A violência em Paraisópolis e os intelectuais

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Herf
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A violência em Paraisópolis e os intelectuais

Mensagem por Herf »

A violência em Paraisópolis e a proteção intelectual ao terror
Artigo do leitor Yasha Jose Rizzante Gallazzi

A princípio, o título acima pode indicar mais um texto sobre o conflito entre Israel e o Hamas, mas não é nada disso. Trato agora dos episódios de violência e terror protagonizados por alguns criminosos que atacaram o Estado de Direito, a democracia e a liberdade na favela de Paraisópolis, em São Paulo.

De quando em vez eu faço uma pequena provocação ao consenso politicamente correto e "progressista": Onde está a tal "grande mídia conservadora, golpista, reacionária e de direita"? Lembram da história? Basta que algum veículo de comunicação faça um questionamento qualquer a este governo e pronto: rapidamente aparecem os valentes para denunciar o golpismo "dazelite" (aquelas que governaram o país durante 500 anos). Mas eu insisto: onde está a prova de que tal mídia golpista realmente existe?

Desafiando o consenso politicamente correto que tomou de assalto o mundo, eu caminho na direção contrária: se há uma unidade de pensamento na mídia e nas classes formadoras de opinião, tal pensamento é evidentemente pautado pela agenda do "progressismo". Querem um exemplo direto e impossível de ser contraditado? Lá vai: qualquer jornal do Brasil pode escrever um editorial criticando as diretrizes que Bento XVI, chefe da Igreja Católica, dirige aos... católicos! Sim, basta que o Papa abra a boca para que chovam adjetivos saídos diretamente dos fornos "progressistas": "Reacionário!", "Conservador!", "Obscurantista!" etc. E vou além: a mesma imprensa que trata o Santo Padre como um cão, é capaz de encontrar virtudes em "humanistas" como Marcola. Mas, noto, já me desviei. Retomo.

O consenso politicamente correto reduziu a questão da violência a uma espécie de luta de classes, onde o tráfico representa "ozoprimido" e a polícia - ou o "aparelho de repressão do Estado", como eles adoram dizer -, "azelite". A partir de tal postulado evidentemente subversivo, a mídia e a opinião pública partem para o ataque em mensagens nada subliminares. Querem ver? Para alguns jornais que circularam nos últimos dias, o que houve em Paraisópolis foi um confronto entre moradores e a PM. Nada mais mentiroso. Naquela favela há gente de bem, que trabalha e estuda todos os dias, tentando garantir seu direito à vida e à liberdade. Quem desafia o Estado de Direito com armas são os bandidos do tráfico, não os moradores.

O problema é que construções falaciosas como aquela acima mencionada são necessárias para alimentar o pensamento politicamente correto do falso humanismo. É preciso, por exemplo, escrever que "moradores foram agredidos", enquanto que "policiais se feriram". Entenderam a trapaça? Claro que sim. É a mesma que acontece quando há uma notícia sobre o confronto entre Israel e o Hamas - os israelenses morrem, ao passo que os palestinos são sempre assassinados. E qual o objetivo disso? Construir junto à opinião pública uma evidente imagem de covardia, afinal soa um tanto brutal um confronto entre a polícia e um grupo de moradores, não é? Com isso, o raciocínio mais ligeiro e arrivista faz aquilo que o pensamento politicamente correto mais quer: culpa o Estado e a miséria do povo pela violência registrada em episódios como o de ontem.

Dado este passo, creiam, está aberta a porta do inferno sociológico. Começam, então, a surgir "especialistas" os mais renomados para criar uma regra de proporcionalidade inversa entre as ações repressivas da polícia e as ações sociais do Estado. Segundo o consenso "progressista" e humanista, por exemplo, os governos deveriam construir mais escolas para receber a população pobre de Paraisópolis, deixando de lado o uso da força bruta policial. A premissa que se esconde em um raciocínio assim é tão preconceituosa que me remete ao nazismo: para os novos humanistas, todo pobre é potencialmente um bandido, porque "abandonado" pelo Estado.

Eu, reacionário que sou, penso diferente. Acredito que a maioria esmagadora das pessoas que vivem em Paraisópolis - bem como em qualquer outra favela similar - é formada, como dito, por gente de bem, que estuda e trabalha. Gente que, arrisco-me a dizer, prefere ver a polícia garantindo a ordem, a continuar refém do tráfico. Infelizmente, tais pessoas não constituem o todo. Há na favela - como há em qualquer outro meio - os bandidos, que independente de qualquer ação do Estado escolherão delinquir. Para estes, sinto, não há que se falar em escolas, mas em cadeias.

Só que o consenso politicamente correto não pode aceitar algo tão óbvio e basilar, posto que acabaria dinamitando as bases sobre as quais se sustenta. Destarte, analisar qualquer crime como um resultado da pobreza, da desigualdade social e da "exploração do homem pelo homem" é medida que se impõe e, impossível negar, acaba reverberando nas primeiras páginas de todos os jornais do país.

Neste contexto, chamar as coisas pelo nome é só mais um passo em direção à forca armada pelos modernos humanistas para aqueles que rejeitam o pensamento politicamente correto - isto é, os reacionários e direitistas. Dizer, por exemplo, que os episódios de ontem retratam a ação de grupos terroristas contra o Estado democrático de direito e seu aparelho de segurança é imediatamente classificado como preconceito. E por quê? Porque na mente doentia de quem reduz tudo à velha contenda entre ricos e pobres, exploradores e explorados, elite e povo, não houve bandidos ontem, mas "moradores". Aliás, é até possível que aceitem chamar alguém de bandido, desde que envergue uma farda de policial e tenha efetuado disparos contra um "morador".

O Brasil precisa abandonar de vez a cultura do pobrismo e do vitimismo social. Devemos parar de idolatrar nossos bandidos, sob pena de nos tornarmos reféns dos propósitos deles - e o principal é destruir o nosso modo de vida e a nossa liberdade. E me atrevo a dizer que os moradores de Paraisópolis, em sua maioria, concordam com tudo o que vai acima. Pobre não gosta de bandido. Quem gosta de bandido são os falsos intelectuais do "progressismo" politicamente correto.

http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/200 ... 273932.asp

Washington
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Registrado em: 03 Nov 2005, 07:43

Re: A violência em Paraisópolis e os intelectuais

Mensagem por Washington »

Excelente.
"Quando LULLA fala, o mundo se abre, se ilumina e se esclarece."
Marilena Chauí, filósofa da USP.

O triste é saber que tal figura recebe do contribuinte para dizer tais asneiras.


Chamo de pervertido um animal, uma espécie, um indivíduo, quando esse ou essa perde seus instintos, quando escolhe, prefere o que lhe é prejudicial.
F. Nietzche

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