Aranha escreveu:- Não está escrito que o pirata não seja "Glivec" também, e já expliquei que as pessoas compram acreditando que o efeito é o mesmo, ou você acha que o criminoso diz: " - Esse aqui é feito de farinha, tem efeito algum sobre a doença que está te matando, mas para compensar é metade do preço".
Não seria uma propaganda muito eficiente, mas me parece que você está fazendo uma generalização com a qual eu não concordo.
Você fala como se 100% dos compradores de remédios falsos não tivessem a mínima idéia do que estão fazendo, como se não soubessem que esse mercado existe, não tivessem noção de quanto custam os remédios reais, não soubessem que farmácias de periferia má fiscalizadas oferecem essa alternativa, e principalmente, como se elas nem tivessem como ter acesso a essas informações, quando definitivamente não é o caso. Provavelmente existem pessoas ingênuas que se enquadram em seu ponto de vista, mas considero maior a probabilidade de elas serem a minoria do que serem a regra.
Pode parecer cruel atribuir responsabilidade a quem foi enganado, mas todo consumidor de qualquer produto ou serviço deve tomar medidas básicas para evitar cair em golpes de gente desonesta, ainda mais quando é algo tão sério. Se você acha que isso é exigir demais, pense no fato de que muitas vezes os remédios são para crianças pequenas, idosos e outras pessoas que não fizeram nada pra merecer farinha no lugar de cura para suas doenças.
Quando o caso não é esse, e eu acredito que na maioria das vezes não é, são mentiras nas quais os consumidores querem acreditar a razão do mercado da pirataria de remédios ser bem sucedido. Achar que uma boa parcela das pessoas doentes cometem suicídio inocentemente, em um ciclo cada vez maior, é atribuir uma irracionalidade absurda às pessoas.
Aranha escreveu:
- Não seja modesto, você se expressa muito bem e entendi o que quis dizer, mas as vezes não consigo conter meu sarcasmo.
Um petista disse que eu me expresso bem, agora o Cabeção vai me chamar de socialista pro resto da vida. Mas valeu.
Aranha escreveu:- As tais mentiras são prejudiciais aos fabricantes dos remédios e são prejudiciais aos doentes.
Sim.
Aranha escreveu:- Quando os doentes forem informados também serão prejudiciais aos fabricantes de alternativas mais baratas, uma vez que serão confundidos com piratas.
- Então serão prejudiciais ao mercado de remédios como um todo que fica viciado por clientes com medo de produtos alternativos.
Eu espero sinceramente que você não esteja se referindo à homeopatia quando fala em produtos alternativos.
Mas falando sério, não esqueça que o mercado de remédios existe legalmente dentro da nossa sociedade, sendo plenamente amparado pela grande mídia, governo, órgãos de saúde e médicos, e todos poderiam fazer um esforço coletivo para evitar que alternativas mais baratas de remédios fabricados por laboratórios particulares ou genéricos não sofram com qualquer efeito de uma paranóia popular contra remédios mais em conta que você considera que possa surgir.
Em todo caso, observe que a população está sendo informada sobre o número alarmante de remédios falsos que estão sendo vendidos (ou não estaríamos discutindo isso nesse momento) e no entanto esse mercado só aumenta.
Aranha escreveu:- Ok, a questão é que se ele alega que o efeito é o mesmo, argumentando que é Genérico ou que está em promoção ou próximo do vencimento ou qualquer outra mentira, o cliente não tem como confirmar ou desmentir, o fato é que o cliente não pagaria mais barato se soubesse que o efeito é nulo.
Esse post no geral é uma resposta a isso.
Aranha escreveu:- Por omissão, até agora você culpou as vítimas, fez analogias com outras mercadorias, mas em nenhum momento tratou a coisa como crime.
Mas é óbvio que é um crime. Você quer que eu diga algo como "esses farmacêuticos devem ser presos"? Isso é lógico, mas enquanto existirem pessoas que compram remédios ilegais, vai ter quem venda. Os infratores da lei nesse caso só conseguem cometer seus crimes através de outras pessoas, mesmo que essas outras pessoas não saibam que estão fazendo a vontade dos criminosos. Por isso é que não se deve deixar de atribuir responsabilidade a elas, que não chega a ser uma culpa propriamente dita, ou seriam cúmplices.
Pense em um cambista nos portões de um estádio. Muitos dos ingressos que ele vende são falsos, e frequentemente custando mais de dez vezes mais caro que os ingressos reais. Se ele for preso, no próximo jogo alguém estará lá no lugar dele, porque sempre tem alguém pra comprar. Pense em traficantes, em muambeiros no geral, que vendem eletrodomésticos que queimam na primeira semana. Prenda todos eles, e no dia seguinte vai ter gente pra substituir, por causa da demanda por esse tipo de serviço, que infelizmente sempre existe. Todas essas situações tem as suas peculidaridades, mas as dores de cabeça proporcionadas por todas elas poderiam ser evitadas se as pessoas soubessem como e porque evitar esse tipo de serviço. Adquirir essa cautela não custa nada.
Mais um exemplo...
"Olha só, aquele sujeito está vendendo um aparelho de DVD a 100,00 R$ ali na rua! E aqueles trouxas pagando mais de 300,00 R$ dentro das lojas! Haha, mas que idiotas! Vou correndo até a banquinha dele antes que algum esperto compre aquele DVD antes de mim."Se o aparelho de DVD pirata desta pessoa imaginária pifar, ela deveria ser considerada totalmente inocente por ter sido enganada com um produto falso?
Aranha escreveu:- Você mesmo pode ser vítima oras, eu já disse que podem vender falso alegando ser original até com o mesmo preço, já disse também que podem jogar um 171 para explicar o preço mais baixo, o problema maior no caso particular dos remédios é que quando você percebe que foi logrado pode estar fodido ou morto (mortos não percebem, pior ainda).
Abraços,
Me diga quais são as chances de ser enganado se eu...
- Perguntar pro médico qual o preço em média do remédio que ele me receitou?
- Comprar em uma farmácia de confiança?
- Comparar o preço de diversas marcas do mesmo remédio?
Com um esforço mínimo, eu estou praticamente livre desse risco, a não ser que uma enorme conspiração quântica universal esteja em curso contra mim.
Eu só espero que você entenda que justamente por considerar criminosos como pessoas que deveriam estar enjauladas eu não espero mudança alguma no comportamento deles, e sim no das pessoas comuns que são enganadas por eles de diversas maneiras e deveriam evitar isso sendo mais conscientes.