A mídia nativa é de fazer chorar!

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carlo
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A mídia nativa é de fazer chorar!

Mensagem por carlo »

Ossos do ofí­cio

11/03/2009 - 10:43:05

Sim.

Embora não tenha comentado aqui, li ainda no sábado a reportagem veiculada pela revista Veja sobre os supostos arquivos do delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz.

Ossos do ofício.

A tese do repórter Expedito Filho é a de que, no comando da operação Satiagraha, aquela que mandou o banqueiro Daniel Dantas para a cadeia duas vezes, o policial teria coordenado ilegalmente uma rede de espionagem a autoridades graúdas do cenário político nacional.

O texto, intitulado "Sem limites" (talvez um ato falho a denunciar os métodos da própria revista), pode ser lido aqui.

Qualquer pessoa que tenha se sentado ao menos algumas horas na cadeira de uma faculdade de comunicação é capaz de apontar tantos equívocos no texto que, em uma redação séria, seriam suficientes para abortar a publicação.

Falhas de apuração existem aos montes, sendo a ausência do chamado outro lado - recomendam os cânones do bom jornalismo que a mesma reportagem deve garantir ao acusado o direito de se defender - a mais gritante e absurda de todas.

Por conta dessas deficiências, não se passaram 24 horas após Veja chegar às bancas para que praticamente todas as principais denúncias da revista fossem negadas ou questionadas por quem de direito.

Some-se a isso o fato de que todos os dados utilizados para sustentar a reportagem estarem protegidos pelo sigilo - portanto, ao dar publicidade a eles, a revista está cometendo um crime.

Não por outro motivo a imprensa mundial parou de noticiar o caso da bacharel em Direito Paula Oliveira, a brasileira que inventou ter sido agredida por neonazistas na Suíça.

É que a justiça suíça decretou segredo de justiça no caso e quem noticiar qualquer parte das investigações pode parar na cadeia, conforme pode ser lido aqui.

Mas estamos no Brasil.

Por aqui, para defender interesses, a imprensa especializou-se em confundir a opinião pública e não em aclarar o entendimento de seus leitores ou ouvintes.

Lembremos que, em setembro do ano passado, aqui, a mesma Veja denunciou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) havia grampeado uma conversa do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, com o senador demo Demóstenes Torres.

E daí que, até hoje, o audio do grampo não tenha surgido e que as mais rigorosas investigações não tenham encontrado o mínimo indício de que o fato denunciado na reportagem tenha sequer existido?

Certamente os objetivos escusos que justificaram a publicação já foram atingidos.

Infelizmente, a mídia nativa descobriu que a deflagração de um escândalo tem o poder de abafar outro.

Não importa que, para se criar o escândalo, recorra-se a métodos condenáveis ou até a mentiras.

Os teóricos deste método descobriram que a comprovação da verdade está sempre em desvantagem e, por isso, é incapaz de impedir a obtenção dos objetivos.

E, sendo assim, ninguém definiu melhor a situação do que o escritor austríaco Robert Musil (1880-1942) no seu excelente O homem sem qualidades, uma ácida crítica aos costumes europeus às vésperas da Primeira Guerra Mundial (1914-1918):

Não há nenhum pensamento importante que a burrice não saiba usar, ela é móvel para todos os lados e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém, tem apenas um vestido de cada vez e só um caminho, e está sempre em desvantagem.

Alfarrábios:
http://www.evaldonovelini.com.br/alfarrabios/?id=445
Imagem

NOSSA SENHORA APARECIDA!!!!

Trancado