Gravidez faz aumentar a inteligência
Enviado: 22 Jan 2006, 12:45
"Jornal do Brasil" 22/01/06
Inteligência é aguçada na gravidez
Pesquisa americana demonstra que hormônios provocam alterações no cérebro feminino
Claudia Bojunga
Os enjôos, o inchaço no corpo, a nova silhueta rechonchuda, noites mal dormidas, não são as únicas transformações que a gravidez provoca no organismo. Pesquisadores americanos descobriram que, durante a gestação, as mulheres passam por transformações que aumentam sua inteligência.
- A combinação dos hormônios e dos estímulos sensoriais produzidos pelo feto fazem com que o cérebro da mãe seja modificado de maneira dramática. A atividade dos neurônios se torna mais intensa- explica ao JB Craig Kinsley, um dos coordenadores do estudo e professor da Universidade Richmond, nos Estados Unidos.
- Os hormônios influenciam na formação das sinapses, conexões químicas entre os neurônios, que melhoram a capacidade de aquisição de memória - detalha o neurologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ivan Okamoto.
O processo de flutuação hormonal na gravidez e na amamentação provoca até um aumento do tamanho dos neurônios. Todas essas reações fazem com que a mulher tenha uma melhora significativa na capacidade aprender e lembrar de acontecimentos.
A ginecologista Cláudia Regina Pereira, de 30 anos, grávida de sete meses, conta que conseguiu acelerar muito a elaboração da sua dissertação de mestrado depois da gestação.
- Concentrei meu raciocínio para aproveitar a maternidade. Já acabei a tese e vou defendê-la em fevereiro - comenta. - A quantidade maior de estímulos que recebi provocou mais reações do que haveriam normalmente.
A médica, que considera que sua sensibilidade aumentou nesse período, não alterou em nada sua rotina de estudos e atendimentos no consultório. Além disso, afirma que conseguiu reter muitas informações novas.
- Comecei a ler livros sobre como cuidar de crianças, um assunto sobre o qual não sabia nada - relata - A gravidez faz com que gente desacelere a vida corrida, fazendo com que prestemos mais atenção em certos detalhes, que acabam ficando guardados.
Ainda não é certo, mas acredita-se que o estado de alerta em que as mulheres se encontram continua após o parto.
Provavelmente, esse efeito colateral benéfico da maternidade ainda não havia sido notado por estar mascarado pelo cansaço da gestação, observam os responsáveis pelo trabalho, coordenado também por Kelly Lambert, professora da Randolph-Macon College.
A razão para tal transformação, especulam os cientistas, é evolutiva. O fenômeno pode ter sido um fator-chave no processo de seleção natural dos mamíferos, que defendem os mais novos.
- Estou muito mais atenta a qualquer coisa que possa me prejudicar. No trânsito, estou mais cuidadosa, ando muito mais devagar - confima Cláudia.
O estímulo mental, detalhado pelos pesquisadores em artigo publicado na revista Scientific American, permite que, logo após o nascimento da criança haja um aumento significativo das habilidades sensoriais, permitindo que a mãe reconheça o filho através de cheiros e sons.
- A mulher se prepara para a maternidade. Chega até a ouvir mais rápido o choro do bebê - diz Okamoto.
Durante a experiência, analisou-se o comportamento de dois grupos de ratos fêmea, as virgens e as mães. Nas gaiolas dos animais era colocado um pequeno pedaço de um alimento, para servir de isca, que foi, estrategicamente, escondido por serragem.
As virgens demoraram 270 segundos para conseguir achar o aperitivo, um tempo muito maior do que os 50 segundos, em média, para as ratas mães.
- Quando observamos os cérebros desses animais, nos surpreendemos ao constatar um feixe de neurônios mais complexo em determinadas regiões - afirma Craig.
Mas não são só as mães que se beneficiam ao ter filhos, os pais também passam por alterações, só que com uma extensão mais limitada. Um experimento realizado por Kelly Lambertis em que foram acompanhados ratos que cuidavam de filhotes, observou-se mudanças no cérebro dos animais semelhantes às das fêmeas.
- Um homem não sofre as mesmas flutuações de hormônios, mas a paternidade faz os homens passarem pela experiência desafiante de criar um filho - explica Craig.
Inteligência é aguçada na gravidez
Pesquisa americana demonstra que hormônios provocam alterações no cérebro feminino
Claudia Bojunga
Os enjôos, o inchaço no corpo, a nova silhueta rechonchuda, noites mal dormidas, não são as únicas transformações que a gravidez provoca no organismo. Pesquisadores americanos descobriram que, durante a gestação, as mulheres passam por transformações que aumentam sua inteligência.
- A combinação dos hormônios e dos estímulos sensoriais produzidos pelo feto fazem com que o cérebro da mãe seja modificado de maneira dramática. A atividade dos neurônios se torna mais intensa- explica ao JB Craig Kinsley, um dos coordenadores do estudo e professor da Universidade Richmond, nos Estados Unidos.
- Os hormônios influenciam na formação das sinapses, conexões químicas entre os neurônios, que melhoram a capacidade de aquisição de memória - detalha o neurologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ivan Okamoto.
O processo de flutuação hormonal na gravidez e na amamentação provoca até um aumento do tamanho dos neurônios. Todas essas reações fazem com que a mulher tenha uma melhora significativa na capacidade aprender e lembrar de acontecimentos.
A ginecologista Cláudia Regina Pereira, de 30 anos, grávida de sete meses, conta que conseguiu acelerar muito a elaboração da sua dissertação de mestrado depois da gestação.
- Concentrei meu raciocínio para aproveitar a maternidade. Já acabei a tese e vou defendê-la em fevereiro - comenta. - A quantidade maior de estímulos que recebi provocou mais reações do que haveriam normalmente.
A médica, que considera que sua sensibilidade aumentou nesse período, não alterou em nada sua rotina de estudos e atendimentos no consultório. Além disso, afirma que conseguiu reter muitas informações novas.
- Comecei a ler livros sobre como cuidar de crianças, um assunto sobre o qual não sabia nada - relata - A gravidez faz com que gente desacelere a vida corrida, fazendo com que prestemos mais atenção em certos detalhes, que acabam ficando guardados.
Ainda não é certo, mas acredita-se que o estado de alerta em que as mulheres se encontram continua após o parto.
Provavelmente, esse efeito colateral benéfico da maternidade ainda não havia sido notado por estar mascarado pelo cansaço da gestação, observam os responsáveis pelo trabalho, coordenado também por Kelly Lambert, professora da Randolph-Macon College.
A razão para tal transformação, especulam os cientistas, é evolutiva. O fenômeno pode ter sido um fator-chave no processo de seleção natural dos mamíferos, que defendem os mais novos.
- Estou muito mais atenta a qualquer coisa que possa me prejudicar. No trânsito, estou mais cuidadosa, ando muito mais devagar - confima Cláudia.
O estímulo mental, detalhado pelos pesquisadores em artigo publicado na revista Scientific American, permite que, logo após o nascimento da criança haja um aumento significativo das habilidades sensoriais, permitindo que a mãe reconheça o filho através de cheiros e sons.
- A mulher se prepara para a maternidade. Chega até a ouvir mais rápido o choro do bebê - diz Okamoto.
Durante a experiência, analisou-se o comportamento de dois grupos de ratos fêmea, as virgens e as mães. Nas gaiolas dos animais era colocado um pequeno pedaço de um alimento, para servir de isca, que foi, estrategicamente, escondido por serragem.
As virgens demoraram 270 segundos para conseguir achar o aperitivo, um tempo muito maior do que os 50 segundos, em média, para as ratas mães.
- Quando observamos os cérebros desses animais, nos surpreendemos ao constatar um feixe de neurônios mais complexo em determinadas regiões - afirma Craig.
Mas não são só as mães que se beneficiam ao ter filhos, os pais também passam por alterações, só que com uma extensão mais limitada. Um experimento realizado por Kelly Lambertis em que foram acompanhados ratos que cuidavam de filhotes, observou-se mudanças no cérebro dos animais semelhantes às das fêmeas.
- Um homem não sofre as mesmas flutuações de hormônios, mas a paternidade faz os homens passarem pela experiência desafiante de criar um filho - explica Craig.
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