O ronco e a evolução... fora lobos !

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emmmcri
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O ronco e a evolução... fora lobos !

Mensagem por emmmcri »

Dr. Alessandro Loiola*/Especial para BR Press
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(BR Press) - Volte seu relógio alguns milhares de anos até a pré-história. Até aquela época em que habitávamos um mundo selvagem, bestializado e extremamente violento. Eu sei, não é preciso voltar no tempo para viver em um lugar assim. Basta ir até a esquina. Mas seja paciente.

Pegue seu tacape. Você está de guarda numa daquelas noites frias e chuvosas, com uivos ao fundo. O resto da tribo dorme na caverna enquanto corre a madrugada. Você pisca. A roda ainda não foi inventada, mas o plantão noturno sim. Chuva, frio, aquele pernil de preguiça gigante feito na brasa ameaçando avançar para o duodeno, e você ali. O protótipo neandertal do vigia sonâmbulo.

Fatalmente, você cai no sono. Aproveitando a deixa, os uivos se esgueiram pela sombra, aproximando-se da caverna. São lobos. E estão famintos. Mas antes que o treinador arme o ataque 4x4x2 lançando um coiote por sobre a barreira, um som gutural assustador, como o urro de bestas terríveis e possessas, irrompe pela caverna. E logo outro. E ao ressoar o terceiro, a matilha se dispersa, rabos entre as pernas, desaparecendo apressada na floresta.

Sem que soubessem, você e sua tribo foram salvos por uma adaptação maravilhosa da natureza: o ronco.

Urro primal

Não somos os animais mais rápidos ou os mais fortes ou aqueles com a mordida mais devastadora. Apesar de predadores, somos mamíferos terrestres relativamente frágeis. Então como poderíamos nos manter protegidos durante o descanso? Fácil: o som de dezenas de homens da caverna roncando juntos seria suficiente para manter qualquer ameaça a uma distância segura.

Levando o raciocínio adiante, seria possível deduzir que tribos de não-roncadores permaneceriam mais expostas durante as horas de sono, complicando suas chances de perpetuação. Tudo isto resulta em uma conclusão bastante simples: seguindo a linha nua e crua da seleção natural, somos todos descendentes de roncadores instintivos. Pois apenas os roncadores sobreviviam às noites de sono.

O ronco é o ruído que a respiração produz ao passar pelas vias aéreas parcialmente obstruídas durante o sono. Estima-se que mais de 1/3 dos adultos ronquem pelo menos algumas noites por semana. De cada 10 roncadores crônicos, nove são homens – a maioria com 40 anos de idade ou mais.

Má companhia

Apesar da teoria da tribo dos roncadores explicar porque seu marido imita um urso com cólica intestinal durante o sono, os especialistas defendem que o ronco está intimamente relacionado a distúrbios tais como obesidade, aumento das amídalas e das adenóides, e deformidades no nariz.

Fumar, consumir bebidas alcoólicas em excesso, fazer alimentações pesadas antes de ir para cama, dormir de barriga para cima e sofrer de alergias nasais facilitam a ocorrência de roncos.

Você talvez não ligue para o seu ronco, mas tenha certeza que qualquer pessoa que esteja por perto tem uma opinião um pouco diferente. Em todos os casos, procurar seu médico de confiança é uma boa recomendação.

O ronco pode sinalizar a presença ou o início de outros problemas mais sérios, como apnéia do sono, obstrução nasal e separações litigiosas. Além disso, o ronco pode resultar em sonolência excessiva durante o dia e aumentar o risco para de hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e derrame.

Para resolver a situação, o primeiro passo é cortar os fatores de risco. Elimine o excesso de peso; evite refeições pesadas, bebidas alcoólicas ou cafeína no horário de dormir (o ideal é manter o jejum nas duas horas anteriores ao seu horário habitual de ir para a cama); mude a posição em que você dorme (p.ex.: levante um pouco a cabeceira da cama, coloque um travesseiro para ficar de lado enquanto dorme), mantenha o quarto limpo e arejado para evitar rinite e congestão nasal, etc.

Acessórios e cirurgia

Outros recursos para controlar o ronco incluem o uso de próteses orais que evitam a queda da língua, e máscaras especiais que mantém uma pressão contínua sobre as vias aéreas, evitando a obstrução (este tratamento com máscaras de pressão, conhecido como CPAP, é eficaz e razoavelmente desconfortável). Casos mais graves podem necessitar tratamento cirúrgico. O procedimento mais comumente realizado é uma espécie de cirurgia plástica da garganta que aumenta o diâmetro das vias aéreas e reduz a vibração. Vale lembrar que a intervenção cirúrgica não está indicada nos casos de ronco ocasional ou leve.

No final das contas, se o seu ronco estiver incomodando as pessoas da sua vizinhança e nenhuma das medidas descritas anteriormente resolver o problema, eu recomendo que você junte suas trouxas e mude para uma caverna. De preferência, longe da minha.

(*) Dr. Alessandro Loiola é médico, escritor, palestrante, autor dos livros Vida e Saúde da Criança e Crianças em Forma: Saúde na Balança e colunista da BR Press. Fale com ele pelo e-mail: aloiola@brpress.net .

http://br.noticias.yahoo.com/s/28022009 ... dores.html
"Assombra-me o universo e eu crer procuro em vão, que haja um tal relógio e um relojoeiro não.
VOLTAIRE

Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
A Guerra faz de heróis corajosos assassinos covardes e de assassinos covardes heróis corajosos .
No fim ela mostra o que somos , apenas medíocres humanos.



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Fernando Silva
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Re: O ronco e a evolução... fora lobos !

Mensagem por Fernando Silva »

emmmcri escreveu:Não somos os animais mais rápidos ou os mais fortes ou aqueles com a mordida mais devastadora. Apesar de predadores, somos mamíferos terrestres relativamente frágeis. Então como poderíamos nos manter protegidos durante o descanso? Fácil: o som de dezenas de homens da caverna roncando juntos seria suficiente para manter qualquer ameaça a uma distância segura.

Teoria interessante, mas é provável que os predadores acabassem percebendo após algum tempo que "humano que ronca não ataca".

Outra teoria diz que as crianças têm medo do escuro porque aquelas que não tinham foram passear no bosque e desapareceram sem deixar descendentes.

Trancado