Desafio ao Chatólicuzinho (ou Igor, Alter- ego, sei lá)
Enviado: 21 Jan 2006, 19:21
Vamos lá:
O desafio consiste no seguinte: Avacalhe esse texto do Orlando Fideli.
UNIVERSO DESIGUAL
Deus criou um universo desigual e hierárquico. Com efeito, se analisarmos o universo, veremos que nele há uma hierarquia de seres, que vai desde o mineral - matéria pura - até o anjo, ser puramente espiritual, passando pelos vegetais, pelos animais e pelo homem.
Não só os vários reinos da criação são desiguais, mas em cada um desses reinos existe uma grande e proporcionada desigualdade. É no mundo inanimado dos átomos e dos astros que há menos desigualdade e, entretanto, mesmo aí, ela é bastante acentuada.
No mundo atômico, cada elemento tem suas propriedades particulares. Na tabela de Mendeleiev há até - quiçá para horror dos igualitários - alguns gases nobres, assim chamados porque não se misturam com outros, mais plebeus. Nessa mesma tabela, assim como na natureza, os elementos precioso estão próximos, porque o semelhante atrai o semelhante. O precioso atrai o precioso e o vulgar atrai o que é vil.
No macrocosmo estelar há também uma grande desigualdade harmônica. Cada sistema tem satélites vassalos de planetas, que por sua vez fazem corte a uma estrela e, como diz o Apóstolo S. Paulo: "stella difert stella" (I Cor. XV, 41). Uma estrela é diferente de outra estrela.
No reino vegetal, a desigualdade cresce de valor, porque a vida vegetal traz uma variedade maior. Há cedros majestosos no Líbano, sequóias gigantescas e antiquíssimas na Califórnia, orquídeas delicadas e exóticas nas selvas brasileiras e repolhos vulgares em qualquer horta. É a vida, nos vegetais, que lhes permite uma capacidade simbólica maior e daí uma desigualdade maior do que aquele existente entre os minerais. Se uma jovem vai a uma festa usando um bracelete de metal barato, imitando o ouro, ela não vai causar com isso escândalo nenhum. Mas se para enfeitar seu vestido colocar sobre o peito não uma rosa, mas um repolho, certamente causará uma explosão de risos. Isto porque a desigualdade entre o repolho e a rosa é muito maior do que aquela existente entre o metal vulgar e o ouro.
Entre os animais a desigualdade é ainda maior, pois sua capacidade de movimento e de atuação os faz ainda mais diferentes. É evidente.
Para falarmos apenas de desigualdade de símbolos, lembramos que há animais cuja aparência e modo de atuar lembram virtudes humanas, enquanto de outros diz o livro da Sabedoria que "a vista desses animais não mostra nada de bom neles, porque foram excluídos da aprovação e bênção de Deus" (Sab. XV,19). Tais animais são símbolos do pecado quer por sua forma, quer por seu modo de ser.
Assim, a serpente lembra o demônio não apenas porque foi usada por Satã para tentar nossos primeiros pais, Adão e Eva, mas também pelos símbolos que se vislumbra em seu ser: sua língua bífida, dividida, lembra a linguagem dupla do demônio, ora dizendo a verdade, ora a mentira, ocultando esta sob aquela. A serpente sinuosa se aproxima ziguezagueando, como o demônio cujo caminho não é reto. Ela, apesar de viva, tem em seu corpo o frio da morte, como o demônio que, embora vivo, tem em si o frio da morte e do pecado.
O leão tem porte majestoso e bem merece ser chamado de rei dos animais por sua grandeza. Se lançarmos a um leão um pedaço pequeno de carne, ele não o comerá, por não a ver. Deus fez o leão com um esplêndido defeito na vista: ele só vê coisas grandes. Com isso ensina ao homem que deve ter olhos só para o que é grande, não mirando o que é vil.
O morcego - um rato que voa - é tétrico e monstruoso. Dotado de um aspecto horripilante, alimentando-se de sangue alheio, ele somente pousa de cabeça para baixo, tendo de tudo - a exemplo do demônio - uma visão invertida. Para ele a luz é tenebrosa. Nas trevas ele vê. Elas são o seu reino, como delas Satã é o príncipe.
Conta-se que o arminho, animal de pele alvíssima, vendo-se cercado de lama, não procura escapar do caçador, parecendo preferir morrer a sujar-se, ensinando-nos assim que é melhor a morte do que a impureza, que é preferível perder a vida, a perder a honra. Se non é vero, é bene trovato. O porco por sua vez é desprezível, porque olha sempre para a lama e jamais para as estrelas. Por isso, até nossos tempos, os porcos jamais haviam feito poesias.
Entre os anjos, seres puramente espirituais e os mais perfeitos da criação, a desigualdade é maior do que em qualquer reino do universo. S. Tomás ensina que eles se dividem em três ordens; cada uma das quais se divide, por sua vez, em três coros. São portanto nove coros angélicos sabiamente hierárquicos. Mas, dentro de cada coro, a desigualdade é tão grande que não há dois anjos da mesma espécie. Cada anjo é único (cfr. S. Tomás, Suma Teológica I, q. 50, a. 4).
O desafio consiste no seguinte: Avacalhe esse texto do Orlando Fideli.
UNIVERSO DESIGUAL
Deus criou um universo desigual e hierárquico. Com efeito, se analisarmos o universo, veremos que nele há uma hierarquia de seres, que vai desde o mineral - matéria pura - até o anjo, ser puramente espiritual, passando pelos vegetais, pelos animais e pelo homem.
Não só os vários reinos da criação são desiguais, mas em cada um desses reinos existe uma grande e proporcionada desigualdade. É no mundo inanimado dos átomos e dos astros que há menos desigualdade e, entretanto, mesmo aí, ela é bastante acentuada.
No mundo atômico, cada elemento tem suas propriedades particulares. Na tabela de Mendeleiev há até - quiçá para horror dos igualitários - alguns gases nobres, assim chamados porque não se misturam com outros, mais plebeus. Nessa mesma tabela, assim como na natureza, os elementos precioso estão próximos, porque o semelhante atrai o semelhante. O precioso atrai o precioso e o vulgar atrai o que é vil.
No macrocosmo estelar há também uma grande desigualdade harmônica. Cada sistema tem satélites vassalos de planetas, que por sua vez fazem corte a uma estrela e, como diz o Apóstolo S. Paulo: "stella difert stella" (I Cor. XV, 41). Uma estrela é diferente de outra estrela.
No reino vegetal, a desigualdade cresce de valor, porque a vida vegetal traz uma variedade maior. Há cedros majestosos no Líbano, sequóias gigantescas e antiquíssimas na Califórnia, orquídeas delicadas e exóticas nas selvas brasileiras e repolhos vulgares em qualquer horta. É a vida, nos vegetais, que lhes permite uma capacidade simbólica maior e daí uma desigualdade maior do que aquele existente entre os minerais. Se uma jovem vai a uma festa usando um bracelete de metal barato, imitando o ouro, ela não vai causar com isso escândalo nenhum. Mas se para enfeitar seu vestido colocar sobre o peito não uma rosa, mas um repolho, certamente causará uma explosão de risos. Isto porque a desigualdade entre o repolho e a rosa é muito maior do que aquela existente entre o metal vulgar e o ouro.
Entre os animais a desigualdade é ainda maior, pois sua capacidade de movimento e de atuação os faz ainda mais diferentes. É evidente.
Para falarmos apenas de desigualdade de símbolos, lembramos que há animais cuja aparência e modo de atuar lembram virtudes humanas, enquanto de outros diz o livro da Sabedoria que "a vista desses animais não mostra nada de bom neles, porque foram excluídos da aprovação e bênção de Deus" (Sab. XV,19). Tais animais são símbolos do pecado quer por sua forma, quer por seu modo de ser.
Assim, a serpente lembra o demônio não apenas porque foi usada por Satã para tentar nossos primeiros pais, Adão e Eva, mas também pelos símbolos que se vislumbra em seu ser: sua língua bífida, dividida, lembra a linguagem dupla do demônio, ora dizendo a verdade, ora a mentira, ocultando esta sob aquela. A serpente sinuosa se aproxima ziguezagueando, como o demônio cujo caminho não é reto. Ela, apesar de viva, tem em seu corpo o frio da morte, como o demônio que, embora vivo, tem em si o frio da morte e do pecado.
O leão tem porte majestoso e bem merece ser chamado de rei dos animais por sua grandeza. Se lançarmos a um leão um pedaço pequeno de carne, ele não o comerá, por não a ver. Deus fez o leão com um esplêndido defeito na vista: ele só vê coisas grandes. Com isso ensina ao homem que deve ter olhos só para o que é grande, não mirando o que é vil.
O morcego - um rato que voa - é tétrico e monstruoso. Dotado de um aspecto horripilante, alimentando-se de sangue alheio, ele somente pousa de cabeça para baixo, tendo de tudo - a exemplo do demônio - uma visão invertida. Para ele a luz é tenebrosa. Nas trevas ele vê. Elas são o seu reino, como delas Satã é o príncipe.
Conta-se que o arminho, animal de pele alvíssima, vendo-se cercado de lama, não procura escapar do caçador, parecendo preferir morrer a sujar-se, ensinando-nos assim que é melhor a morte do que a impureza, que é preferível perder a vida, a perder a honra. Se non é vero, é bene trovato. O porco por sua vez é desprezível, porque olha sempre para a lama e jamais para as estrelas. Por isso, até nossos tempos, os porcos jamais haviam feito poesias.
Entre os anjos, seres puramente espirituais e os mais perfeitos da criação, a desigualdade é maior do que em qualquer reino do universo. S. Tomás ensina que eles se dividem em três ordens; cada uma das quais se divide, por sua vez, em três coros. São portanto nove coros angélicos sabiamente hierárquicos. Mas, dentro de cada coro, a desigualdade é tão grande que não há dois anjos da mesma espécie. Cada anjo é único (cfr. S. Tomás, Suma Teológica I, q. 50, a. 4).