"Se a gente cair, Lula e Dilma caem junto!"
Enviado: 08 Abr 2009, 00:39
Prefeitos cobram compensação de perdas e ameaçam boicotar Dilma
BRASÍLIA - Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dito que todos terão de "apertar os cintos" para enfrentar os efeitos da crise , cerca de 700 prefeitos chegaram a Brasília pressionando o governo. Na condição de cabos eleitorais nos mais de cinco mil municípios do país na campanha do sucessor do presidente Lula, em 2010, deram um ultimato ao Planalto: ou a área econômica edita imediatamente medidas criando um mecanismo de compensação das perdas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) ou vão cruzar os braços e não vão pedir votos para a provável candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Prefeitos, principalmente do Norte e Nordeste, revezaram-se com discursos inflamados em que traçaram um quadro de falência das prefeituras e deixaram clara a disposição de "morrer junto" com os candidatos do governo, inclusive deputados e senadores, que tentarão novos mandatos ano que vem. Argumentaram que as prefeituras é que são os maiores empregadores, e logo vão começar a demitir, o que seria um desastre nos planos eleitorais do governo.
- Se não tiver uma solução imediata, os prefeitos vão cruzar os braços. Ninguém vai pedir votos ou trabalhar para a Dilma, deputados ou senadores. Nosso discurso com esse povo tem de ser de pressão! Ou nos ajudam ou vamos parar a nação. O bicho vai pegar, e eles vão acabar se destruindo junto com a gente - discursou o prefeito de Barra do Rocha (BA), Jonatas Ventura (PMDB).
Jonatas respondeu diretamente ao presidente:
- Presidente Lula, não estamos mais apertando os cintos, porque não temos cinto para apertar. Estamos apertando as costelas. Os prefeitos estão com suas panelas vazias e não têm mais o que sacrificar - afirmou.
Jackson Bezerra (PSB), prefeito de Afonso Bezerra (RN), endossou:
- Daqui a pouco vamos ter que começar a demitir. Vai ser muito complicado demitir e subir no palanque para pedir voto para os candidatos do governo.
Severino disse que foi a Brasília reclamar e dar um conselho a Lula
Muito aplaudido no auditório, Severino Cavalcanti (PP), ex-presidente da Câmara e atual prefeito de João Alfredo (PE), que se apresenta como o maior entusiasta de Lula, disse que estava em Brasília para reclamar e dar um conselho ao presidente:
- Por ser fã de Lula é que estou aqui para dizer a ele que faça alguma coisa logo, para que não aconteça o que já está acontecendo, que nem ele esperava. Se a gente cair, ele e Dilma caem junto. Dilma não pode chegar no palanque sem uma solução.
Para o prefeito de Miranda (MS), Neder Afonso da Costa Vedovato, do PSB, o momento de consolidação da provável candidatura de Dilma é agora.
- Se o governo socorrer (as prefeituras), a candidatura da Dilma decola. Do contrário, com a crise, fica mais complicado para ela.
Múcio diz que pacote com socorro só sai semana que vem
O governo deve definir na semana que vem as medidas para aliviar as finanças dos municípios . Segundo o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, o presidente Lula vai se reunir com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, entre esta quarta e quinta-feira para analisar a proposta de ajuda aos municípios em dificuldade.
Segundo o ministro, há um leque de sugestões em estudo: mexer no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), na Cadastro Únicos de Convênio (Cauc), nas contrapartidas das obras do PAC, nas dívidas do INSS. Por isso, decisão só depois da reunião com a área econômica.
Presidente da CNM diz que perda será de R$ 8 bi
Já o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, afirmou que os prefeitos vão perder cerca de R$ 8 bilhões do que planejavam receber quando organizaram seus orçamentos, com base nas informações federais. A entidade trabalha com uma estimativa de R$ 50 bilhões para os repasses do FPM neste ano, com um cálculo "otimista" de 2% para crescimento do PIB. Enquanto, disse ele, a União reestimou os valores para R$ 52,9 bilhões, quando a previsão orçamentária inicial era da ordem de R$ 58,2 bilhões.
- Tomara que eu esteja errado e venha aqui pedir desculpas - disse ele, que disse estar preocupado porque considera que a crise ainda não chegou aos municípios, mas "está batendo na porta".
Para Ziulkoski, os prefeitos precisam "de uma solução para ontem". Ele ressaltou que sexta-feira é dia do pagamento da primeira parcela do FPM, justamente a de maior valor. Segundo Ziulkoski, é nessa parcela que a Previdência Social ou a Receita Federal "abocanham" a parte que os municípios têm que pagar referente ao endividamento das prefeituras. O presidente da CNM destacou que, em alguns municípios, a retenção dessa parcela tem zerado o repasse do fundo de compensação no mês.
- Isso vai agudizar ainda mais essa realidade se a medida (provisória) sair na semana que vem - disse Ziulkoski, que evitou comentar possíveis impactos da crise municipal nas eleições de 2010.
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/0 ... 182185.asp
BRASÍLIA - Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dito que todos terão de "apertar os cintos" para enfrentar os efeitos da crise , cerca de 700 prefeitos chegaram a Brasília pressionando o governo. Na condição de cabos eleitorais nos mais de cinco mil municípios do país na campanha do sucessor do presidente Lula, em 2010, deram um ultimato ao Planalto: ou a área econômica edita imediatamente medidas criando um mecanismo de compensação das perdas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) ou vão cruzar os braços e não vão pedir votos para a provável candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Prefeitos, principalmente do Norte e Nordeste, revezaram-se com discursos inflamados em que traçaram um quadro de falência das prefeituras e deixaram clara a disposição de "morrer junto" com os candidatos do governo, inclusive deputados e senadores, que tentarão novos mandatos ano que vem. Argumentaram que as prefeituras é que são os maiores empregadores, e logo vão começar a demitir, o que seria um desastre nos planos eleitorais do governo.
- Se não tiver uma solução imediata, os prefeitos vão cruzar os braços. Ninguém vai pedir votos ou trabalhar para a Dilma, deputados ou senadores. Nosso discurso com esse povo tem de ser de pressão! Ou nos ajudam ou vamos parar a nação. O bicho vai pegar, e eles vão acabar se destruindo junto com a gente - discursou o prefeito de Barra do Rocha (BA), Jonatas Ventura (PMDB).
Jonatas respondeu diretamente ao presidente:
- Presidente Lula, não estamos mais apertando os cintos, porque não temos cinto para apertar. Estamos apertando as costelas. Os prefeitos estão com suas panelas vazias e não têm mais o que sacrificar - afirmou.
Jackson Bezerra (PSB), prefeito de Afonso Bezerra (RN), endossou:
- Daqui a pouco vamos ter que começar a demitir. Vai ser muito complicado demitir e subir no palanque para pedir voto para os candidatos do governo.
Severino disse que foi a Brasília reclamar e dar um conselho a Lula
Muito aplaudido no auditório, Severino Cavalcanti (PP), ex-presidente da Câmara e atual prefeito de João Alfredo (PE), que se apresenta como o maior entusiasta de Lula, disse que estava em Brasília para reclamar e dar um conselho ao presidente:
- Por ser fã de Lula é que estou aqui para dizer a ele que faça alguma coisa logo, para que não aconteça o que já está acontecendo, que nem ele esperava. Se a gente cair, ele e Dilma caem junto. Dilma não pode chegar no palanque sem uma solução.
Para o prefeito de Miranda (MS), Neder Afonso da Costa Vedovato, do PSB, o momento de consolidação da provável candidatura de Dilma é agora.
- Se o governo socorrer (as prefeituras), a candidatura da Dilma decola. Do contrário, com a crise, fica mais complicado para ela.
Múcio diz que pacote com socorro só sai semana que vem
O governo deve definir na semana que vem as medidas para aliviar as finanças dos municípios . Segundo o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, o presidente Lula vai se reunir com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, entre esta quarta e quinta-feira para analisar a proposta de ajuda aos municípios em dificuldade.
Segundo o ministro, há um leque de sugestões em estudo: mexer no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), na Cadastro Únicos de Convênio (Cauc), nas contrapartidas das obras do PAC, nas dívidas do INSS. Por isso, decisão só depois da reunião com a área econômica.
Presidente da CNM diz que perda será de R$ 8 bi
Já o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, afirmou que os prefeitos vão perder cerca de R$ 8 bilhões do que planejavam receber quando organizaram seus orçamentos, com base nas informações federais. A entidade trabalha com uma estimativa de R$ 50 bilhões para os repasses do FPM neste ano, com um cálculo "otimista" de 2% para crescimento do PIB. Enquanto, disse ele, a União reestimou os valores para R$ 52,9 bilhões, quando a previsão orçamentária inicial era da ordem de R$ 58,2 bilhões.
- Tomara que eu esteja errado e venha aqui pedir desculpas - disse ele, que disse estar preocupado porque considera que a crise ainda não chegou aos municípios, mas "está batendo na porta".
Para Ziulkoski, os prefeitos precisam "de uma solução para ontem". Ele ressaltou que sexta-feira é dia do pagamento da primeira parcela do FPM, justamente a de maior valor. Segundo Ziulkoski, é nessa parcela que a Previdência Social ou a Receita Federal "abocanham" a parte que os municípios têm que pagar referente ao endividamento das prefeituras. O presidente da CNM destacou que, em alguns municípios, a retenção dessa parcela tem zerado o repasse do fundo de compensação no mês.
- Isso vai agudizar ainda mais essa realidade se a medida (provisória) sair na semana que vem - disse Ziulkoski, que evitou comentar possíveis impactos da crise municipal nas eleições de 2010.
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/0 ... 182185.asp