Acauan escreveu:O partido nazista venceu as eleições de 1933 com 44% dos votos...
Sudaka escreveu:Outra pegadinha.
Seria mais didático informar que em janeiro de 1933 Hitler já era chanceler e, seguro de sua paixão pela democracia, convocou eleições para março.
Acauan escreveu:O que não muda em absolutamente nada o fato que em 1933 os nazistas venceram as eleições com 44% dos votos, sem evidências históricas de fraude ou outras denúncias que invalidassem as eleições.
Com Hitler de chanceler, deu-se início ao ataque sistemático pelas SA contra os comunistas e os social-democratas. Seus jornais foram fechados, os escritórios destruídos, as reuniões sabotadas e os membros agredidos. Hitler negociou com o exército para que não intervisse, com a promessa de que levantaria as restrições de Versalles. Em fevereiro, as SA foram integradas como auxiliares da polícia. Os alemães que temiam o comunismo aderiam às SA. Num tempo em que o exército por limitações do tratado de Versalles tinha 100.000 homens, as SA contavam com 400.000. Após o episódio do incêncio no Reichstag, Hitler explorando uma possível revolta comunista, conseguiu decretar uma norma que suspendia direitos humanos básicos. Dez mil comunistas foram presos. Em Dachau, em março, foi estabelecido o primeiro campo de concentração, onde os internos eram adversários políticos (comunistas e social-democratas), criminosos, homossexuais, testemunhas de jeová, mendigos, andarilhos e outros considerados problemáticos, advogados, escritores judeus, industriais, etc.
Declaração de Goebbels após a nomeação de Hitler: "
Agora vai ser fácil lutar, porque temos todos os recursos do Estado. Rádio e imprensa estão a nossa disposição. Vamos apresentar uma obra prima de propaganda. E dessa vez, naturalmente, não há falta de dinheiro". (minha tradução -
http://www.nationmaster.com/encyclopedi ... ct-of-1933).
Então veio as eleições, resultado, 44% dos votos.
Mas isso não muda nada.
Acauan escreveu:Escrevi "quase um entre dois alemães" ou, se preferir, um em cada 2,27 alemães.
Muito importante.
Acauan escreveu:Não que isto tenha a mais mínima importância, mas qualquer um que comparar minhas postagens às tuas neste tópico chegará à conclusão correta sobre quem está sendo histriônico, com base apenas no sentido estrito da palavra.
Nada se compara ao teu parágrafo que fiz destaque e chamei de histriônico.
Acauan escreveu: No mais, a ideologia e os planos de Hitler estavam descritos em Mein Kampf, publicado em 1926, que fala de supremacia racial, expansão territorial, remilitarização, perseguição aos judeus e tudo o mais que depois seria posto em prática.
Embora Hitler tenha feito várias referencias a matar judeus, tanto nos seus escritos e em vários discursos, é certo dizer que os nazistas não tiveram nenhum plano operativo para a sistemática aniquilação dos judeus antes de 1941. A decisão sistemática veio no fim do inverno ou no início da primavera de 1941 em conjunção com a ação de invadir a União Soviética. The Simon Wiesenthal Center's
36 Questions About the Holocaust (1-18) -
http://www.jewishvirtuallibrary.org/jso ... uest1.html Acauan escreveu:
Em seus discursos públicos, assistidos por milhares, reproduzido pelos jornais e transmitidos pelo rádio para milhões, o futuro führer deixava claro, aos gritos, sua doutrina do Espaço Vital, a ser conquistado dos povos inferiores que deveriam ser escravizados ou destruídos.
Uma clareza goebbeliana. Tudo que Hitler dizia dependia da audiência. Nas áreas rurais prometia corte de impostos e proteção dos preços dos produtos. Entre operários ele falava de distribuição de riquezas e contra os altos lucros burgueses. Aos industriais ele se concentrava na eliminação dos comunistas e na redução do poder dos sindicatos, com panfletos secretos para que não desse a conhecer tais idéias ao pessoal do partido ligado às classes operárias.
Acauan escreveu: As ações violentas de perseguição das SA contra judeus eram feitas à luz do dia nas cidades alemãs.
É, só que em abril de 33, quando começaram as primeiras medidas contra os judeus, Hitler já tinha controle ditatorial sobre a Alemanha.
Acauan escreveu:
Ou seja, os nazista nunca esconderam quem eram e a que vieram.
Os fundamentos arianistas, anti-semitas, racistas e expansionistas de sua ideologia eram públicos e notórios. Não apenas não foram escondidos do povo alemão como faziam parte de sua propaganda política.
Essencialmente nada inovador. É a velha estratégia de dividir para conquistar. Só mudam os elementos, conforme as circunstâncias da época, explorando os ressentimentos peculiares ao momento histórico. Antes disso tivemos como alvo, em outras terras, com outros povos, os católicos, os imperialistas, os monarcas, os aristocratas, os burgueses, etc. O que restou para o perído nazista foi o estrangeiro, o deficiente, o comunista, personificado na figura do Judeu. Nas palavras de Hitler (traduzidas do inglês por mim...) "
É parte da genialidade de um grande líder fazer de adversários amplamente diversos como pertencentes a apenas uma categoria, porque o sujeito de caráter fraco e indeciso, ao ver muitos adversários, facilmente começa a duvidar de suas próprias convicções." A figura do judeu engloba então o comunista, o burguês, o estrangeiro, a raça inferior, o currupto, o deformado, o mal cósmico, etc.
De um lado o alemão, de outro o judeu.
Em 2002, Le Pen chegou ao segundo turno na França, com propostas radicais nacionalisteiras, xenófobas, defendendo a pena de morte e maior autonomia da França na União Europeia, apenas explorando o ressentimento do povo francês. Hoje, com toda informação, com todo padrão e riqueza da Europa, espontaneamente e sem apoio a xenofobia se manifesta com força popular na Alemanha, França e Espanha. O que se deve visualizar, portanto, é a colossal estrutura promotora da radicalidade e o despreparo das massas no início do século vinte.
Acauan escreveu:
E mesmo assim os alemães votaram neles.
Assim como os frances quase colocaram o Le Pen lá... Assim como os cubanos mantiveram Fidel, apesar do paredón, Etc.
Os nazistas em 32 se aproveitaram da pauperização, do desespero, da humiliação, da intimidação, etc. Desses 33% de aprovação, certamente que tinham aqueles que se interessavam basicamente pela perseguição aos judeus, todavia isso não era tudo, nesse total entravam também os anti-comunistas, os militares, os industriais, os operários, os fazendeiros, cada um ligado a uma ou mais promessas específicas do programa do partido.
Culpa do povo alemão? Sim, em parte culpado pela perda das inibições morais, pela brutalização do pensamento, com as atenuantes da péssima circunstância e a ferocidade dos inimigos.
E o cristianismo nisso tudo? Não se pode dizer que o nazismo é cristão. Muito pelo contrário, é plenamente anti-cristão. E se o nazismo e o fascismo floresceram nas nações de origem do cristianismo na Europa isso só revela que o cristianismo ali havia morrido faz tempo. Se existe algum propósito em mencionar a origem cristã de Alemanha e Itália e sua modernidade fascista e nazista num mesmo parágrafo, então também se deve mencionar a origem cristã da Russia e sua modernidade atéia e comunista. Se se pode conceber isso de que a existência de A propicia o surgimento de B, então temos que o cristianismo tem como consequência o ateismo de tipo comunista. Todavia, isto não pode ser verdadeiro, não sem antes aceitarmos que a passagem de um para outro significa o fim do primeiro. Logo, não se pode relacionar o cristianismo ortodoxo da russia com o comunismo que lá floresceu. Igualmente, é sem nenhum cabimento e sem qualquer propósito indicar o passado cristão de Itália e Alemanha e o futuro de monstros que por lá surgiram, porque nos três casos B é antípoda de A.
Parece-me cômico o fato de que é perfeitamente possível dizer que o comunismo é ateu e não somente ateu, mas fundamentalmente ateu.