo, e seu desejo de investir mais e trabalhar mais, de novo, isso e apenas uma escolha pessoal, que podemos apreciar ou nao.
So que com relacao a esse ascetismo, essa abnegacao do luxo e do consumo, essas sao coisas que se aplicam nao so ao empresario mas tambem ao trabalhador comum. Todos podem abrir mao do seu proprio luxo para investir seu dinheiro naquilo que acreditam ser mais importante. Mas o interessante e que pessoas que apreciam tal postura nao se esforcam um pentelhesimo para segui-la: gostam da licao de moral mas nao a observam.
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
Apo escreveu:O que dei como exemplo filantrópico é apenas para demonstrar que o lucro nem sempre é excesso a ser desperdiçado com gasto de apenas uma minoria. Sociedades em que o capital não aumenta tendem à estagnação e é isto que acaba acontecendo em sistemas socialistas legítimos ( legitimante comunistas na verdade).
O capitalismo entende que o lucro de uma atividade, ainda que sujeito a impostos, e propriedade privada do dono do capital. Ou seja, ele tem liberdade de decidir o que fazer com esse lucro: pode transformar em mais capital ou pode consumir.
Se o lucro nao for propriedade do dono do capital, nao se trata de capitalismo. Alias, se o lucro nao for propriedade do dono de capital, nao existe sequer capital privado, ja que este e a propriedade privada empregada para gerar lucro.
Nao se trata de "excesso a ser desperdicado com gasto de apenas uma minoria". Isso nao faz sentido. O dono dessa propriedade e que deve decidir emprega-la como capital ou consumi-la. Ele pode engajar-se em contratos previos que determinem um destino para parte desse lucro, como pagar uma parte de um capital adquirido por emprestimo, ou algum tipo de compromisso oficial de reinvestimento na empresa, o que nao quer dizer absolutamente nada com relacao a liberdade dele com relacao a tal lucro, apenas sobre os compromissos que ele assumiu levando em conta tal liberdade.
O que nao podemos e olhar para quem obtem lucro e consome luxos como sendo um "desperdicador". Voce disse que eu demonizava o luxo, mas quem esta utilizando uma terminologia demonizadora e voce.
Eu demonizo o luxo financiado pelo Estado. Quanto ao luxo adquirido pelo trabalho e esforco recompensado no mercado livre, eu o vejo como uma parte essencial do direito de propriedade privada e a liberdade para o seu uso.
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
user f.k.a. Cabeção escreveu:Apo escreveu:O que dei como exemplo filantrópico é apenas para demonstrar que o lucro nem sempre é excesso a ser desperdiçado com gasto de apenas uma minoria. Sociedades em que o capital não aumenta tendem à estagnação e é isto que acaba acontecendo em sistemas socialistas legítimos ( legitimante comunistas na verdade).
O capitalismo entende que o lucro de uma atividade, ainda que sujeito a impostos, e propriedade privada do dono do capital. Ou seja, ele tem liberdade de decidir o que fazer com esse lucro: pode transformar em mais capital ou pode consumir.
Se o lucro nao for propriedade do dono do capital, nao se trata de capitalismo. Alias, se o lucro nao for propriedade do dono de capital, nao existe sequer capital privado, ja que este e a propriedade privada empregada para gerar lucro.
Nao se trata de "excesso a ser desperdicado com gasto de apenas uma minoria". Isso nao faz sentido. O dono dessa propriedade e que deve decidir emprega-la como capital ou consumi-la. Ele pode engajar-se em contratos previos que determinem um destino para parte desse lucro, como pagar uma parte de um capital adquirido por emprestimo, ou algum tipo de compromisso oficial de reinvestimento na empresa, o que nao quer dizer absolutamente nada com relacao a liberdade dele com relacao a tal lucro, apenas sobre os compromissos que ele assumiu levando em conta tal liberdade.
O que nao podemos e olhar para quem obtem lucro e consome luxos como sendo um "desperdicador". Voce disse que eu demonizava o luxo, mas quem esta utilizando uma terminologia demonizadora e voce.
Eu demonizo o luxo financiado pelo Estado. Quanto ao luxo adquirido pelo trabalho e esforco recompensado no mercado livre, eu o vejo como uma parte essencial do direito de propriedade privada e a liberdade para o seu uso.

Não entendi, cabeção. Tu deve estar falando com a pessoa errada. Não tá não?

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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
Me referia a sua frase: "o lucro nem sempre é excesso a ser desperdiçado com gasto de apenas uma minoria"
Ela nao faz sentido, pois o lucro e uma propriedade privada, e como tal, esta sujeita ao julgamento exclusivo de seu proprietario. Este e quem deve decidir o que e necessario ou nao de se fazer com ela. Ele que deve escolher entre emprega-la para aumentar sua atividade empresarial, ou capitaliza-la de alguma outra forma (abrindo uma poupanca num banco, por exemplo, que por sua vez se encarregara de encontrar empreendedores necessitando desse capital), ou imobiliza-lo ao comprar propriedades imobiliarias, ou gasta-lo efetivamente, com luxos diversos (o que de certa forma inclui a pratica de filantropia) ou mesmo o proprio sustento, quando for o caso.
Nenhuma dessas escolhas pode ser interpretada por terceiros como excessos ou desperdicio. Eles podem ate considerar que tomariam outras decisoes se dispusessem da mesma quantidade de dinheiro, mas nao podem determinar que um gasto de outra pessoa foi ou nao um desperdicio sem saber quais eram os objetivos daquela pessoa.
Voce nao pode me recriminar por comprar com o meu proprio dinheiro uma Ferrari ou um quadro de Picasso ao inves de doar o dinheiro para alguma ONG de defesa dos animais sem antes me perguntar o que me tornaria mais satisfeito. Pois entao, o lucro e propriedade dos capitalistas e cabe a eles decidir como gastarao esse dinheiro.
Parece que o que deixa esse sujeito satisfeito e poder oferecer mais credito para os pobres. Ainda que seja bonito e louvavel como principio de conduta individual, nada alem disso pode ser deduzido com relacao ao que os outros fazem com suas proprias propriedades.
E lembrando que se achamos o que esse sujeito faz bonito, podemos fazer o mesmo por nos mesmos. Basta abrir mao de um luxo, pela satisfacao de seguir tal principio.
Agora louvar essa atitude apenas quando e tomada pelos outros, e dizer quais outras pessoas deveriam pratica-la (os capitalistas tubaroes famintos por lucro), nos excluindo de nossas proprias responsabilidades para com nossos principios, e que nao me parece ser uma conduta moral apreciavel. Isso e tipico do pensamento esquerdista venenoso que contamina muitas mentes, gracas a facilidade com que expoe as infinitas responsabilidades dos outros frente aos nossos infinitos direitos.
Qualquer um que pare um pouco para pensar detecta que isso nao pode estar correto, e que nao passa de demagogia vazia que visa apenas agir autoritariamente contra alguns em beneficio de outros, enganando a todos no processo.
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Me referia a sua frase: "o lucro nem sempre é excesso a ser desperdiçado com gasto de apenas uma minoria"
Ela nao faz sentido, pois o lucro e uma propriedade privada, e como tal, esta sujeita ao julgamento exclusivo de seu proprietario. Este e quem deve decidir o que e necessario ou nao de se fazer com ela. Ele que deve escolher entre emprega-la para aumentar sua atividade empresarial, ou capitaliza-la de alguma outra forma (abrindo uma poupanca num banco, por exemplo, que por sua vez se encarregara de encontrar empreendedores necessitando desse capital), ou imobiliza-lo ao comprar propriedades imobiliarias, ou gasta-lo efetivamente, com luxos diversos (o que de certa forma inclui a pratica de filantropia) ou mesmo o proprio sustento, quando for o caso.
Nenhuma dessas escolhas pode ser interpretada por terceiros como excessos ou desperdicio. Eles podem ate considerar que tomariam outras decisoes se dispusessem da mesma quantidade de dinheiro, mas nao podem determinar que um gasto de outra pessoa foi ou nao um desperdicio sem saber quais eram os objetivos daquela pessoa.
Voce nao pode me recriminar por comprar com o meu proprio dinheiro uma Ferrari ou um quadro de Picasso ao inves de doar o dinheiro para alguma ONG de defesa dos animais sem antes me perguntar o que me tornaria mais satisfeito. Pois entao, o lucro e propriedade dos capitalistas e cabe a eles decidir como gastarao esse dinheiro.
Parece que o que deixa esse sujeito satisfeito e poder oferecer mais credito para os pobres. Ainda que seja bonito e louvavel como principio de conduta individual, nada alem disso pode ser deduzido com relacao ao que os outros fazem com suas proprias propriedades.
E lembrando que se achamos o que esse sujeito faz bonito, podemos fazer o mesmo por nos mesmos. Basta abrir mao de um luxo, pela satisfacao de seguir tal principio.
Agora louvar essa atitude apenas quando e tomada pelos outros, e dizer quais outras pessoas deveriam pratica-la (os capitalistas tubaroes famintos por lucro), nos excluindo de nossas proprias responsabilidades para com nossos principios, e que nao me parece ser uma conduta moral apreciavel. Isso e tipico do pensamento esquerdista venenoso que contamina muitas mentes, gracas a facilidade com que expoe as infinitas responsabilidades dos outros frente aos nossos infinitos direitos.
Qualquer um que pare um pouco para pensar detecta que isso nao pode estar correto, e que nao passa de demagogia vazia que visa apenas agir autoritariamente contra alguns em beneficio de outros, enganando a todos no processo.
Mas cabeção....

Não entendi nada agora.
