Antes do ADEUS
Enviado: 23 Jul 2008, 08:03
http://revistagalileu.globo.com/Revista ... ADEUS.html
O que você faria se tivesse seis meses de vida pela frente? Vítima de um câncer no pâncreas, o professor Randy Pausch preferiu ensinar seus alunos e filhos a perseguirem seus sonhos de infância. Conheça os segredos por trás de sua mensagem, vista por milhões de pessoas na internet e transformada no best seller “A Lição Final”, e saiba como a medicina e a filosofia começam a trabalhar juntas para nos ajudar a lidar melhor com nosso destino inevitável
Claudio Julio Tognolli
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Família unida: Pausch e Jai, sua mulher, com Cloe (no colo da mãe), Logan (esq.) e Dylan
Em meados de 2006 ele sentiu uma dor corriqueira no alto do abdome. Semanas à frente, brota-lhe uma icterícia. Os médicos suspeitam de hepatite. Mas as vozes incontestáveis da tomografia computadorizada moem, em uníssono, aquele coro desagradável da verdade sob números: o professor Randy Pausch é portador de câncer pancreático - aquele que registra a maior taxa de mortalidade dentre todas as modalidades da doença, com metade das vítimas mortas em seis meses e 96% em cinco anos.
A detonação surda dessas verdades, antes de gerar aquela gelada sensação de vazio no fígado, fomentou-lhe um dissuasivo criativo: Randy Pausch virou um militante da vida, numa cálida aula de reiteração do ofício de viver.
Tudo isso virou um best seller de apenas 250 páginas, "A Lição Final", lançado no Brasil pela Editora Agir (saiba como faturar um exemplar no quadro "Concorra"). Num estilo confessionalmente cristalino, a obra coloca em perspectiva uma novíssima tendência da medicina mundial: dotar de discussões sumamente espirituais os pacientes em estado terminal. "Embora em geral eu esteja em excelente forma física, tenho dez tumores no fígado e me restam apenas alguns meses de vida. Sou pai de três crianças e sou casado com a mulher dos meus sonhos. Seria cômodo ficar me lamentando, mas isso não faria bem a eles nem a mim", escreve o professor de ciência da computação, nerd ao osso e um dos maiores especialistas em realidade virtual do mundo.
Em casa: Randy e sua mulher, Jai, na Universidade Carnegie Mellon
A trajetória de Pausch, titular da universidade Carnegie Mellon (EUA), tornou-se notória quando subiu ao palco diante de um público de 400 pessoas para apresentar sua palestra de despedida. Cinqüenta dias depois, o registro em vídeo já havia gerado milhões de visitas no YouTube. "Uma coisa é certa: eu não queria que a última aula se concentrasse em meu câncer. Já remoera o suficiente sobre a saga de minha doença. Não me interessava discursar, por exemplo, sobre minhas percepções da doença, como eu a enfrentara ou quanto ela me abrira novas perspectivas. Talvez muitos esperassem uma palestra sobre a morte, mas eu trataria da vida", escreve Pausch em "A Lição Final".
O professor, na tentativa de se pôr a salvo do câncer, tentou de tudo. Submeteu-se à chamada "Operação Whipple", procedimento batizado em homenagem ao médico que o inventou, na década de 1930. Esse tipo de cirurgia, até 1970, matava até 25% dos pacientes a ela submetidos. Por volta do ano 2000, esse risco caiu para 5%. Foi assim que Pausch teve removidos não apenas seus tumores, mas a vesícula, um terço do pâncreas, um terço do estômago e parte do intestino delgado. Depois, passou dois meses no Centro de Oncologia Dr. Anderson, em Houston, submetendo-se à quimioterapia e a doses cavalares diárias de radiação no abdome. Seu peso caiu de 83 para 62 quilos, e ele mal conseguia andar. As urgências pânicas geraram resultados maciços: ele passou a recuperar as forças e as tomografias não mais registravam sinais de câncer.
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O que você faria se tivesse seis meses de vida pela frente? Vítima de um câncer no pâncreas, o professor Randy Pausch preferiu ensinar seus alunos e filhos a perseguirem seus sonhos de infância. Conheça os segredos por trás de sua mensagem, vista por milhões de pessoas na internet e transformada no best seller “A Lição Final”, e saiba como a medicina e a filosofia começam a trabalhar juntas para nos ajudar a lidar melhor com nosso destino inevitável
Claudio Julio Tognolli
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Família unida: Pausch e Jai, sua mulher, com Cloe (no colo da mãe), Logan (esq.) e Dylan
Em meados de 2006 ele sentiu uma dor corriqueira no alto do abdome. Semanas à frente, brota-lhe uma icterícia. Os médicos suspeitam de hepatite. Mas as vozes incontestáveis da tomografia computadorizada moem, em uníssono, aquele coro desagradável da verdade sob números: o professor Randy Pausch é portador de câncer pancreático - aquele que registra a maior taxa de mortalidade dentre todas as modalidades da doença, com metade das vítimas mortas em seis meses e 96% em cinco anos.
A detonação surda dessas verdades, antes de gerar aquela gelada sensação de vazio no fígado, fomentou-lhe um dissuasivo criativo: Randy Pausch virou um militante da vida, numa cálida aula de reiteração do ofício de viver.
Tudo isso virou um best seller de apenas 250 páginas, "A Lição Final", lançado no Brasil pela Editora Agir (saiba como faturar um exemplar no quadro "Concorra"). Num estilo confessionalmente cristalino, a obra coloca em perspectiva uma novíssima tendência da medicina mundial: dotar de discussões sumamente espirituais os pacientes em estado terminal. "Embora em geral eu esteja em excelente forma física, tenho dez tumores no fígado e me restam apenas alguns meses de vida. Sou pai de três crianças e sou casado com a mulher dos meus sonhos. Seria cômodo ficar me lamentando, mas isso não faria bem a eles nem a mim", escreve o professor de ciência da computação, nerd ao osso e um dos maiores especialistas em realidade virtual do mundo.
Em casa: Randy e sua mulher, Jai, na Universidade Carnegie Mellon
A trajetória de Pausch, titular da universidade Carnegie Mellon (EUA), tornou-se notória quando subiu ao palco diante de um público de 400 pessoas para apresentar sua palestra de despedida. Cinqüenta dias depois, o registro em vídeo já havia gerado milhões de visitas no YouTube. "Uma coisa é certa: eu não queria que a última aula se concentrasse em meu câncer. Já remoera o suficiente sobre a saga de minha doença. Não me interessava discursar, por exemplo, sobre minhas percepções da doença, como eu a enfrentara ou quanto ela me abrira novas perspectivas. Talvez muitos esperassem uma palestra sobre a morte, mas eu trataria da vida", escreve Pausch em "A Lição Final".
O professor, na tentativa de se pôr a salvo do câncer, tentou de tudo. Submeteu-se à chamada "Operação Whipple", procedimento batizado em homenagem ao médico que o inventou, na década de 1930. Esse tipo de cirurgia, até 1970, matava até 25% dos pacientes a ela submetidos. Por volta do ano 2000, esse risco caiu para 5%. Foi assim que Pausch teve removidos não apenas seus tumores, mas a vesícula, um terço do pâncreas, um terço do estômago e parte do intestino delgado. Depois, passou dois meses no Centro de Oncologia Dr. Anderson, em Houston, submetendo-se à quimioterapia e a doses cavalares diárias de radiação no abdome. Seu peso caiu de 83 para 62 quilos, e ele mal conseguia andar. As urgências pânicas geraram resultados maciços: ele passou a recuperar as forças e as tomografias não mais registravam sinais de câncer.
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