Mises contra Marx

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Fernando Silva
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Re: Mises contra Marx

Mensagem por Fernando Silva »

Trechos interessantes:

Mises, mais vigorosamente do que qualquer outro crítico de Marx, transpôs e descortinou a essência dessa visão falaciosa. Se todo o pensamento sobre questões sociais e econômicas se baseia na questão social, o que dizer sobre o próprio sistema marxista? Se, como Marx orgulhosamente proclamava, sua intenção era explicar para a classe operária sua condição de espoliada, por que então qualquer uma de suas visões deveria ser aceita como verdadeira? Mises corretamente apontou que a visão de Marx era autorefutável: se todo pensamento social é ideológico, então a proposição marxista é em si ideológica, o que faz com que seus fundamentos já nasçam naturalmente solapados. Na sua obra Teorias da Mais-Valia, Marx não consegue conter seu escárnio em relação à "apologética" de vários economistas burgueses. Ele não percebeu que, ao escarnecer constantemente a tendenciosidade de seus economistas contemporâneos, ele estava cavando a sepultura de seu enorme trabalho de propaganda em favor do proletariado.


Uma vez que se tenha entendido que são os indivíduos que agem - e não as forças de produção -, todo o esquema marxista sobre a evolução histórica cai por terra. Se são os seres humanos que criam por seus próprios atos as forças de produção, ao invés de serem as forças de produção que determinam esses atos, então a transição de um sistema econômico para outro não é uma inevitabilidade, como Marx dizia ser. Tais mudanças irão ocorrer apenas se as pessoas agirem para criá-las - e somente assim. Se alguém contestar dizendo que existem leis que determinam a ação humana, esse contestador terá de ter a bondade de produzir essas leis para que possamos examiná-las. Agora, que os resultados daquilo que as pessoas criam podem não ser aqueles esperados, isso já é outra discussão.


O marxismo, como o "filósofo" stalinista M.B. Mitin gostava de afirmar pomposamente, é "um chamado à ação". E a ação que os marxistas têm em mente é obviamente a substituição do capitalismo pelo socialismo. Em uma famosa passagem no volume III do Capital, Marx antevê um futuro auspicioso sob as bênçãos do socialismo, no qual as pessoas poderão dedicar a maior parte do seu tempo ao lazer. Trabalhar pelo mero sustento se tornará simples memórias de um passado longínquo.


E quem vai produzir? As máquinas sozinhas?

Continuando seu ataque ao marxismo, Mises explorou o porquê de Marx não levar em conta o problema da eficiência. E nesse quesito a resposta de Mises não admite contestações. Marx não disse nada sobre o problema do cálculo simplesmente porque ele não dedicou atenção alguma às instituições econômicas do socialismo. Fazer isso, pensava Marx, seria o equivalente a estabelecer "modelos" para o futuro, no mesmo estilo dos socialistas utópicos, os quais ele sempre escarnecera. Com uma completa irresponsabilidade intelectual, ele pregava a derrubada da intricada economia capitalista - que ele próprio havia admitido ser a mais produtiva da história - para poder estabelecer um sistema cujas instituições ele sequer havia se dado ao trabalho de analisar.

Trancado