Robô controlado por neurônios de rato aprende e evolui
Enviado: 17 Ago 2008, 13:18
"O Globo" 15/08/08
Rato ou Máquina?
Cientistas britânicos criaram um robô com um cérebro de tecidos vivos, composto por neurônios de rato. O cérebro — que é capaz de “aprender” comportamentos, como evitar uma parede — foi criado na Universidade de Reading, na Inglaterra.
O trabalho pode ser útil nas pesquisas contra doenças neurodegenerativas, como os males de Alzheimer e Parkinson, permitindo acompanhar as reações dos neurônios dos pacientes.
— Queremos compreender como se arquivam as lembranças no cérebro biológico, em relação a um cérebro de computador — explicou o responsável pela equipe multidisciplinar, Kevin Warwick.
— Nossos estudos estão relacionados também ao mal de Alzheimer, no que se refere ao armazenamento da memória e como podemos reforçá-lo.
O cérebro biológico do robô, batizado Gordon, foi gerado a partir de neurônios extraídos de um rato. Os tecidos foram colocados numa solução, separados e depois colocados em uma espécie de molde com 60 eletrodos.
— Em 24 horas, as conexões se reforçaram, formando uma rede como num cérebro normal — contou Warwick. — Em uma semana, ocorreram impulsos elétricos espontâneos e o que parecia ser uma atividade de cérebro comum. Agora, o cérebro controla o robô e ele aprende por repetição.
De acordo com os pesquisadores, para que o robô aprenda alguns comandos, eles vão aumentar a voltagem sobre diferentes eletrodos, utilizando produtos químicos para favorecer ou reduzir as transmissões entre neurônios.
— Se o robô está num lugar e queremos que vá para a direita, podemos enviar um estímulo elétrico para dar essa ordem — disse Warwick.
Como no caso do ser humano, se o cérebro de Gordon não for estimulado com frequência, ele se atrofia.
— Ao contrário, com estímulos, as conexões se reforçam e ele fica mais esperto — declarou Warwick, lembrando que o cérebro do rato tem no máximo, um milhão de neurônios, enquanto o do homem possui 100 bilhões