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1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 31 Jan 2009, 11:40
por carlo
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"Keynes. Eles não gostavam do que ele pensava. Parece que Roosevelt gostou e pelo visto, ele está atual. Tinha alergia às palavras comunismo e socialismo, muitas das medidas que serão tomadas mundialmente hoje, basearão-se no que o Lord dizia. “…Um balanço do neoliberalismo desde sua origem até os dias de hoje: um movimento ainda inacabado, mas que já fracassou economicamente…” Grifo meu, Carlo.


Agência Brasil de Fato

Por: Perry Anderson*

Comecemos com as origens do que se pode definir do neoliberalismo como fenômeno distinto do simples liberalismo clássico, do século passado. O neoliberalismo nasceu logo depois da II Guerra Mundial, na região da Europa e da América do Norte onde imperava o capitalismo. Foi uma reação teórica e política veemente contra o Estado intervencionista e de bem-estar. Seu texto de origem é O Caminho da Servidão, de Friedrich Hayek, escrito já em 1944. Trata-se de um ataque apaixonado contra qualquer limitação dos mecanismos de mercado por parte do Estado, denunciadas como uma ameaça letal à liberdade, não somente econômica, mas também política. O alvo imediato de Hayek, naquele momento, era o Partido Trabalhista inglês, às vésperas da eleição geral de 1945 na Inglaterra, que este partido efetivamente venceria. A mensagem de Hayek é drástica: “Apesar de suas boas intenções, a social-democracia moderada inglesa conduz ao mesmo desastre que o nazismo alemão - uma servidão moderna”.

Três anos depois, em 1947, enquanto as bases do Estado de bem-estar na Europa do pós-guerra efetivamente se construíam, não somente na Inglaterra, mas também em outros países, neste momento Hayek convocou aqueles que compartilhavam sua orientação ideológica para uma reunião na pequena estação de Mont Pèlerin, na Suíça. Entre os célebres participantes estavam não somente adversários firmes do Estado de bem-estar europeu, mas também inimigos férreos do New Deal norte-americano. Na seleta assistência encontravam-se Milton Friedman, Karl Popper, Lionel Robbins, Ludwig Von Mises, Walter Eupken, Walter Lipman, Michael Polanyi, Salvador de Madariaga, entre outros. Aí se fundou a Sociedade de Mont Pèlerin, uma espécie de franco-maçonaria neoliberal, altamente dedicada e organizada, com reuniões internacionais a cada dois anos. Seu propósito era combater o keynesianismo e o solidarismo reinantes e preparar as bases de um outro tipo de capitalismo, duro e livre de regras para o futuro. As condições para este trabalho não eram de todo favoráveis, uma vez que o capitalismo avançado estava entrando numa longa fase de auge sem precedentes - sua idade de ouro -, apresentando o crescimento mais rápido da história, durante as décadas de 50 e 60. Por esta razão, não pareciam muito verossímeis os avisos neoliberais dos perigos que representavam qualquer regulação do mercado por parte do Estado. A polêmica contra a regulação social, no entanto, tem uma repercussão um pouco maior. Hayek e seus companheiros argumentavam que o novo igualitarismo (muito relativo, bem entendido) deste período, promovido pelo Estado de bem-estar, destruía a liberdade dos cidadãos e a vitalidade da concorrência, da qual dependia a prosperidade de todos. Desafiando o consenso oficial da época, eles argumentavam que a desigualdade era um valor positivo - na realidade imprescindível em si -, pois disso precisavam as sociedades ocidentais. Esta mensagem permaneceu na teoria por mais ou menos 20 anos.

A chegada da grande crise do modelo econômico do pós-guerra, em 1973, quando todo o mundo capitalista avançado caiu numa longa e profunda recessão, combinando, pela primeira vez, baixas taxas de crescimento com altas taxas de inflação, mudou tudo. A partir daí as idéias neoliberais passaram a ganhar terreno. As raízes da crise, afirmavam Hayek e seus companheiros, estavam localizadas no poder excessivo e nefasto dos sindicatos e, de maneira mais geral, do movimento operário, que havia corroído as bases de acumulação capitalista com suas pressões reivindicativas sobre os salários e com sua pressão parasitária para que o Estado aumentasse cada vez mais os gastos sociais.

Esses dois processos destruíram os níveis necessários de lucros das empresas e desencadearam processos inflacionários que não podiam deixar de terminar numa crise generalizada das economias de mercado. O remédio, então, era claro: manter um Estado forte, sim, em sua capacidade de romper o poder dos sindicatos e no controle do dinheiro, mas parco em todos os gastos sociais e nas intervenções econômicas. A estabilidade monetária deveria ser a meta suprema de qualquer governo. Para isso seria necessária uma disciplina orçamentária, com a contenção dos gastos com bem-estar, e a restauração da taxa “natural” de desemprego, ou seja, a criação de um exército de reserva de trabalho para quebrar os sindicatos. Ademais, reformas fiscais eram imprescindíveis, para incentivar os agentes econômicos. Em outras palavras, isso significava reduções de impostos sobre os rendimentos mais altos e sobre as rendas. Desta forma, uma nova e saudável desigualdade iria voltar a dinamizar as economias avançadas, então às voltas com uma estagflação, resultado direto dos legados combinados de Keynes e de Beveridge, ou seja, a intervenção anticíclica e a redistribuição social, as quais haviam tão desastrosamente deformado o curso normal da acumulação e do livre mercado. O crescimento retornaria quando a estabilidade monetária e os incentivos essenciais houvessem sido restituídos.

A hegemonia deste programa não se realizou do dia para a noite. Levou mais ou menos uma década, os anos 70, quando a maioria dos governos da OCDE - Organização Européia para o Comércio e Desenvolvimento - tratava de aplicar remédios keynesianos às crises econômicas. Mas, ao final da década, em 1979, surgiu a oportunidade. Na Inglaterra, foi eleito o governo Thatcher, o primeiro regime de um país de capitalismo avançado publicamente empenhado em pôr em prática o programa neoliberal. Um ano depois, em 1980, Reagan chegou à presidência dos Estados Unidos. Em 1982, Khol derrotou o regime social liberal de Helmut Schimidt, na Alemanha. Em 1983, a Dinamarca, Estado modelo do bem-estar escandinavo, caiu sob o controle de uma coalizão clara de direita, o governo de Schluter. Em seguida, quase todos os países do norte da Europa ocidental, com exceção da Suécia e da Áustria, também viraram à direita. A partir daí, a onda de direitização desses anos tinha um fundo político para além da crise econômica do período. Em 1978, a segunda guerra fria eclodiu com a intervenção soviética no Afeganistão e a decisão norte-americana de incrementar uma nova geração de foguetes nucleares na Europa ocidental. O ideário do neoliberalismo havia sempre incluído, como componente central, o anticomunismo mais intransigente de todas as correntes capitalistas do pós-guerra. O novo combate contra o império do mal - a servidão humana mais completa aos olhos de Hayek - inevitavelmente fortaleceu o poder de atração do neoliberalismo político, consolidando o predomínio da nova direita na Europa e na América do Norte. Os anos 80 viram o triunfo mais ou menos incontrastado da ideologia neoliberal nesta região do capitalismo avançado.

O que fizeram, na prática, os governos neoliberais deste período? O modelo inglês foi, ao mesmo tempo, o pioneiro e o mais puro. Os governos Thatcher contraíram a emissão monetária, elevaram as taxas de juros, baixaram drasticamente os impostos sobre os rendimentos altos, aboliram controles sobre os fluxos financeiros, criaram níveis de desemprego massivos, aplastaram greves, impuseram uma nova legislação anti-sindical e cortaram gastos sociais. E, finalmente - esta foi uma medida surpreendentemente tardia -, se lançaram num amplo programa de privatização, começando por habitação pública e passando em seguida a indústrias básicas como o aço, a eletricidade, o petróleo, o gás e a água. Esse pacote de medidas é o mais sistemático e ambicioso de todas as experiências neoliberais em países de capitalismo avançado.

A variante norte-americana era bem distinta. Nos Estados Unidos, onde quase não existia um Estado de bem-estar do tipo europeu, a prioridade neoliberal era mais a competição militar com a União Soviética, concebida como uma estratégia para quebrar a economia soviética e, por esta via, derrubar o regime comunista na Rússia. Deve-se ressaltar que, na política interna, Reagan também reduziu os impostos em favor dos ricos, elevou as taxas de juros e aplastou a única greve séria de sua gestão. Mas, decididamente, não respeitou a disciplina orçamentária; ao contrário, lançou-se numa corrida armamentista sem precedentes, envolvendo gastos militares enormes, que criaram um déficit público muito maior do que qualquer outro presidente da história norte-americana. Mas esse recurso a um keynesianismo militar disfarçado, decisivo para uma recuperação das economias capitalistas da Europa ocidental e da América do Norte, não foi imitado. Somente os Estados Unidos, por causa de seu peso na economia mundial, podiam dar-se ao luxo do déficit massivo na balança de pagamentos que resultou de tal política.

No continente europeu, os governos de direita deste período - amiúde com fundo católico - praticaram em geral um neoliberalismo mais cauteloso e matizado que as potências anglo-saxônicas, mantendo a ênfase na disciplina orçamentária e nas reformas fiscais, mais do que em cortes brutais de gastos sociais ou enfrentamentos deliberados com os sindicatos. Contudo, a distância entre estas políticas e as da social-democracia governante anterior já era grande. E, enquanto a maioria dos países no norte da Europa elegia governos de direita empenhados em várias versões do neoliberalismo, no sul do continente - território de De Gaulle, Franco, Salazar, Fanfani, Papadopoulos, etc. -, previamente uma região muito mais conservadora politicamente, chegavam ao poder, pela primeira vez, governos de esquerda, chamados de euro-socialistas: Miterrand, na França; González, na Espanha; Soares, em Portugal; Craxi, na Itália; Papandreou, na Grécia. Todos se apresentavam como uma alternativa progressista, baseada em movimentos operários ou populares, contrastando com a linha reacionária dos governos de Reagan, Thatcher, Khol e outros do norte da Europa. Não há dúvida, com efeito, de que pelo menos Miterrand e Papandreou, na França e na Grécia, genuinamente se esforçaram para realizar uma política de deflação e redistribuição, de pleno emprego e de proteção social. Foi uma tentativa de criar um equivalente no sul da Europa do que havia sido a social-democracia do pós-guerra no norte do continente em seus anos de ouro. Mas o projeto fracassou, e já em 1982 e 1983 o governo socialista na França se viu forçado pelos mercados financeiros internacionais a mudar seu curso dramaticamente e reorientar-se para fazer uma política muito próxima à ortodoxia neoliberal, com prioridade para a estabilidade monetária, a contenção do orçamento, concessões fiscais aos detentores de capital e abandono do pleno emprego. No final da década, o nível de desemprego na França socialista era mais alto do que na Inglaterra conservadora, como Thatcher se gabava amiúde de assinalar. Na Espanha, o governo de González jamais tratou de realizar uma política keynesiana ou redistributiva. Ao contrário, desde o início o regime do partido no poder se mostrou firmemente monetarista em sua política econômica: grande amigo do capital financeiro, favorável ao princípio de privatização e sereno quando o desemprego na Espanha rapidamente alcançou o recorde europeu de 20% da população ativa.

Enquanto isso, no outro lado do mundo, na Austrália e na Nova Zelândia, o mesmo padrão assumiu proporções verdadeiramente dramáticas. Sucessivos governos trabalhistas ultrapassaram os conservadores locais de direita com programas de neoliberalismo radical - na Nova Zelândia, provavelmente o exemplo mais extremo de todo o mundo capitalista avançado, desmontando o Estado de bem-estar muito mais completa e ferozmente do que Thatcher na Inglaterra.

O que demonstravam estas experiências era a hegemonia alcançada pelo neoliberalismo como ideologia. No início, somente governos explicitamente de direita radical se atreveram a pôr em prática políticas neoliberais; depois, qualquer governo, inclusive os que se autoproclamavam e se acreditavam de esquerda, podia rivalizar com eles em zelo neoliberal. O neoliberalismo havia começado tomando a social-democracia como sua inimiga central, em países de capitalismo avançado, provocando uma hostilidade recíproca por parte da social-democracia. Depois, os governos social-democratas se mostraram os mais resolutos em aplicar políticas neoliberais. Nem todas as social-democracias, bem entendido. Ao final dos anos 80, a Suécia e a Áustria ainda resistiam à onda neoliberal da Europa. E, fora do continente europeu, o Japão também continuava isento de qualquer pressão ou tentação neoliberal. Mas, nos demais países da OCDE, as idéias da Sociedade de Mont Pèlerin haviam triunfado plenamente. Poder-se-ia perguntar qual a avaliação efetiva da hegemonia neoliberal no mundo capitalista avançado, pelo menos durante os anos 80. Cumpriu suas promessas ou não? Vejamos o panorama de conjunto. A prioridade mais imediata do neoliberalismo era deter a grande inflação dos anos 70. Nesse aspecto, seu êxito foi inegável. No conjunto dos países da OCDE, R taxa de inflação caiu de 8,8% para 5,2%, entre os anos 70 e 80, e a tendência de queda continua nos anos 90. A deflação, por sua vez, deveria ser a condição para a recuperação dos lucros. Também nesse sentido o neoliberalismo obteve êxitos reais. Se, nos anos 70, a taxa de lucro das indústrias nos países da OCDE caiu em cerca de 4,2%, nos anos 80 aumentou 4,7%. Essa recuperação foi ainda mais impressionante na Europa Ocidental como um todo, de 5,4 pontos negativos para 5,3 pontos positivos. A razão principal dessa transformação foi, sem dúvida, a derrota do movimento sindical, expressado na queda drástica do número de greves durante os anos 80 e numa notável contenção dos salários. Essa nova postura sindical, muito mais moderada, por sua vez, em grande parte era produto de um terceiro êxito do neoliberalismo, ou seja, o crescimento das taxas de desemprego, concebido como um mecanismo natural e necessário de qualquer economia de mercado eficiente. A taxa média de desemprego nos países da OCDE, que havia ficado em torno de 4% nos anos 70, pelo menos duplicou na década de 80. Também este foi um resultado satisfatório. Finalmente, o grau de desigualdade - outro objetivo sumamente importante para o neoliberalismo - aumentou significativamente no conjunto dos países da OCDE: a tributação dos salários mais altos caiu 20% em média nos anos 80, e os valores das bolsas aumentaram quatro vezes mais rapidamente do que os salários.

Então, em todos estes itens, deflação, lucros, empregos e salários, podemos dizer que o programa neoliberal se mostrou realista e obteve êxito. Mas, no final das contas, todas estas medidas haviam sido concebidas como meios para alcançar um fim histórico, ou seja, a reanimação do capitalismo avançado mundial, restaurando taxas altas de crescimento estáveis, como existiam antes da crise dos anos 70. Nesse aspecto, no entanto, o quadro se mostrou absolutamente decepcionante. Entre os anos 70 e 80 não houve nenhuma mudança - nenhuma - na taxa de crescimento, muito baixa nos países da OCDE. Dos ritmos apresentados durante o longo auge, nos anos 50 e 60, restam somente uma lembrança distante.

Qual seria a razão deste resultado paradoxal? Sem nenhuma dúvida, o fato de que - apesar de todas as novas condições institucionais criadas em favor do capital - a taxa de acumulação, ou seja, da efetiva inversão em um parque de equipamentos produtivos, não apenas não cresceu durante os anos 80, como caiu em relação a seus níveis - já médios - dos anos 70. No conjunto dos países de capitalismo avançado, as cifras são de um incremento anual de 5,5% nos anos 60, de 3,6% nos anos 70, e nada mais do que 2,9% nos anos 80. Uma curva absolutamente descendente.

Cabe perguntar por que a recuperação dos lucros não levou a uma recuperação dos investimentos. Essencialmente, pode-se dizer, porque a desregulamentação financeira, que foi um elemento tão importante do programa neoliberal, criou condições muito mais propícias para a inversão especulativa do que produtiva. Durante os anos 80 aconteceu uma verdadeira explosão dos mercados de câmbio internacionais, cujas transações, puramente monetárias, acabaram por diminuir o comércio mundial de mercadorias reais. O peso de operações puramente parasitárias teve um incremento vertiginoso nestes anos. Por outro lado - e este foi, digamos, o fracasso do neoliberalismo -, o peso do Estado de bem-estar não diminuiu muito, apesar de todas as medidas tomadas para conter os gastos sociais. Embora o crescimento da proporção do produto bruto nacional consumida pelo Estado tenha sido notavelmente desacelerado, a proporção absoluta não caiu, mas aumentou, de mais ou menos 46% para 48% do PNB médio dos países da OCDE durante os anos 80. Duas razões básicas explicam este paradoxo: o aumento dos gastos sociais com o desemprego, que custaram bilhões ao Estado, e o aumento demográfico dos aposentados na população, que levou o Estado a gastar outros bilhões em pensões.

Por fim, ironicamente, quando o capitalismo avançado entrou de novo numa profunda recessão, em 1991, a dívida pública de quase todos os países ocidentais começou a reassumir dimensões alarmantes, inclusive na Inglaterra e nos Estados Unidos, enquanto que o endividamento privado das famílias e das empresas chegava a níveis sem precedentes desde a II Guerra Mundial. Atualmente, com a recessão dos primeiros anos da década de 90, todos os índices econômicos tornaram-se muito sombrios nos países da OCDE, onde, presentemente, há cerca de 38 milhões de desempregados, aproximadamente duas vezes a população total da Escandinávia. Nestas condições de crise muito aguda, pela lógica, era de se esperar uma forte reação contra o neoliberalismo nos anos 90. Isso aconteceu? Ao contrário, por estranho que pareça, o neoliberalismo ganhou um segundo alento, pelo menos em sua terra natal, a Europa. Não somente o thatcherismo sobreviveu à própria Thatcher, com a vitória de Major nas eleições de 1992 na Inglaterra. Na Suécia, a social-democracia, que havia resistido ao avanço neoliberal nos anos 80, foi derrotada por uma frente unida de direita em 1991. O socialismo francês saiu bastante desgastado das eleições de 1993. Na Itália, Berlusconi - uma espécie de Reagan italiano - chegou ao poder à frente de uma coalizão na qual um dos integrantes era um partido oficialmente facista até recentemente. Na Alemanha, o governo de Kohl provavelmente continuará no poder. Na Espanha, a direita está às portas do poder.

Mas, para além desses êxitos eleitorais, o projeto neoliberal continua a demonstrar uma vitalidade impressionante. Seu dinamismo não está ainda esgotado, como se pode ver na nova onda de privatizações em países até recentemente bastante resistentes a elas, como Alemanha, Áustria e Itália. A hegemonia neoliberal se expressa igualmente no comportamento de partidos e governos que formalmente se definem como seus opositores. A primeira prioridade do presidente Clinton, nos Estados Unidos, foi reduzir o déficit orçamentário, e a segunda foi adotar uma legislação draconiana e regressiva contra a delinqüência, lema principal também da nova liderança trabalhista na Inglaterra. O temário político segue sendo ditado pelos parâmetros do neoliberalismo, mesmo quando seu momento de atuação econômica parece amplamente estéril ou desastroso. Como explicar esse segundo alento no mundo capitalista avançado? Uma de suas razões fundamentais foi claramente a vitória do neoliberalismo em outra área do mundo, ou seja, a queda do comunismo na Europa oriental e na União Soviética, de 89 a 91, exatamente no momento em que os limites do neoliberalismo no próprio Ocidente tornavam-se cada vez mais óbvios. Pois a vitória do Ocidente na guerra fria, com o colapso de seu adversário comunista, não foi o triunfo de qualquer capitalismo, mas o do tipo específico liderado e simbolizado por Reagan e Thatcher nos anos 80. Os novos arquitetos das economias pós-comunistas no Leste, gente como Balcerovicz na Polônia, Gaidar na Rússia, Klaus, na República Tcheca, eram e são seguidores convictos de Hayek e Friedman, com um menosprezo total pelo keynesianismo e pelo Estado de bem-estar, pela economia mista e, em geral, por todo o modelo dominante do capitalismo ocidental do período pós-guerra. Estas lideranças políticas preconizam e realizam privatizações muito mais amplas e rápidas do que haviam sido feitas no Ocidente. Para sanear suas economias, aceitam quedas de produção infinitamente mais drásticas do que haviam sido aceitas no Ocidente. E promovem graus de desigualdade - sobretudo de empobrecimento da maior parte da população - muito mais brutais do que tínhamos visto nos países do Ocidente.

Não há neoliberais mais intransigentes no mundo do que os “reformadores” do Leste. Dois anos atrás, Vaclav Klaus, primeiro-ministro da República Tcheca, atacou publicamente o presidente do Federal Reserve Bank dos Estados Unidos no governo Reagan, Allan Greenspan, acusando-o de demonstrar debilidade e frouxidão lamentáveis em sua política monetária. Em artigo para a revista The Economist, Klaus foi incisivo: “O sistema social da Europa ocidental está demasiadamente amarrado por regras e pelo controle social excessivo. O Estado de bem-estar, com todas as suas transferências de pagamentos generosos desligados de critérios, de esforços ou de méritos, destrói a moralidade básica do trabalho e o sentido de responsabilidade individual. Há excessiva proteção e burocracia. Deve-se dizer que a revolução thatcheriana, ou seja, antikeynesiana ou liberal, parou - numa avaliação positiva - no meio do caminho na Europa ocidental e é preciso completá-la”. Bem entendido, esse tipo de extremismo neoliberal, por influente que seja nos países pós-comunistas, também desencadeou uma reação popular, como se pôde ver nas últimas eleições na Polônia, na Hungria e na Lituânia, onde partidos ex-comunistas ganharam e agora governam de novo seus países. Mas, na prática, suas políticas no governo não se distinguem muito daquela de seus adversários declaradamente neoliberais. A deflação, a desmontagem de serviços públicos, as privatizações de empresas, o crescimento de capital corrupto e a polarização social seguem, um pouco menos rapidamente, porém com o mesmo rumo. A analogia com o euro-socialismo do sul da Europa é evidente. Em ambos os casos há uma variante mansa - pelo menos no discurso, senão sempre nas ações - de um paradigma neoliberal comum na direita e na esquerda oficial. O dinamismo continuado do neoliberalismo como força ideológica em escala mundial está sustentado em grande parte, hoje, por este “efeito de demonstração” do mundo pós-soviético. Os neoliberais podem gabar-se de estar à frente de uma transformação sócio-econômica gigantesca, que vai perdurar por décadas.

O impacto do triunfo neoliberal no leste europeu tardou a ser sentido em outras partes do globo, particularmente, pode-se dizer, aqui na América Latina, que hoje em dia se converte na terceira grande cena de experimentações neoliberais. De fato, ainda que em seu conjunto tenha chegado a hora das privatizações massivas, depois dos países da OCDE e da antiga União Soviética, genealogicamente este continente foi testemunha da primeira experiência neoliberal sistemática do mundo. Refiro-me, bem entendido, ao Chile sob a ditadura de Pinochet. Aquele regime tem a honra de ter sido o verdadeiro pioneiro do ciclo neoliberal da história contemporânea. O Chile de Pinochet começou seus programas de maneira dura: desregulação, desemprego massivo, repressão sindical, redistribuição de renda em favor dos ricos, privatização de bens públicos. Tudo isso foi começado no Chile, quase um decênio antes de Thatcher, na Inglaterra. No Chile, naturalmente, a inspiração teórica da experiência pinochetista era mais norte-americana do que austríaca. Friedman, e não Hayek, como era de se esperar nas Américas. Mas é de se notar que a experiência chilena dos anos 70 interessou muitíssimo a certos conselheiros britânicos importantes para Thatcher, e que sempre existiram excelentes relações entre os dois regimes nos anos 80. O neoliberalismo chileno, bem entendido, pressupunha a abolição da democracia e a instalação de uma das mais cruéis ditaduras militares do pós-guerra. Mas a democracia em si mesma - como explicava incansavelmente Hayek - jamais havia sido um valor central do neoliberalismo. A liberdade e a democracia, explicava Hayek, podiam facilmente tornar-se incompatíveis, se a maioria democrática decidisse interferir com os direitos incondicionais de cada agente econômico de dispor de sua renda e de sua propriedade como quisesse. Nesse sentido, Friedman e Hayek podiam olhar com admiração a experiência chilena, sem nenhuma inconsistência intelectual ou compromisso de seus princípios. Mas esta admiração foi realmente merecida, dado que - à diferença das economias de capitalismo avançado sob os regimes neoliberais dos anos 80 - a economia chilena cresceu a um ritmo bastante rápido sob o regime de Pinochet, como segue fazendo com a continuidade da política econômica dos governos pós-Pinochet dos últimos anos.

Se o Chile, nesse sentido, foi a experiência-piloto para o novo neoliberalismo dos países avançados do Ocidente, a América Latina também proveu a experiência-piloto para o neoliberalismo do Oriente pós-soviético. Aqui me refiro, bem entendido, à Bolívia, onde, em 1985, Jeffrey Sachs já aperfeiçoou seu tratamento de choque, mais tarde aplicado na Polônia e na Rússia, mas preparado originariamente para o governo do general Banzer, depois aplicado imperturbavelmente por Victor Paz Estenssoro, quando surpreendentemente este último foi eleito presidente, em vez de Banzer. Na Bolívia, no fundo da experiência não havia necessidade de quebrar um movimento operário poderoso, como no Chile, mas parar a hiperinflação. E o regime que adotou o plano de Sachs não era nenhuma ditadura, mas o herdeiro do partido populista que havia feito a revolução social de 1952. Em outras palavras, a América Latina também iniciou a variante neoliberal “progressista”, mais tarde difundida no sul da Europa, nos anos de euro-socialismo. Mas o Chile e a Bolívia eram experiências isoladas até o final dos anos 80.

A virada continental em direção ao neoliberalismo não começou antes da presidência de Salinas, no México, em 88, seguida da chegada ao poder de Menem, na Argentina, em 89, da segunda presidência de Carlos Andrés Perez, no mesmo ano, na Venezuela, e da eleição de Fujimori, no Peru, em 90. Nenhum desses governantes confessou ao povo, antes de ser eleito, o que efetivamente fez depois de eleito. Menem, Carlos Andrés e Fujimori, aliás, prometeram exatamente o oposto das políticas radicalmente antipopulistas que implementaram nos anos 90. E Salinas, notoriamente, não foi sequer eleito, mas roubou as eleições com fraudes.

Das quatro experiências viáveis desta década, podemos dizer que três registraram êxitos impressionantes a curto prazo - México, Argentina e Peru - e uma fracassou: Venezuela. A diferença é significativa. A condição política da deflação, da desregulamentação, do desemprego, da privatização das economias mexicana, argentina e peruana foi uma concentração de poder executivo formidável: algo que sempre existiu no México, um regime de partido único, com efeito, mas Menem e Fujimori tiveram de inovar na Argentina e no Peru com uma legislação de emergência, autogolpes e reforma da Constituição. Esta dose de autoritarismo político não foi factível na Venezuela, com sua democracia partidária mais contínua e sólida do que em qualquer outro país da América do Sul, o único a escapar de ditaduras militares e de regimes oligárquicos desde os anos 50. Daí o colapso da segunda presidência de Carlos Andrés.

Mas seria arriscado concluir que somente regimes autoritários podem impor com êxito políticas neoliberais na América Latina. A Bolívia, onde todos os governos eleitos depois de 1985, tanto de Paz Zamora, quanto de Sanchez Losada, continuaram com a mesma linha, está aí para comprovar o oposto. A lição que fica da longa experiência boliviana é esta: há um equivalente funcional ao trauma da ditadura militar como mecanismo para induzir democrática e não coercitivamente um povo a aceitar políticas neoliberais das mais drásticas. Este equivalente é a hiperinflação. Suas conseqüências são muito parecidas. Recordo-me de uma conversa que tive no Rio de Janeiro, em 1987, quando era consultor de uma equipe do Banco Mundial e fazia uma análise comparativa de cerca de 24 países do Sul, no que tocava a políticas econômicas. Um amigo neoliberal da equipe, sumamente inteligente, economista destacado, grande admirador da experiência chilena sob o regime de Pinochet, confiou-me que o problema crítico no Brasil durante a presidência de Sarney não era uma taxa de inflação demasiado alta - como a maioria dos funcionários do Banco Mundial tolamente acreditava -, mas uma taxa de inflação demasiado baixa. “Esperemos que os diques se rompam”, ele disse, “precisamos de uma hiperinflação aqui, para condicionar o povo a aceitar a medicina deflacionária drástica que falta neste país”. Depois, como sabemos, a hiperinflação chegou ao Brasil, e as conseqüências prometem ou ameaçam - como se queira - confirmar a sagacidade deste neoliberal indiano.

A pergunta que está aberta é se o neoliberalismo encontrará mais ou menos resistência à implementação duradoura dos seus projetos aqui na América Latina do que na Europa ocidental ou na antiga União Soviética. Seria o populismo - ou obreirismo - latino-americano um obstáculo mais fácil ou mais difícil para a realização dos planos neoliberais do que a social-democracia reformista ou o comunismo? Não vou entrar nesta questão, uma vez que outros aqui podem julgar melhor do que eu. Sem dúvida, a resposta vai depender também do destino do neoliberalismo fora da América Latina, onde continua avançando em terras até agora intocadas por sua influência. Atualmente, na Ásia, por exemplo, a economia da Índia começa, pela primeira vez, a ser adaptada ao paradigma liberal, e até mesmo o Japão não está totalmente imune às pressões norte-americanas para abolir regras. A região do capitalismo mundial que apresenta mais êxitos nos últimos 20 anos é também a menos neoliberal, ou seja, as economias do extremo oriente - Japão, Coréia, Formosa, Cingapura, Malásia. Por quanto tempo estes países permanecerão fora da esfera de influência do neoliberalismo? Tudo que podemos dizer é que este é um movimento ideológico, em escala verdadeiramente mundial, como o capitalismo jamais havia produzido no passado. Trata-se de um corpo de doutrina coerente, autoconsciente, militante, lucidamente decidido a transformar todo o mundo à sua imagem, em sua ambição estrutural e sua extensão internacional. Eis aí algo muito mais parecido ao movimento comunista de ontem do que ao liberalismo eclético e distendido do século passado.

Nesse sentido, qualquer balanço atual do neoliberalismo só pode ser provisório. Este é um movimento ainda inacabado. Por enquanto, porém, é possível dar um veredicto acerca de sua atuação durante quase 15 anos nos países mais ricos do mundo, a única área onde seus frutos parecem, podemos dizer assim, maduros. Economicamente, o neoliberalismo fracassou, não conseguindo nenhuma revitalização básica do capitalismo avançado. Socialmente, ao contrário, o neoliberalismo conseguiu muitos dos seus objetivos, criando sociedades marcadamente mais desiguais, embora não tão desestatizadas como queria. Política e ideologicamente, todavia, o neoliberalismo alcançou êxito num grau com o qual seus fundadores provavelmente jamais sonham, disseminando a simples idéia de que não há alternativas para os seus princípios, que todos, seja confessando ou negando, têm de adaptar-se a suas normas. Provavelmente nenhuma sabedoria convencional conseguiu um predomínio tão abrangente desde o início do século como o neoliberal hoje. Este fenômeno chama-se hegemonia, ainda que, naturalmente, milhões de pessoas não acreditem em suas receitas e resistam a seus regimes. A tarefa de seus opositores é a de oferecer outras receitas e preparar outros regimes. Apenas não há como prever quando ou onde vão surgir. Historicamente, o momento de virada de uma onda é uma surpresa.

Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 31 Jan 2009, 12:58
por user f.k.a. Cabeção

Para quem busca por desinformacao, o texto acima e um prato cheio. Ele pelo menos deixa bastante evidente a relacao porno-afetiva muito mal-disfarcada entre o marxismo e o keyensianismo que produziu o movimento new left de onde a criatura que assina esse texto emergiu.

So li uma meia duzia de paragrafos e as mentiras abundam: "O caminho para servidao" nao servia a qualquer objetivo imediato eleitoreiro, so mesmo alguem muito doente para acreditar que um trabalho teorico e com amplo escopo teria intencoes imediatistas. O maximo que poderia se dizer e que o livro foi escrito como parte de um "esforco de guerra", que inclusive produziu "A sociedade aberta e seus inimigos" de Karl Popper, um grande colaborador e amigo de Hayek. Mas o livro acabou sendo publicado apos o fim da guerra.

Outra mentira e que a Sociedade Mont-Pèlerin era uma "franco-maçonaria" neoliberal. O grupo nao tinha nenhum interesse politico secreto, ou mesmo estrategia elaborada, e suas atas sao abertas ao escrutinio de quem quiser ler.

A seguir ele reduz a critica as politicas macro-economicas que levaram as crises da decada de setenta a um combate ao sindicalismo, tendo ainda o descalabro de chamar esses economistas de marxistas, ao dizer que eles defendiam a existencia de um "exercito de reserva de trabalho", um conceito completamente marxista, que nao guarda nenhuma relacao com qualquer doutrina liberal. Liberais defendem um sistema de precos livres, o que inclui salarios, que equilibraria a oferta e a demanda por trabalho. O desemprego estrutural nao e fruto da criacao deliberada de uma reserva de trabalho visando quebrar o poder dos sindicatos, isso e apenas a interpretacao sindical-marxista do fato de que os interesses dos desempregados vao sempre divergir dos interesses dos sindacalistas que exigem mais regalias para os ja empregados.

E continua nas suas besteiras, como se fossem os gastos do governo com "bem-estar" que causassem a inflacao, e nao o fato dele imprimir dinheiro ou expandir o credito.

Provavelmente o texto segue nas suas mentiras infantis por um bom tempo, mas so nessa pequena amostra ja podemos ver o filme inteiro.

Como diria o Acauan, bando de babaquaras...

Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 31 Jan 2009, 14:12
por Discernimento
Ótimo texto.

Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 31 Jan 2009, 19:03
por carlo
Discernimento escreveu:Ótimo texto.


Interesante, eu também achei. Assim como ví uma parte dele "meio marxista" como o cabeção falou já que deve conhecer o autor. Mas o fato é que eu sou mais keynes e acho que a história do neoliberalismo não acabou, mas fracassou, não precisamos passar de junho de 2007. Os gringos tão doidos lá, aliás, tadinha da tatcher. Ouvir o premier britânico falar em estatizar pelo menos momentaneamente o sistema bancário é foda! E mais foda ainda é os ianques saberem que quem vai mandar no City Bank é o governo, hehehehe!

Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 31 Jan 2009, 21:02
por Herf
carlo escreveu:Mas o fato é que eu sou mais keynes e acho que a história do neoliberalismo não acabou, mas fracassou, não precisamos passar de junho de 2007.

De todos os efeitos da crise, esse foi o pior: o estabelecimento da farsa de que ela foi um resultado de um mercado livre e desregulado, e que "os dias do liberalismo acabaram". Com isso em mente, tentarão resolver as coisas apenas fazendo mais do mesmo.

Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 01 Fev 2009, 01:11
por carlo
Herf escreveu:
carlo escreveu:Mas o fato é que eu sou mais keynes e acho que a história do neoliberalismo não acabou, mas fracassou, não precisamos passar de junho de 2007.

De todos os efeitos da crise, esse foi o pior: o estabelecimento da farsa de que ela foi um resultado de um mercado livre e desregulado, e que "os dias do liberalismo acabaram". Com isso em mente, tentarão resolver as coisas apenas fazendo mais do mesmo.



Papo furreco! Vcs viram alguma união de bancos para salvar o " sistema "? ou vcs viram o Estado? Todos nós Vimos, o Estado!!!!!! ´Tô mentindo?
Keynes ow Keynes, os yanques não estão querendo proferir a palavra, eles estão com medo! A palavra é ESTATIZAÇÃO! Lord Keynes, aqui no Brasil o banco do POVO( Banco do Brasil) comprou 49 por cento do banco Votarantim com a minha grana, Lord, pode? Pode Lord, aqui no Brasil o Presidente tem medo, Lord, Roosevelt não teve medo, apesar de ter digamos assim um "certo medo", do senhor. õrra 49 por cento! Porquê não estatizou logo de uma vez? 51 por cento, é mole Lord! Era só vender com lucro para o contribuinte depois, não é mesmo Lord?

Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 01 Fev 2009, 01:28
por carlo
Herf escreveu:
carlo escreveu:Mas o fato é que eu sou mais keynes e acho que a história do neoliberalismo não acabou, mas fracassou, não precisamos passar de junho de 2007.

De todos os efeitos da crise, esse foi o pior: o estabelecimento da farsa de que ela foi um resultado de um mercado livre e desregulado, e que "os dias do liberalismo acabaram". Com isso em mente, tentarão resolver as coisas apenas fazendo mais do mesmo.


Ai, ai, o que eu gosto nesta ôrra de liberalismo, ou neolibelarismo, sei lá! É que pimenta no... dos outros é refresco! Vai vender um quilinho de arroz no japão? Sabe onde vc vai parar? na bacia de Minamata! Vai vender aço nos EUA agora, com aquelas siderúrgicas obsoletas deles, é por isto que eu sou mais o Obama, ele tá se lixando para estas teorias, segundo ele é asssim:

daqui só sai, não entra nada!!!
Foi assim que o Mister Obama definiu seu comércio exterior, ou seja, PROTECIONISMO.
Num momento em que o mundo mais precisa de comércio os EUA fecham as importações de aço. E isto é só o começo.

Quasququasquhuahuahua! E tem gente que chia! Aqui, porque lá, não!

:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: Mister Keynes please...

Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 01 Fev 2009, 08:01
por user f.k.a. Cabeção
carlo escreveu:
Herf escreveu:
carlo escreveu:Mas o fato é que eu sou mais keynes e acho que a história do neoliberalismo não acabou, mas fracassou, não precisamos passar de junho de 2007.

De todos os efeitos da crise, esse foi o pior: o estabelecimento da farsa de que ela foi um resultado de um mercado livre e desregulado, e que "os dias do liberalismo acabaram". Com isso em mente, tentarão resolver as coisas apenas fazendo mais do mesmo.



Papo furreco! Vcs viram alguma união de bancos para salvar o " sistema "? ou vcs viram o Estado? Todos nós Vimos, o Estado!!!!!! ´Tô mentindo?
Keynes ow Keynes, os yanques não estão querendo proferir a palavra, eles estão com medo! A palavra é ESTATIZAÇÃO! Lord Keynes, aqui no Brasil o banco do POVO( Banco do Brasil) comprou 49 por cento do banco Votarantim com a minha grana, Lord, pode? Pode Lord, aqui no Brasil o Presidente tem medo, Lord, Roosevelt não teve medo, apesar de ter digamos assim um "certo medo", do senhor. õrra 49 por cento! Porquê não estatizou logo de uma vez? 51 por cento, é mole Lord! Era só vender com lucro para o contribuinte depois, não é mesmo Lord?




Desculpa cara, mas o seu argumento e sem nenhum cabimento.

Os burocratas fizeram o que lhes interessava fazer para ampliar seus poderes. E mais do que OBVIO que eles tentarao justificar suas atitudes ARBITRARIAS com palvras como "necesidade", "salvamento", "urgencia".

Os banqueiros tambem nao se manifestaram contrariamente? E claro que nao, ja que eles querem ser "salvos" com o dinheiro do povo.

O que ninguem foi capaz de demonstrar, sem apelar para um irracional terror do "neoliberalismo", foi como essa crise se produziu, sem tambem recorrer a explicacao mais RACIONAL de todas: os burocratas dos bancos centrais atraves de uma serie de mecanismos politicos seguiram inflacionando a moeda (o que e um FATO), e o sistema bancario absorvendo essa distorcao da taxa de juros na forma de produtos financeiros que nao estavam corretamente precificados (o que e tambem um FATO, consequente ao primeiro). Esses produtos foram revendidos para varios mercados, ate o momento que os pagamentos nao se realizaram e percebeu-se a enorme cagada.

Os burocratas estao na raiz de todo o problema bancario, e isso seria uma coisa obvia de se perceber se as pessoas prestassem um pouquinho mais de atencao e notassem que o sistema bancario JA E muito ESTATISADO. Os bancos sao meras sucursais do Estado, pois sao obrigados a adotar a politica monetaria que ele determina, devido ao monopolio estatal do dinheiro. Eles assim tentam fazer os melhores negocios que podem com um produto ruim, que e o dinheiro estatal. Como varios produtos financeiros a termo sao negociados, enquanto as expectativas sobre o poder do dinheiro conseguirem ser disfarcadas, o valor desses ativos que serao realizados num futuro distante ainda pode ser conservado ou mesmo aumentado. Mas isso nao vai durar indefinidamente, mas somente enquanto durar a ilusao de que vale a pena comprar esse tipo de papel que jamais se realizara em riquezas materiais. Quando ja nao da mais para esconder esse fato, todos querem liquidar seus ativos, e nesse momento e que ocorre a quebra dos mercados financeiros.

As medidas que estao sendo tomadas e que foram inspiradas no "keynesianismo" sao todas elas inadequadas e perigosas, pois relancam o mesmo mecanismo de fraude monetaria que causou a primeira crise. Alem disso, nao distribui corretamente os prejuizos da perda, ja que os banqueiros que aprenderiam futuramente a dectar fraudes monetarias do Estado para nao irem mais a falencia nao aprenderao, pois foram salvos de falir, e passam a acreditar que sempre serao. Os penalizados sao os individuos que nao tiveram nada com isso.

Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 01 Fev 2009, 08:07
por user f.k.a. Cabeção

Trocando em miudos, o que me salta aos olhos face a toda essa argumentacao de particulares em prol do aumento do burocracismo e o seguinte:

"TOMA seus LIBERAIS! EU nao sou CAPAZ de prover meu sustento livremente, eu PRECISO de burocratas me dizendo o QUE FAZER... voces se FODERAM achando que eu era independente, RACIONAL, e seria capaz de alcancar meus PROPRIOS objetivos se os burocratas nao ficassem na minha frente. APENAS os BUROCRATAS DO GOVERNO e que podem ser racionais e assim nos mostrar o CAMINHO a ser seguido."

Das duas uma. Ou esse cara e um dos burocratas ou associados ou ele esta acometido por uma ilusao poderosa de dependencia que so encontra par em comportamentos observados nas igrejas neopentecostais.


Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 01 Fev 2009, 10:05
por Herf
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Trocando em miudos, o que me salta aos olhos face a toda essa argumentacao de particulares em prol do aumento do burocracismo e o seguinte:

"TOMA seus LIBERAIS! EU nao sou CAPAZ de prover meu sustento livremente, eu PRECISO de burocratas me dizendo o QUE FAZER... voces se FODERAM achando que eu era independente, RACIONAL, e seria capaz de alcancar meus PROPRIOS objetivos se os burocratas nao ficassem na minha frente. APENAS os BUROCRATAS DO GOVERNO e que podem ser racionais e assim nos mostrar o CAMINHO a ser seguido."

Mas raramente há algum que pense desta forma. Todo aquele com inclinações socialistas/estatistas sempre teoriza colocando-se no lugar do planejador, nunca no lugar do planejado. Os meios descartáveis para o "grande fim" da nação/sociedade são sempre os outros. Assim é fácil.

Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 01 Fev 2009, 17:00
por Discernimento
O melhor programa de humor na minha opinião é ver os neo toscos se servirem da bile nas reações químicas que conduzem o pensamento.

Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 02 Fev 2009, 12:07
por carlo
Discernimento escreveu:O melhor programa de humor na minha opinião é ver os neo toscos se servirem da bile nas reações químicas que conduzem o pensamento.


Nem tanto assim ow discernimento, parce que os neo con de lá são melhores que os nossos, veja este artigo que eu chupinhei do Nassif lá no blog dele:


02/02/2009 - 10:55

Até os conservadores mudam
A grande mentora do chamado neoliberalismo foi Margareth Thatcher e o partido conservador inglês,

A crise está provocando uma rapidíssima mudança nas idéias dos conservadores, como se verá abaixo.

No meu livro “Os Cabeças de Planilha” procurei explorar os novos caminhos do pós-crise. E eles passavam pelo fim da dicotomia esquerda estatista-direita monopolista, pelo fortalecimento dos arranjos produtivos locais, das pequenas e micro empresas, pela inovação tecnológica se disseminando e não sendo controlada apenas pelas grandes corporações.

O fecho do livro é uma entrevista com Fernando Henrique Cardoso onde esses temas eram abordados. É interessante rever a entrevista. Apesar de sua formação sociológica, de sua experiência como presidente da República, de sua convivência com a elite intelectual e política do mundo, FHC continuava preso aos mesmos paradigmas de um modelo que já fazia água desde 2002. Insistia que o desenvolvimento só poderia ser comandado pela grande corporação.

Leia com atenção as dicas do leitor Marcos Banik, pois são preciosas para entender os novos tempos e comprovar como os conservadores de lá são muito melhores do que os nossos conservadores.

Para quem não entender as citações em inglês, faço um pequeno resumo dos artigos no final.

Por Marcos Banik
Por favor, leia a reportagem de capa da prospect falando dos ‘red tories’. Clique aqui.

Melhor ainda, comece pelo parágrafo que diz “How will this happen? What must Cameron’s priorities be….”

A partir dai você irá ler coisas como:

Likewise the Tory’s proposed new “social fund” could act within the trusts in deprived areas to offer micro-finance to people without assets. This would create a new, but distinctly conservative form of asset based welfare leading eventually to claimant independence.

E olha só esse trecho

A radical communitarian civic conservatism must be committed to reversing this trend. This requires a considered rejection of social mobility, meritocracy and the statist and neoliberal language of opportunity, education and choice. Why? Because this language says that unless you are in the golden circle of the top 10 to 15 per cent of top-rate taxpayers you are essentially insecure, unsuccessful and without merit or value. The Tories should leave this bankrupt ideology to New Labour and embrace instead an organic communitarianism that graces every level of society with merit, security, wealth and worth.

Um tory declarando a falência do neoliberarismo :o)

Depois leia o discurso de David Cameron, lider do partido conservador em Davos. Clique aqui.

Leia todo, mas eu não posso deixar de destacar esse trecho

“It’s time to assert a fundamental truth: that markets are a means to an end, not an end in themselves. Markets are there to serve our society, not to suck the joy out of it or trample over its values. So we must shape capitalism to suit the needs of society; not shape society to suit the needs of capitalism.”

—–
É impressão minha ou realmente está fácil vender o bolsa família 2.0 para essas pessoas? É só mudar um pouquinho a roupagem do discurso que até hoje foi feito para agradar a esquerda.

Também vale a pena ler os relatos de Daniel Gross para a Slate. Clique aqui.

Não é programático mas mostra como anda o clima por lá.

Comentário
O primeiro artigo defende que as mudanças na Inglaterra sejam conduzidas pelos conservadores e não pelos trabalhistas.

É uma auto-crítica corrosiva às teses até aqui abraçadas pelos conservadores ingleses - e, mais importante, uma crítica de dentro.

O artigo mostra como o liberalismo surgiu para defender os direitos individuais contra o poder do soberano. E como sua exacerbação levou ao individualismo amplo, com o próprio repúdio da idéia de associativismo ou de Nação.

O liberalismo exacerbado exigiria uma entidade central para gerir o conflito entre interesse individual e coletivo. Portanto, a conseqüência do ultra-liberalismo seria o controle estatal amplo, exercendo esse papel de coordenação. Ou seja, o legado do individualismo liberal é o restabelecimento do absolutismo.

E o capitalismo liberal, ao substituir o monopólio estatal pelo privado, tornou-se tão pernicioso quanto a esquerda estatizante.

Aí entra nas propostas:

1. Reconstrução do sistema bancário, inclusive com utilização dos Correios para competir no mercado de crédito. Os correios são universalmente populares e ligados às comunidades locais. E estão livres dos papéis tóxicos. O Banco da Inglaterra poderia lhes oferecer funding para que emprestassem a juros mínimos.

2. Ajudar as comunidades locais a se beneficiarem de seus ativos. Deveriam ser criadas novas classes de ativos, para investir nos próprios locais de origem da poupança. Especialmente no campo do micro-financiamento, fortalecendo os arranjos produtivos e as cooperativas.

3. Fortalecer os produtores locais. Estudo de 2005, da New Economics Foundation mostrou que cada libra gasta com um fornecedor local gera localmente £ 1,76, enquanto que cada libra gasta com fornecedores externos gera apenas 36p. Um aumento de 10 por cento do montante do dinheiro gasto localmente significaria uma injeção de £ 5.6 bilhões em economias locais.

4. Acabar com o mito da mobilidade social, pregado pelos liberais - segundo o qual, bastaria dar educação e saúde que os pobres se virariam por si. Em vez disso, o artigo propõe aos conservadores abraçar de vez o comunitarismo orgânico em todos os níveis da sociedade.

5. Finalmente, propõe aos conservadores romper com o grande capital, com a idéia de que a saída está em um cartel de grandes corporações maximizando os lucros. Esse modelo tem destruído os rendimentos

O artigo de Cameron fala do fracasso do comunismo, da crença de que o livre mercado resolveria os problemas da humanidade. E constata a enorme frustração desse sonho, com a crise atual.

Fala da desconexão entre o mercado e a vida das pessoas., mostra como a globalização se transforma em monopólios e, finalmente, a incrível desigualdade do mundo moderno.

Defende, por fim, um capitalismo com consciência, com os mercados sendo meio e não fim, defendendo uma sociedade para a família, com o poder descentralizado e a valorização da esfera pública e das organizações sociais.

Diz ele que é hora de colocar o mercado dentro de uma esfera moral, fortalecendo as economias locais.

Enviado por: luisnassif - Categoria(s): Movimentos Sociais, Novo Mundo, Política

Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 02 Fev 2009, 18:00
por Discernimento
A mea culpa dos pavões laureados à serviço do capital fundiário também é hilariante.

Mesmo admitindo a obra porca propõem uma forma de endividamento com precisão capilar.

O negócio é esvaziar as prateleiras.

De qualquer maneira o dinheiro retornará à César mesmo.

Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 03 Fev 2009, 00:22
por carlo
Discernimento escreveu:A mea culpa dos pavões laureados à serviço do capital fundiário também é hilariante.

Mesmo admitindo a obra porca propõem uma forma de endividamento com precisão capilar.

O negócio é esvaziar as prateleiras.

De qualquer maneira o dinheiro retornará à César mesmo.


ôrra! vou tentar ow discernimento, eu ´tô sem óculos já tomei todas, mas, não saí no prejú cara! Tive um "papinho" sério com uma tremenda de uma morena que parece vai render... A saber! Mas é o seguinte, parece que a direitona liberal lá nos países liberais, não aceitaram o liberalismo não! Aqui teve o PROER( Pró- Garfo), nunca mais vimos o dindim, ( cês sabem para onde foi) lá não xará, o governo resolveu ESTATIZAR, depois vender com lucro!!!! Pro contribuinte, ai entra o tal Lord Keynes! sabe aquela mansão lá no alto da Gávea do banqueiro que o genro era filho do presidente do Brasil?, Lá quem, tinha sifú! foi pro banco, que foi pro povo. Lá nos Steites foi prá Tiririu, eu não preciso de teoria ôrra nenhuma cara , o resultado taí na minha cara , veja quem quer, não veja quem não quer! E se depender do BRADESCO E DO ITAU vcs estão fodidos! Vão logo no BNDES , BB, CEF e banco do Nordeste para conseguir "algum". O resto ´tá "EMPOÇADO." Aliás quem governava os EUA, naqueles tempos de uma doença terrível, chamada ALZHEIMER QUE REAGAN TINHA NA FASE MAIS AGUDA DO NEO? LIBERALISMO?

Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 03 Fev 2009, 00:33
por carlo
oU SEJA, LÁ NOS eua A CASA DO BANQUEIRO FOI PRÁ TIRIRIU! aQUI ELE TPA LPA NELA! :emoticon12:

Re: 1947, Montt Pèlerin Suiça, em 2007 o mundo!

Enviado: 03 Fev 2009, 01:01
por carlo
Udêu!!! Eu quiz dizer ´tá lá nela! O banqueiro tá em uma mansão que é do povo!!!! Ou seja, minha car...! Este povo me irrita tanto, que eu vou parecer um esquerdista, o que não sou, definitivamente! Aliás, eu quero ver um esquerdista, Keynisianista, ah, se quero!