FARC: Dois reféns estão há dois anos amarrados um ao outro
Enviado: 05 Fev 2009, 07:04
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Do cativeiro, ele recorda também dois companheiros que estão há dois anos amarrados um ao outro. Os dois são obrigados até a tomar banho juntos. Quando seguem em uma caminhada, se um cai, o outro cai junto.
No cativeiro das Farc, o político virou professor
Ex-governador, libertado após sete anos e meio, dava aulas de idiomasPolítico vinculado à direita colombiana, o ex-governador Alan Jara se transformou, depois de sete anos e meio no cativeiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), no “professor” e em “anjo da guarda”.
L ibertado na terça-feira, o ex-governador do departamento (Estado) de Meta se tornou popular entre seus companheiros de sequestro, especialmente pelo temperamento alegre – ele seguia a máxima de que, alegrando os outros, conquistava para si uma razão de viver.
Ficou, do cativeiro, a imagem de um homem que ensinava inglês e russo aos outros reféns, todos sentados em volta de uma mesa. Para quem tivesse a melhor pronúncia, havia prêmios imaginários. E ele dava noções de pensamento positivo, além de contar histórias para distraí-los e de participar de animados jogos de cartas (Jara ficava contrariado ao perder).
– Não considero haver perdido esse tempo, porque fiz algo útil, compartilhei conhecimentos e aprendi muitas coisas – afirmou o ex-governador em suas primeiras entrevistas depois da libertação, lembrando especialmente as aulas de inglês.
– Considero esses sete anos e sete meses um processo duro, com um custo altíssimo para mim, meu filho, minha família e meus amigos. Mas não considero tempo perdido.
Críticas ao presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e planos para o futuro também marcaram as primeiras declarações. Ele planeja se empenhar na concretização de um acordo humanitário entre o governo e as Farc – e, paralelamente, cogita escrever um livro para contar o que viveu. É uma história que começou no dia 15 de julho de 2001, com o sequestro. No dia 18 de dezembro do ano passado, depois de mais de sete anos, ele ficou sabendo que finalmente seria libertado, graças a um gesto unilateral da guerrilha – e, após sete semanas de caminhada, foi resgatado.
No rosto de Jara, não há resquícios de quaisquer doenças, nem de tristeza. Nas entrevistas, lembrou, com ironia, a “variedade” de suas refeições – resumiam-se a lentilhas, arroz e feijão. Contou que certa vez brincou com um guerrilheiro, dizendo que o cativeiro poderia ter uma panela de pressão para o preparo das refeições. Para sua surpresa, em plena selva, o guerrilheiro apareceu com uma panela de pressão de 13 litros.
O semblante do político colombiano se torna grave quando relata o sequestro de distantes sete anos atrás. Ele havia sido convidado para a inauguração de uma ponte em Lejanías (Meta). Na ida, em um veículo da Organização das Nações Unidas (ONU), tudo transcorreu bem, apesar da presença de membros das Farc no caminho. No retorno, um grupo de guerrilheiros o obrigou a descer do veículo. Ficou, então, 11 dias caminhando por cinco municípios do seu departamento.
Dois reféns estão há dois anos amarrados um ao outro
O caminho para a libertação não foi menos cansativo. Começou em 21 de dezembro passado. Os guerrilheiros e ele seguiam em um ritmo contínuo, com o ex-governador contando cada passo dado.
– Calculei que passamos de 150 quilômetros a pé – lembra.
Do cativeiro, ele recorda também dois companheiros que estão há dois anos amarrados um ao outro. Os dois são obrigados até a tomar banho juntos. Quando seguem em uma caminhada, se um cai, o outro cai junto.
Bogotá
Quem é ele
> Alan Jara, 51 anos, é engenheiro civil formado pelo Instituto de Engenharia e Construção de Kiev, na Ucrânia.
> Na década de 80, ocupou cargos como o de secretário municipal de Villavicencio, cidade da qual depois se tornou prefeito.
> Foi governador do departamento de Meta em dois mandatos. Primeiro, foi nomeado. Depois, eleito.
> Era conhecido como um político vinculado aos paramilitares de direita. Hoje, é visto como um ex-refém que ajudou os colegas de infortúnio.
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora ... ction=1014
Do cativeiro, ele recorda também dois companheiros que estão há dois anos amarrados um ao outro. Os dois são obrigados até a tomar banho juntos. Quando seguem em uma caminhada, se um cai, o outro cai junto.
No cativeiro das Farc, o político virou professor
Ex-governador, libertado após sete anos e meio, dava aulas de idiomasPolítico vinculado à direita colombiana, o ex-governador Alan Jara se transformou, depois de sete anos e meio no cativeiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), no “professor” e em “anjo da guarda”.
L ibertado na terça-feira, o ex-governador do departamento (Estado) de Meta se tornou popular entre seus companheiros de sequestro, especialmente pelo temperamento alegre – ele seguia a máxima de que, alegrando os outros, conquistava para si uma razão de viver.
Ficou, do cativeiro, a imagem de um homem que ensinava inglês e russo aos outros reféns, todos sentados em volta de uma mesa. Para quem tivesse a melhor pronúncia, havia prêmios imaginários. E ele dava noções de pensamento positivo, além de contar histórias para distraí-los e de participar de animados jogos de cartas (Jara ficava contrariado ao perder).
– Não considero haver perdido esse tempo, porque fiz algo útil, compartilhei conhecimentos e aprendi muitas coisas – afirmou o ex-governador em suas primeiras entrevistas depois da libertação, lembrando especialmente as aulas de inglês.
– Considero esses sete anos e sete meses um processo duro, com um custo altíssimo para mim, meu filho, minha família e meus amigos. Mas não considero tempo perdido.
Críticas ao presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e planos para o futuro também marcaram as primeiras declarações. Ele planeja se empenhar na concretização de um acordo humanitário entre o governo e as Farc – e, paralelamente, cogita escrever um livro para contar o que viveu. É uma história que começou no dia 15 de julho de 2001, com o sequestro. No dia 18 de dezembro do ano passado, depois de mais de sete anos, ele ficou sabendo que finalmente seria libertado, graças a um gesto unilateral da guerrilha – e, após sete semanas de caminhada, foi resgatado.
No rosto de Jara, não há resquícios de quaisquer doenças, nem de tristeza. Nas entrevistas, lembrou, com ironia, a “variedade” de suas refeições – resumiam-se a lentilhas, arroz e feijão. Contou que certa vez brincou com um guerrilheiro, dizendo que o cativeiro poderia ter uma panela de pressão para o preparo das refeições. Para sua surpresa, em plena selva, o guerrilheiro apareceu com uma panela de pressão de 13 litros.
O semblante do político colombiano se torna grave quando relata o sequestro de distantes sete anos atrás. Ele havia sido convidado para a inauguração de uma ponte em Lejanías (Meta). Na ida, em um veículo da Organização das Nações Unidas (ONU), tudo transcorreu bem, apesar da presença de membros das Farc no caminho. No retorno, um grupo de guerrilheiros o obrigou a descer do veículo. Ficou, então, 11 dias caminhando por cinco municípios do seu departamento.
Dois reféns estão há dois anos amarrados um ao outro
O caminho para a libertação não foi menos cansativo. Começou em 21 de dezembro passado. Os guerrilheiros e ele seguiam em um ritmo contínuo, com o ex-governador contando cada passo dado.
– Calculei que passamos de 150 quilômetros a pé – lembra.
Do cativeiro, ele recorda também dois companheiros que estão há dois anos amarrados um ao outro. Os dois são obrigados até a tomar banho juntos. Quando seguem em uma caminhada, se um cai, o outro cai junto.
Bogotá
Quem é ele
> Alan Jara, 51 anos, é engenheiro civil formado pelo Instituto de Engenharia e Construção de Kiev, na Ucrânia.
> Na década de 80, ocupou cargos como o de secretário municipal de Villavicencio, cidade da qual depois se tornou prefeito.
> Foi governador do departamento de Meta em dois mandatos. Primeiro, foi nomeado. Depois, eleito.
> Era conhecido como um político vinculado aos paramilitares de direita. Hoje, é visto como um ex-refém que ajudou os colegas de infortúnio.
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