Turquia em alerta e com medo
Enviado: 24 Jan 2006, 09:08
Turquia em alerta e com medo
Um país entra em estado de alerta e o mundo fica de plantão. Motivo: o risco de epidemia da gripe aviária. Os repórteres do fantástico visitam uma família na Turquia para descobrir como o país convive com o medo.
Muitas aldeias vivem com a vista do majestoso Monte Ararat, uma montanha, um ex-vulcão, de mais de 5 mil metros de altura. Famosa na Bíblia como o local onde a Arca de Noé se encontrou depois de que as águas do dilúvio baixaram, a montanha é majestosa.
Mas, na região, hoje provavelmente se gostaria que Noé não tivesse aceitado as galinhas entre os animais da arca. A gripe aviária foi uma catástrofe para a região e, particularmente, para a cidade de Dogubayazit, que fica ao sopé do Monte Ararat.
Dogubayazit é um centro importante no comércio da região. Os caminhões que vão para o Irã passam pela cidade - a fronteira fica pouco mais de meia hora. Era a antiga rota da seda. Mas, por causa da gripe aviária, as autoridades iranianas fecharam a fronteira. Como se não bastasse a doença, isso causou um desastre para a economia local.
A cidade ficou sem razão de ser. No mercadinho, tudo está mais para vazio. O constante movimento de gente no lugar de fronteira acabou. O desemprego se instalou de vez. É curioso encontrar nesse remoto fim de mundo um menino de cachecol da seleção brasileira.
O que apareceu foi peixe, um produto raro em região de montanha. Um substituto para as galinhas que estão proibidas de serem comercializadas. A pobreza está por toda parte, mas ainda existe o que se botar na panela.
Mas no principal restaurante da cidade tanta fartura não serve para nada. Num lugar para 80 fregueses, quase não se vê ninguém. Um homem diz que não sabe quanto a gripe aviária vai durar, mas que, sem emprego, sem comércio, não se vive.
A doença explodiu na cidade no primeiro dia do ano. Em pouco mais de uma semana, uma família perdeu três dos quatro filhos. Só resta o pequeno Ali Hassan, de 6 anos. O pai fecha o casaco do filho, superprotege o único que sobrou.
É uma família humilde, que vive no alto de um morro na periferia de Dogubayazit. As galinhas eram vitais para a sobrevivência de todos. A mãe chega e o pai diz que ela chora o tempo todo, que o que aconteceu é muito pior para ela do que para ele. Ela chora, já teve febre e tosse também. Agarrada à mão do filhinho, ela diz que ainda sonha que os três que morreram voltem para casa. Mas talvez sejam eles que tenham que partir.
Depois de perder três filhos, de 15, 14 e 11 anos, a família se encontra com uma dúvida: continuar em Dogubayazit, onde eles tem parentes e amigos ou ir para Ankara, a capital da Turquia, onde o governo ofereceu uma casa para eles. Mas eles não sabem se vão aceitar. Por enquanto, é da ajuda e da solidariedade das pessoas amigas e dos parentes que eles se sustentam. O pai está desempregado. Hoje, mais do que uma família, eles são uma lembrança.
Num frio de menos de 20ºC, e com a vista do Monte Ararat, a gripe aviária foi como um dilúvio na vida deles. E não existe uma Arca de Noé que possa levá-los e salvá-los de tanta tristeza.
Um país entra em estado de alerta e o mundo fica de plantão. Motivo: o risco de epidemia da gripe aviária. Os repórteres do fantástico visitam uma família na Turquia para descobrir como o país convive com o medo.
Muitas aldeias vivem com a vista do majestoso Monte Ararat, uma montanha, um ex-vulcão, de mais de 5 mil metros de altura. Famosa na Bíblia como o local onde a Arca de Noé se encontrou depois de que as águas do dilúvio baixaram, a montanha é majestosa.
Mas, na região, hoje provavelmente se gostaria que Noé não tivesse aceitado as galinhas entre os animais da arca. A gripe aviária foi uma catástrofe para a região e, particularmente, para a cidade de Dogubayazit, que fica ao sopé do Monte Ararat.
Dogubayazit é um centro importante no comércio da região. Os caminhões que vão para o Irã passam pela cidade - a fronteira fica pouco mais de meia hora. Era a antiga rota da seda. Mas, por causa da gripe aviária, as autoridades iranianas fecharam a fronteira. Como se não bastasse a doença, isso causou um desastre para a economia local.
A cidade ficou sem razão de ser. No mercadinho, tudo está mais para vazio. O constante movimento de gente no lugar de fronteira acabou. O desemprego se instalou de vez. É curioso encontrar nesse remoto fim de mundo um menino de cachecol da seleção brasileira.
O que apareceu foi peixe, um produto raro em região de montanha. Um substituto para as galinhas que estão proibidas de serem comercializadas. A pobreza está por toda parte, mas ainda existe o que se botar na panela.
Mas no principal restaurante da cidade tanta fartura não serve para nada. Num lugar para 80 fregueses, quase não se vê ninguém. Um homem diz que não sabe quanto a gripe aviária vai durar, mas que, sem emprego, sem comércio, não se vive.
A doença explodiu na cidade no primeiro dia do ano. Em pouco mais de uma semana, uma família perdeu três dos quatro filhos. Só resta o pequeno Ali Hassan, de 6 anos. O pai fecha o casaco do filho, superprotege o único que sobrou.
É uma família humilde, que vive no alto de um morro na periferia de Dogubayazit. As galinhas eram vitais para a sobrevivência de todos. A mãe chega e o pai diz que ela chora o tempo todo, que o que aconteceu é muito pior para ela do que para ele. Ela chora, já teve febre e tosse também. Agarrada à mão do filhinho, ela diz que ainda sonha que os três que morreram voltem para casa. Mas talvez sejam eles que tenham que partir.
Depois de perder três filhos, de 15, 14 e 11 anos, a família se encontra com uma dúvida: continuar em Dogubayazit, onde eles tem parentes e amigos ou ir para Ankara, a capital da Turquia, onde o governo ofereceu uma casa para eles. Mas eles não sabem se vão aceitar. Por enquanto, é da ajuda e da solidariedade das pessoas amigas e dos parentes que eles se sustentam. O pai está desempregado. Hoje, mais do que uma família, eles são uma lembrança.
Num frio de menos de 20ºC, e com a vista do Monte Ararat, a gripe aviária foi como um dilúvio na vida deles. E não existe uma Arca de Noé que possa levá-los e salvá-los de tanta tristeza.
