A 17 de Abril de 1975, as forças do Khmer Rouge (Khmer Krahom, na língua Khmer; em português, Khmer Vermelho) entram na capital, Phnom Penh, quase sem resistência, marcando o fim da administração Lon Nol. O novo governo fará milhares de prisioneiros e deslocará, à força, a população urbana para fazendas coletivas no campo, praticamente eliminando a indústria nacional. As conseqüências foram trágicas, levando à morte centenas de milhares de pessoas, fosse por doenças e fome, fosse em campos de extermínio.
Imediatamente após o domínio do governo pelo Khmer, foi iniciada a evacuação da população da capital, em direção ao campo. Eram cerca de 2,5 milhões de pessoas, incluindo-se 1,5 milhões de refugiados de guerra. Esta mesma atitude do governo foi observada nas cidades de Batdambang, Kampong Rham, Siemreab, Kam Pong Thun e muitas outras. Nestes procedimentos não havia exceções e até os hospitais eram esvaziados e os pacientes deportados para o interior. O governo comunista do Khmer Vermelho alegava como causa destas providências a necessidade de alimentar a população urbana, do que era impedido pelos bombardeios das forças norte-americanas, que tornava qualquer meio de transporte inviável.
Embora tenham sido lançadas 539.129 toneladas de bombas sobre o território cambojano, quase quatro vezes mais do que as 153.000 toneladas recebidas pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial, este não foi o motivo desta "evacuação". Seguindo-se a isto, o governo prossegue em seu programa de execuções, quando foram mortos tantos funcionários, policiais e militares quantos puderam ser encontrados. Qualquer indivíduo que houvesse trabalhado, de alguma forma, vinculado ao governo deposto, teria morte certa, caso fosse identificado. O Khmer não executava apenas o "vinculado", mas todos os seus familiares, para eliminar qualquer possibilidade de uma futura vingança contra o regime. Por volta de julho de 1975 o ritmo da matança foi reduzido e os condenados passaram a ser enviados para os "centros de reeducação", onde fariam parte dos "batalhões de trabalhos forçados". No final deste ano, e início de 1976, houve um recrudescimento das execuções em massa, só que agora eram dirigidos aos mais cultos e intelectualizados, tais como professores e assemelhados.
Entre 1977 e 1978, a violência atingiu o seu auge, quando os assassinatos passaram a ser comuns entre os próprios elementos do Khmer, em intermináveis purgações em todos os níveis.
Durante todo este período em que o país passa a ser conhecido como "Kampuchea/Camboja Democrático" (Janeiro de 1976/79), o regime de Pol Pot exerceu o poder de vida e morte sobre toda a população, sem a menor contestação. Devido à necessidade de poupar munição, as armas de fogo poucas vezes eram utilizadas. As pessoas eram mortas por qualquer motivo: por não trabalharem com o desejado afinco, por reclamarem das condições de vida, por guardarem algum bem ou comida para utilização própria, por usarem alguma jóia, por terem relações sexuais não autorizadas, por chorarem a morte de algum amigo ou familiar e até por demonstrarem algum sentimento religioso. Os doentes eram, na maioria das vezes, eliminados. Esta matança ocorria, sempre, sem qualquer tipo de julgamento e prolongou-se, ininterruptamente, até a invasão do país pelas tropas do Vietname, em 1979.
A estimativa de mortes neste período varia muito de fonte para fonte. Os dados originários do Vietnã nos dão 3 milhões de mortos entre 1975 e 1979, porém, outros cálculos chegam a 2,3 milhões; a Amnistia Internacional calcula em 1,4 milhões e os norte-americanos, em 1,2 milhões. Qualquer que seja o valor correto, este foi o maior massacre proporcional à população de um país, ocorrido na história moderna da Ásia.
Inconformados com a barbárie, líderes do Vietnam ordenam a invasão do Camboja e a deposição do Líder maoísta Pol Pot. A partir de 1979, com a invasão vietnamita, Hanói assume o controle do Camboja e Pol Pot é deposto. O país passará a ser denominado República Popular do Camboja, sob a presidência de Heng Samrin. Daí em diante, ao longo dos anos, o regime se tornará menos opressor e tende, mesmo que levemente, à uma ordem democrática mais liberal, embora tenha adotado a base do regime marxista-leninista do Vietnã. Mesmo com toda esta redução dos massacres, pouco se conhece desta época, devido ao grande número de expurgos decorridos ao longo do período, tornado raras as testemunhas dos acontecimentos. O país passa a ser reconstruído e as suas instituições recompostas, embora o sistema coletivista e a economia planificada tenham continuado.
Depois de passar 18 anos escondido na selva e ter a sua morte anunciada diversas vezes, Pol Pot reaparece em julho de 1997. É acusado pelo Khmer Vermelho de mandar matar vários ex-companheiros e suas famílias. É condenado à prisão perpétua, a ser cumprida em sua casa. Lon Nol, ex-presidente do Camboja, diz que, dos 7 milhões de cambojanos, 3 milhões haviam morrido de fome, doenças ou devido a expurgos, desde a ascensão dos comunistas ao poder. O Camboja encerra o século com um regime de governo estabelecido por uma Monarquia Parlamentarista, sob a égide do já registrado Norodom Sihanouk.
Um acordo assinado entre o governo cambojano e a ONU, em maio de 2000, determina a criação de um tribunal para julgar os líderes do Khmer Vermelho por crimes contra a humanidade.
Pol Pot, comunista louco, louco, louco!
- carlo
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NOSSA SENHORA APARECIDA!!!!
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Re: Pol Pot, comunista louco, louco, louco!
O povo do Cambodia se chama Khmer, mas cuidado para não confundir com Khmer Rouge. Khmer Rouge foi uma frente politico-militar que tomou o poder do pais após um período conturbado de revoltas.
Após uma guerra civil, Phnom Penh foi dominada, O Khmer Rouge estabeleceu uma das mais brutais e radicais reformas da sociedade moderna. O plano era transformar um país para ser Maoísta, baseado no cooperativismo.
A primeira medida do Khmer Rouge no poder foi tirar todo mundo das cidades e enviá-los aos campos para trabalhos escravo, sem pagamento. Velhos, criancas e doentes eram obrigados a trabalhar na agricultura. Qualquer forma de revolta era vista como extremamente perigosa e as pessoas eram executadas ali mesmo. De novo, mais massacres.
A segunda medida foi abolir a moeda local. No Cambodia durante esse período não existiu moeda, e tudo era oferecido pela China, o big brother da época. Fecharam-se todas as fronteiras e comunicação com o resto do mundo; a única via de comunicação para fora era um voo semanal de Phnom Penh para Pequim ( hoje Beijing, China ). Aliás, hoje o Cambodia tem uma moeda oficial, mas curiosamente são somente notas; não existem moedinhas. Deve ser algo fruto dessa época.
As mudanças drásticas não pararam aí. A contagem do tempo e a data foram abolidas também, imagine só, o governo Khmer Rouge declarou que a partir de então aquele era o ano zero. Seria algo como o renascimento do Cambodia. Para o resto do mundo, aquele era o ano de 1970.
O Cambodia que um dia foi o maior império Asiático, com exército de milhares, tropas inteiras de elefantes e arquitetura refinada com seu auge em Angkor Wat (depois falamos disso) viu-se totalmente fora dos trilhos e sua sociedade começava a entrar em decadência. Interessante como apenas basta um líder para destruir uma nação.
Quem era o grande líder dessa revolução? Um senhor chamado Pol Pot.
Falar no nome Pol Pot por aqui no Cambodia, ainda é um tabu para a população. Se você for numa festinha ou estiver entre amigos tomando uma cerveja, falar 'pol pot' faz com que todos olhem para ti e um clima de medo e tristeza fica no ar. Todos aqui tem pelo menos um pai, uma mãe, um avô, um grande amigo ou filho que morreu durante essa terrível época. A ferida histórica é muito grande e a cicatriz ainda está aberta. Algo vivido de forma similar na Alemanha e seu passado com Hitler; Após 50 e tantos anos, somente no ano passado durante a copa de 2006 os Alemães finalmente puderam erguer sua bandeira nacional e cantar seu hino em público sem serem chamados de Nazistas.
E o mais interessante: Pol Pot durante anos nunca foi visto por ninguém. Ele não aparecia em público, o que alimentava ainda mais sua imagem mítica. Alto, forte, um fantasma, conseguia ler as mentes das pessoas...a lenda urbana em torno de seu poder apenas aumentava cada dia.
Ele tinha um ódio, aparentemente ainda não explicado, do Vietnam que fez com que virasse uma obsessao derrota-los em batalha.
Nessa dia de batalha, de novo mais guerras, o Vietnam derrotou o Khmer Rouge e destronou Pol Pot, que fugiu para a Tailandia. Passou os anos 80 montando uma guerrilha na selva, com apoio da China e (vejam só) dos Estados Unidos. Quem está na faixa dos 30 anos lembra o que era aquela época maluca da cortina de ferro e da guerra fria.
Várias vezes sua morte foi anunciada nos jornais e na TV, mas ninguém acreditava. Era algo como se fosse hoje anunciar a morte de Ossama Bin Laden. Finalmente quando seu corpo foi exposto na TV que houve essa certeza. Mas ainda hoje no cambodia há quem acredite que ele esteja vivo.
Não se sabe exatamente quantos morreram nas mãos desse governo durante 4 anos de dominio. Aparentemente 2 milhoes de pessoas, mas muitos morreram de cansaço e fome, não contabilizados.
Conversando com o rapaz que guia nosso tuk-tuk ele falou que o povo do cambodia vive como se fosse o último dia de vida deles, como se não houvesse amanhã. Para quem visita o Cambodia, pode achar estranho essa falta de compromisso com futuras gerações, com a natureza etc...mas depois que nós, antes de começarmos a julgar suas ações, aprendemos sobre sua história recente, as coisas começam a ficar mais claras.
Eles vivem como se não houvesse amanhã, porque na verdade, há apenas alguns anos realmente não existia.
Após uma guerra civil, Phnom Penh foi dominada, O Khmer Rouge estabeleceu uma das mais brutais e radicais reformas da sociedade moderna. O plano era transformar um país para ser Maoísta, baseado no cooperativismo.
A primeira medida do Khmer Rouge no poder foi tirar todo mundo das cidades e enviá-los aos campos para trabalhos escravo, sem pagamento. Velhos, criancas e doentes eram obrigados a trabalhar na agricultura. Qualquer forma de revolta era vista como extremamente perigosa e as pessoas eram executadas ali mesmo. De novo, mais massacres.
A segunda medida foi abolir a moeda local. No Cambodia durante esse período não existiu moeda, e tudo era oferecido pela China, o big brother da época. Fecharam-se todas as fronteiras e comunicação com o resto do mundo; a única via de comunicação para fora era um voo semanal de Phnom Penh para Pequim ( hoje Beijing, China ). Aliás, hoje o Cambodia tem uma moeda oficial, mas curiosamente são somente notas; não existem moedinhas. Deve ser algo fruto dessa época.
As mudanças drásticas não pararam aí. A contagem do tempo e a data foram abolidas também, imagine só, o governo Khmer Rouge declarou que a partir de então aquele era o ano zero. Seria algo como o renascimento do Cambodia. Para o resto do mundo, aquele era o ano de 1970.
O Cambodia que um dia foi o maior império Asiático, com exército de milhares, tropas inteiras de elefantes e arquitetura refinada com seu auge em Angkor Wat (depois falamos disso) viu-se totalmente fora dos trilhos e sua sociedade começava a entrar em decadência. Interessante como apenas basta um líder para destruir uma nação.
Quem era o grande líder dessa revolução? Um senhor chamado Pol Pot.
Falar no nome Pol Pot por aqui no Cambodia, ainda é um tabu para a população. Se você for numa festinha ou estiver entre amigos tomando uma cerveja, falar 'pol pot' faz com que todos olhem para ti e um clima de medo e tristeza fica no ar. Todos aqui tem pelo menos um pai, uma mãe, um avô, um grande amigo ou filho que morreu durante essa terrível época. A ferida histórica é muito grande e a cicatriz ainda está aberta. Algo vivido de forma similar na Alemanha e seu passado com Hitler; Após 50 e tantos anos, somente no ano passado durante a copa de 2006 os Alemães finalmente puderam erguer sua bandeira nacional e cantar seu hino em público sem serem chamados de Nazistas.
E o mais interessante: Pol Pot durante anos nunca foi visto por ninguém. Ele não aparecia em público, o que alimentava ainda mais sua imagem mítica. Alto, forte, um fantasma, conseguia ler as mentes das pessoas...a lenda urbana em torno de seu poder apenas aumentava cada dia.
Ele tinha um ódio, aparentemente ainda não explicado, do Vietnam que fez com que virasse uma obsessao derrota-los em batalha.
Nessa dia de batalha, de novo mais guerras, o Vietnam derrotou o Khmer Rouge e destronou Pol Pot, que fugiu para a Tailandia. Passou os anos 80 montando uma guerrilha na selva, com apoio da China e (vejam só) dos Estados Unidos. Quem está na faixa dos 30 anos lembra o que era aquela época maluca da cortina de ferro e da guerra fria.
Várias vezes sua morte foi anunciada nos jornais e na TV, mas ninguém acreditava. Era algo como se fosse hoje anunciar a morte de Ossama Bin Laden. Finalmente quando seu corpo foi exposto na TV que houve essa certeza. Mas ainda hoje no cambodia há quem acredite que ele esteja vivo.
Não se sabe exatamente quantos morreram nas mãos desse governo durante 4 anos de dominio. Aparentemente 2 milhoes de pessoas, mas muitos morreram de cansaço e fome, não contabilizados.
Conversando com o rapaz que guia nosso tuk-tuk ele falou que o povo do cambodia vive como se fosse o último dia de vida deles, como se não houvesse amanhã. Para quem visita o Cambodia, pode achar estranho essa falta de compromisso com futuras gerações, com a natureza etc...mas depois que nós, antes de começarmos a julgar suas ações, aprendemos sobre sua história recente, as coisas começam a ficar mais claras.
Eles vivem como se não houvesse amanhã, porque na verdade, há apenas alguns anos realmente não existia.

NOSSA SENHORA APARECIDA!!!!
- user f.k.a. Cabeção
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Re: Pol Pot, comunista louco, louco, louco!
Os eventos da decada de setenta no Camboja sao a mais pura e cristalina materializacao dos principios comunistas.
Nunca tal ideario foi levado tao a serio, nunca os principios foram postos em pratica de maneira tao imaculada.
O Khmer Vermelho e a consequencia logica de toda ideologia revolucionaria. No amago do ser de cada comunista existe um Pol Pot quintessencial, que se encontra temporariamente atrofiado por nao controlar suficiente poder.
A sanha revolucionaria de recriar o mundo nao conhece nem pode conhecer outro fim.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem
- Fernando Silva
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Re: Pol Pot, comunista louco, louco, louco!
O objetio do Khmer Vermelho era acabar com as diferenças de classe, deixando apenas 2 tipos de pessoas:
-Camponeses analfabetos cultivando a terra da forma mais primitiva possível.
-Operários burros com apenas o mínimo de conhecimento para desempenhar suas funções.
Desta forma, surgiria uma sociedade "perfeita", formada por "homens novos".
Isto, é claro, levou à eliminação metódica de quem quer que tivesse algum conhecimento especializado que o fizesse "superior" aos outros: médicos, engenheiros, professores, técnicos etc.
Quando o pesadelo terminou, praticamente não havia mais médicos no Camboja.
O país vive basicamente do turismo, até hoje.
Decidiram também que a população deveria ser de 1 milhão, o que implicava em matar 6 milhões da população da época. Mataram quase 2 milhões antes de serem detidos.
-Camponeses analfabetos cultivando a terra da forma mais primitiva possível.
-Operários burros com apenas o mínimo de conhecimento para desempenhar suas funções.
Desta forma, surgiria uma sociedade "perfeita", formada por "homens novos".
Isto, é claro, levou à eliminação metódica de quem quer que tivesse algum conhecimento especializado que o fizesse "superior" aos outros: médicos, engenheiros, professores, técnicos etc.
Quando o pesadelo terminou, praticamente não havia mais médicos no Camboja.
O país vive basicamente do turismo, até hoje.
Decidiram também que a população deveria ser de 1 milhão, o que implicava em matar 6 milhões da população da época. Mataram quase 2 milhões antes de serem detidos.