O valor-utilidade
Enviado: 25 Jan 2006, 22:28
Uma revolução na teoria econômica: a descoberta do valor utilidade
por Lucas Mendes em 09 de agosto de 2004
Resumo: Os economistas marxistas até hoje não apresentaram argumentos para contestar a teoria do valor-utilidade, preferindo taxá-la de “teoria burguesa” e esquivar-se da investigação séria.
© 2004 MidiaSemMascara.org
A obra A Riqueza das Nações do filósofo moral e professor Adam Smith é considerada a origem da ciência econômica. Foi em 1776 que nasceu o que se chamou de economia política e Adam Smith foi considerado o pai desta nova ciência.
A preocupação central do autor da Riqueza das Nações – na verdade o título é “Uma Investigação sobre as causas e as origens da Riqueza das Nações” - era com a produção e a distribuição das riquezas numa economia. Em sua seminal obra, Smith procurou sistematizar e entender as variáveis que determinam e influenciam essas grandezas. Além disso, é importante lembrar que A Riqueza das Nações levantou-se criticamente contra o regime vigente na época que era o mercantilismo. Grande defensor e um dos primeiros ideólogos do laissez-faire (deixar fazer), ou em outras palavras, do liberalismo econômico, Adam Smith denunciava terminantemente os problemas decorridos do sistema protecionista e intervencionista que caracterizava o mercantilismo. Entretanto, nem por isso deixou de discutir e conferir um papel ao Estado.
Para Smith, o papel que cabia ao Estado era eminentemente o de garantir a propriedade privada, a segurança, a liberdade, os contratos entre os agentes econômicos e o direito a vida. Neste sentido, o arcabouço institucional deveria ser garantido pelo Estado de modo a garantir a paz e, ao mesmo tempo, não atrapalhar as dezenas de milhares de ações empreendidas diariamente no mercado. O princípio de que era necessário deixar que os indivíduos buscassem seus próprios interesses é um dos fundamentos liberais que postula que com o somatório do conjunto das “buscas individuais” se alcança de melhor forma as melhores condições de vida para a população.
Este princípio do laissez-faire, que configura um Estado limitado (mas não fraco), é um dos pilares que sustentou e motivou os economistas da chamada Escola Austríaca, escola que nasceu em Viena, Áustria, na pessoa de Karl Menger que contribui revolucionariamente para a teoria do valor, juntamente com outros dois economistas, Walras e Jevons, cuja contribuição para a teoria do valor nos deteremos neste artigo.
Desde Smith até Marx, os economistas clássicos acreditavam que o valor dos bens era derivado do emprego de trabalho na produção da mercadoria. Coube aos economistas neoclássicos (Walras, Jevons e Menger) refutar essa teoria, anunciando que não era o trabalho que determinava os preços de uma mercadoria, mas sim, a utilidade/escassez do bem. A teoria clássica do valor-trabalho - argumentavam os neoclássicos - não respondia como poderia o pão (mercadoria que exige trabalho em sua produção) ser um produto mais barato em relação a um diamante que não tinha emprego de mão-de-obra e, não obstante, valia muito mais.
Além disso, os economistas neoclássicos descobriram uma variável importante na determinação do valor de um bem que é a subjetividade do indivíduo, variável que fundamentou outra relevante contribuição: a lei da utilidade marginal.
É fácil de entender. Imagine que um indivíduo esteja necessitando adquirir uma televisão e esta custe R$ 600,00, e, digamos que este sujeito ache razoável pagar esse valor por uma TV. A partir do momento que ele comprar a televisão, a pessoa satisfaz a sua necessidade (daí o valor utilidade), e, com isso, certamente não pagará o mesmo valor por uma segunda televisão, mesmo que seja idêntica. Em outras palavras, para este sujeito, uma segunda televisão não valeria os R$ 600,00 pago pela primeira, pois esta satisfez sua necessidade mais urgente, ao passo que uma segunda televisão não valeria tanto, segundo seu juízo voluntário, livre e subjetivo.
Para este sujeito, esta segunda televisão ficaria praticamente sem utilidade e, por isso, ele já não valora tanto. Mais ainda, seria no caso desta mesma pessoa adquirir três televisores. Certamente a terceira TV não teria utilidade nem uma e nem mesmo haveria lugar para aloja-la... e, com isso, o indivíduo não estaria disposto a pagar nem mesmo R$ 100,00 ou qualquer preço que fosse.
Notem, que, de acordo com o comprador de televisão, os valores que ele atribui ao bem, na verdade, estão determinado independente da quantidade de trabalho que foi empregada no fabrico do produto, e, que, no momento que ele satisfaz sua necessidade ao comprar uma televisão, imediatamente reduz o valor de uma segunda unidade. Essa é a lei da utilidade marginal que determina que quando uma unidade satisfaz a necessidade, uma segunda unidade do mesmo bem se torna menos importante, e, portanto, não tem o mesmo valor da primeira.
Outro exemplo simples de compreender a falsidade da teoria do valor-trabalho é o seguinte.
Experimente construir um carro a mão. Digamos que você leve dois anos para deixá-lo em condições de transitar nas ruas. Será que os consumidores pagarão pelo menos umas cinqüenta vezes mais do que o preço de uma Ford Montana zero km, que leva menos de dois dias para ser produzida e, portanto, carrega uma carga de mão de obra infinitamente menor que seu calhambeque com 730 dias de força de trabalho. Definitivamente, seu carro estaria carregado de mão-de-obra mas desprovido de qualquer valor. Na melhor das hipóteses, estaria muito longe do seu correspondente esforço.
Outro erro observado pelos economistas neoclássicos a respeito da teoria do valor-trabalho, é que uma vez aceita essa teoria, decorre por dedução lógica que simplesmente não haveria prejuízo e todos os empreendimentos, toda a produção existente na terra encontraria correspondente demanda pelos preços determinados pelo emprego de trabalho e não pelo julgamento livre, voluntário e subjetivo dos consumidores, pois os bens seriam comprados necessariamente acima do preço de custo. Se o postulado do valor-trabalho fosse verídico estaria garantido a prosperidade eterna, pois a possibilidade de ocorrer falências estaria definitivamente erradicado.
É importante destacar que o erro dos clássicos acerca da teoria do valor permitiu que Marx construísse sua teoria da mais-valia e por extensão a teoria da exploração. Uma vez refutada a teoria do valor-trabalho (estrutura das teorias de Marx), cai por terra todo o edifício teórico erigido por Karl Marx em O Capital.
Note-se ainda, que a falsidade da teoria do valor-trabalho comprovada para além de qualquer dúvida por Menger, Walras e Jevons não significa que hoje não exista pessoas que acreditem nela. Evidentemente que exite, assim como, há pessoas que acreditam que o socialismo é um modelo ideal a ser seguido para garantir uma melhor qualidade de vida para a população da América Latina.
Os economistas marxistas até hoje não apresentaram argumentos para contestar a teoria do valor-utilidade descoberta pelos neoclássicos, preferindo recorrer a um expediente comum entre seus pares: taxá-la de “teoria burguesa” e esquivar-se da investigação séria.
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=2423
por Lucas Mendes em 09 de agosto de 2004
Resumo: Os economistas marxistas até hoje não apresentaram argumentos para contestar a teoria do valor-utilidade, preferindo taxá-la de “teoria burguesa” e esquivar-se da investigação séria.
© 2004 MidiaSemMascara.org
A obra A Riqueza das Nações do filósofo moral e professor Adam Smith é considerada a origem da ciência econômica. Foi em 1776 que nasceu o que se chamou de economia política e Adam Smith foi considerado o pai desta nova ciência.
A preocupação central do autor da Riqueza das Nações – na verdade o título é “Uma Investigação sobre as causas e as origens da Riqueza das Nações” - era com a produção e a distribuição das riquezas numa economia. Em sua seminal obra, Smith procurou sistematizar e entender as variáveis que determinam e influenciam essas grandezas. Além disso, é importante lembrar que A Riqueza das Nações levantou-se criticamente contra o regime vigente na época que era o mercantilismo. Grande defensor e um dos primeiros ideólogos do laissez-faire (deixar fazer), ou em outras palavras, do liberalismo econômico, Adam Smith denunciava terminantemente os problemas decorridos do sistema protecionista e intervencionista que caracterizava o mercantilismo. Entretanto, nem por isso deixou de discutir e conferir um papel ao Estado.
Para Smith, o papel que cabia ao Estado era eminentemente o de garantir a propriedade privada, a segurança, a liberdade, os contratos entre os agentes econômicos e o direito a vida. Neste sentido, o arcabouço institucional deveria ser garantido pelo Estado de modo a garantir a paz e, ao mesmo tempo, não atrapalhar as dezenas de milhares de ações empreendidas diariamente no mercado. O princípio de que era necessário deixar que os indivíduos buscassem seus próprios interesses é um dos fundamentos liberais que postula que com o somatório do conjunto das “buscas individuais” se alcança de melhor forma as melhores condições de vida para a população.
Este princípio do laissez-faire, que configura um Estado limitado (mas não fraco), é um dos pilares que sustentou e motivou os economistas da chamada Escola Austríaca, escola que nasceu em Viena, Áustria, na pessoa de Karl Menger que contribui revolucionariamente para a teoria do valor, juntamente com outros dois economistas, Walras e Jevons, cuja contribuição para a teoria do valor nos deteremos neste artigo.
Desde Smith até Marx, os economistas clássicos acreditavam que o valor dos bens era derivado do emprego de trabalho na produção da mercadoria. Coube aos economistas neoclássicos (Walras, Jevons e Menger) refutar essa teoria, anunciando que não era o trabalho que determinava os preços de uma mercadoria, mas sim, a utilidade/escassez do bem. A teoria clássica do valor-trabalho - argumentavam os neoclássicos - não respondia como poderia o pão (mercadoria que exige trabalho em sua produção) ser um produto mais barato em relação a um diamante que não tinha emprego de mão-de-obra e, não obstante, valia muito mais.
Além disso, os economistas neoclássicos descobriram uma variável importante na determinação do valor de um bem que é a subjetividade do indivíduo, variável que fundamentou outra relevante contribuição: a lei da utilidade marginal.
É fácil de entender. Imagine que um indivíduo esteja necessitando adquirir uma televisão e esta custe R$ 600,00, e, digamos que este sujeito ache razoável pagar esse valor por uma TV. A partir do momento que ele comprar a televisão, a pessoa satisfaz a sua necessidade (daí o valor utilidade), e, com isso, certamente não pagará o mesmo valor por uma segunda televisão, mesmo que seja idêntica. Em outras palavras, para este sujeito, uma segunda televisão não valeria os R$ 600,00 pago pela primeira, pois esta satisfez sua necessidade mais urgente, ao passo que uma segunda televisão não valeria tanto, segundo seu juízo voluntário, livre e subjetivo.
Para este sujeito, esta segunda televisão ficaria praticamente sem utilidade e, por isso, ele já não valora tanto. Mais ainda, seria no caso desta mesma pessoa adquirir três televisores. Certamente a terceira TV não teria utilidade nem uma e nem mesmo haveria lugar para aloja-la... e, com isso, o indivíduo não estaria disposto a pagar nem mesmo R$ 100,00 ou qualquer preço que fosse.
Notem, que, de acordo com o comprador de televisão, os valores que ele atribui ao bem, na verdade, estão determinado independente da quantidade de trabalho que foi empregada no fabrico do produto, e, que, no momento que ele satisfaz sua necessidade ao comprar uma televisão, imediatamente reduz o valor de uma segunda unidade. Essa é a lei da utilidade marginal que determina que quando uma unidade satisfaz a necessidade, uma segunda unidade do mesmo bem se torna menos importante, e, portanto, não tem o mesmo valor da primeira.
Outro exemplo simples de compreender a falsidade da teoria do valor-trabalho é o seguinte.
Experimente construir um carro a mão. Digamos que você leve dois anos para deixá-lo em condições de transitar nas ruas. Será que os consumidores pagarão pelo menos umas cinqüenta vezes mais do que o preço de uma Ford Montana zero km, que leva menos de dois dias para ser produzida e, portanto, carrega uma carga de mão de obra infinitamente menor que seu calhambeque com 730 dias de força de trabalho. Definitivamente, seu carro estaria carregado de mão-de-obra mas desprovido de qualquer valor. Na melhor das hipóteses, estaria muito longe do seu correspondente esforço.
Outro erro observado pelos economistas neoclássicos a respeito da teoria do valor-trabalho, é que uma vez aceita essa teoria, decorre por dedução lógica que simplesmente não haveria prejuízo e todos os empreendimentos, toda a produção existente na terra encontraria correspondente demanda pelos preços determinados pelo emprego de trabalho e não pelo julgamento livre, voluntário e subjetivo dos consumidores, pois os bens seriam comprados necessariamente acima do preço de custo. Se o postulado do valor-trabalho fosse verídico estaria garantido a prosperidade eterna, pois a possibilidade de ocorrer falências estaria definitivamente erradicado.
É importante destacar que o erro dos clássicos acerca da teoria do valor permitiu que Marx construísse sua teoria da mais-valia e por extensão a teoria da exploração. Uma vez refutada a teoria do valor-trabalho (estrutura das teorias de Marx), cai por terra todo o edifício teórico erigido por Karl Marx em O Capital.
Note-se ainda, que a falsidade da teoria do valor-trabalho comprovada para além de qualquer dúvida por Menger, Walras e Jevons não significa que hoje não exista pessoas que acreditem nela. Evidentemente que exite, assim como, há pessoas que acreditam que o socialismo é um modelo ideal a ser seguido para garantir uma melhor qualidade de vida para a população da América Latina.
Os economistas marxistas até hoje não apresentaram argumentos para contestar a teoria do valor-utilidade descoberta pelos neoclássicos, preferindo recorrer a um expediente comum entre seus pares: taxá-la de “teoria burguesa” e esquivar-se da investigação séria.
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=2423