Deus "é" ou deus "parece ser"?

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Deus "é" ou deus "parece ser"?

Mensagem por Apo »

Até prova em contrário, tudo o que em tese existe como realidade, é um conjunto de elementos isolados percebido por nossos sentidos. E nem todos seres percebem da mesma forma, embora haja descrições congruentes acerca de muitos destes elementos, o que reforça a percepção do conjunto. É o que forma a realidade.

Distorções desta realidade são conseguidas com privações de sentidos, através de drogas que afetem nosso cérebro físico-quimicamente e com a manipulação da realidade de forma a confundir, omitir ou replicar elementos.

Para um cego, cor é algo que não encontra significado em sua realidade pessoal. Portanto se torna irrelevante. Mas para quem percebe as freqüências de ondas das cores do espectro solar, algumas cores podem ser intepretadas como mais ou menos quentes, frias, perturbadoras, calmantes etc.
Para as pessoas que nascem sem a capacidade de sentir dor ( aparentemente uma mutação genética), a dor não existe, apenas outras sensações percebidas pelo tato.

Se assim é com o som e com as demais percepções, qual seria o sentido humano que percebe deuses como realidade para uns e não para outros?

O certo sobre algo que nem sequer se vê ( no sentido estrito do sentido visão ), não se ouve, não tem odor e não podemos tocar ou provar o gosto, seria afirmar que deuses são uma questão de percepção pessoal ou de aceitação consciente ou não de manipulação, omissão ou replicação de símbolos de nossa realidade. Existir ou não é apenas percepção pessoal e não fato?

Para quem está privado de todo sentido que endosse a lógica no formato mental humano, as coisas não existem. Neste caso extremo, provavelmente não há muito sentido no que chamamos de vida consciente ( no sentido de dentro para fora ). Mas para quem compartilha com os pares de sua espécie alguns sentidos que dêem sentido à consciência, a hipótese de algo que não se auto-explicite ( sem a necessidade de provas e de esforço para tal ) , deuses ou outros entes parece pouco importante.

Deve-se, portanto, considerar que um deus em especial tem muito mais chances de ser uma projeção de alguma falha em nosso sistema lógico de percepção da realidade do que um fato em si. Ou a constatação de que a evolução do senso moral e ético- só vista na espécie humana -foi capaz de se disfarçar através de uma projeção de suas dificuldades, apenas como mecanismo de defesa. Outros seres vivos não têm necessidade alguma disto.

Quando nos vimos acuados e algumas coisas parecem não fazer sentido, corremos a nos projetar para encontrar "fora" o que não encontra eco suficiente do lado de dentro.

Deuses somos quando não nos entendemos ou não empatizamos suficientemente com as individualidades infinitas. Pois isto nos torna sozinhos na vida e na morte, que é certa. Como seríamos muitos e o problema persistiria, aceitamos o jogo de uma negociação com alguém que codifique como ele é, como deve ser, como deve se portar e do que é capaz, para o bem e para o mal.
Somos nós, através de algo maior e mais forte, mais presente, com menos dúvidas e nenhuma culpa.

O alívio da existência existe. Mas é imaginário.
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