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A Bíblia como fonte de moral e ética?

Enviado: 22 Abr 2009, 01:18
por marta
Recentemente, em uma discussão numa comunidade do orkut, uma bela representante do movimento "creia e não argumente" afirmou que a humanidade muito deve à Bíblia cristã pelo papel formador legislativo, moral e ético da sociedade atual.


Vamos analisar o primeiro ítem: o papel legislador. :emoticon45:


Na antiguidade, na época em que os livros mais antigos da bíblia foram escritos, sabe-se que o papel legislativo e o religioso conviviam como um ente somente. O maior medo de um cidadão de um grupo, ao cometer um crime, não era exatamente o castigo legislador e sim o castigo divino.


O misticismo e a religião funcionaram como o melhor meio de regular e doutrinar o povo. :emoticon221:


Vários povos, em lugares diferentes e sem muito contado, tiveram a uma cultura básica para certos temas relevantes para a vida em sociedade: o casamento (com a monogamia permitida apenas para o homem), o papel secundário da mulher :emoticon2: , a pena de morte para os infratores, os sacrificios e holocaustos aos deuses e o papel privilegiado dos representantes das castas religiosas.


Os demais itens jurídicos foram se aprimorando à medida que os povos trocavam informações, principalmente pela escravização de um grupo por outro.


Como os hebreus viveram sua tragetória errante, misturando-se com os mais variados povos, principalmente no cativeiro, não devemos nos surpreender com o fato da bíblia ser um apanhado geral do misticismo e dos códigos morais e legislativos do mundo antigo.


A lei Mosáica é uma síntese inegável do Código de Hamurábi babilônico.:emoticon227:


Os primeiros livros bíblicos, atribuídos a Moisés por alguns, guardam uma grande semelhança com o Egito antigo em termos de lendas religiosas. O livro do Gênesis, o primeiro do Antigo Testamento, na parte que trata da criação do mundo por deus, é muito parecido com o mito egípicio de Nun e Rá. Mas a semelhança com a mitologia egípcia não para por ai, ela ultrapassa o Gênesis e se espalha nos demais livros, basta contrastar o Salmo 104 de Davi com o Hino ao Sol - Akhenaton- e verificar a expressiva semelhança do mito de Jesus com o de Hórus para não perdermos muito tempo.


Resumindo, dizem que deus é brasileiro, eu já acho que ele é egípcio... :emoticon199:


Então o papel legislativo bíblico é, no máximo, um apanhado geral da cultura antiga dos povos e do comportamento social, religioso e legal da sociedade da época. Em nada pode ser considerado como inovador e transmissor de valores do direito e sim como transmissor do conhecimento acerca do mundo antigo.




Agora o papel ético e moral. Se deus existe e ele é esse que consta na bíblia, coitado dos cristãos quando adentrarem no paraíso...




Eu poderia chover no molhado e analisar versículos e capítulos bíblicos para atestar minha tese. Poderia eu escrever sobre os sangrentos holocaustos, as crianças inocentes mortas por Javé, a sua permissão explícita ao escravagismo, a sua anacrônina aversão ao direito das mulheres e dos homossexuais, enfim, não é necessário ir muito longe para desmerecer a 'Bíblia Sangrenta", mas não farei por esse modo.




Quero analisar exatamente esse dito caráter moral e ético bíblico e o seu papel sobre o ser humano.




Um dos fatos que mais me chama a atenção e me causa repulsa é a descarada tentativa bíblica de nos incutir a culpa, através do pecado original. Quem em sã consciência hoje em dia aceitaria a culpa hereditária? Isso parece piada, mas infelizmente não é e muitos passam a sua estúpida vida defendendo essa premissa.


O ser humano doutrinado pelo cristianismo vive achando que possui uma culpa e se escabela em cultos, ora, reza e paga "impostos celestiais" na tentativa de se livrar dela. É vexatória ver a neurose cármica dos filhos de Cristo quanto ao pecado.


O cristão ainda tem a cara de pau de afirmar que foi liberto por Cristo mesmo vivendo escravizado por uma culpa inexistente.


Que tipo de cidadão ético podemos esperar advindo dessa filosofia castradora? (Só um Erivelton, mesmo!)




Sabemos o quão é difícil viver com dignidade sendo um reles trabalhador. As dificuldades financeiras andam ao nosso lado e nem ao menos pedem licença para participar de nossa vida.


Não satisfeitos com isso os cristãos ainda aceitam o peso do dízimo para sustentar religiosos inescrupulosos e parasitas que vivem da exploração da fé e da ignorância do povo.


Não bastando isso ainda aparecem religiões que se especializam na arte de literalmente levar à falência os já falidos devotos com ofertas, oferendas, dízimo sobre dízimo... E o pior de tudo é que o fazem com o total respaldo do Estado e dos órgãos legislativos...


Que tipo de moral pecuniária é essa? :emoticon2: :emoticon2: :emoticon2:




Lembram de Saddam Hussein? Sim, ele mesmo, aquele déspota iraquiano que sofria de um "megalomanismo" doentil? Pois é, este sádico, que mandava levantar estátuas em cada canto do seu país para que o povo não esquecesse de o louvar e que sistematicamente sentenciava á morte seus opositores e aqueles que ousassem ser contrários ao seu pensamento único...


Agora me diga qual a diferença que você encontra em deus que não possa ser atribuído a Saddam?


Os métodos são os mesmos de acordo com a Bíblia: megalomania, insistência em ser idolatrado, não aceita o pensamento contrário e condena quem o faz a um inferno pior do que os métodos usados por Saddam.

Acho que hoje em dia não há mais espaço para esse tipo de pensamento mas mesmo assim o cristão insiste em se inferiorizar frente a esse deus orgulhoso e exigente.


Com esse tipo de doutrina da inferiorização imposta pelo cristianismo à humanidade fica difícil falar de ética e moral.




O cristianismo é o maior inimigo da tentativa secular de entendimento entre os povos. O cristão acredita que todos os seres humanos são irmãos e necessitam ser evangelizados com amor e com carinho, mas desde que aceitem isso, senão serão considerados hereges e condenados ao inferno.


Não há complacência com a filosofia divergente. Mesmo falando no "amor de Cristo" eles julgam, condenam, matam, queimam e desfazem daqueles que não aceitam os seus argumentos messiânicos.




Outro fato muito significativo é a afirmação de que nós devemos aceitar o nosso destino sofredor, a pobreza que nos aflige e a desigualdade social em prol de um futuro magnífico que nos é reservado no reino de deus.


Alguém sentiu um princípio básico doutrinativo nisso tudo ou foi só eu..? :emoticon26: :emoticon26:


Isso transforma o homem em acomodado social, uma ameba que está na face da terra esperando por uma promessa que ninguém pode provar que se cumprirá. Que tipo de ética e de moral transforma o ser humano em escravo de suas esperanças místicas e não o ajuda a fincar o pé na realidade?




Se fossemos analisar a bíblia por mais tempo veríamos que os exemplos de deturpação de sentido vão muito além. É triste ver tanta gente vivendo sob esses mandamentos que destroem a auto-afirmação do ser humano e o transforma em um autômato em nome de uma fé capenga e sem sentido.


Mas é exatamente isso que os espertos que comandam as religiões querem: devotos que não questionam e aceitam o seu papel de escravos insignificantes perante um deus inexistente e, que mesmo não existindo, os explorará financeira e moralmente pelo resto de suas vidas.




Moral e ética na bíblia? Tá bom, agora conta a do papagaio...
Postado por Marcos Telles


http://niilistaforas.blogspot.com/2008/ ... -tica.html

Re: A Bíblia como fonte de moral e ética?

Enviado: 22 Abr 2009, 07:25
por Fernando Silva
marta escreveu:A lei Mosaica é uma síntese inegável do Código de Hamurábi babilônico.:emoticon227:

A parte boa foi copiada do Código, as besteiras são novas.

Re: A Bíblia como fonte de moral e ética?

Enviado: 22 Abr 2009, 09:27
por Johnny
Fernando Silva escreveu:
marta escreveu:A lei Mosaica é uma síntese inegável do Código de Hamurábi babilônico.:emoticon227:

A parte boa foi copiada do Código, as besteiras são novas.

Grande Marta. Estava ontem mesmo pensando nisso.

As leis dos países ocidentais liberais como o nosso, USA, UE, ITA, PO e etc...possuem base em que? Obviamente que não é da biblia. Como surgiram tais leis, estas que nós achamos mais condizentes do que em países como Irã, China, etc?

Abraços

Re: A Bíblia como fonte de moral e ética?

Enviado: 22 Abr 2009, 12:40
por Fernando Silva
Luiz Carlos Querido escreveu:
Fernando Silva escreveu:
marta escreveu:A lei Mosaica é uma síntese inegável do Código de Hamurábi babilônico.:emoticon227:

A parte boa foi copiada do Código, as besteiras são novas.

Grande Marta. Estava ontem mesmo pensando nisso.

As leis dos países ocidentais liberais como o nosso, USA, UE, ITA, PO e etc...possuem base em que? Obviamente que não é da biblia. Como surgiram tais leis, estas que nós achamos mais condizentes do que em países como Irã, China, etc?

Abraços

As leis dos países ocidentais se baseiam no Direito Romano, que não tem nada a ver com a Bíblia.
Mais tarde, houve uma reforma feita por Napoleão.
A parte boa dos 10 mandamentos, como "não matar" e "não roubar", já era velha antes de Moisés nascer.