Teste: Cabeça de Brasileiro

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Res Cogitans
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Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Res Cogitans »

Responda as perguntas na ordem e não leia o texto no final do questionário antes de terminar de responder.

http://veja.abril.com.br/idade/testes/tipo_cabeca.shtml
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.

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Fernando Silva
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Fernando Silva »

Meu resultado:

você pensa de forma semelhante à maioria dos brasileiros com curso superior completo – acredita que o estado deve ser mínimo e servir à sociedade, não o contrário. No plano pessoal, é pouco hierárquico nas suas relações cotidianas

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Apáte
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Apáte »

Mais um teste simplista. Duvido muito que a maioria dos brasileiros com curso superior acredite que o Estado deve ser mínimo. Pelo menos os cursando ensino superior não pensam assim nem a pau.

Eu marquei certo na 1, na 15 e na 20, embora, se possível, teria marcado um "talvez" na 7.
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user f.k.a. Cabeção
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


Essa ideia de direito de greve da ultima questao e uma das coisas mais cretinas que sao admitidas via senso comum. Admitir o estatuto do funcionalismo publico atual, com amplos direitos de greve nao e ser a favor da limitacao dos poderes do Estado, muito pelo contrario. E dar poderes excessivos para que os interesses corporativos desses funcionarios possam ser satisfeitos mediante ameacas contra a populacao.

Se a propria nocao de direito de greve e absurda, o e sobretudo no setor publico. O setor publico em geral ja e um setor monopolista. Nao podemos recorrer a concorrentes quando algum orgao entra em greve. A ideia de que os funcionarios tenham por lei o direito de organizarem uma interrupcao sistematica desse servico e simplesmente dar-lhes carta branca para que chantageem a sociedade mais e mais, um trunfo do qual eles nao se incomodam de empregar.

Todo servidor publico deveria obedecer ao mesmo estatuto do militar: o do voluntarismo patriotico. Se um grupo de militares entra em greve, nao se apresentado para o cumprimento do dever, eles serao automaticamente punidos.

E interessante notar que os militares das forcas armadas e dos corpos de bombeiros sao os funcionarios publicos mais necessarios (ou menos desnecessarios), do ponto de vista de prestarem o servico "mais publico" existente: a defesa nacional e a defesa civil. Tambem sao os que sao submetidos as condicoes mais estressantes e perigosas, alem do oficialato possuir formacao intelectual do nivel de magistrados e diplomatas. Mesmo assim, sao os que recebem os menores ordenados de todos os servidores. Nao que sejam especialmente mal pagos, mas simplesmente nao existem militares marajos, coisa que qualquer merdinha que seja procurador da uniao, fiscal ou delegado pode ser.

Ou seja, nao e o valor do servico publico ou a qualidade profissional do funcionario que determina a remuneracao: e simplesmente o poder que esses tem de colocar o resto da sociedade na dificil situacao de aceitar as condicoes humilhantes exigidas ou ficar sem um servico necessario. Assim, todos eles conseguem seus salarios de 20 mil reais, com horarios de trabalho quase inexistentes, apoiados numa constituicao imbecil, que sacrifica os bons (contribuintes do setor privado e servidores militares) em beneficio da escroque publica.
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Jack Torrance
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Jack Torrance »

Apáte escreveu:Mais um teste simplista. Duvido muito que a maioria dos brasileiros com curso superior acredite que o Estado deve ser mínimo. Pelo menos os cursando ensino superior não pensam assim nem a pau.

Eu marquei certo na 1, na 15 e na 20, embora, se possível, teria marcado um "talvez" na 7.


Foi quase igual a mim. A diferença é que eu marquei certo na 17 e não na 20 (não que isso deva se tornar uma lei (coisa mais absurda), mas é o que eles merecem).

Achei tosca a 15.
“No BOPE tem guerreiros que matam guerrilheiros, a faca entre os dentes esfolam eles inteiros, matam, esfolam, sempre com o seu fuzil, no BOPE tem guerreiros que acreditam no Brasil.”

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Wallace
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Wallace »

Fernando Silva escreveu:Meu resultado:

você pensa de forma semelhante à maioria dos brasileiros com curso superior completo – acredita que o estado deve ser mínimo e servir à sociedade, não o contrário. No plano pessoal, é pouco hierárquico nas suas relações cotidianas



2
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Jack Torrance
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Jack Torrance »

user f.k.a. Cabeção escreveu:Nao que sejam especialmente mal pagos, mas simplesmente nao existem militares marajos, coisa que qualquer merdinha que seja procurador da uniao, fiscal ou delegado pode ser.


Só acho que delegados não estão nesse barco. Pelo que sei, o salário deles equivalem ao dos oficiais da PM, pelo menos no estado de SP. Por exemplo: um delegado 5ª classe recebe o mesmo salário que um 2º tenente. O delegado geral recebe o mesmo que o comandante geral.

Aqui no estado de SP, os cargos de delegados são equivalentes em hierarquia e salário com o da PM. Tanto o delegado quanto policiais civis começam na 5ª classe e vão até a classe especial (que vem depois da primeira). Os praças começam como soldado e vão até subtenente; os oficiais começam como 2º tenente e chegam a coronel.

Tanto delegados quanto policiais civis, e praças e oficiais têm, ao todos, seis escalas hierárquicas. É claro que nem todos eles vão conseguir chegar na sua última classe hierárquica, pois fatores como classificação no curso de formação, punições, advertências, idade, etc. contribuem para isso.

O que pode ser diferente é no caso da Polícia Federal, tanto para delegado quanto para os outros cargos. Parece-me que o delegado ganha/ganhará inicialmente R$ 12.000,00.
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Wallace
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Wallace »

Apáte escreveu:Mais um teste simplista. Duvido muito que a maioria dos brasileiros com curso superior acredite que o Estado deve ser mínimo. Pelo menos os cursando ensino superior não pensam assim nem a pau.

Eu marquei certo na 1, na 15 e na 20, embora, se possível, teria marcado um "talvez" na 7.


Nem a pau se esses, além de não terem maturidade e inteligência, tenham sido doutrinados pelos professores comunistas que infestam as faculdades. Caso contrário, se o aluno era sádio, inteligente e se garantisse, mandava esses professores de merda irem se fuder e pronto.

Muito embora concorde que o teste seja simplista.
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Apo
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Apo »

13

De 11 a 15 errados: você não pensa exatamente como a maioria dos que têm curso superior, mas tende a pensar como eles.


Muito esquisito este "resultado".

Simplista, tendencioso e manipulável.


But...tem coisas ali que são a cara simplista, tendenciosa e manipulável do brasileiro comum e padrão.
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NadaSei
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por NadaSei »

A maior prova de que o teste não funciona é meu resultado:


De 16 a 20 errados: você pensa de forma semelhante à maioria dos brasileiros com curso superior completo – acredita que o estado deve ser mínimo e servir à sociedade, não o contrário. No plano pessoal, é pouco hierárquico nas suas relações cotidianas
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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André
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por André »

O teste é altamente estranho.

17 erradas aqui.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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Res Cogitans
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Res Cogitans »

Como pensam os brasileiros

Um livro prova que, ao contrário do que propalam os
esquerdistas, a elite nacional é o farol da modernidade


Ronaldo França



Alberto Carlos Almeida: entrevistas para mapear a ética e as concepções de país dos cidadãos de diferentes níveis


A julgar pelo que se lê nos jornais e se ouve nas salas de aula das universidades, o Brasil conta com uma elite retrógrada, de valores quase medievais, empenhada em obter toda sorte de privilégios do estado e em explorar a massa trabalhadora. Essa elite seria tão daninha que qualquer movimento de protesto originado nela, como o "Cansei", já nasceria marcado pela ilegitimidade. Segundo os arautos desse ponto de vista, em posição antípoda estaria um povo de valores imaculados, dono de uma sabedoria e um senso de justiça naturais e pronto a redimir o país de séculos de iniqüidade. Basta um pouco de distanciamento para ver que se trata de um maniqueísmo tolo, típico da rasa cachola esquerdista brasileira. Elite é muito mais do que sinônimo de "rico". Como registram os dicionários, é uma palavra de origem francesa que significa "o que há de melhor numa sociedade ou grupo". Dela fazem parte profissionais liberais, cientistas, atletas, empresários, políticos (não todos, infelizmente). Só uma nação que conta com uma elite com iniciativa, energia criadora, conhecimento avançado e valores democráticos tem chance de desenvolver-se. É por meio de suas ações e de seu exemplo que o conjunto da população termina ascendendo também, tanto no plano educacional e cultural como no profissional. Isso está longe de ser teoria romântica. É fato verificável no bloco dos países que hoje compõem o clube dos desenvolvidos.

Ao deixar de lado os estereótipos falidos, é possível verificar que a realidade brasileira estampa feições que costumam passar despercebidas. Uma prova disso emerge da leitura de A Cabeça do Brasileiro (Record; 280 páginas; 42 reais), do sociólogo Alberto Carlos Almeida, que chega às livrarias nesta semana. O livro traz os resultados da Pesquisa Social Brasileira, um levantamento no qual se investigaram os principais valores presentes no cotidiano social, econômico e político nacional. Enfim, o que se pode denominar de "o pensamento do brasileiro". O que se tem ali é uma radiografia de nitidez impressionante, que afirma principalmente como o papel da elite na construção de um Brasil moderno é crucial. A parcela mais educada da população é menos preconceituosa, menos estatizante e tem valores sociais mais sólidos. Se todas as pessoas em idade escolar estivessem em sala de aula hoje, a pleno vapor, o Brasil acordaria uma nação moderna no dia 1º de janeiro de 2025 – depois de um ciclo completo de educação. Os brasileiros passariam a ter baixíssima tolerância à corrupção e esperariam menos benesses de um estado protetor. Funcionários públicos ineficientes e aproveitadores seriam uma raça em extinção. Os cidadãos lutariam mais por seu futuro, em vez de se entregar distraidamente à loteria do destino. Nesse país, as pessoas de qualquer credo ou classe social se veriam como portadoras de direitos iguais. As diferenças sexuais seriam mais respeitadas. Provavelmente pouquíssimos endossariam a frase estampada no alto da página 87 – "Se alguém é eleito para um cargo público, deve usá-lo em benefício próprio".

A Pesquisa Social Brasileira foi realizada pelo instituto DataUff (Universidade Federal Fluminense) e financiada pela Fundação Ford. Foram ouvidas 2.363 pessoas, em 102 municípios. Coordenador do trabalho, Almeida optou pela mesma metodologia utilizada pela General Social Survey, a maior pesquisa social dos Estados Unidos, realizada a cada dois anos, desde 1972, pela Universidade de Chicago. O levantamento expressa a opinião dos brasileiros sobre diversos temas. Não pretende, é importante ressaltar, revelar como agem. A pesquisa é sobretudo a respeito da ética nacional ou das várias éticas que convivem no interior do país. Pegue-se o exemplo do "jeitinho". A maioria esmagadora da população já lançou mão dele para resolver problemas. De acordo com Almeida, essa parcela equivale a dois terços da população. Mas ele não é aprovado na mesma proporção quando se leva em conta o grau de escolaridade. O "jeitinho" é chancelado como algo válido por quase 60% dos analfabetos. Entre os que têm nível superior, porém, esse índice cai praticamente à metade. Essas discrepâncias também se revelam grandes quanto a outros temas. No universo dos que têm pouca ou nenhuma educação, a taxa dos que aprovam a violência policial oscila entre 40% e 50%. Já a dos que a desaprovam entre os mais escolarizados chega a 86%.

A pesquisa se ocupou, ainda, de um aspecto bastante danoso da vida nacional, o patrimonialismo. Ele não é uma invenção brasileira, como os impostos provisórios eternos. Quem melhor o investigou foi o sociólogo alemão Max Weber, que inspirou gerações de estudiosos. No Brasil, surgiu como forma de organização social no século XVI, com as grandes concessões de terra, as capitanias hereditárias. E por aqui fincou raízes fortes. Uma das conseqüências do patrimonialismo é a confusão entre o público e o privado. A pesquisa de Almeida mediu-a por meio da frase "Cada um deve cuidar somente do que é seu, e o governo cuida do que é público". Ela obteve a concordância de 74% dos que foram ouvidos. Quando se analisa esse mesmo dado à luz da escolaridade, contudo, vê-se a falta que a sala de aula faz. No universo dos analfabetos, 80% não conseguem enxergar o papel do cidadão no cuidado com a coisa pública. Entre os que têm nível superior, o porcentual diminui para 53%.

"Hoje, a maioria dos brasileiros ainda tem baixa escolarização e, portanto, uma visão mais arcaica da sociedade", afirma Almeida. "Mas é evidente que a educação tornará majoritária no país a parcela da população que tem uma visão mais moderna. O processo é irreversível." A divisão entre arcaico e moderno, embora em desuso por boa parte dos cientistas sociais, é a que define com mais clareza o abismo entre as duas visões de mundo. Para verificar a profundidade dessas diferenças, o autor de A Cabeça do Brasileiro não recorreu a nenhum expediente extraordinário. Apenas aferiu, por meio de perguntas, a indulgência com situações cotidianas. Sua pesquisa tem o poder de iluminar os principais aspectos da vida nacional. Os dados obtidos reforçam o que o imperador dom Pedro II já sabia: sem um esforço para universalizar a educação, a sociedade brasileira continuará patinando material e moralmente. Como nota Almeida, num país mais escolarizado a cena de um Severino Cavalcanti sentado na cadeira de presidente da Câmara dos Deputados nunca teria ocorrido. "Os eleitores de Severino, em sua maioria de baixa escolaridade e residentes em cidades pequenas do interior do Nordeste, tendem a não condenar o comportamento desse político, que defendia abertamente a contratação de parentes", constata o autor.

A corrupção, essa praga tão destruidora quanto a saúva o era nos tempos do ciclo do café, tem o beneplácito da maioria dos iletrados. Isso ficou claro quando se colocou a seguinte pergunta: "Como considerar a atitude do funcionário público que ajuda uma empresa a ganhar um contrato no governo e depois recebe dela um presente de Natal?". Para 80% dos que não sabem ler ou escrever, isso é apenas um "favor" ou um "jeitinho". Para 72% dos que concluíram a universidade, é corrupção e ponto final. Voltando à frase do segundo parágrafo desta reportagem, entre os analfabetos 40% acham que uma pessoa eleita para um cargo público deve usá-lo em benefício próprio. Dos que atravessaram todo o ensino superior, somente 3% pensam assim. O mesmo contraste é percebido quando o tema é a intervenção do estado na economia. Incríveis 90% dos analfabetos acham que o governo deve socorrer empresas em dificuldades. Entre os que têm nível superior, apenas 27% concordam inteiramente com isso e 37% aceitam a atitude em alguns casos. Ainda mais preocupante é a proporção de iletrados que apóiam a censura governamental. Para quase 60% deles, "programas de TV que fazem críticas ao governo devem ser proibidos", contra somente 8% dos que exibem nível superior. Dá para ver de onde os partidários da tentação autoritária tiram seu entusiasmo liberticida.

Um capítulo delicado do livro é o que trata da percepção dos brasileiros em relação à cor da pele. O autor pediu aos entrevistados que atribuíssem qualidades ou defeitos a homens brancos, negros e pardos retratados em fotografias. Aos brancos foram atribuídas mais qualidades positivas, como inteligência, honestidade e modos educados. Os negros ficaram em segundo lugar. Quanto aos pardos, além de ficar atrás no que se refere aos aspectos positivos, eles são mais relacionados a características negativas (veja quadro). Com base nesses dados e em cruzamentos mais específicos, como o que relaciona a cor da pele a profissões de maior ou menor prestígio, com vantagem para os brancos, Almeida refuta a tese de que um dos maiores problemas brasileiros é o preconceito social, e não o racial. Mas talvez seja o contrário: pardos e negros são percebidos de modo mais negativo justamente por continuar a figurar em maior número, por causa de circunstâncias históricas, na base da pirâmide social, onde as oportunidades são menores e a marginalidade é maior. Seja como for, a pesquisa funciona como combustível para uma discussão que precisa continuar.

"A pesquisa que compõe A Cabeça do Brasileiro é algo monumental. Tem o mérito de testar quantitativamente tudo o que nós estudamos. Nunca foi feito algo parecido", diz o antropólogo Roberto DaMatta. É também por meio de trabalhos como esse, com conclusões que fogem aos lugares-comuns e apontam na direção da necessidade de universalizar a educação e acelerar a marcha rumo à modernidade – o que significa uma ampliação da classe média, ou seja, da elite –, que talvez um dia o país possa deixar de caber na seguinte descrição do escritor Paulo Mendes Campos: "Imaginemos um ser humano monstruoso que tivesse a metade da cabeça tomada por um tumor, mas o cérebro funcionando bem; um pulmão sadio, o outro comido pela tísica; um braço ressequido, o outro vigoroso; uma orelha lesada, a outra perfeita; o estômago em ótimas condições, o intestino carcomido de vermes. Esse monstro é o Brasil: falta-lhe alarmantemente o mínimo de uniformidade social".

http://veja.abril.com.br/220807/p_086.shtml
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Narkus
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Narkus »

Não gostei do teste...
Como já disseram, é simplista e achei muito tendencioso também.

Que babaquisse é essa de o estado ser mínimo?
Pagamos impostos para quê?

"Não devemos confiar totalmente nos amigos"?
Porra, que bosta é essa agora? Acho que ninguém em seu juízo perfeito assinalaria errado uma questão como essas!
Eu sei escolher meus amigos mas antes de confiar em quem quer que seja eu confio em mim!

Greve de servidores públicos...
Muito dos caras já estão alí por indicação ou porque se mataram de estudar para decorar aquelas matérias sendo que muitas delas só existem na teoria, têm a vida praticamente garantida e uma série de benefícios e ficam aí paralizando o serviço público porque querem mais regalias?
Pra mim o emprego público é a coisa mais esquerdista e que pode existir!
Deveria ser mais fácil demitir servidor público que não cumpre com suas obrigações em respeito a imensa maioria da população.

"Só se deve colaborar com o governo quando ele cuida do que é público"
Marquei certa essa daí também...


É o tipo de teste que alguns limitados vão fazer, vão conseguir alta pontuação de "errados" e vão se achar os "cabeça".
"Eu penso como a elite... Confio 100% nos meus amigos, colaboro com o governo mesmo que ele não cuide do patrimônio público e ainda por cima acho que os servidores públicos podem entrar em greve a hora que quiserem pois o dinheiro dos impostos caem de árvore!"

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Res Cogitans
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Res Cogitans »

"Não devemos confiar totalmente nos amigos"?
Porra, que bosta é essa agora? Acho que ninguém em seu juízo perfeito assinalaria errado uma questão como essas!
Eu sei escolher meus amigos mas antes de confiar em quem quer que seja eu confio em mim!


O Brazil tem tem uma das maiores taxas de "desconfiaça" do mundo, isso torna o crédito mais caro. Veja o quadro na página 95 do artigo "The Neurobiology of Trust": http://www.neuroeconomicstudies.org/ima ... -trust.pdf
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por salgueiro »

Resultado

De 16 a 20 errados: você pensa de forma semelhante à maioria dos brasileiros com curso superior completo – acredita que o estado deve ser mínimo e servir à sociedade, não o contrário. No plano pessoal, é pouco hierárquico nas suas relações cotidianas
“Um homem é rico na proporção do número de coisas das quais pode prescindir”, Thoreau

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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Res Cogitans »

A propósito o teste realmente consta no livro mas a interpretação dos resultados no site é feita pela Revista Veja.
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*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.

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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Apo »

Res Cogitans escreveu:A propósito o teste realmente consta no livro mas a interpretação dos resultados no site é feita pela Revista Veja.


Afe.
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

1 - Censurar programas de televisão em que apareçam cenas de sexo e violência é uma atribuição do governo

Errado.

2 - O fornecimento de energia elétrica deveria ser de responsabilidade exclusiva do estado

Errado.

3 - O sistema bancário deveria ser estatal

Errado. Muito errado.

4 - Cabe ao governo cuidar do que é público

Certo (Por definição)? Agora cabe saber o que é ou deve ser público.

5 - Nos casos em que a obtenção de um documento é complicada, o melhor a fazer é pedir a ajuda de um amigo que trabalhe no serviço público

Errado, mas a burocracia é errada também.

6 - De vez em quando, não há nada de mais em passar uma conversa no guarda, para que ele não aplique uma multa

Errado, mas algo similar a questão anterior. Em certas circunstâncias, a corrupção já é iniciada pela autoridade.

7 - Recorrer ao "jeitinho" brasileiro é uma forma válida de descomplicar a vida

Errado, mas de novo, se for para minimizar efeitos de burocracia e/ou corrupção ativa de autoridades, e se for a única forma através da qual se obtém resultados, foda-se.

8 - Mesmo que o patrão autorize seu empregado a chamá-lo por "você", o empregado deve continuar a tratá-lo por "senhor"

Pergunta idiota. Errado. Mas o que é permitido nem sempre é apropriado.

9 - Empregados devem utilizar sempre o elevador de serviço, ainda que os moradores do edifício não se incomodem que eles usem o elevador social

Pergunta idiota. Errado. Mas o que é permitido nem sempre é apropriado.

10 - Lugar de empregada doméstica assistir a TV é no quarto dela ou na cozinha – mesmo que os patrões a convidem a sentar-se na sala

Pergunta idiota. Errado. Mas o que é permitido nem sempre é apropriado.

11 - Se alguém se sente incomodado pelo vizinho, o melhor a fazer é não reclamar

Errado, mas depende do que te incomoda e do grau de invasão observado. É uma questão onde o bom senso se aplica a cada caso.

12 - Se você dá uma festa em sua própria casa, que se estende pela madrugada, os vizinhos que reclamam do barulho não passam de uns chatos

É a mesma merda de questão, apenas exemplificada.

13 - Só se deve colaborar com o governo quando ele cuida do que é público

Certo, por definição. Quando o governo cuida da esfera privada de cada indivíduo ele esta por definição abusando do poder que lhe é conferido.

14 - É Deus, e só Ele, quem decide o destino humano

Errado.

15 - Não se pode confiar totalmente nos amigos

*TOTALMENTE* eu não confio nem em mim.

16 - É aceitável que, em certas ocasiões, a polícia bata em presos, para obter confissões de crimes

Em geral, errado.

17 - Estupradores merecem ser estuprados na cadeia por outros presos

Um estuprador merece ser sodomizado até a morte, mas um (ex-)preso, acusado e/ou condenado por estupro deve ser protegido pela lei.

A lei não existe para aplicar punições merecidas. A lei existe para minimizar segundo algum conjunto de critérios os transtornos impostos aos inocentes, sejam por criminosos, seja pela própria aplicação da própria lei. Quase todos os critérios concebíveis condenam a administração ou tolerância a tortura a detentos.


18 - O governo deve socorrer as empresas privadas em dificuldade

Errado. Muito.

19 - Cabe ao governo controlar os preços de todos os serviços básicos, como transporte, por exemplo

Errado. Muito.

20 - Greves de servidores públicos deveriam ser totalmente proibidas

Certo. Ver meu post do ano retrasado no começo do tópico.
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Lúcifer
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Lúcifer »

De 11 a 15 errados: você não pensa exatamente como a maioria dos que têm curso superior, mas tende a pensar como eles
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Neuromancer
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Neuromancer »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Todo servidor publico deveria obedecer ao mesmo estatuto do militar: o do voluntarismo patriotico. Se um grupo de militares entra em greve, nao se apresentado para o cumprimento do dever, eles serao automaticamente punidos.


Me perdoe, mas essa me fez rolar de rir.
Você adora defender o livre mercado, mas quando se trata de serviço público se parece muito com um ditador.
Deixe-me te dizer uma coisa. Isso de voluntarismo patriótico só existe nos contos de fadas, isto aqui é o mundo real, com pessoas reais que precisam viver com o dinheiro do trabalho. Tente essa baboseira de patriotismo com os professores pra ver se vai sobrar 1% dos que trabalham hoje.
Editado pela última vez por Neuromancer em 30 Jan 2010, 23:41, em um total de 1 vez.
Fideliter ad lucem per ardua tamen.

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Neuromancer
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Neuromancer »

Fico pensando em médicos que trabalham para o SUS.
Quem? Em sã consciência? Ficaria anos em uma faculdade, pagando (caso seja particular) uma fortuna para se formar, para depois entrar em um trabalho que paga pouquíssimo e ainda pode ser punido se entrar de greve?
Voluntários?? Pode até ter alguns, mas certamente serão insuficientes.
Podemos deixar a saúde de toda a população confiada a alguns poucos voluntários??
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user f.k.a. Cabeção
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Neuromancer escreveu:Você adora defender o livre mercado, mas quando se trata de serviço público se parece muito com um ditador.



Talvez porque o serviço público NÃO seja livre mercado, mas sim uma imposição ditatorial sobre o cidadão-consumidor.


Neuromancer escreveu:Deixe-me te dizer uma coisa. Isso de voluntarismo patriótico só existe nos contos de fadas, isto aqui é o mundo real, com pessoas reais que precisam viver com o dinheiro do trabalho.


Voluntarismo não é o mesmo que não remunerado.

Essa é aliás uma das grandes confusões modernas. A noção de que trabalho voluntário é algo que alguém faz sem esperar remuneração. Isso está errado.

Quando eu estava na marinha e alguém reclamava de algum aspecto da vida militar, essa pessoa era sempre "lembrada" de que ela estava ali voluntariamente. Independente dela receber soldo. Qualquer um que não esteja prestando serviço compulsório é por definição voluntário e pode pedir baixa ou demissão do seu posto, cargo ou serviço.


Neuromancer escreveu:Tente essa baboseira de patriotismo com os professores pra ver se vai sobrar 1% dos que trabalham hoje.

Porque a arquitetura do serviço público, escorada por noções distorcidas como a sua, contribuiu para a deterioração do caráter e dos valores dos funcionários.

Não que isso não seja natural e esperado, dada a natureza do serviço público (imposição violenta sobre o consumidor).



Neuromancer escreveu:Fico pensando em médicos que trabalham para o SUS.
Quem? Em sã consciência? Ficaria anos em uma faculdade, pagando (caso seja particular) uma fortuna para se formar, para depois entrar em um trabalho que paga pouquíssimo e ainda pode ser punido se entrar de greve?


Se o cara não tem inclinação suficiente para ser médico e projeta que seu trabalho será mal remunerado (uma projeção bastante realista para um futuro médico desmotivado e potencialmente incompetente), que vá fazer administração, direito, propaganda e marketing, ou então que vá trabalhar diretamente.


Neuromancer escreveu:Voluntários?? Pode até ter alguns, mas certamente serão insuficientes.
Podemos deixar a saúde de toda a população confiada a alguns poucos voluntários



Os não voluntários grevistas não estão resolvendo nada melhor.

E insuficiências de voluntários são resolvidas pelo sistema de preços (que são voluntários por natureza).



Neuromancer escreveu:Me perdoe, mas essa me fez rolar de rir.

Está perdoado. Dessa vez.
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Neuromancer
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Neuromancer »

Se o cara não tem inclinação suficiente para ser médico e projeta que seu trabalho será mal remunerado (uma projeção bastante realista para um futuro médico desmotivado e potencialmente incompetente), que vá fazer administração, direito, propaganda e marketing, ou então que vá trabalhar diretamente.


Engraçado como você coloca todo e qualquer médico insatisfeito com o serviço público como incompetente.
Qual é o problema? O cara não pode trabalhar para o Estado e achar que o salário é uma merda e tentar mudar isso?
Muita gente acusa os professores da rede pública de ensino de serem incompetentes, mas esquecem que profissionais bons custam caro. Eles tem aquilo pelo que pagam. Querem os melhores, então que paguem por isso.
Simplesmente ficar reclamando dizendo que o ensino público é uma merda não resolve.
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Neuromancer
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Neuromancer »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Se a propria nocao de direito de greve e absurda, o e sobretudo no setor publico. O setor publico em geral ja e um setor monopolista. Nao podemos recorrer a concorrentes quando algum orgao entra em greve. A ideia de que os funcionarios tenham por lei o direito de organizarem uma interrupcao sistematica desse servico e simplesmente dar-lhes carta branca para que chantageem a sociedade mais e mais, um trunfo do qual eles nao se incomodam de empregar.


Interessante que isso não funciona na prática. Se essa chantagem funcionasse teríamos professores recebendo 3 mil reais ou mais, bem distante dos 800 reais que recebem.
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Jeanioz
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Re: Teste: Cabeça de Brasileiro

Mensagem por Jeanioz »

você pensa de forma semelhante à maioria dos brasileiros com curso superior completo – acredita que o estado deve ser mínimo e servir à sociedade, não o contrário. No plano pessoal, é pouco hierárquico nas suas relações cotidianas
"Uma sociedade sem religião é como um navio sem bússola."
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"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."
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